Capitulo 22| Stop playing this game!
O dia de domingo eu passo todo na cama. Depois de dias ensaiando sem parar, eu precisava de um descanso e de um pouco de paz. Eu estava vestida com o meu pijama de vaca, com a toquinha na cabeça e nos pés, uma meia bem quentinha.
Pego o meu notebook, abro a Netflix e coloco em Friends na terceira temporada. Por mais que eu já tivesse assistido a série inteira mais de três vezes, eu nunca me cansava e queria maratonar de novo e de de novo.
Eu quase não saí do quarto naquela tarde, apenas saí para estourar uma pipoca e pegar um refri, nada mais. Meu pai havia saído com a Clara, então só estava eu e o Peter em casa. Mas aquela tarde foi estranha, pois o Peter em nenhum momento bateu na porta do meu quarto para me encher o saco, como ele sempre fazia. Ficou trancado em seu quarto o dia todo e isso não era normal. Mas decido ignorar isso. Eu tinha prometido a mim mesma que iria esquecer ele e não é correndo atrás que vou conseguir isso.
Eram quase seis da tarde quando pego no sono e quando acordo já são duas da manhã. Percebo que a coberta estava toda arrumada em minha volta, então chego a conclusão que o meu pai passou aqui. Logo mais a frente, na beira da minha cama quase caindo, vejo uma bandeja com um nescal e algumas bolachas e um papelzinho escrito: Com amor, papai! O que me faz abrir um sorriso. Eu realmente estava faminta. A única coisa que comi o dia todo foi pipoca. Coloco uma música no notebook e pego aquela bandeja trazendo-a até mim.
Depois de comer tudo o que meu pai tinha deixado para mim, abro pela milésima vez o clássico de Romeu e Julieta e começo a ler. Quando vejo, já são seis da manhã e os meus olhos estavam tomados por lágrimas. Não importa quantas vezes eu leia esse livro, eu sempre vou me derramar em lágrimas. Como não faltava muito tempo para eu ir para a aula, decido já ir tomar um banho. Era melhor tomar antes de todos acordarem pois naquela casa, quando duas pessoas tomam banho ao mesmo tempo a água não esquenta tanto e fica com uma menor intensidade.
Fico longos minutos em baixo daquele chuveiro sentindo a água quente cair sobre mim, pensando em tudo o que estava me acontecendo. Sobre a reviravolta que toda essa mudança repentina fez na minha vida e nos meus conceitos.
Eu estava apaixonada pelo meu meio irmão, que na realidade sempre foi um idiota comigo. E eu incrivelmente ainda tinha esperanças de que talvez no fundo, bem no fundo esse sentimento fosse reciproco. Mas ao lembrar de tudo o que nos aconteceu penso: Como pude ser tão boba? Está certo que eu tive 4 dias incríveis com ele na casa do lago e que os dias que se passaram depois aqui também foram inesquecíveis, mas foi só isso. Só isso que aconteceu entre nós! Como pude ser tão idiota em ter a certeza de que tudo aquilo seria amor? O que de certo não foi amor, pois ele me deixou, por amar outra garota.
Aquilo era uma coisa que até hoje eu não conseguia entender. As peças pareciam não se encaixar. Nada fazia sentido. Um dia antes de ele assumir o namoro com a Lola, estávamos juntos e felizes. Ele disse que me amava naquele dia e que ele tinha a certeza disso. Fez eu jurar que nunca iria esquecer daquela frase "vamos ser felizes para sempre, você é a mulher da minha vida!". Mas tudo aquilo acabou no dia seguinte e eu realmente não entendo o porquê.
Nos primeiros dias eu tentava, eu tentava entender o porquê de tudo isso. Hoje eu vejo que apenas não é para ser e que... eu preciso seguir em frente. Mas isso é mais difícil do que aparenta ser, ainda mais quando você mora na mesma casa que a outra pessoa. Isso dificulta bastante as coisas. Mas com o tempo eu sei que vou conseguir.
Saio do banho e faço todas minhas higienes. Seco o meu cabelo deixando ele liso e coloco uma blusa de lã vermelha com uma calça jeans preta com um rasgo no joelho e desço as escadas com o meu tênis preto no pé.
Quando chego na cozinha, Peter estava lá. Ele estava com um shorts de moletom, com parte da sua cueca a mostra na parte de cima do seu corpo não havia nada, deixando a vista seu abdômen sarado e suas tatuagens que pareciam sem sentido. Seu cabelo estava todo bagunçado e os seus olhos ainda meio sujos. Fico parada na porta com os olhos arregalados o olhando beber aquele copo de água quando por fim ele se vira para mim. Sua reação e parecida com a minha, ele leva um pequeno susto e arregala os olhos.
"Uau! Já está pronta!" Ele fala caminhando até a geladeira.
"Digamos que ontem eu dormi praticamente o dia todo... estou acordada desde as duas da manhã." Ele pega um tapoer com bolo que estava lá e abre em cima da mesa. "Onde estava ontem?"
"Em casa, fazendo a mesma coisa que você. Dormindo o dia todo!" Ele abre um sorriso e então eu suspiro.
"Nem sabia que você havia ficado em casa. Poderia ter me chamado para... sei lá, assistirmos algo juntos que nem da última vez." Falo deixando sem a intenção, o nervosismo nítido na minha voz.
"Eu precisava ficar sozinho, Camila. Pensando. Precisava disso a muito tempo." Ele fala isso sério e então eu engulo seco.
"Muitos problemas?"
"Um em especial." Ele me olha e então abaixa a cabeça e suspira. "Eu vou me arrumar. Nos vemos mais tarde."
"Tá bom, eu... vou de bicicleta." Ele concorda com a cabeça, força um sorriso e saí dali.
Solto um suspiro pesado, pego uma maçã na geladeira e saio da casa. Pego minha bicicleta que estava na garagem e espero o bom humor do Simon para abrir o portão. Ele estava tão concentrado no celular que nem me viu.
"Simon!" Ele dá um pulo da cadeira e abre o portão. Antes de dar o tempo para ele se desculpar, saio pedalando rapidamente. Eu não estava com nenhum pouco de paciência hoje.
Começo a pedalar em direção ao parque da cidade e lá fico dando voltas enquanto aquele sol forte me esquentava daquele frio tremendo. Quando está chegando o Natal aqui começa a esfriar, o que eu particularmente adoro, mas também não nego um solzinho.
Faltava uma semana para o Natal e o pessoal estava montando a grande árvore de Natal no parque que eu estava. As pessoas daquela cidade se importavam mesmo com decoração natalina. Será que a Clara gosta também?
Depois de várias voltas, vejo que já está no horário de ir para a aula e então começo a pedalar até a escola. Chegando lá, James estava estacionando sua bicicleta também.
"Ganhou de mim!" Falo com um sorriso no rosto e desço da bicicleta. "Eai James Bond? Tudo certo?" Começo a andar do seu lado enquanto entramos na escola.
"É... tudo indo! Bem não está, mas está indo!" Ele força um sorriso e eu franzo a testa.
"E o que há de errado?" Pergunto o olhando.
"Só problemas bobos... relaxa!" Depois daquilo que conversei com a mãe dele, esse papo de problemas bobos não me convence mais. Eu sabia que tinha algo de errado. Algo muito sério de errado.
"Tem certeza, James? Sabe que pode sempre desabafar comigo, né?" Paro em sua frente encarando seus olhos.
"Eu sei... mas não precisa, é sério! Vamos entrar?" No momento em que ele fala isso, uma menina passa por nós avisando que a diretora mandoi avisar que é para todos irem para o refeitório.
"Ué... Por que será?" Pergunto sem entender absolutamente nada. Eu deveria ter aula de geografia agora.
"Deve ser aquele discurso do fim das aulas do primeiro semestre." James fala enquanto seguimos para o refeitório.
"Nossa, Tem razão! Eu estava até esquecendo das férias de inverno!" Rio. "Agora eu parei pra pensar... Por que fizeram o baile de primavera no outono?" Franzo a testa.
"Pelo o que me disseram, a menina que planejou vai fazer intercâmbio agora no início do ano e o sonho dela era organizar um baile cheio de flores... Deve ser por isso!"
"Ah, agora fez sentido!" Sorrio e então nos sentamos em uma das mesas. "Você viu o Jack?"
"Não, verdade. Não vi nem ele e nem a Mia hoje." James ergue as sobrancelhas e começa a olhar em volta. "Não, a Mia está lá!" Ele aponta para uma mesa cheia de garotas e realmente, ela estava lá.
"Que estranho! Eles sempre estão grudados!" Suspiro e então a diretora sobe no pequeno palquinho arrumando seus cabelos e sua roupa que parecia um terno masculino.
"Bom dia meus queridos. Estamos chegando na reta final do primeiro semestre e logo já vem aí o Natal e o ano novo! Junto a nossas pequenas férias de inverno. Depois disso, para muitos, os últimos meses no ensino médio. Por isso, queremos proporcionar para vocês um dia de diversão e de relaxamento, pois depois que voltarmos é só correria para as universidades. E por isso agendamos uma viagem para New York. Email com os valores já foram enviado para os responsáveis de vocês. Como tudo isso foi um planejamento de última hora, vocês têm dois dias para me confirmar. A viagem será na sexta-feira de noite e voltaremos domingo de manhã, na véspera de Natal. Espero muito que todos possam ir, está com a pista de patinação no Central Park e terá o musical de grease na Broadway e um especial de natal." Os brilhos nos meus olhos eram nítidos. Sempre tive o sonho de ver um musical na Broadway e grease é um dos filmes que mais amo no mundo! Meu pai tinha que deixar eu ir! "Espero que todos possam ir. Uma ótima manhã a todos e eu fico no aguardo de respostas!" Ela sorri e se retira do palco.
"James, diz que você vai comigo!" Falo o fuzilando com o olhar.
"Se meus pais deixarem e não for muito caro, é óbvio que eu vou!" Ele sorri e eu retribuo o sorriso.
Quando olho para o lado, vejo o Jack passando ao lado da diretora, ele estava muito bravo.
"James, olha lá!" Me levanto pegando minha mochila e vou correndo até ele. "O que aconteceu?"
"Você tem 5 minutos, Jackson." A diretora fala de modo arrogante e entra em sua sala.
"O que aconteceu? Não se faça de desentendida, Camila! Não se faça de sonsa!" Ela cospe as palavras e eu o olho surpresa.
"Jackson, do que você tá falando?" Falo no mesmo tom que ele e ele ri cínico.
"Achei que éramos amigos, Camila! Mas você não passa de uma cobra e eu tenho nojo de você!"
"Por que você tá falando assim com ela, brother?" James fala na intenção de me defender mas eu reviro os olhos. Queria que o Jackson explicasse logo.
"Sabe por que? Sabe por que estou falando assim com ela? Que por culpa dela eu estou detendo e estou fora de todas as atividades extra curriculares. Por causa dela meu currículo está manchado e eu não vou conseguir entrar em uma boa universidade com essa merda." Ele estava tão nervoso que eu estava até com dó, mas não estava entendo o porquê da culpa ser minha.
"Por que, Jackson? Por que tudo isso?" Falo sem entender nada, já com lágrimas nos olhos por ver meu melhor amigo falando aquelas coisas para mim.
"Porque você dedurou para a diretora o que eu fiz sábado. Contou pra ela que alterei as minhas notas."
"O QUE?" Grito alto o assustando. "Tá maluco, Jackson? Eu não contei nada e o James está de prova! Nós chegamos juntos na escola e fomos direto para o refeitório." Falo deixando a raiva que estava percorrendo em minhas veias subir para a cabeça.
"Então você ligou ou algo do tipo." Ele fala baixando o tom.
"Como tem tanta certeza que fui eu? Quem te falou isso?" Falo me aproximando dele deixando as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Se tinha uma coisa que eu odiava era ser acusada de algo que não fiz.
"As únicas que sabiam disso era você e a Mia. Não tinha ninguém que pode ter visto na hora, eu fui muito cuidadoso. E é óbvio que a Mia não faria isso comigo e então é ÓBVIO que foi você!" Ele fala aquilo com tanta convicção que eu me sinto traída. Aquilo estava apertando o meu peito de forma inexplicável.
"Eu não acredito que você, Jackson, a pessoa que eu mais considero nessa cidade, a pessoa que eu mais confio pode ter pensado que eu, sua melhor amiga fiz uma coisa dessas."
"Se não foi você, quem foi, Camila?" Ele fala bravo.
"Se você tem tanta certeza que ninguém viu e que eu era a única que sabia... Então foi a Mia." Ele nega com a cabeça rindo. "Eu juro pelo meu pai, por mim, por tudo que eu não fiz isso. Então abra os seus olhos e veja direito a namorada que você tem." Passo por ele batendo de ombros e então ele se vira gritando.
"E você vai embora assim?"
"Minha consciência tá limpa, Jackson!" Falo indo em direção a aula de educação fisica, mais especificamente a aula de futebol e entro no campo procurando a Mia com o olhar.
"O que você vai fazer, Camila?" James pergunta correndo atrás de mim.
"Tirar essa história a limpo."
Depois de procurar pela quadra inteira, vejo a Mia na fila para chutar a bola e logo três pessoas atrás dela estava o Peter... Não que essa informação seja importante, mas ok.
"Me dá isso aqui." Pego um copo de suco de uva que uma garota estava tomando e sigo em direção a Mia que estava toda sorridente lá.
Quem que estaria feliz vendo o futuro do namorado indo por água a baixo? Quem planejou isso.
"Ei, Mia." Ela me olha com um sorriso malicioso no rosto e todos em volta me olham também.
"Oi camilinha!" Ela fala isso e eu dou risada.
"Você pode se fazer de boazinha pra todo mundo. Mas sei que você sempre teve ciúmes da minha amizade com o Jack e então fez um plano para deixarmos de ser amigos." Ela me olha surpresa. "Mas sabe o problema?" Sorrio. "Eu não sou tão boba quanto você pensa e não vou deixar isso por aqui."
"Vai fazer o que então, Camila? Acha que ele vai acreditar em você, ou em mim? Ele está perdidamente apaixonado por mim, queridinha! Então você não tem chances."
"Acabou de admitir o que fez, não foi otaria?" Falo com um olhar vitorioso. Eu sabia que tinha sido ela.
"Talvez... mas ele não vai acreditar."
"Ah vai sim!" James fala desligando o celular. "Tenho o vídeo de você admitindo."
Não acredito que ele foi rápido e esperto o bastante para pensar nisso! Ele era um gênio.
"Apaga isso já, seu nerd de merda!" Ela grita e quando dá um passo para ir em direção a ele, viro o copo se suco de uva nela, que grita de nojo.
"O jogo acabou, Mia." Antes que ela possa me xingar, me viro saindo dali com um sorriso no rosto enquanto todos aplaudem e dão risada.
"Você foi ótima! Não conhecia esse seu lado!" James fala dando risada.
"Nem eu!" Rio e então o olho. "Já mande esse vídeo para o Jackson pra ele parar de conspirar contra mim."
"Eu mandei já!"
"Você é ótimo, James!" Sorrio então saímos da escola.
"Para aí, aonde você vai?"
"Não está um bom clima para estudar hoje... sem falar que a diretora pode vir querer falar comigo sobre o suco." Rio e subo na minha bicicleta.
"Tem razão. Do jeito que a Mia é ela vai fazer um escândalo!" Ele sobe na dele. "Quer fazer o que agora, então?"
"Deve ter alguma lanchonete aberta, né? Estou morrendo de fome! A única coisa que comi ontem foi pipoca e bolacha!" Rio e então começamos a pedalar.
"Tem o Prob's aberto. Vamos?"
"Uuu, eu adoro aquele lugar."
"Corrida até lá?" Ele arqueia uma sobrancelha e eu sorrio o desafiando.
"Você não cansa de perder, né James Berry?"
"No três. Um. Dois. TRÊS!" Ele grita e nós disparamos.
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