Capítulo 19|- I hate him.
Acordo na manhã seguinte assustada após ter um sonho onde o Peter dizia que me amava e que mentiu quando disse que não sentia mais isso por mim.
A verdade é que ele estava me deixando bastante confusa com suas atitudes, mas não sei se devo levar em consideração suas palavras quando está bêbado. Às vezes é só o álcool falando mais alto.
Preciso esquecer disso!
...
A semana parecia estar voando e eu precisava que ela fosse devagar. A cada segundo que passava, eu ficava mais nervosa para o show de talentos. Eu estava ensaiando dia e noite a música que eu iria cantar e a coreografia, mas parecia que nunca estava boa o suficiente. Confesso que eu já havia pensado em desistir diversas vezes, mas sempre que eu via o vídeo da minha mãe cantando na escola, eu tinha forças pra continuar. Todos os dias de tarde, eu ia até a casa do James e estava feliz por ele estar mais feliz. A mãe dele disse que toda essa melhora era por minha causa e isso me deixava muito feliz. Ontem mesmo ele me convidou para ser sua parceira no baile e eu aceitei sem hesitar. Ia ser incrível.
Naquela tarde de sexta, véspera do grande dia, eu estava ensaiando no quarto pela vigésima vez quando alguém bato na porta. Pauso a música e vou lá abrir a porta.
"Oi querida!" Clara diz com um sorriso. "Está se esforçando mesmo hein?"
"Claro, é uma oportunidade única!" Abro um sorriso.
"E você já sabe que roupa vai usar? É um baile né? Todas as garotas vão com lindos vestidos." Arregalo os olhos.
"Meu deus! Eu tinha esquecido completamente dessa parte. Eu estava tão preocupada com a música e com a dança que esqueci disso!" Ela dá risada.
"Então se arruma que vamos sair para comprar um! Eu tenho uma amiga que tem uma loja com vestidos maravilhosos!"
"Tá bom!" Abro um sorriso e então ela sai.
Passo a coreografia pela última vez e vou tomar um banho. Depois do banho rápido e de fazer todas as minhas higienes. Coloco um vestido do dia a dia, uma sapatilha e desço para a sala.
"Pronta, querida?"
"Aonde vocês vão?" Peter fala saindo da cozinha com uma maçã na mão.
"Sua mãe vai fazer a gentileza de me comprar um vestido para amanhã, pois eu tinha esquecido completamente dessa simples parte." Solto uma risada e ele ri também.
"Acho que ir de vestido é importante em um baile né? Eu só acho." Ele fala me zoando e então eu dou um tapa no seu braço.
"Idiota!"
"Compre um vestido vermelho! Vai ficar lindo em você!" Ele dá uma piscadinha e então eu sorrio envergonhada.
"Vamos, Mila?" Clara fala e eu faço um sim com a cabeça.
"Tchau, Mallark!" Falo cínica e saio junto com ela.
Quando entramos no carro, coloco o cinto e Clara liga o som na rádio dos anos 80 e começa a cantar baixinho.
"Sabia que eu sempre quis fazer isso? Ter uma filha para poder sair com ela para comprar roupas. Com o Peter não é muito divertido, ele não deixa eu dar palpite!" Ela fala quebrando o silêncio e me fazendo rir.
"Ah, com o meu pai não dá para fazer essas coisas não! Ele tem um péssimo gosto para roupas!" Rio então chegamos na loja.
Ao entrarmos, somos recebidas por um abraço da amiga dela, que parecia ser muito legal.
"Que tipo de vestido você procura, linda?" A mulher morena com os cabelos cacheados pergunta.
"O que você tem de vermelho?"
Logo ela começa a me mostrar vários até que eu acabo gostando de um.
"Posso experimentar esse aqui?"
"Nossa, Mila! Esse é maravilhoso!"
Sorrio e vou até o provedor e visto ele, assim que saio, as duas arregalam os olhos. Era um vestido vermelho comprido e justo até lá em baixo, com um pequeno decote nos peitos.
"Você está parecendo uma princesa!" A morena fala em choque e então eu sorrio dando uma volta.
"Meu deus que corpo! Que inveja!" Clara fala me deixando corada.
"Eu amei!"
"Então vai ser esse!" Clara diz pegando o cartão de dentro da bolsa dela.
Eu havia amado passar esse momento com ela, por mais que tenha sido pouco, foi um momento mãe e filha, os quais eu sentia muita falta. Eu amava a Clara, ela sempre foi muito boa pra mim. Peter não sabe a sorte que tem de a ter como mãe.
Ao chegar em casa, Peter estava com a Lola na sala, o que me faz revirar os olhos discretamente.
"Tá aqui seu vestido, minha linda!" Clara fala me entregando e então eu a puxo para um abraço.
"Muito obrigada Clara! Nossa tarde foi incrível!"
"Amanhã será melhor ainda! Já marquei o salão de beleza para amanhã a tarde." Ela fala toda animada. Acho que estava gostando da ideia de ter uma filha. Eu também estava adorando a ideia de ter uma mãe novamente.
"O vestido é bonito?" Peter pergunta me encarando.
"Amanhã você vai ver!" Sorrio. "Meu pai já chegou?"
"Ainda não. Pelo menos não vi ele desde que cheguei." Ele responde sem tirar os olhos dos meus, o que me deixava angustiada, ao mesmo tempo que eu amava aquilo, eu sabia que a Lola percebia e isso me trazia uma sensação de culpa.
"Bom... se ele chegar avisa que quero falar com ele!" Falo desviando o olhar. " Eu vou ensaiar mais antes que eu exploda de nervosismo!" Sorrio nervosa e subo as escadas com a sacola na mão.
Ao chegar no quarto, coloco tudo na cama e abro o notebook ligando o som para a coreografia. Eu precisava de uma roupa normal para essa parte, mas esse não seria um problema pois é só isso o que eu tenho aqui.
Depois de algumas horas ensaiando a coreografia e a música, desço para o jantar. Dou graças a deus ao ver que a namorada do Peter já havia saído. Vejo o meu pai se aproximando e então vou correndo até ele, o deixando surpreso.
"Uou, que animação é essa?" Ele dá risada.
"Tá mais para nervosismo. Amanhã é a apresentação e eu estou muito nervosa!"
"Tua mãe era igualzinha sabia? Ela nem dormia um dia antes de cantar! Ficava nervosa e ansiosa igual você!" Abro um sorriso.
Eu ficava feliz em saber que eu era parecida com minha mãe em algumas coisas. Fazia com que eu me sentisse mais próxima a ela. Essa era a primeira vez desde que ela se foi, que eu lembrava dela com um sorriso no rosto e não com aquela imagem horrível da morte dela.
"A comida está pronta!" Clara chega com a bandeja na mão e então o Peter sai do sofá sentando na mesa também.
Como rápido pois eu precisava ensaiar mais, os três dão risadas da minha cara.
"Peter você vai filmar tudo, tá filho? Tudo! Cada segundo que ela estiver em cima do palco!" Ele revira os olhos e sorri fazendo um sim com a cabeça.
"Não fala isso que fico mais nervosa ainda!" Engulo seco e tomo todo o meu suco. "Bom eu vou indo agora, tá? Até amanhã, amo vocês!"
"Também te amo!" Peter fala baixinho, mas aquilo ecoa no meu ouvido e me faz abrir um sorriso.
...
Passo o resto da noite ensaiando. Pronto. Agora já não tinha mais o que fazer, é isso que ensaiei e nada a mais. Espero que dê tudo certo amanhã.
Já eram duas da manhã e eu não havia pregado o olho em nenhum momento. Meu coração estava acelerado e a ansiedade batendo. Eu não conseguia dormir.
Desço as escadas indo para a cozinha fazer um leite com açúcar para mim, minha mãe dizia que isso ajudava a dormir... quando chego lá, pego o leite e o açúcar na geladeira e após misturar os dois, coloco no micro-ondas por trinta segundos e espero. Depois de quente, pego ele e me sento na pequena mesa da cozinha e fico encarando o nada enquanto tomo, até que sou surpreendida pelo Peter.
"Também não consegue dormir?" Ele pergunta enchendo um copo de água e se encostando na pia.
"Pois é, eu... estou nervosa pra amanhã!" Falo sem olhá-lo.
"Qual música vai cantar?"
"É uma autoral!" O olho e então ele sorri.
"Uau! E sobre o que fala a música?"
"Sobre... um coração partido." Falo tentando parecer indiferente, mas a verdade é que a música era sobre ele e isso me deixou completamente sem jeito.
O silêncio prevalece entre nós.
"Eu sou o culpado?" Ele engole seco.
"Pelo o que?" Finjo demência, não queria responder, eu não sabia o que responder.
"Foi eu quem partiu o teu coração?" O encaro.
"Eu já te disse que você foi o único com quem eu me envolvi." Suspiro e assim que me viro para sair, ele segura o meu braço com força, me fazendo olhar novamente para ele.
"Me desculpa, eu nunca quis quebrar o teu coração." Ele fala isso com uma seriedade que me faz rir.
"Posso te falar uma coisa, Peter? Eu não te entendo. Não mesmo! Você me confunde! Você diz que me ama, chora por mim, sente ciúmes de mim, me quer... mas está com a Lola? Qual o sentido?" Tudo o que estava entalado na minha garganta durante muito tempo, saí naquele momento de forma inesperada, o deixando sem reação.
"Eu estou com a Lola porque eu amo ela! E você percebeu que tem uma coisa em comum de tudo isso o que você falou? Adivinha o que é, Camila!" Ele espera um tempo me encarando, mas eu não sabia. "O álcool. Eu estava bêbado quando briguei, estava bêbado quando senti ciúmes, eu estava bêbado quando disse que eu ainda te amava!" Ele ri cínico fazendo os meus olhos marejarem. "Você foi só um passatempo, Camila! Pare de pensar que significou alguma coisa. Acha mesmo que eu, com minha reputação nas alturas, iria namorar alguém como você? Me desculpe, mas isso nunca ia acontecer." Aquilo foi tipo uma facada no meu peito. Ficamos nos encarando com o olhar fuzilante por alguns segundos, até que a raiva e a tristeza tomam conta do meu corpo.
"Então fique com a sua reputação, Peter, e me esqueça! Não me procure mais nem sóbrio e nem bêbado. A partir de agora seremos apenas meio irmãos e nada a mais. Seja muito feliz com essa tua arrogância." Saio dali indo para o meu quarto rapidamente, dessa vez, ignorando sua voz me chamando algumas vezes.
Assim que entro tranco a porta e passo as mãos rapidamente pelo meu cabelo com raiva, muita raiva.
Eu preciso esquecer ele. E agora é pra valer!
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