Capítulo 11| It hurts.
Eu não sabia o que pensar e muito menos o que falar. A forma que o Peter ficou após eu tocar no assunto do pai dele, além de me deixar chateada, me deixou também preocupada. Pela forma que ele agiu deve ter sido um trauma imenso e eu fui indelicada demais de ter insistido no assunto depois de ele ter pedido para eu parar.
Desligo a TV na sala e fecho a garrafa de vinho a deixando em cima da estante e então vou para o quarto. Chegando lá eu apenas me jogo na cama e mexo um pouco no celular. Eu esperava ver uma mensagem do Jack, estranhando eu não estar em casa, mas não havia nada. Ele devia estar muito ocupado com a Mia para sentir minha falta. Mas eu também não estava muito diferente, Peter não saía da minha cabeça.
Quando eu estava quase pegando no sono, ouço o barulho da porta se abrindo, seguido por uma voz rouca.
"Desculpa por hoje mais cedo." Sua voz rouca trazia também um tom de arrependimento.
"Tá tudo bem." Respondo e volto a me deitar virada para o outro lado encarando o nada.
"Posso... posso deitar aqui?" A pergunta é feita quando ele já está perto da cama, então apenas faço um sim com a cabeça e ele se deita.
"Olha para mim, Mila! Por favor!" Respiro fundo e o olho. "Você não está brava, está?"
"Não." Sua respiração estava bem próxima a minha, o que fazia meu coração acelerar de forma absurda. Ele me fazia enlouquecer.
"Meu pai nunca foi um bom homem. Prefiro esquecer que ele existe. Minha vida está melhor assim." Ele fala isso se virando para cima. Fico algum tempo o encarando e então deito minha cabeça no seu peito. "Não queria ter falado com você daquele jeito e nem que a nossa noite acabasse daquela forma."
"Está tudo bem, Peter! E a noite não acabou, você está aqui comigo agora!" Abro um leve sorriso e ele faz o mesmo. "Boa noite, Peter!"
"Boa noite Mila."
Ele começa a fazer cafuné no meu cabelo e aquilo me faz dormir com um sorriso estampado no rosto.
Acordo com o sol batendo na minha cara e então sinto os braços dele envolvidos no meu corpo. Me desvencilho calmamente e então o olho. Ele dormindo parece ser tão inocente, tão calmo... que nem parece aquele cara que quase me atropelou no primeiro dia em que nos vimos.
Sem fazer barulho nenhum, desço para a cozinha e começo a preparar panquecas de chocolate, essa é a minha especialidade de cozinheira! Ficam maravilhosas! Após de prontas, coloco nos pratos e preparo um suco de limão com os limões do pé que tem no quintal. A limonada não ficou tão boa quanto a dele, mas dá para o gasto!
Quando estava colocando os copos na mesa, ele aparece na porta com uma cara de sono.
"Olha lá! Preparou o café!" Ele fala meio zonzo e coça os olhos parecendo uma criança. "O cheiro está delicioso!"
"As melhores panquecas que você vai comer em toda sua vida!"
"Olha lá! Vamos ver se isso é verdade!" Ele dá uma garfada e finge vomitar. "Meu deus Camila! Que coisa mais... coisa mais" Ele para com o fingimento e sorri. "Coisa mais maravilhosa!"
"Idiota!" Bato no braço dele e sorrio me sentando na mesa também. "O que vamos fazer hoje?" Pergunto animada.
"Tem medo de floresta, Camila?"
"Talvez, por que?" Falo desconfiada. Obviamente eu tinha medo do mato fechado, sem falar que tenho pavor de aranhas, mas dependendo do que seja, eu não me importe de ir.
"Podíamos fazer a trilha e depois ir na tirolesa! O que acha?" Ele me olha dando a última garfada.
"Não é perigoso?"
"Claro que não, né? Senão eu não estaria te chamando para fazer isso!"
"Tá bom, então eu topo!" Sorrio terminando de comer também. Me levanto da mesa me espreguiçando e lanço um olhar sobre ele. "Vou tomar um banho e me arrumar, tá? Daí nós vamos!"
"Perfeito, linda!" Ele se levanta e me dá um selinho, o que me deixa completamente extasiada. Depois de alguns segundos, abro um sorriso e vou até o banheiro. Chegando lá, me dispo por completo e faço um coque para não molhar o cabelo. Ligo o chuveiro no mais quente possível e espero esquentar do lado de fora dando uns pulinhos, para aquele chão de mármore gelado não congelar os meus pés.
O banho que eu tomo, parece mais uma ducha, não durou mais do que 5 minutos, acho que eu devia estar ansiosa para o meu dia com o Peter. Admito que há algumas semanas atrás, eu jamais imaginaria isso acontecendo e se alguém me falasse eu iria jurar que ela loucura.
Termino de me banhar e saio do banheiro enrolada na toalha e vou até o quarto. Abro minha pequena mala, escolhendo uma calça jeans azul rasgada no joelho e uma blusa branca curta. Depois de me vestir, volto para o banheiro e faço minhas higienes matinais e uma trança boxeadora no meu cabelo, sempre tive muita facilidade em fazer tranças, é como se fosse um dom. Depois de pronta, coloco um tênis e desço as escadas.
"Peter?" Pergunto ao não notar sua presença. "Cadê você?"
"Estou aqui." Pela primeira vez vi ele usando uma camisa branca, se diferenciando do preto gótico que ele usava todos os dias. Após ficar encarando o contraste que o branco da camisa faz com o azul dos seus olhos por alguns instantes, percebo que ele está com uma cesta na mão. Pra que uma cesta? Olho para ele com a testa franzida.
"Pra quê isso?" Falo apontando para a cesta.
"Vamos passar o dia todo no meio do mato, acha que vai ter um bar ou um restaurante por lá? Temos que levar comida, sua boba!" Solto uma risada e me direciono até ele.
"E por isso fez um piquenique? Que romântico!" Ele fica completamente sem graça e seu rosto fica avermelhado. "Eu amei!" Ouço um suspiro aliviado seguido por um sorriso.
"Bom, então vamos?" Ele pergunta e caminha na minha frente em direção a porta.
"Vamos!" Começo a segui-lo.
"Ah já estava me esquecendo." Ele tira a mochila das costas e a abre tirando um repelente de dentro e joga pra mim. "É melhor você usar!"
E é isso mesmo que eu faço. Na realidade eu não apenas passo o repelente, eu me entupo de repelente.
"Meu deus, Mila! Que exagero!"
"É precaução!" Sorrio e então começamos a andar.
A trilha é meio bipolar, tem momentos em que ela está bem tranquila, a passagem é até grande, mas em outros momentos consigo sentir as árvores me pinicando e me machucando.
"Como você sabe que esse é o caminho? Digo... Não tem nenhuma placa e nem nada!" Falo e dou um tapa no meu próprio braço na tentativa de matar o bicho que estava em cima dele.
"Quando eu era pequeno vinha aqui direto com os meus pais! Eu era sempre o que ia na frente, liderando tudo! Daí eu decorei o caminho!"
Ele começa a andar na minha frente, pois o espaço estava estreito demais para andarmos lado a lado, então ele estende a mão para mim, a qual não recuso segurar.
Após andarmos mais um pouco, eu já estava suada e minha respiração começava a ficar ofegante, então ele para e me olha dando risada.
"Vamos sentar um pouco aqui, Mila! Você está morta, já!"
"Capaz, não precisa não!" Assim que termino a frase me jogo no chão. É, eu realmente estava morta! "Não estou acostumada a andar tanto assim!" Solto uma leve risada e então o silêncio prevalece entre nós, mas é preenchido por sorrisos.
"Sério mesmo que sou a primeira garota que você trouxe aqui? Digo... olha só pra esse lugar, é incrível, sossegado, ninguém pra incomodar! Por que eu teria sido a primeira?" Não sei porque eu perguntei aquilo, mas a pergunta simplesmente saiu, como se fosse algo entalado na minha garganta.
"Eu nunca pensei em trazer ninguém aqui. É um lugar muito pessoal sabe? Passei por muitas coisas aqui. Muitas fases. Mas mesmo assim é meu lugar preferido no mundo! Eu não traria alguém só para... comer a pessoa! Seria um desrespeito à minha família. À minha mãe, no caso!"
"E por que me trouxe?"
"Por que você é diferente, Camila! Você não é que nem as outras garotas, você não conversa comigo apenas por que sou o cara mais gato da escola, você não conversa comigo apenas porquê quer um beijo ou por que quer que eu foda com você! Você conversa comigo e gosta de mim por quem eu sou! Eu vejo isso nos seus olhos!" Aquelas palavras soam como música para os meus ouvidos. Naquele momento ele estava me encarando, mas de uma forma diferente. De uma forma eu diria... apaixonada? "E eu meio que não odeio você!" O sorriso toma conta do meu rosto e então ambos caímos na risada.
"Eu também meio que não te odeio!"
"Fico feliz que seja recíproco!" Ele abre um sorrisinho de lado e dá uma piscadinha. Eu odeio quando ele faz isso! É como se um fogo começasse a correr nas minhas veias e eu não conseguia evitar.
Dessa vez, um silêncio desconfortante permanece entre nós, então, como forma de acabar com isso me levanto.
"Vamos? Agora já descansei!"
"Nossa, que rápida!" Ele sorri e se levanta.
Voltamos a andar conversando sobre coisas aleatórias da vida, por exemplo meu medo bobo de insetos.
Já estava começando a cansar novamente quando finalmente chegamos. Era um lugar alto, muito alto com uma vista linda. Só ali percebi que todo esse caminho que andamos era uma enorme subida. Como não era tão inclinada, nem percebi.
"Uou, que lugar lindo, Peter!" Olho para ele e o vejo encantado olhando a paisagem.
"Bem vinda ao meu verdadeiro lugar preferido." Abro um sorriso e então nos sentamos. "Vamos comer?"
"Essa com certeza é a pergunta que mais gosto de ouvir!" Abro a cesta e começo a tirar as coisas, narrando a medida em que as coloco no chão. "As panquecas que fiz hoje de manhã, uma salada de frutas, um suco de limão e... um sanduíche! Arrasou!" Pego um dos sanduíches e começo a tirá-lo do plástico transparente que o envolvia.
"Não é O piquenique por que não tinha tanta coisa na dispensa." Achei fofo o fato dele estar se explicando, isso me mostrava que ele realmente estava se esforçando para me impressionar.
"Tá tudo ótimo!" Falo dando uma mordida no sanduíche. "Que gostoso." Minha boca cheia faz minha fala sair de forma engraçada, o que o faz rir.
"Tá, sujo ali!" Ele aponta para o meu rosto.
"Aqui?"
"Não, boba!" Ele vem até mim e limpa o canto da minha boca com o seu polegar direito.
Após comermos e conversarmos, resolvemos deitar olhando para aquele céu claro, que chegava até a doer os olhos.
"Tá vendo aquela nuvem lá?" Aponto. "Parece uma borboleta!"
"Não sei onde você está vendo uma borboleta, Camila! Parece mais um dragão." O olho e franzo a testa.
"Isso mostra o quão opostos somos."
"Como assim?" Ele me olha com um sorriso no rosto e com uma cara de curioso.
"Eu vejo uma borboleta, um ser dócil, colorido e bonito, enquanto você vê um dragão. Um ser perigoso, do mau e que vive na escuridão. Por mais que os dois tenham asas e voem são completamente diferentes." Assim que termino de falar, me viro para ele e encaro os seus olhos. "Assim como nós."
"Você está mais para unicórnio do que para borboleta!" Solto uma risada baixinha e respiro fundo deitando minha cabeça no teu peito ficando em silêncio. "O que foi?" Ele pergunta levando sua mão para o meu cabelo e começando a fazer um cafuné.
"Estou com medo."
"Medo do que, Mila?"
"Disso acabar." Me inclino o mínimo o suficiente para olhar no fundo de seus olhos.
"Isso o que?"
"Isso que nós temos."
"E o que é isso?" Percebo o nervosismo em sua voz.
"Essa química, essa energia... Não sei, isso! Estou com medo de..." antes que eu pudesse terminar de falar, ele completa a frase.
"De se apaixonar por mim?" Seus olhos me encaravam tão profundamente que era difícil até para piscar.
"Eu acho que essa merda eu já cometi." Ele engole seco e então aproxima seu rosto do meu e lentamente e me puxa para um beijo. Levo minhas mãos para trás do seu pescoço e dou leves arranhões, enquanto sua mão caminhava pelo o meu corpo, até chegar em minha bunda. Ele aperta com força e em seguida me vira, subindo em cima de mim. Sinto meu coração acelerar quando sinto seu corpo colado ao meu. Ele começa a depositar beijos no meu pescoço, me proporcionando arrepios por todo o corpo. Ele ergue a minha blusa e começa a depositar beijos pelo meu corpo, como se estivesse fazendo uma trilha, até que chega em minha calça. Ele abre os botões dela lentamente, a puxa para baixo e em seguida me olha. Eu estava sem folego, sem reação, mas não queria que ele parece. Aquilo que eu estava sentindo eu nunca, NUNCA havia sentido antes. E era algo sensacional.
"Prometo que vai gostar." Ele sussurra no meu ouvido e então desce até minha parte íntima. Sinto o impacto macio de sua língua na minha intimidade me deixando novamente arrepiada. Ele começa a fazer movimentos circulares dentro de mim, me fazendo gemer baixinho. Eu estava envergonhada, não sabia qual reação seria a ideal para eu ter nessa situação. Mas o prazer toma conta de mim, a medida que seus movimentos com a língua ficam mais rápidos, meus gemidos ficam mais frequentes, aumentando um pouco apenas no volume. Levo minhas mãos para o cabelo dele de forma involuntária e puxo delicadamente. Minha respiração estava a mil. Nunca estive tão nervosa antes, o frio na minha barriga parece ser permanente pois não saía em nenhum momento.
Eu já estava ofegante quando ele afasta sua cabeça e olha para mim com um sorriso no rosto.
"Você é uma gostosa, Camila!" Aquilo me faz sorrir também.
Ele se aproxima do meu rosto e me dá um selinho demorado e depois se senta do meu lado e um silêncio constrangedor permanece entre nós. De novo.
"Até que eu gosto de você, Peter!" Falo quebrando o gelo.
"Também gosto de você, Mila!" Quando me viro para olha-lo, ele já estava me olhando sorrindo, fazendo meu sorriso ser ainda maior. "Bom, então vamos? Temos uma tirolesa para escorregar ainda!"
A tirolesa! Tinha me esquecido!
"Vamos." Falo com um baita frio na barriga e me levanto.
Após andar mais um pouco chegamos na famosa tirolesa.
"Vem, eu vou te amarrar." Ele pega os banquinhos de sentar.
"Você vai primeiro, ok? Sem chance de eu ir sem você ir antes." Minha voz saí trêmula ao ver toda aquela água lá em baixo.
"Relaxa, Mila! Não tem perigo! Até minha mãe já andou aqui e adorou!"
"E se a corda arrebentar?"
"Não arrebenta! Confia em mim! Vai, vem!"
Vou até ele, mas meu coração estava apertando, como se algo de ruim fosse acontecer.
Após montar em mim todo o equipamento ele monta nele também.
"Olha, eu vou primeiro, assim que eu chegar ali do outro lado você vai, ok? Não se preocupe que eu pego você do outro lado."
"Tá bom." Falo mordendo os lábios tentando esconder o desespero que eu sentia.
Assim que ele pula, ele escorrega rapidamente até o outro lado, gritando 'uhu' durante todo o percurso. Ele parece ter se divertido e isso realmente parece seguro. Mas a angústia e a sensação de que alguma coisa ruim iria acontecer, não saía do meu peito.
"Vem, Camila! Eu vou te segurar!" Peter grita lá do outro lado do lago e eu o olho.
"Tá bom, vamos lá!" Falo baixinho para mim mesma.
Respiro fundo e fecho os olhos, pegando todo o ar que existe dentro de mim e então eu pulo.
Eu não grito. Permaneço de olhos fechados e me segurando fortemente na corda o tempo todo, até que em um momento, em questão de segundos, meu coração salta para fora do peito. Aquela corda arrebenta e então eu sinto o impacto do meu corpo com aquela água gelada.
Naquele momento, eu volto para o meu aniversário de 12 anos.
Festa de 12 anos da Camila
Todos os meus amigos já haviam chego. Alguns estavam na cama elástica, outros na mesa de ping-pong e outros apenas conversando. E lá estava eu, brincando de pega pega com o James, meu melhor amigo e crush na época. Depois de um tempinho, minha mãe, com aquele lindo sorriso no rosto, o acessório que ela sempre usava, chega com o bolo na mão, já começando a cantar o parabéns. Todos meus amigos começam a cantar juntos, ou melhor, a gritar juntos. Assim que a música termina, minha mãe deixa aquele bolo rosa lindo em cima da mesa e me pega de cabeça para baixo e saí correndo e eu começo a gritar.
"Mãe!! Me solta!" Grito em meio a gargalhadas que eu e ela estávamos dando.
"Tá fedidinha, hein filha? Acho que devemos tomar um banho na piscina!" Ela fala isso e em seguida abre um sorriso.
"O que?" Foi o tempo de eu terminar essa frase. Foi questões de segundos... Ao correr comigo no colo em direção a piscina, ela escorregou e caiu, batendo a cabeça na quina da morda de madeira.
Naquele momento, eu estava em baixo da água, achando que estava tudo bem. Mas quando me levanto, vejo o vermelho na água e quando olho para frente... ela estava lá. Morta. Naquele instante, não ouço nada além dos meus batimentos cardíacos. Meu pai a tira rapidamente da água e começa a chorar. Minha tia liga para a ambulância e o James me tira da água. Eu estava em choque. Sem reação. A dor era tão forte que eu não conseguia chorar. Todos meus amigos tentavam falar comigo, mas eu não os ouvia, não falava nada.
Em menos de 10 minutos, para a minha surpresa, a ambulância chega e começam a examina-la. Sinto minha visão falhar e então me sento na cadeira. Para mim foi em questões de segundos, mas meu pai diz que demorou longos minutos ele vem até mim e me abraça chorando descontroladamente.
"Ela morreu, minha filha! Morreu!" Me desvencilho imediatamente do abraço e vou correndo até ela.
"MÃE!" Me ajoelho perto do corpo já coberto e então meu pai começa a me puxar para trás. "MÃE! NÃO! NÃO ME DEIXA POR FAVOR! VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR!" Falo entre berros e lagrimas.
Meu pai me puxa para um abraço apertado e então eu choro mais. Ao ver o corpo sendo levado, falo pela última vez. "Eu te amo mãe."
O dia mais feliz da minha vida, se tornou o pior. O mais doloroso. O dia em que... tudo mudou.
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