Depois do Natal, os dias que se seguiram foram os melhores da minha vida. Sabe aquele relacionamento perfeito onde é inevitável tirar fotos e postar em redes sociais para mostrar o quão perfeito é? Era perfeito a esse ponto. Eu e Camila estávamos completamente apaixonados um pelo outro.

Virada de ano

No ano novo, minha mãe decidiu de última hora que seria legal passar o ano novo em Orlando, mais especificamente na Disney. Vocês tinham que ver a animação da Camila.

Chegamos lá no dia 31 bem cedo, estava cheio, lotado. Ficamos no hotel temático e o nosso quarto tinha o tema da Ariel. Os olhos da Camila brilhavam, parecia uma criança assistindo desenho pela primeira vez.

Quando chegamos ao parque, naquele mesmo dia, pude comparar a Camila com várias crianças que estavam lá. Ela estava pulando, sorrindo e admirando tudo em volta. Eu estava adorando aquilo.

Ela só parou de rir quando fomos na montanha russa da múmia, ela ficou morrendo de medo e não abriu os olhos em nenhum instante. Tiramos fotos com as princesas, com o Mickey e com vários outros personagens lá, o qual eu não via graça nenhuma pois eu sabia que era apenas uma pessoa normal fantasiada.

Eu e ela estávamos andando de mãos dadas o dia todo. O pai dela já estava estranhando tudo isso, mas parece que minha mãe já contou para ele sobre nós, pois até agora ele não falou nada.

Quando foi chegando a noite, parece que o parque vai ficando mais e mais cheio e todas as pessoas se aglomeram em frente ao castelo das princesas.

"Falta um minuto!" A Camila grita pulando e rindo e em seguida me abraça. Não demora muito para começarem: 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1! Feliz ano novo!

Foi um coro tão perfeito de todas as pessoas que estavam lá que parecia até ser ensaiado. Assim que eles terminam de falar "Feliz ano novo!" Viro a Camila para mim e selo os nossos lábios.

"Eu te amo, Camila!" Falo e um lindo e sincero sorriso se forma em seus rosto.

"Eu também te amo, Peter!" Logo em seguida nos afastamos e vamos abraçar nossos pais.

Aquela viagem foi incrível. Passamos 15 dias lá. Fomos em outra pista de patinação, fomos em vários shoppings onde a Camila sumia com a minha mãe e eu e o Chaster passávamos horas na loja de eletronicos. Quando elas voltavam, estavam cheias de sacolas na mão. Quem tinha que carregar depois? Nós mesmos.

Todas as noites eu e a Camila saímos para jantar em lugares diferentes. Fomos em três karaokes, três lanchonetes temáticas e também fomos em uma balada. Entramos pela porta dos fundos, foi uma tremenda aventura. Mas nada para quem já invadiu o maior estádio de Nova York. O resto dos dias comemos no hotel mesmo ou um cachorro quente na rua.

A memória do meu celular estava lotada de tantas fotos que nós tiramos.

15 dia depois

Quando voltamos para casa, havia várias cartas na caixinha de correio e a primeira coisa que a Camila faz, é largar tudo o que tinha na mão  e ler carta por carta. Todas que ela via que não era dela, ela jogava no chão. Até o momento em que ela vê o nome dela em uma das cartas e praticamente rasga o envelope. Assim que ela termina de ler, ela começa a gritar e a pular.

"Meu deus! Meu deus! Meu Deus!"

"O que foi filha?"

"Fui chamada para assim que acabar esse último semestre, ir fazer o teste em Julliard! Eu fui uma das escolhidas papai!" Ela abraça seu pai com força e lágrimas de felicidade escorrem pelo seu rosto.

Eu estava muito feliz, mas nada surpreso. Ela havia sido sem dúvida a melhor daquela noite no show de talentos.

Logo ela chega até mim e pula no meu colo.

"Parabéns! Linda! Você merece o mundo."

1 dia depois

Eu estava saindo de casa para ir no mercado comprar o que minha mãe pediu, quando me trombo com a Lola atrás do portão.

"O que faz aqui?" Cruzo os braços.

"Vim ver se você não está doente." Ela fala séria.

"Por que eu estaria doente?"

"Por que não sei... você perdeu a noção do perigo, né?" Engulo seco.

"Do que você está falando?"

"Não se faça de bobo." Ela ri cínica. "Pensa que eu esqueci como tudo isso começou? Eu tenho você nas minhas mãos, Peter."

"Você não vai fazer nada." A puxo para um canto, na intenção de sair da frente da minha casa. "Lola, eu fiz tudo o que você pediu durante todo esse tempo. Mas eu não podia ficar fazendo isso para sempre." Meu peito estava acelerado.

"Relaxa, Peter. Eu estou brincando." Ela ri. "Não vou fazer nada. Mas saiba que... mentira tem perna curta." Eu sabia que isso era verdade e sabia também que se não fosse ela, de outra forma a verdade acabaria chegando até a Camila. Mas não podia ser agora. Eu queria adiar isso ao máximo, por que eu não podia perder a Camila.

"Obrigado por não contar."

"De nada, lindo!" Ela sorri e depois olha a minha mão. "Uau! Até aliança!" Ela sorri e se vira indo embora.

Respiro fundo e sigo até o restaurante.

1 mês depois

Estava deitado com ela no meu telhado olhando as estrelas, como fazíamos todas as noites.

"É estranho pensar que semana que vem faço 18 anos." Ela fala isso enquanto passeia seus dedos pelo meu abdômen.

"Pera, o que?" Me sento a olhando. "Semana que vem é seu aniversário e você não disse nada?"

"Não gosto muito do meu aniversário, Peter." Ela abre um leve sorriso. "Por que além de ser aniversário do meu nascimento é aniversário da morte da minha mãe." Ela abaixa a cabeça.

"Mas você não pode ter isso como uma lembrança triste, Mila. Temos que fazer essa data ser feliz de novo. O que acha de uma festa?" Ela franze a testa.

"Eu prefiro um jantar em família... Sabe? Só nós quatro e talvez o Jack e o James."

"Ok. Podemos pedir uma pizza então." Ela abre um sorriso.

"Ótimo!" Sorrio também.

Era óbvio que não seria só uma pizza.

1 dia depois

Na manhã seguinte, eu pego o meu carro antes mesmo da Camila acordar e dirijo até a casa do Jack. Quando ele abre a porta e me vê, ele fica surpreso.

"Peter? Eu achei que era o James, eu tava esperando ele. Aconteceu alguma coisa?"

"O James está vindo? Ótimo. Preciso da ajuda de vocês dois."

"Ali ele." Olho para trás e vejo o James se aproximando, também achando estranho a minha presença ali.

"Eai, cara!" O cumprimento e então ele sorri.

"Venham, entrem!" Jackson da um espaço para entrarmos e então nos sentamos no sofá. "Por que precisa da nossa ajuda?"

"Não sei se vocês sabem, provavelmente não sabem, mas semana que vem é aniversário da Camila." Eles me olham surpresos.

"Eu não tinha ideia!" James fala.

"Eu sei que não. Fiquei sabendo ontem também." Falo soltando uma leve risada, mas logo volto a olhá-los. "Bom, eu estava pensando em fazer uma festa surpresa pra ela. Mas pra isso acontecer vou precisar da ajuda de vocês.

"Achei a ideia incrível. Eu to dentro!" Jackson fala com um sorriso largo no rosto e então eu retribuo desviando o meu olhar para o James.

"Também estou dentro. Qual é o plano?" 

"Vai ser na minha casa. Eu fico responsável pelos convidados e pelas bebidas. James, você fica responsável pelo bolo e docinhos? E uns balões amarelos e dourados só para colocar na mesa do bolo."

"Pode ser!" Ele afirma e então olho para o Jackson.

"Eu tenho microfones e uma caixa de som, podemos fazer um karaokê, a Camila iria adorar!" Abro um sorriso com a ideia.

"Ótimo! Ela vai amar! A iluminação eu já tenho em casa, aliás sou o dono das melhores festas do colégio." Falo orgulhoso e eles apenas afirmam. "Bom, é na terça feira. Jackson, preciso que você invente algo para tirar a Camila de casa desde de manhã até as seis horas da tarde."

"Eu posso fazer isso." O James fala e eu o olho com o olhar fuzilador.

"Não. O Jackson faz. O som eu pego aqui um dia antes."

"Por mim tudo bem." Jackson concorda e então eu sorrio me levantando.

"Ótimo. Vamos conversando então. Só não abram a boca perto da Camila!"

"Pode deixar." Eles falam e então eu caminho até a porta.

"Vou indo, tenho que chegar lá antes que ela acorde." Falo de forma provocativa para o James e saio de lá.

Sei que eu estava sendo infantil, mas vi ela nos braços dele por um bom tempo e me senti péssimo. Queria que ele se sentisse da mesma forma que eu também. Eu sempre fui assim, egocêntrico e egoísta. São coisas da personalidade difíceis de mudar.

Uma semana depois

A semana que se passou foi ótima, igualzinha as outras. A medida que os segundos iam passando, eu me sentia ainda mais apaixonado. Cada sorriso, cada abraço, cada beijo, cada olhar, eu a amava ainda mais. Se me perguntasse ali, o que eu mais amo no mundo, sem dúvidas eu responderia: Camila Revers.

Eu vivia em um mundo pequeno, preto e branco. Usava uma máscara, uma fachada como forma de proteção. Proteção do meu passado, das minhas cicatrizes, dos meus medos. Uma fachada para que as pessoas não pudessem ver o quão frágil eu sou e não conseguirem me atingir. Mas ela, Sem mesmo saber disso, me atingiu em cheio. Tirou essa minha máscara, me mostrou o mundo real, ela trouxe luz e cor para a minha vida. E eu não podia perde-la.

Depois daquela noite que ela me contou  sobre seu aniversário, eu nunca mais toquei no assunto. Fingi ter esquecido completamente. Acho que funcionou, pois de manhã, antes de ela sair com o Jack, ela estava bem chateada. Fiquei com o coração partido em vê-la assim, mas não podia fazer nada, faz parte da surpresa.

Mal eu sabia que essa não seria a única surpresa da noite.