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Capítulo IV - Pro fogo

— Ninguém mais estranhou? Você sumiu por um bom tempo.

Peter pergunta para a garota ao seu lado, que prossegue o que estava fazendo enquanto pensa em sua resposta. Ele estava apenas apoiado na parede de concreto, apontando uma lanterna na direção das mãos da sua companheira. Por sua vez, ela não estava dando completa atenção para a conversa, tentando se concentrar em ver o que estava fazendo durante aquela noite mal iluminada.

— Estranharam, mas a Laura não perguntou muito, acho que ela não liga.

— Ah... então tá?

— E a sua orelha? — aponta com a cabeça para a parte mencionada. — Hoje mais cedo você estava andando cobrindo ela, mas agora ela está normal.

Ela tinha razão, a orelha estava machucada horas atrás. Tão machucada que ficaria para sempre com aquela deformidade, se não fosse por mais uma de suas características inexplicáveis. Em alguns minutos o ferimento já estava fechado, em uma hora já havia pele cobrindo a ferida, como se tivesse cicatrizado. Ele não contou quanto tempo depois, mas agora é como se aquela bala nunca tivesse atingido ele. Aquilo rapidamente havia se tornado mais um ponto de discussão com Vega, que estava quieto demais.

— Eu... eu me machuquei. Nada demais, sério.

Emma demora para dar qualquer sinal de resposta, considerando que havia algo estranho, mas preferiu deixar passar.

— Certo. Você pode me ajudar agora?

Respondendo com atitudes, o rapaz se ajoelha ao lado dela e a auxilia como pode nos fios. Por vezes apenas os segurando, por outras os conectando quando lhe é pedido. Em geral, foi inútil, mas não poderiam dizer que ele não fez nada.

Assim que a garota termina de conectar o último cabo, ela pede para que Peter ligue a energia, fazendo com que ela volte a funcionar. Uma grande porta começa a se esforçar para abrir, com o motor responsável por sua abertura soltando um som audível por toda a parte. Ligando sua lanterna, Emma revela com a luz a passagem a qual entrariam: uma velha planta de preparação de carvão. O lado exterior era marcado com diversos silos que armazenavam o minério em questão, ligados ao edifício por meio de esteiras extensas.

O local inteiro já estava abandonado faz muito tempo, bem antes da queda de Ark. A flora crescida indicava que aquela parte da região já estava sendo tomada pela natureza. O cimento que estava compondo a maior parte da fundação já estava com uma entonação amarelada, mostrando seu desgaste, semelhante à ferrugem espalhada por todas as partes metálicas.

— Ótimo! Conseguiu, agora cadê os outros? — Peter pergunta ao observar os frutos do trabalho da outra, curioso sobre onde o tal do James e a garota de antes estavam.

— Aqui! — uma voz desconhecida o surpreende em resposta, ouvida logo atrás dele. — Eu não acredito que é você. É a porra do campeão de Ark! Onde você 'teve por esse tempo todo, cara?

Antes que pudesse responder, Amy passa ao lado do grupo em silêncio, se comunicando apenas com um olhar frio que deu para o rapaz ao mesmo tempo em que James fez sua pergunta. Desviando o olhar e se perdendo um pouco, ele decide por impulso ser direto.

— Eu não sei. — Emma e o garoto que havia acabado de chegar se surpreendem com a resposta. — Eu não lembro de nada.

A ruiva adota uma expressão de confusão, afinal, Peter havia comentado sobre coisas que ele não poderia saber se não lembrasse de nada. Lembrava dele ter dito a mesma coisa horas atrás, mas ainda não fazia sentido, pois era sobre outro assunto. Além disso, ele certamente havia dado uma explicação plausível sobre o porquê de estar vivo até agora.

Ou não era tão plausível assim?

A sua mente parece brigar com aquele pensamento, como se fosse uma infecção. Eventualmente, aquele assunto parece desaparecer, como se ela nunca tivesse começado a pensar sobre.

A culpa faz com que ele sinta uma mistura de sensações: estresse, tristeza, saudades de coisas que ele nem mesmo lembra. E ao tentar evitar uma sobrecarga de emoções, ele se retira, entrando na mesma instalação que Amy havia entrado. Em resposta, os dois na porta se olham por alguns segundos, uma confusa pelo que sabia, o outro agitado pela informação repentina.

Agora em completo silêncio, o grupo inteiro iniciou a investigação mesmo que separados, todos concordando em não dizer nada desnecessário. Peter apontava a sua lanterna para qualquer coisa, olhando em cantos como se estivesse buscando o objetivo, mas só estava pensando em sua situação. Se alguém o visse ali, não demoraria muito para notar sua aflição —, gostaria de ter explicado melhor a situação, mas não sabia em quem podia confiar.

Não podia confiar nem que Emma fosse entender que ele "pegou emprestado" suas memórias, afinal, ele mesmo estranharia se ouvisse isso de outra pessoa. De todo jeito, seu caso não tinha solução fácil, e a voz da sua cabeça não cedia. Principalmente por recusar se comunicar desde seu último aviso na base da Coalizão.

A ruiva, por sua vez, estava focada em achar a entrada do tal armazém subterrâneo que Laura havia citado. Vez ou outra sua mente desviava de seu objetivo, e ela se via divagando internamente sobre a situação do garoto que havia conhecido ontem. Não queria tomar como probabilidade real ele estar mentindo, e sempre se distraia quando pensava em tomar isso como verdade.

Distante de todos estava Amy, que analisava os arredores como se fosse salvar sua vida. Máquinas que não saberia explicar o propósito se erguiam como monumentos de uma tecnologia já defasada, enferrujadas e quebradas pelo maior vândalo de todos: o tempo.

E ele era seu maior inimigo. Sempre foi. No mesmo edifício que ela estava o maior testamento de sua falha. Seu coração queimava com raiva e tristeza, ambos os sentimentos sendo contidos pela sua vontade de terminar a missão dada a ela e ir embora dali. E sua vontade maior não continha sentimentos, mas sim, era contida pela falta de um.

Era a falta de coragem.

E antes que pudesse entreter mais a sua mente com suas ideias, impediu a si mesma:

— Achei. — sua voz ecoava pelo local, fazendo com que as outras três lanternas voltassem para a sua direção. — É aqui.

Em sua frente, e dentro da sala de controle, estava uma pequena fenda na parte de baixo da mesa. Ela era contornada por um plástico preto e algumas letras amarelas pequenas se destacavam como uma legenda: CETO. Pela vaga descrição de Laura — deve ter espaço pra um cartão e tem uma palavrinha, Ceto, isso — tudo que restava era encaixar o dito cartão.

Enquanto os outros membros daquele pequeno grupo se reuniam ao seu lado, ela tira o objeto de dentro de seu bolso, se questionando por alguns segundos qual seria o lado certo. Assim que Peter entra na sala, ela impacientemente encaixa de qualquer forma, e nada acontece.

Por um tempo.

Assim que ela estende a mão para tentar o outro lado, todos ouvem o metal se movendo do lado de fora do edifício. Decididos que havia funcionado, o esquadrão começa a se mover até a origem do som. Antes de se retirar da sala, Amy decide pegar o cartão de volta, já que parecia ser importante para Laura.

Agora que todos já estavam no exterior, era perceptível em uma única olhada o que havia mudado: um dos silos, o maior deles se comparado apenas pela percepção, estava aberto. A sua base revelava uma porta com uma escada levando para baixo, o interior dele parecia muito bem cuidado, contrastando com o que havia acontecido com o resto do lugar. Fora seu estado preservado, a sua iluminação era impecável, uma só lâmpada já iluminava mais do que todas as suas lanternas combinadas.

— É aqui mesmo?

O rapaz que veio com Amy pergunta enquanto se aproxima cuidadosamente do silo, visivelmente estranhando aquilo.

— Parece não ser? — o sarcasmo da líder do grupo era o suficiente para que até mesmo a menor das dúvidas cessasse. — A Laura disse que é um armazém de uma tal "Hyperion" aí embaixo. Ela pediu pra a gente encontrar duas coisas, um "emissor de ultrassom" e o tal do "CETO".

Murmurando um "cuzona", James espera que o grupo continue.

Assim que ouve o nome da dona do armazém, uma memória parece clicar no cérebro de Peter. Não uma memória antiga, muito menos uma vinda de Emma, era uma memória de quando estava saindo daquele bunker. Algumas paredes e portas continham um símbolo que nunca havia visto antes, e era quase sempre acompanhado daquela palavra: Hyperion.

Embora ainda assustado com Laura, ele sabia que ela era possivelmente a única pessoa que poderia dar mais informações a ele. E o que quer que seja essa Hyperion, com certeza é a responsável por ele não ter lembranças. Ou pelo menos tinha algo a ver.

— Ela explicou como se parece o emissor? — decidido em saber quanto poderia aprender nesse lugar, Peter faz outra pergunta para a pessoa que mais sabia o que deveriam fazer ali. — Ou esse CETO?

Abrindo a boca para poder responder e imediatamente travando após perceber com quem ia falar, Amy fecha novamente a expressão. A garota vira de costas em direção à escada e começa a descer, respondendo da forma mais curta possível.

— Você vai descobrir.

Frustrado, o garoto tira um tempo para criticar a decisão dela em seus pensamentos — afinal, esconder informações cruciais não traria benefício nenhum. E mesmo assim teve a impressão de que não deveria pressionar.

Mas, como não podia fazer nada, apenas se calou e desceu as escadas.

A aparência do subterrâneo era semelhante a "um laboratório de filme de ficção científica" como descrito por James, que olhava para os arredores com tanta surpresa quanto os outros. Com exceção de Peter, que já havia visto um ambiente idêntico anteriormente. As paredes de concreto eram enfeitadas por faixas coloridas que mostravam um caminho a ser percorrido, mas todas as indicações estavam apagadas. Marcas de cortes cobriam superfícies aleatórias da parede, sem nenhuma pista do porquê dos danos no concreto.

Além disso, as luzes — com exceção de algumas que estavam destruídas ou quase soltas — funcionavam perfeitamente. Ao ver isso, Peter sentiu que o local de onde havia saído não era uma exceção, parecia ter sido abandonado faz muito tempo e da mesma forma, é como se uma catástrofe tivesse acabado de acontecer.

Os dois garotos andavam em um passo mais lento se comparado com as garotas, mesmo que o corredor tivesse espaço o bastante para até cinco pessoas andando lado a lado. E se aproveitando da oportunidade, James começa a falar:

— Ei, Pete! — a conversa se inicia calorosamente, com uma pequena tremedeira ao apelidar o seu "amigo" indicando uma pequena hesitação. — Que história é aquela de não lembrar de nada?

Inicialmente em silêncio, apenas buscando as palavras para responder aquela pergunta de uma forma satisfatória, Peter passa alguns segundos falhando em formar uma única frase consistente. Mesmo que tivesse algumas capacidades inumanas, ainda era incapaz de pensar em duas coisas diferentes ao mesmo tempo enquanto falava.

— Eu não lembro de nada. — ele solta, momentaneamente se contentando com não dar explicações, porém se explicou logo em seguida. — Quer dizer, eu lembro, mas é tão pouco que mal conta. E eu só lembro de borrões, coisas cortadas.

— Você tem esses "borrões" da gente?

— Não.

— Nadica de nada?

— Não. — sua voz falha e ele fala mais baixo do que queria, fazendo com que James sinta uma certa tristeza nele. — Não tenho nada, me desculpa.

Com a conversa acabando mais cedo do que o esperado, os dois garotos ficam em silêncio por mais um tempo, com Peter perdido em seus pensamentos e no que deveria fazer. E quebrando o gelo mais uma vez, James volta a falar.

— Cara, eu... eu não faço ideia de quão ruim é isso. — ele inicia um processo que iria considerar longo, mas sabia que valia a pena. — Na verdade eu imagino, mas eu não sei, entendeu? Ah, você sabe disso.

Peter assente com a cabeça, abrindo um pequeno sorriso de canto de boca com a dificuldade do outro em se expressar.

— Esquenta não, eu vou te ajudar a lembrar de tudo, e aí você vai admitir que eu sou o melhor amigo que qualquer um poderia querer. — ele puxa o seu amigo amnésico para perto, passando a mão pelo seu ombro e dando um joinha. E por estarem distraídos em uma conversa, não notaram um detalhe em uma das garotas na frente.

Emma, por estar ao lado da líder, havia percebido a pequena mudança no ritmo de caminhada dela. Passos levemente mais largos, sua expressão que era quase impossível de ler. Não iria perguntar sobre, mas sabia que tinha a ver com o papo logo atrás.

— Seu nome é James mesmo, né?

— Isso aí. Inconfundível.

— Valeu, James, espero lembrar de você. — Peter solta, sentindo uma certa alegria genuína em expressar o que seu coração sentia. Mas agora mais do que nunca, sua vontade de lembrar aumentava.

Os dois continuam por mais alguns segundos antes de voltarem ao silêncio, soltando algumas piadinhas e conversando sobre o agora, nada sobre o passado. Alcançando uma divisão no corredor, o grupo se depara com dois caminhos distintos, um para cada lado. Buscando alguma identificação, Peter busca alguma direção escrita nas paredes, mas nada.

— Tá, chegamos. James, leva a Emma com você e procura o emissor. — a líder ordena e o rapaz assente com a cabeça, fazendo um sinal para a outra o seguir. Mesmo estranhando, ela faz. — Você vem comigo.

Tão confuso quanto sua amiga, Peter segue a líder em um relutante silêncio, que é mantido pelo medo da possível rispidez caso faça as perguntas que quer. Ambos retomam a sua jornada por aquele local estranho, analisando todos os cantos e se surpreendendo com o tamanho daquilo. Para Amy era genuinamente aterrorizante a presença de algo assim onde ela morou por tanto tempo, e para o outro era apenas curioso.

"Eu preciso falar com ela" era o pensamento prevalente do rapaz, que não se sentiu tão intimidado assim com a missão atual. Escolhendo cuidadosamente as suas palavras mais uma vez, ele busca tentar resolver aquele quebra-cabeças.

— Amy. — a garota quase gela, sentindo um arrepio percorrer todo o seu corpo. Ela não responde. — A gente pode conversar?

Silêncio.

Seguindo ela por trás e não ao seu lado, não pôde ver sua expressão, e mesmo se pudesse não saberia o que fazer com aquilo. Estava preparado para todo o tipo de coisa: ódio, repúdio, um tapinha moral no pulso por não calar a boca no meio de algo importante. Definitivamente não estava preparado para desprezo.

— É sério. Você me conhece, eu preciso entender o que aconteceu.

— Eu conheço outra pessoa. — ela solta, com uma entonação extrema de neutralidade. — Não é você, quanto mais cedo você parar de fingir, melhor.

— Só... deixa eu me expl-

Antes que ele possa terminar, a líder para e se vira repentinamente, tapando a boca dele com a mão. Ela levanta o indicador até seus lábios e solta apenas um "shh", o encarando com seriedade. Peter sente seu coração pulando uma batida, não de uma forma boa, mas com peso. Amy não o olhava nos olhos.

A conversa dos dois mais uma vez não chegou a lugar algum, e apenas formou uma parede que o rapaz acreditava não ser capaz de superar nesse momento. Portanto, iria desistir por hora, sabia que insistir apenas prejudicaria ainda mais, e com certeza não era seu objetivo. O estado daquele corredor retornou a o que era apenas momentos atrás: ausência de qualquer som que não seja um zumbido irritante vindo das lâmpadas.

Aquele com certeza era o pior dia da sua vida, e ele nem precisava lembrar do resto para que isso fosse verdade. A combinação de todas aquelas sensações criou uma dose de indignação no coração dele. Culpa? Curiosidade? Ambos? Não sabia, mas estava começando a achar que aquilo não era justo. Afinal, "como isso é minha culpa?"

Quase uma hora de investigação havia se passado desde que o grupo entrou naquela instalação subterrânea, e a cada vez mais se tornava óbvia a tecnologia escondida ali. Peter e Amy notaram durante o caminho várias oficinas destruídas, com uma boa quantidade de braços mecânicos defeituosos, ferramentas que não faziam sentido algum, além de até matéria orgânica exposta em tubos experimentais. Se surpreendia também com o esquema de cores, que era composto principalmente por branco.

A maioria das coisas pareciam ter sido decoradas com um plástico resistente, servindo apenas como uma capa para o amontoado de fios e peças que se revelavam pelos buracos. O local não se limitava apenas a máquinas, pois vez ou outra se deparavam com escritórios ou até estantes que pareciam conter diversos documentos. E nestes locais que eles lentamente iam entender o que houve: evacuação.

Todas as coisas de importância foram levadas, e o que não foi levado foi destruído ou queimado, o que era extremamente decepcionante para o garoto que estava morrendo de curiosidade. Prosseguiam no rastro do "Ceto", se contendo com pequenas pistas que representavam um caminho a ser seguido, como algumas indicações na parede que sobreviveram.

Porém, algo naquilo incomodava Peter, ou então incomodava a voz na sua cabeça.

— Amy, você tá notando isso? — ele quebra o silêncio depois de muito tempo. Novamente recebido com nenhuma resposta, uma parte sua fica levemente irritada, pois era algo sério. — As marcas. Essas que parecem facas, elas tão aumentando nessa direção.

— É. — a garota responde de forma curta, porém logo cede. — A Laura foi bem vaga sobre esse Ceto especificamente.

— Algo que eu precise saber?

— Só precisamos saber se está aqui ou não. Não sei de mais nada, e eu nem te contaria.

Levemente surpreso por ter respostas concretas, ele começou a analisar as possibilidades, ignorando a grosseria no final. Poderia facilmente ser algum tipo de dispositivo, com o nome sendo uma sigla, mas o fato de que aquilo foi deixado vago assustou ele. Sabia pelos fragmentos de memória da Emma que Ark estava do jeito que estava por conta de algumas criaturas. Como os infectados — que a própria havia se tornado temporariamente — ou alguns outros, que ele não teve a possibilidade de identificar. Apenas sabia que existiam.

— É alguma dessas criaturas? A Emma me falou sobre.

— Talvez. Mas eu não vejo um motivo para ela jogar a gente numa armadilha. — Amy diz, porém pausa alguns segundos e retoma sua fala. — Ou ela quer matar você e me levar junto.

Peter jurou ter sentido uma única gota de suor cair de sua testa, apenas lembrando da sua primeira reunião com a líder da Coalizão.

Com sua curiosidade parcialmente saciada, o garoto caminha inquieto, atento para todos os sons e se assustando até com o som de seus passos. Quase inconscientemente, ele observava a menina na sua frente e de certa forma tentava imitar seus trejeitos. Ela parecia segura, porém mais atenta do que ele. A mesma já carregava uma pistola em sua mão direita, com uma postura de quem sabia usar bem aquilo.

Sem perceber, um pouco de seu medo havia sumido ao se distrair com ela.

A dupla caminhava finalmente até a última sala "meio oficina meio laboratório" que achavam naquele complexo, e aquela parecia especial. As bancadas de metal nessa estavam amassadas, o teto estava completamente destruído e as lâmpadas que ainda funcionavam estavam sendo seguradas por seus fios. Elas piscavam em sincronia, ocasionalmente soltando algumas faíscas pelas partes não protegidas, e outras partes da sala revelaram que aquilo havia levado a um incêndio anteriormente. As máquinas estavam jogadas no chão, e vários pedaços de vidro estavam espalhados pelo chão.

A escuridão tentava disfarçar, mas a pior parte de onde estavam não era a integridade, e sim a quantidade de sangue. O líquido vermelho era encontrado por todo canto, já seco e algumas partes formando rastros, a maior parte saindo das duas portas de metal encontradas do outro lado.

— Sem chance. — o mais alto expressa enquanto se prepara para correr a qualquer segundo. — A gente não viu nenhum rastro lá fora, o que quer que tenha feito isso ainda tá aqui.

— Ou não. — a outra aponta sua lanterna para o teto, onde algumas manchas de sangue também eram encontradas formando um rastro. — Não pode ter só uma saída ou entrada.

Com seus batimentos acelerados, ele segue sua aliada e se surpreende com o funcionamento da porta, que reconhece alguém e automaticamente se abre. O ambiente dentro era diferente, as paredes eram feitas de vidro, com alguns suportes de metal nos chãos e no teto, assegurando que aquilo não iria quebrar. Perceberam que no fim havia uma outra porta com um pequeno monitor em cima, desligado, porém sem marcas de ter sido danificado. O ambiente não era diferente apenas visualmente, pois o cheiro de antes — que não era nem um pouco marcante — foi suplantado pelo mesmo que o garoto havia sentido quando acordou.

Amy tampa o nariz e faz uma cara de nojo, porém ainda assim entra enquanto observa tudo, especialmente o rapaz. Peter a segue, mais preocupado com o que estava do outro lado do vidro. Água, muita água. Dentro do corredor a iluminação funcionava melhor do que fora da sala, mas do outro lado da parede não havia sequer uma luz, portanto apenas pôde confiar no que tinha. Ainda curioso, começou a forçar os olhos para buscar qualquer coisa, mas se deparou apenas com uma sala que parecia não ter fim, muito menos encontrou algo olhando para cima.

Vez ou outra notava algumas pequenas vibrações ao entrar em contato com a superfície, quase imperceptíveis, e a esse ponto já tinha conseguido formular mais mil questões. Pensou também em passar essa informação para a sua aliada, mas antes que pudesse fazer, a porta se fecha atrás deles.

— Olá! Eu sou o Doutor Bernahl da divisão de pesquisa e desenvolvimento biológico da Hyperion, e hoje eu irei guiar os senhores pelo nosso projeto recente, o Ceto. — a voz no monitor se faz presente, fazendo com que os dois encarem a tela levemente assustados, mas a visão de um homem velho com um jaleco clássico de cientista alivia seus medos. — Como os senhores sabem, a nossa divisão veio usando o orçamento generosamente alocado por vocês na pesquisa de um organismo recentemente encontrado, em localizações que vocês já foram informados de forma mais segura.

— Isso... é estranho. — o rapaz se pronuncia enquanto se aproxima da tela, distraído, ainda ouvindo o discurso do homem. — Pelo menos a gente sabe que é realmente o tal do Ceto.

— É. Pelo m-

Antes que a frase fosse terminada, um impacto repentino é ouvido ao lado de Peter, que dá um leve pulo para trás. Em contraste, a garota puxa sua arma e a engatilha por instinto enquanto se vira para saber o que aconteceu. Ambos se deparam com uma pessoa do outro lado do vidro, porém a mesma já estava morta, sua pele pálida e seus olhos fechados indicavam o que um corte profundo no pescoço confirmava. Relaxados por um momento, os adolescentes baixam a sua guarda por um segundo.

E então, o corpo é arrastado. O som da água se movendo subitamente é audível até dentro da sala onde estavam. Já que apenas metade do defunto estava à mostra, não puderam ver o que puxou, mas com certeza não havia sido algo natural. Recuando até onde entraram, os jovens tentam abrir a porta, mas se deparam com a pior situação.

— A porta não abre. — a menina profere, seu rosto completamente sério e transparecendo tensão, o que era esperado. Ela trava por alguns momentos enquanto pensa, mas não parece ter nenhuma ideia incrível. — Merda, tá, vem comigo, tá com tua faca?

— Tô. — Peter responde, lembrando de que foi proibido de portar uma arma por Laura.

Os dois seguem até o outro lado do corredor, que estava logo abaixo do monitor, atentos para o que quer que esteja na água.

— Pois bem! Chega de falar, por favor aproveitem sua estadia. Se lembrem: sigam seu guia, que será devidamente instruído em todos os procedimentos, e não batam no vidro! — o doutor termina o vídeo na hora em que adentram mais nessa seção da instalação, e se não estivesse preocupado, Peter teria soltado uma risada com o timing.

— Tem certeza que a gente devia entrar mais? — o rapaz questiona, preocupado com a situação piorar drasticamente. — Vai que do outro lado piorou.

— Prefere ficar aqui com um vidro de cada lado?

Considerando as opções, ele decidiu se calar e a seguir. Antes de prosseguir, olhou para trás uma última vez, notando um objeto no canto do vidro, escondido. Sem ter uma oportunidade de entender o que viu, aquilo afunda na água, sumindo de vista.

Engolindo em seco, prossegue com Amy. Do outro lado viram mais um corredor, só que dessa vez o teto e as paredes formavam um semicírculo com o chão. Ainda era vidro, só que por a parte de cima ser transparente, a escuridão da água era ainda mais intimidadora. O fato de que a iluminação faz com que seja muito mais fora ver por fora do que de dentro torna eles presa fácil.

Instintivamente começaram a andar mais rápido, com a finalidade de que achem outra saída ou algo que abra as portas de entrada, mas ainda teriam que explorar. A caminhada foi marcada pelo medo e uma sensação interminável de que o tempo não passava, além da paranoia crescente com "vultos" que ambos juravam ter visto, embora não contassem um para o outro.

— Senhores, como puderam ver, o experimento pode ser bem tímido, aparecendo poucas vezes. Mas como prova do nosso controle sobre ele, usaremos dispositivos que emitem uma luz especial, para que ele apareça na frente de seus olhos. — outro sistema de monitores é ligado, com caixas de som espalhadas pela extensão do corredor propagando a mesma voz de antes, que novamente os assusta. Dessa vez com notícias péssimas. — Primeiramente, olhem para o lado esquerdo.

Acelerando ainda mais o passo, a dupla evita ficar parada para observar o que vai acontecer. Alguns segundos depois que a voz anunciou sua presença, uma luz azul forte se liga onde ele indicou, parecendo ser propagada de um tipo de poste subaquático. Instantes foram se passando e nada acontecia, muito pelo alívio dos intrusos ali presentes, ainda mais quando ela finalmente desliga.

— Agora, ligaremos a mesma luz do lado direito, demonstrando obediência e uma velocidade surpreendente. — ele anuncia e eles continuam andando, apenas ignorando e procurando uma forma de sair dali.

A mesma quantidade de tempo se passa e, nessa ocasião, não houve luz. Por conta da escuridão não puderam ver o estado do poste, mas logo notam o seu defeito. Várias rajadas de eletricidade são disparadas de um único ponto ao mesmo tempo, continuando por alguns segundos antes de apagar. O que veio depois foi o suficiente para paralisar a dupla por puro choque.

Um rugido, estridente e audível por todo canto, ainda mais alto do que as caixas de som. O barulho se assemelhava ao metal sendo arranhado com muita força, e com certeza não parecia ter vindo de nenhum animal. Ainda presos no mesmo lugar, eles se encaram por alguns segundos, ouvindo o grito que não havia cessado. Porém, quando finalmente o grito cessou, não conseguiram mais se ver.

A luz havia se apagado.

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