Capítulo 18| Help me!
Acordo com o sol batendo na minha cara e com um braço pesado em cima de mim. Peter... ele estava no décimo quinto sono. Também, depois de tudo o que ele bebeu ontem, não saí da cama hoje tão cedo.
Tiro seus braços de cima de mim e o encaro por alguns instante.
"Você virou minha vida de ponta cabeça, Peter Mallark. Chegou e fez tudo... tudo mudar!" Engulo seco e saio dali.
Vou até o meu quarto pegando o meu celular e vendo várias mensagens da mãe do James, falando que ela precisava muito da ajuda dela e que o James estava com sérios problemas. Sinto meu peito apertar com aquelas mensagens e me troco rapidamente colocando uma roupa fresca e saio de casa com minha bicicleta. Pedalo o mais rápido possível até chegar na casa dele e assim que chego, largo a bicicleta ali mesmo e bato na porta.
"Olá senhora Berry, vim assim que li as mensagens. O que aconteceu?" A senhora de cabelos grisalhos que fazia os melhores bolos que eu comia quando criança, veio até mim me dando um abraço.
"Minha querida, entre, entre! Preciso da sua ajuda!" Ela me dá a passagem e então eu entro.
"O que aconteceu?" Ela faz um sinal para eu me sentar no sofá e então faço isso. "Estou preocupada!"
"James está passando por problemas, já faz um tempo... Ele está enfrentando depressão, depressão e ansiedade, Camila. Ele está muito mal. Nos mudamos para cá, porque ele tentou se matar. Se não fosse eu e o pai dele, ele estaria morto. Então tentamos mudar de vida, para ver se ele conseguia melhorar. Ele até havia apresentado uma melhora, mas hoje ele não saiu da cama. Ele teve uma crise de ansiedade ontem e só sabia falar o seu nome. Por isso te chamei aqui. Ele precisa da sua ajuda, querida! Nós precisamos."
Aquelas palavras entram na minha mente de forma assustadora. A dor e a culpa que eu sinto por isso é gigantesca. Aquela pobre mulher me implorando para salvar a vida do filho dela me doeu. Quando dei por mim, eu estava me derramando em lágrimas. Eu não podia acreditar que ele teria tentado tirar a própria vida.
"E o que eu posso fazer senhora Berry?" Falo entre lágrimas.
"Você é a pessoa que ele mais se importa no mundo, Camila. Ele fala de você todos os dias, o dia inteiro. Se você não conseguir ajudá-lo, não tem quem consiga."
Aquelas palavras colocaram uma pressão gigantesca nas minhas costas. Se não fosse eu, ninguém o ajudaria.
"Eu vou conseguir, senhora Berry. Eu prometo." Falo isso depois de ver o desespero nítido em seus olhos e me levanto. "Aonde ele está?"
"No quarto. Não consegue parar de chorar. É como se a crise de ansiedade dele não acabasse mais. Foi atormentador ouvir seu choro a noite toda." Engulo seco.
"Vou lá falar com ele, ok?"
"Isso. Segunda porta a direita tá legal? Não bata antes de entrar, ele não vai deixar daí. Só entre." Ela cruza os braços e força um sorriso.
"Tudo bem." Retribuo o sorriso e me viro indo lentamente até o quarto dele. Aquilo estava me angustiando demais.
Bato na porta do quarto e em seguida já entro. Ele estava deitado na cama com as duas mãos na cabeça virado para o lado da parede, não podia me ver.
"Saí daqui. Eu não quero falar com ninguém!" Ele fala ainda sem me olhar.
"Sou eu... James!" Engulo seco e então ele me olha com os olhos arregalados.
"Vai embora, Camila! Por favor, vai embora!" Ele fala entre lágrimas e então eu vou até ele o abraçando. Ele resiste um pouco, mas logo sede ao meus braços.
"Você não tá sozinho... Eu estou com você." Me controlo para as lágrimas não caírem.
"Por que... por que não me contou antes? Por que não pediu ajuda, James?" Falo olhando em seus olhos.
"Porque eu não queria que você me olhasse com pena, com dó... e nem que se sentisse na obrigação de me ajudar, Camila." Ele se levanta.
"Você é o meu amigo, James! É claro que eu vou te ajudar em tudo o que você precisar. Amizade é para isso, sabia?" Falo me levantando e parando na frente dele.
"É que eu não sei se posso apenas ser seu amigo, Camila. Isso machuca, sabia?" Engulo seco.
"James é que... Eu só não estou pronta para ter alho sério. Você é perfeito! É lindo, é divertido, é engraçado... Eu amo você, James! Eu me importo com você! Eu só quero te ver bem e feliz." Falo segurando o seu rosto.
"Eu não sei se ainda tenho saída." Ele volta a sentar na cama.
"Claro que tem! É óbvio que tem. Todos nós temos. Depois da minha mãe morrer na minha frente eu me senti assim também. Achando que eu nunca mais pudesse voltar a ser feliz. Mas as coisas mudam, James!"
"Promete que não vai me deixar?" Ele pede olhando no fundo dos meus olhos.
Sinto meus batimentos cardíacos aceleraram e então abro um sorriso.
"Sim, eu prometo! Pode confiar em mim! E você promete nunca, mas nunca mais tentar se matar?"
"Eu... prometo." O abraço forte passando a mão pelo o seu cabelo e então o olho sorrindo.
"O que acha que saírmos andar de bicicleta. Podemos ir até o parque, tomar um caldo de nada e depois voltar. Duvido que você ganhe de mim!" Ele sorri me provando que adorou a ideia.
"Dessa vez... É eu quem vai ganhar!"
...
Passamos a tarde toda nos divertindo na rua com a bicicleta. Fiquei feliz por ter arrancado sorrisos e risadas dele. Mas ao mesmo tempo eu estava muito preocupada e sentia uma pressão enorme dentro de mim. Eu não podia deixá-lo de maneira alguma. Nem se eu quisesse e nem se desse eu poderia assumir um relacionamento com o Peter, senão eu o quebraria. Aquilo tudo era demais para mim.
...
Quando chego em casa me deparo com a Lola e o Peter se sentando para jantar com os meus pais. Peter fica me encarando sem falar nada a partir do momento que eu abro a porta.
"Bem na hora minha filha! Venha, vamos jantar!"
"Eu... Não estou com fome! Preciso ensaiar para o show de talentos e... É isso!" Falo meio nervosa e então subo para o meu quarto.
Dormir com a Camila essa noite foi com certeza o melhor presente de aniversário que eu ganhei. Só de sentir o seu calor, eu estava feliz. Por mais que tenha visto ela beijando aquele garoto e aquilo tenha me enfurecido, valeu a pena para eu poder dormir com ela.
Passei a tarde toda com a Lola em casa fazendo vários nadas, tentando me lembrar de tudo o que havia acontecido naquela festa, mas a memória estava falha.
De noite, todos estavam jantando, mas nada da Camila. O pai dela disse que ela foi visitar um amigo, mas a demora dela chegar estava me dando nos nervos.
Assim que ela entra pela porta, percebo sua expressão triste e seus olhos de choro. Minha vontade era de ir perguntar o que aconteceu e ajuda-la, mas não. Eu não podia. Lola estava aqui e ela iria odiar se eu fizesse isso.
Assim que ela nega participar do jantar e subo, olho para o Chaster e dou uma garfada na cozinha.
"Ela tá estranha, aconteceu alguma coisa." Falo de forma indiferente.
"Sim, eu também percebi. Mas depois de jantar eu vou lá falar com ela." Ele fala e volta a comer.
Assim que termino o meu prato, me levanto indo até o piano e parando em frente a ele. Minha mãe abre um sorriso lá da mesa.
"Ainda sabe tocar, Peter?"
"Acho que sei.. não tão bem, mas esses dias andei treinando." Falo ainda encarando as teclas.
"Não sabia que você tocava, amor." Lola fala se aproximando e me abraçando por trás.
"Fazia quando era criança, daí eu parei e perdi o interesse."
Parei quando o meu pai foi embora, depois disso eu queria mudar minha vida, me mudar... daí desisti de tudo isso.
"Toca alguma coisa, filho." Minha mãe fala animada. Lembro que ela amava que eu fizesse essas aulas. Ela sempre ia junto e ficava lá com o sorriso no rosto, o tempo todo.
"Andei treinando uma música..." Começo a tocar "Stand by me", a música que a Camila canta lembrando da mãe. Depois de ouvir ela cantando, aquela música não saiu da minha cabeça, então quando eu estava sozinho em casa, eu tentava tocar ela no piano.
Logo ouço passos na escada, era a Camila. Ela desce rapidamente e abraça seu pai. Os dois se aproximam de mim no piano e então abro um sorriso para ela, vendo o lindo sorriso no seu rosto. Logo o Chester começa a cantar o refrão da música e ela o acompanha não muito alto. Assim que terminamos, todos aplaudem, até mesmo a Lola, mas era possível ver que não gostou nenhum pouco da situação.
Camila abraça seu pai e em seguida ele me puxa para o abraço também.
"Eu não sabia que você tocava, Peter!" Ela fala animada me olhando.
"Fazia aula quando eu era criança... fui ver se eu lembrava e percebi que sim."
"E por que escolheu essa música?" Chaster pergunta me fazendo engolir seco.
"Eu... ouvi alguém cantando e ficou na minha cabeça."
"Essa era a música que a Maria, mãe da Camila costumava a cantar. Era a preferida dela!"
"Nossa, sério? Que coincidência!" Sorrio cínico e percebo a risada da Camila.
"Amor, me acompanha até em casa?" Lola fala se levantando e pegando a bolsa dela.
"Agora?" Ela faz um sim com a cabeça me olhando como se fosse algo óbvio. Ela estava séria. "Tá bom." Suspiro.
"Bom, eu e a Clara vamos indo para o quarto... Filha, lava a louça?"
"Tá, pode ser!" Camila fala enquanto faz um coque no cabelo.
Assim que os dois saem, antes que a Camila consiga ir pra cozinha, Lola segura o seu braço.
"Camilinha... como está sua música?" Franzo a testa.
"Bom, na minha visão está boa sim, agora na visão de Julliard eu não sei."
"Linda..." Ela aperta a bochecha da Camila com raiva e então se vira séria e passa por mim.
Olho para a Camila confuso e então suspiro revirando os olhos.
"Eu já volto!" Falo e então fecho a porta. Vou até Lola que estava com os braços cruzados. "Por que tá com essa cara?"
"A voz da Camila é muito bonita... ela não pode se apresentar. Eu tenho que ser a melhor."
"Mas você nem conseguiu se inscrever, Lola, do que você tá falando?" A olho confuso e ela abre um sorriso preocupante, um sorriso de quem estava planejando algo e vindo ela não podia ser coisa boa.
"Serei a primeira a ser chamada caso alguém desista. Por isso, vou fazer alguém desistir, é óbvio." Ela dá uma piscadinha e então entramos no carro.
Ela não podia sacanear a Camila!
"Isso é injusto, Lola. O erro foi teu de não ter feito a inscrição antes."
"Quem é você para falar de justiça, Mallark? Você é tão ruim como eu e sabe disso. Está só com essa máscara de bonzinho, mas a mim você não engana."
Reviro os olhos e pego o maço de cigarro que estava no porta luvas, tiro um e acendo.
"Voltou a fumar cigarro, agora?"
"Nunca parei, eu diminui. Mas agora que se foda!" Falo revirando os olhos.
"Sabia que eu sinto falta do Peter rebelde e divertido que você era antes dessa guriazinha entrar na sua vida? Saudade das festas, de ficarmos loucos juntos, de fumarmos maconha todos os dias, de zoarmos as pessoas... era tão divertido. Eu tenho a certeza que você era mais feliz assim! Nós éramos tão amigos, tão unidos... não queria precisar ter feito o que eu fiz." Ela faz um bico me zoando e então paro na frente da casa dela e jogo a bituca do cigarro na rua. "Pensa bem no que eu disse, gatinho. Nos vemos amanhã na escola. Na verdade passe me buscar antes!" Ela sorri e saí do carro.
Assim que ela fecha a porta, eu acelero o carro indo pra casa rapidamente, furo todos os sinais possíveis. Aquilo que ela tinha dito havia me deixado com raiva, por mais que eu soubesse que era a verdade, eu não queria ouvir. Eu mudei sim, mas não foi por causa da Camila. Ou foi?
Depois de deixar o carro na garagem e entrar, lembro que a Camila estaria lavando a louça, mas assim que entro na cozinha, vejo aquele garoto que ela beijou e ela rindo horrores enquanto lavavam a louça.
Aquilo me causa um aperto no peito e então eu saio dali, dando graças a Deus que ela não havia me visto. Subo para o meu quarto, pegando na minha gaveta o meu cantil de bolso que estava cheio de conhaque e me deito na cama começando a tomar devagar. Ligo a TV em um canal de música e fico ali sem fazer nada. Apenas ouvindo rock e bebendo aquela bebida horrível mas que chapava demais.
Mais ou menos uma hora depois, sinto minha visão enfraquecer e eu começo a ficar tonto, bem tonto. Desço as escadas cambaleando e vejo a Camila se despedindo garoto na porta e os dois me olham.
"Que foi? Perdeu alguma coisa na minha cara?" Falo sério. "Vaza garoto, ninguém te quer aqui!" Falo me embolando nas palavras.
"Você bebeu, Peter?" Mila pergunta franzindo a testa e então eu rio.
"Eu bebi. E você? Bebeu, Camila?"
Ela revira os olhos e fala algo para o garoto que saí sério de lá.
"O bobão ficou estressadinho?" Falo rindo e então percebo o seu olhar sério sobre mim.
"Em um domingo bebendo, Peter? Amanhã tem aula normal, esqueceu? Por que? Por que fez isso?" Ela cruza os braços me encarando e então eu não consigo segurar a risada. "Estou falando sério, por que?"
"Por que você estava beijando aquele garoto em pleno domingo, Camila?" Sei que aquela pergunta não fazia sentido nenhum, mas ela simplesmente saiu.
"Que? E não, eu não o beijei, Peter. E se eu tivesse o beijado qual seria o problema?" Ela fala brava e então a raiva começa a me dominar também.
"O problema é que eu não quero, Camila! Não quero você beijando ele." Ela dá risada. Mas uma risada cínica.
"Você que me deixou para ficar com a Lola, então agora deixa eu viver a minha vida, Peter! Pelo amor de Deus." Ela começa a subir as escadas e então eu percebo a merda que eu falei. "Camila!" Ela se vira para mim ainda séria. "Eu estou bêbado, falei besteira agora! Só fiquei com ciúmes, nada demais." Explico isso e assim que vou me apoiar no balcão, acabo me apoiando no nada e caio no chão.
Ela desce rapidamente e me ajuda a levantar.
"Peter, vai tomar um banho, por favor."
Fico a encarando por longos segundos, observando cada detalhe do seu rosto, que pareciam ainda mais perfeitos sob o efeito do álcool.
"Por que está me olhando assim?"
"Por que você é linda! A mais linda de todas!"
"E você está bêbado. Não tá falando nada com nada, assim como ontem. Vai, levanta!"
É... talvez fosse melhor ela achar que tudo isso que disse era mentira e que era apenas o álcool falando mais alto que eu.
"Vou te levar para o quarto..." Ela fala enquanto me ajuda a subir as escadas. Chegando lá, ela me joga na cama e tira os meus sapatos.
"Você tá brava comigo?" Ela ri.
"Por que eu estaria?"
"Pelo o que eu falei..."
"Você só está bêbado, Peter." Ela me cobre.
"É... tem razão." Forço um sorriso e então ela apaga a luz. "Boa noite, Camila! E obrigado!"
"Se cuida, Peter!" Ela sorri e fecha a porta.
Fico mais alguns segundos ali pensando mas logo pegando no sono.
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