Capítulo 29| Happy Birthday, Camila!
18 anos de vida. 6 anos que minha mãe nos deixou. Desde aquele dia, no meu aniversário de 12 anos, essa data nunca mais teve o mesmo sentido. Era para mim apenas um dia de luto e de muitas saudades.
Mas confesso que acordei com a esperança de ser um dia bom, acordei na esperança de receber um forte abraço do Peter, do meu pai, da Clara... Mas nada. Ninguém parecia lembrar. Não havia recebido nenhuma mensagem de parabéns, nada. A única mensagem que recebi foi do Jack, falando para eu ajudar ele na reforma do quarto dele. Penso em negar, para sair com o Peter fazer algo, mas assim que desço na sala, o vejo jogado no sofá. Ele me olha, abre um sorriso e quando eu me aproximo ele me dá um selinho perguntando se dormi bem. Ele com certeza esqueceu!
"Eu vou no Jack, ele disse que precisa de ajuda para reformar o quarto. Tudo bem né?"
"Tudo sim, linda! Vai me dando noticias, ok?" Ele me dá outro selinho e eu faço um sim com a cabeça saindo de casa.
Pego a minha bicicleta e pedalo até a casa do Jackson. Deixo a bicicleta em um canto e logo toco a campainha. Ele abre todo sujo de tinta.
"Uau! 1x0 para a tinta." Brinco e então ele me abraça forte.
"Graças a deus que você chegou! Essas tintas estão me matando! Eu não sei fazer isso." Ele ri e então subimos para o quarto dele. Estava uma verdadeira zona.
"Meu deus, passou um furacão aqui!" Falo rindo e ele ri também coçando a cabeça.
"Acho que preciso de uma ajudinha." Ele fala e então eu concordo.
Passamos o resto da manhã organizando a bagunça que ele fez e colocando jornal nos moveis para não mancha-los com a tinta. Assim que íamos começar a pintar, a mãe dele bate na porta avisando que era para nós irmos almoçar. Não posso negar que fiquei feliz em ouvir aquilo, pois eu estava com muita fome.
Assim que descemos, começo a conversar com os pais dele. Eles parecem ser bem divertido, por mais que fossem bem de idade.
"Quantos anos você tem, Camila?" A mãe dele pergunta com a voz rouca.
"18. Na verdade fiz 18 hoje. É meu aniversário!"
Todos se olham com os olhos arregalados e então Jackson me encara.
"Hoje é seu aniversário e você não diz nada?" Solto uma risada envergonhada.
"Não se preocupe, eu não ligo muito para isso não."
"Mas nós ligamos!" A mãe dele fala se levantando. "Sorte tua que eu fiz um bolo de chocolate hoje. Deve ter uma velinha em alguma das gavetas." Ela entra na cozinha seguida por ser marido e então o Jackson vem até mim.
"Deixa eu te dar um abraço pelo menos!" Me levanto com um sorriso no rosto e ele me abraça forte. Eu amava o Jack. Desde o começo nossa amizade sempre foi sincera... brigamos apenas uma vez, mas ele sempre esteve ali quando eu precisava. Ele é um tipo de pessoa que quero levar para minha vida inteira. "Muitas felicidades, muitos anos de vida, muito sexo, dinheiro, paz, Amor, carinho e tudo o que você merece." Ele fala tudo isso enquanto me abraça e então encara os meus olhos. "Por que você Camila, merece o mundo!" Abro um sorriso com aquilo.
"Eu amo você, sabia? Você é o melhor amigo do mundo!" Falo isso e ele sorri animado e me abraça de novo.
"Eu também amo você, sua chata!" Sorrio e logo a mãe dele entre com o bolo na mão e uma velinha com o número um acesa. Abro um sorriso e então eles começam a cantar.
Eu não sei como reagir a esses momentos, a verdade é que eu nunca soube. Mas eu estava felix pois fazia 6 anos que eu não ouvia aquela musica.
Depois de abraçar os pais dele e comer um pedaço do bolo, subimos novamente para o seu quarto e começamos a passar a tinta preta pelo antigo azul claro. Depois de 5 horas nós terminamos. Me jogo na cama dele, eu estava muito cansada e então ele começa a mexer no celular.
"Esta falando com quem?" Pergunto curiosa e então ele desliga o celular deitando do meu lado.
"Ninguém, estava apenas olhando o Instagram." Sorrio e então o meu celular apita.
Sms pai: Oi minha princesa! Pensou que eu esqueci do seu aniversário né? Não esqueci não. Eu até comprei um presente para você! Mas só vou poder te dar de noite pois eu trabalho até tarde hoje. Me encontra as 11 na frente da lanchonete, pois eu comprei dois ingressos para assistirmos a estreia do Rei Leão no cinema as 23:59, ok? Até de noite! O papai te ama!
Abro um sorriso ao ler aquela mensagem. Realmente, aquele aniversário estava começando a melhorar.
"Quer tomar um banho? Você está toda suja." Ele fala fazendo uma careta.
"Mas minha blusa tá ali, Eu só sujei a sua!" Rio.
"Mas olha o seu cabelo." Quando eu olho, não tinha nada, Mas não demora muito para ele colocar a mão no balde de tinta e passar no meu cabelo.
"IDIOTA!" Ele coloca a mão melecada no meu rosto e então eu me levanto jogando tinta nele também.
Começamos aquela típica guerra de tinta, nos sujando inteiros e morrendo de dar risadas.
"TÁ BOM EU VOU TOMAR BANHO!" Grito rindo. "E você trate de limpar tudo isso que pingou no chão."
"Vai logo, chata!" Ele fala ofegante e então eu entro no banheiro.
Tomo um banho rápido e logo me seco. Passo o desodorante dele que estava lá e visto minha roupa limpa, que era uma saia preta e uma blusa branca. Penteio o meu cabelo e só depois saio do banheiro.
"Uau! Que cheirosa!" Ele fala e eu me surpreendo por ver o quarto todo arrumado. "Vamos? Eu te deixo em casa!"
"Vamos sim." Pego o meu celular na cama e fico um pouco triste por não ter nenhuma mensagem do Peter o dia todo, mas decido ignorar isso.
Assim que entramos no carro dele e colocamos minha bicicleta no porta-malas, ele liga a rádio e está tocando Shawn Mendes. Encosto minha cabeça no vidro e fico olhando a paisagem e pensando. Pensando na minha mãe. Eu sentia tanta, mas tanta falta dela. Quando vejo, estou segurando o lindo colar que o meu pai havia me dado de Natal. Minhas duas famílias.
"No que está pensando?"
"Minha mãe."
"Ela deve estar preparando um bolo lá em cima e comemorando o aniversário do melhor presente que ela já recebeu." O olho sorrindo.
"Assim eu espero." Logo estacionamos na frente da minha casa e então eu tiro a bicicleta do carro dele.
"Posso entrar beber um copo de água?".
"Claro!" Simon abre o portão para nós e então eu largo a bicicleta ali mesmo. Pego minha chave na bolsa e destranco a porta.
Assim que eu abro, levo um baita susto ao ouvir um estrondo e só então, vejo muita gente pulando e gritando: SURPRESA!
Abro um sorriso ao ver o Peter e o James na frente de todos. Olho para o lado e percebo o sorriso no rosto do Jack.
"Meu deus!" Falo levando a mão para o rosto e sentindo meus olhos marejarem. "Meu deus tudo isso é para mim?" Peter se aproxima sorrindo.
"Tudinho para você! Eu, o James e o Jack planejamos tudo." Arregalo os olhos e olho o Jack.
"Você sabia de tudo, seu otário!" Dou um leve soco em seu braço rindo.
"Você não sabe o quanto foi difícil te manter ocupada o dia todo, viu?" Solto uma risada e então abraço o James que estava em minha frente.
"Parabéns, Camilita!" Sorrio.
"Obrigada, James!" Falo sorrindo e então olho para o Peter novamente. "Eu achei que você tinha esquecido."
"Você não sabe o quanto foi difícil fingir que eu esqueci e ver você tristinha!" Ele ri e eu rio tambem o beijando.
"Obrigada, amor! Eu amei!" Olho para os dois. "Obrigada Jack, obrigada James!" Os dois sorriem então eu olho todos que estão lá. "Obrigada por terem vindo, pessoal! Eu... To muito feliz!"
Meu peito estava cheio de alegria e emoção. Isso era uma coisa que eu realmente não estava esperando, mas pensa em que surpresa boa. Todos ali se divertindo na minha festa! Não tinha como ficar melhor.
Estávamos dançando lá, quando o Jackson sobe para o centro da escada com um microfone na mão. A atenção de todos voltam para ele. Peter abraça minha cintura e então nós olhamos.
"Senhoras e senhores, boa noite!" Ele fala zoando, mas todos respondem e eu apenas rio alto. "Estou aqui para introduzirmos o parabéns para a nossa queridíssima amiga." Todos aplaudem e então eu me encolho de vergonha. Acho que naquele momento eu era facilmente confundida com um pimentão, de tão vermelha que eu estava.
James se aproxima com uma mesa com o bolo e alguns docinhos em volta. Abro um sorriso e logo todos começam a cantar. Como eu nunca sei como reagir a esses momentos, eu apenas começo a cantar junto batendo palmas. O olhar de todas aquelas pessoas sob mim era constrangedor, mas naquele momento até que era bom. Depois de todos aplaudirem, Jackson pega o microfone novamente.
"Agora o karaokê está aberto! Só vir aqui, colocar a música no notebook que a letra aparecerá na TV. Boa diversão!" Todos aplaudem e algumas garotas já sobem rapidamente para cantar.
"Você é incrível, Peter." Falo sorrindo enquanto dançamos. " Eu nunca recebi uma surpresa dessas... Eu amei. De verdade eu amei. Obrigada por tornar o meu aniversário especial."
"Eu fiz isso porque eu amo você, Camila. Eu realmente amo. Você me mostrou o que é amar de verdade. E não importa o que eu fiz de errado antes... Agora que eu te tenho eu mudei. Você me mudou. Quero ser cada dia melhor para você." Abro um sorriso.
"Eu também te amo, Peter." Sorrio e então deito o meu rosto no seu peito, apenas sentindo a música linda que uma garota cantava com a voz bem suave.
Ficamos assim, por longos minutos até que meus ouvidos são invadidos pela voz aguda da Lola gritando no microfone.
"Olá pessoal! Olá Camila!" Ela fala com um sorriso no rosto e percebo a respiração do Peter acelerar.
"Você convidou ela?" Pergunto o olhando. A presença dela ali não me parecia ser com boas intenções.
"Não." Ele fala sério a encarando e então eu a encaro também.
"Eu vim aqui para te dar um presente de aniversário." Ela continua, mas dessa vez encarando o Peter, o que me faz engulir seco.
"Lola, por favor." Ele fala e o desespero em sua voz é nítido e isso começa a me deixar nervosa.
"Que presente é melhor do que a verdade, não é galera?" Olho para ele com a respiração acelerada.
"Do que ela está falando, Peter?" Eu já tinha visto ele nervoso, triste, bravo... mas tenso e desesperado dessa forma era a primeira vez e isso estava me deixando desesperada.
"Nada. Camila, vamos sair daqui." Ele começa a me puxar para fora, mas então eu me desvencilio do seu toque.
"Não. Eu quero saber do que ela está falando." Falo deixando nítido o meu nervosismo pela voz e volto a me aproximar.
Todos estavam atentos, pareciam que estavam vendo um filme e o meu coração, já não parava mais no peito. Estava palpitando por todo o meu corpo.
"Vamos começar com algumas revelações." Ela sorri. "Primeiramente... Eu e o Peter nunca namoramos de verdade!" Ouço aquilo e sinto como se fosse um soco no estômago. Meus olhos enchem de lagrimas. Eu não sabia o que pensar. Não sabia como reagir.
Por que? Por que ele inventou isso?
Quando olho para ele, tentando procurar respostas em seu olhar, apenas vejo lágrimas, o que me trás mais dúvidas ainda.
"Camila vamos embora! Eu te explico tudo, eu juro!" Ignoro seu pedido de desespero e me aproximo mais da Lola.
"Querem saber o porquê dele fazer isso? Eu conto para vocês." Ela me encara com um sorriso no rosto. Eu sentia que não estava preparada para ouvir o que estava por vir. "Ele fez isso por que estava com medo da Camilinha descobrir quem ele realmente é e as coisas terríveis que ele fez." Ela ri alto. "Tá vendo, Camila? Ele preferiu quebrar o teu coração e te deixar sofrendo por meses por não querer contar a verdade."
"Cala a boca, Lola!" Peter grita e ela o encara.
"Eu não calo, Peter. Agora todos vão saber." Ela responde.
"Qual? Qual é a verdade, Lola?" Pergunto com a voz trêmula.
"O seu namorado, lindinha, não é quem você pensa que ele é. Ele já fez coisas terríveis com outras garotas, inclusive com você... Ele aceitou namorar comigo por que eu era uma ameaça. Eu sabia do seu segredinhos sombrio. Dos seus gostos peculiares."
Aquela enrolação, aquele suspense e aquele mistério estavam me matando. Eu só conseguia ouvir as batidas do meu coração cada vez mais fortes dentro de mim. Naquele momento, ele segura a minha mão, mas eu tiro rapidamente. Ele estava chorando e eu continuava a encarando.
"Lembra, Camila? Quando ele te levou para a casa no lago?" Assim que ela termina de falar, uma foto da casa aparece na TV atrás dela e então eu percebo que o Spencer está mexendo no notebook. "Ele disse para você que você tinha sido a única à ir lá, não tinha?" Faço um sim com a cabeça com a boca entreaberta. "Ele dizia isso para todas."
Meu coração se parte ao ver foto de várias garotas no mesmo lugar em que eu achei que eu era a única garota que ele levou. No lugar onde eu me entreguei a ele por completo. No lugar onde eu realmente me apaixonei.
"Mas não é só isso não, Camila. Essa casa, é cheia de câmeras." As imagens mudando na TV me causam arrepios. Imagens das meninas andando pela casa, conversando com ele, tomando banho e até mesmo transando. "Ele gravava todas. Tudo. Cada movimento. Gravava ele tirando a virgindade de todas essas, para depois ficar revendo e revendo." As lágrimas estavam escorrendo descontroladamente pelo meu rosto. Eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo e vendo. Eu não podia acreditar que o cara que eu amava seria capaz de fazer algo assim. " Ele gravou você, Camila. Gravou e enviou para todos nossos amigos para provar que ele havia transado com você."
"Como assim provar? Por que provar?" Pergunto quase sem conseguir falar.
"Ah, tinha me esquecido dessa parte... Ele tinha uma lista no celular. Uma lista chamada: Virgens." Ela fala rindo. "Desde o dia em que ele ficou sabendo que você era virgem, o seu nome ficou em primeiro lugar da lista dele. Nós todos rimos, rimos bastante pois tínhamos a certeza que você jamais iria dar para ele. Aquela menina toda tímida e inocente dando para o cara mais babaca da escola? Ah, eu duvidava!" Ela solta uma risada e se aproxima de mim. "Você foi apenas mais uma da lista dele, Camila. Apenas mais uma conquista, um troféu. Para ele... foi apenas um jogo."
Eu estava ali, parada, meu corpo havia perdido os movimentos. Minhas pernas estavam bambas e eu sentia que podia cair ali a qualquer momento. Eu não conseguia escutar mais nada. Nem as pessoas e nem ao Peter tentando chamar a minha atenção. Apenas ecoava na minha mente as coisas lindas que ele já havia me falado e doía saber que foi tudo uma mentira.
Quando olho para a TV, vejo gravações minhas na casa, nisso o Peter sobe as escadas e desconecta tudo com raiva.
"Chega! Parem com essa porra!" Ele grita de cima da escada e então desce até mim. Assim que ele se aproxima, saio correndo da casa indo para o pequeno jardim na parte de trás e percebo que ele está logo atrás de mim. "Camila, você precisa me escutar, por favor." E é ali que ele segura nos meus braços e eu sinto a raiva ferver pelo o meu corpo.
"NÃO ENCOSTA EM MIM!" Grito. "Eu não acredito! Não acredito que você... que você... que você fez isso!" Falo entre lágrimas.
"Eu não queria ter enviado o video! Foi sem querer! Não era pra isso ter acontecido, Camila! Eu amo você! Por favor, acredite em mim." Ele fala chorando.
"Como? Como posso acreditar em você? Como que eu posso acreditar em você depois de tudo isso?"
"Eu..."
"Você tirou a minha virgindade para completar a sua lista, Peter. A porra da sua lista!" Grito. "Você me usou! Você brincou comigo!" As lágrimas escorriam pelo meu rosto que se contorcia de raiva. "Como você pode ter feito isso comigo? E com todas aquelas garotas? Você é um monstro, Peter! Um psicopata!"
"Isso foi antes, Camila. Antes de eu me apaixonar, antes de você me mostrar o que é o verdadeiro amor." Ele fala se ajoelhando na minha frente.
"Nem eu sei o que é o amor, Peter. Eu pensei que soubesse... mas estava enganada." Me viro para sair.
"Camila, por favor, me desculpa!" Ele implora apoiando as duas mãos no chão e então eu o olho com a cara coberta pelas lágrimas.
"Você me quebrou, Peter. Eu me entreguei à você e você me quebrou. Eu acreditei em você e só o que você fez foi mentir para mim." A tristeza e o desapontamento foi nítido na minha voz. "Eu nunca mais quero falar com você. Nunca mais se aproxime de mim, por favor. Eu imploro." Essa é a última coisa que falo antes de sair dali o deixando no chão.
Eu senti como se o mundo em que eu estava vivendo tivesse desmoronado. Senti como se o chão tivesse sumido. Senti como se nada mais fizesse sentido. Ali... andando na rua a noite, estava uma garota ingênua com o coração partido em mais de mil pedaços. Uma garota que se entregou o amor, mas conheceu o lado ruim de amar.
A traição, o jogo, as mentiras, as câmeras, a lista, tudo isso estava consumindo os meus pensamentos me fazendo chorar cada vez mais. Pensar que o cara qual um dia, eu pensei ser o amor da minha vida era um verdadeiro monstro, doía demais. Doía muito. Uma dor diferente de todas as outras que eu já senti em minha vida. Mais uma dor que eu teria que aprender a superar, ou pelo menos aprender a viver com ela.
Eu sou a borboleta e ele o dragão. E com suas garras, ele arrancou de mim as minhas asas, me impedindo de voar.
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