Capítulo 7|Jealous.
Naquela noite, a partir do momento em que vi a Camila na porta da cozinha, com os olhos encarando os meus profundamente, tive a sensação de que minha vida mudaria por completo novamente e que tudo viraria uma imensa bagunça. Lily, John... não estava com um bom pressentimento.
Só de imaginar o meu amor com aquele garoto, eu senti a raiva e o ciúmes percorrendo pelas minhas veias. Mas eu sabia que eu não podia fazer nada. Ela já não é mais minha. Eu já tive a chance de tê-la, mas não soube aproveitar e a perdi. E isso doía demais.
Eu não aguentava mais me sentir culpado pelo o que fiz com ela. Isso me atormentava, não saía da minha cabeça.
Mas esse não era o maior problema. Meu pai havia voltado. Ele estava tentando ser presente, por mais que eu não deixasse, ele estava fazendo questão. Como o nome dele está na casa, ele conseguiu fazer a cópia da chave com a imobiliária, então entrava e saía na hora que bem entendesse.
Eu não sei até que ponto o meu pai pode chegar, mas sei que ele não é uma boa pessoa e que não quero que ele se aproxime da Camila.
Era por causa desses assuntos que eu não conseguia dormir. O sono não vinha. Todas as noites que fiquei aqui sozinho, era agoniante, pois eu não tinha como me distrair. Mas agora eu tenho... Eu preciso falar com ela.
Depois de longas suspiradas, me levanto da cama colocando uma camisa branca e saio do meu quarto. Os corredores já escuros, indicam que todos já estavam dormindo. Assim que chego em frente ao quarto dela, me sinto paralisado. O medo me impede de bater.
O que eu vou falar quando ela abrir a porta? E se ela não quiser falar comigo? E se o John estiver aí com ela?
Caralho, Peter! Você é muito burro!
Meus pensamentos errados estavam me consumindo quando eu ouço a porta abrindo e logo vejo aqueles olhos escuros me encarando assustada.
"O que... O que faz aqui? Eu..." Mila inicia a frase, mas eu logo a interrompo, deixando o frio na barriga tomar conta de mim.
"Eu... só estava... Eu precisava... nós dois..." Não sei por qual motivo, mas não consigo formular as frases na minha mente. Eu nunca havia me sentido assim antes, eu nunca agi de forma tão boba assim.
"Eu também estava indo te procurar." Ela completa. Essa frase me faz soltar um longo suspiro aliviado, finalmente me acalmando. "Pode entrar." Um leve sorriso se forma em seu rosto, o que me faz sorrir também.
Assim que passo pela porta, ouço o barulho dela sendo fechada. Me sento em sua cama que estava bagunçada, com o enorme urço do lado. Me sento na ponta dela e Camila se aproxima.
"Vou deixar a luz apagada." Sua voz saí falha, então ela se senta do meu lado encarando o chão. "Spencer me disse que você está tendo insônia... desde quando?" Ela encara meus olhos.
"Faz umas três semanas." Respondo, soltando um suspiro e desviando o olhar. "Eu só... não consigo dormir antes das 5 horas da manhã. Passo a noite pensando em... coisas que eu não deveria pensar."
"Você... quer conversar sobre isso?" A pergunta dela me surpreende. Eu não estava esperando tanta disponibilidade de sua parte, não depois de tudo o que fiz.
"Eu... acho que não é uma boa ideia." Forço um sorriso e continuo a encarando.
"Por que veio aqui?" Camila quebra o silêncio. Sinto um nó se formar em minha garganta, sem saber o que responder. Depois de longos segundos pensando, solto a resposta mais patética de todas.
"Eu senti sua falta." Afirmo e abaixo a cabeça.
"Eu... também senti a sua." Ouço sua respiração acelerar e o ar entre a gente ficar tenso, quase palpável.
"E como você está? Em relação a tudo?" Mudo de assunto.
"Eu não sei." Ela joga seu corpo para trás, se deitando e olhando para o teto, ainda com as pernas para fora da cama. "Saudade virou o sentimento mais presente na minha vida. Estou com saudade da minha mãe, do meu pai, do Jack, da Clara... parece que todo mundo que eu amo simplesmente vai embora... de diferentes maneiras, mas vão embora. Viram saudade ou apenas lembranças." Meu coração acelera ao ouvi-la falar essas coisas, aquilo me partia o coração. Assim que ela termina, me deito ao seu lado, também encarando o teto.
"Eu nunca me senti tão sozinho quanto me sinto agora." Falo o que estava preso dentro de mim. "Antes de você chegar com seu pai... vivia apenas eu e minha mãe aqui. Por mais que eu fosse um péssimo filho, mimado, arrogante e prepotente... nós éramos próximos. Jantavamos todos os dias juntos. Ela perguntava como foi o meu dia, como estavam as coisas na escola... Eu achava isso irritante e muitas vezes dizia que isso não era do interesse dela... Mas sinto falta disso. E quando você chegou... Eu não falava nada, mas foi a primeira vez que eu senti que tivesse uma família. Seu pai foi... O pai que eu sempre quis ter. Mesmo que por pouco tempo. Ele amava a minha mãe e eu via isso em seu olhar... ele fazia ela feliz. Se minha mãe estava feliz, eu estava feliz." Engulo seco, segurando as lágrimas para não caírem. "Eu não sei, eu só sei que estou me sentindo sozinho no mundo. É um sentimento horrível. Eu tinha tudo, entende? Eu tinha popularidade, eu tinha vários amigos, eu tinha minha mãe, eu tinha pela primeira vez um pai de verdade... porra, eu tinha você!" Reclamo sem conseguir me controlar e me sento na cama com as duas mãos na cabeça. "Eu perdi tudo." Afirmo depois de ter me acalmado, sentindo a lágrima solitária escorrer sob o meu rosto.
"Eu sei exatamente como você está se sentindo." Sinto sua voz suave bem perto de meu ouvido e logo em seguida ela me abraça por trás, apoiando sua cabeça no meu ombro. "Eu me sinto exatamente assim." Ela cochicha com uma voz de choro, então eu me viro a olhando.
"Não chora... Por favor, não chora." Assim que falo isso, ela se levanta enxugando as lágrimas e começa a andar de um lado para o outro.
"Já está tarde."
"Sim, você tem razão. Vou te deixar dormir." Falo me levantando e então ela me repreende com um olhar assustado.
"Não." Ela grita, me surpreendendo. " Digo... Você pode dormir aqui comigo?"
Aquela pergunta faz o meu peito se encher de alegria e também, esperança. Respondo com um simples sorriso. Assim que ela se deita, me deito do seu lado respeitando o seu espaço. Pego o lençol branco e nós cubro.
"Você pode me abraçar..." Ela fala baixinho e se vira de costas para mim, então eu a abraço por trás.
Eu queria que o tempo parasse ali... Eu queria que Deus me desse uma nova chance. Eu estava com o mundo inteiro nos meus braços e dessa vez, eu não iria fazer nada que pudesse tira-la de mim.
...
Na manhã seguinte, acordo surpreso por ter conseguido dormir, coisa que não acontecia a meses. Saio do quarto sem que ela me veja, Mila estava dormindo que nem um anjo... ela era um anjo, por mim, ficaria horas ali a observando dormir, mas não queria causar problemas entre ela e aquele garoto.
Aquele maldito garoto.
Assim que saio do quarto, vou rapidamente para o meu, tomando um banho rápido. Depois de ter colocado um shorts de moletom e uma camisa branca, desço as escadas para passar um café, quando chego na cozinha, Lily está lá arrumando tudo.
"Peter! Que bom que você acordou!" Ela abre um largo sorriso. "Eu bati no seu quarto hoje mais cedo, mas você não deve ter ouvido."
"É... deve ter sido isso." Sorrio e me sento em uma das cadeiras da mesa.
"Eu fiz café, você quer?" Faço um sim com a cabeça e a garota de pele branca como a neve sorri, vindo até mim e se sentando do meu lado com uma xícara na mão. "Aqui está."
"Valeu!" Sorrio e tomo um gole. O café estava realmente uma delícia. "Muito bom."
"Eu sou apaixonada por café. Sempre que eu fizer, guardo um pouco para você." Um sorriso se forma em meu rosto, mas logo um silêncio estranho se instala entre nós. "Você já conseguiu um emprego para esses seis meses antes de entrar na faculdade?"
"Não. Na verdade, não tenho ideia de onde procurar."
"Hoje eu tenho uma entrevista de emprego em uma sorveteria. O salário é alto para trabalhar em apenas um período. Talvez você possa ir comigo."
"Não, claro que não, né Lilian? A entrevista de emprego é sua, eu não posso simplesmente estar no meio."
"Na verdade o dono é um grande amigo do meu pai. Tenho certeza que serei contratada e se eu insistir você será contratado também."
"Eu acho melhor não." Solto uma risada suave, mas ela continua insistindo.
"Qual é, Peter? O que custa tentar? O máximo que vamos receber é um não." A olho arqueando a sobrancelha. "Por favor." Abro um sorriso de lado.
"Por que quer tanto que eu vá, senhorita?" Pergunto de forma cínica e percebo o seu rosto corando.
"Só pensei que seria bom ter uma cara conhecida no trabalho." Ela fala encarando a mesa.
"Você tem razão." Falo por fim. "Não custa tentar!" Um lindo sorriso se forma em seu rosto, mas logo John entra na cozinha, deixando o cheiro de cigarro impregnar no ar.
"Bom dia!" Ele se senta na mesa e apaga o cigarro no prato em sua frente.
"Você não pode fumar aqui." Minha voz saí áspera, com raiva.
"Por isso que eu já apaguei." O garoto dá uma piscadinha e começa a comer uma maçã. Essa foi a deixa pra Camila entrar na cozinha.
"Bom dia!" Ela fala sorridente indo até a geladeira.
"Uau! Qual o motivo desse lindo sorriso?" John pergunta e ela me olha.
"Não sei, só dormi bem essa noite." Abro um sorriso disfarçadamente e termino o meu café.
"Que bom, isso é ótimo! Mas e ai, Mila? Vai fazer o que hoje?" A voz daquele cara me irritava profundamente. Principalmente quando ele estava falando com a Camila.
"Vou procurar algum emprego, entregar meu currículo."
"Eu e o Peter vamos em uma entrevista de emprego juntos." Lily fala animada e eu percebo a confusão nos olhos da Camila.
"Juntos?" Sua voz saí falha e seu olhar se encontra com o meu.
"Sim! Não é incrível?" Lilian estava mais sorridente do que nunca, já a Mila, parecia não ter gostado da situação.
"Sim, é incrível." Ela se sente ao lado do John, sem se quer olhar para mim.
"Se quiser eu vou com você para te ajudar." Ele fala bem próximo ao seu rosto.
"Tudo bem, acho que pode ser bom." Ela sorri e em seguida me olha, o que me faz disfarçar o olhar no mesmo instante.
...
O dia passou rápido ao lado da Lily. Ela realmente conseguia deixar as coisas divertidas. Em relação a entrevista, mandamos muito bem. O dono da grande sorveteria nos adorou e disse que podemos começar amanhã mesmo. Confesso que fiquei feliz, não aguentava mais passar o dia todo em casa sem fazer nada.
Assim que chego em casa, ligo para minha mãe contando da novidade. Ela fica feliz e logo pergunta de Camila. Para minha mãe, estou falando que a Mila está bem, que está bem melhor em relação à perda, mas na verdade, eu não sei se isso é verídico.
Assim que desligo o telefone e a Lily sobe para o quarto, ouço o barulho da campainha e corro para atender. Quando abro, reviro os olhos ao ver o meu pai.
"O que você faz aqui?" Pergunto sério.
"Não combinamos que eu iria frequentar essa casa? A MINHA casa?" Ele sorri cínico. "Só por que não vim essa semana achou que eu não viria mais? Tadinho!" Sinto dois tapas nas minhas costas e então o velho passa por mim, indo até o sofá e se sentando.
"Vai ficar quanto tempo aqui? Você não percebe que não é bem-vindo?" Falo bufando, eu estava nervoso.
"O que foi, meu filho? Está com medo de alguma coisa?" Ele se aproxima de mim e nesse mesmo instante, ouço o barulho da porta abrindo.
Quando olho em sua direção, vejo a Camila entrando sorridente com John, mas seu sorriso some quando ela vê o meu pai.
"Olha quem chegou, Camila!" Ele fala sorrindo e então Mila me olha confusa. "Vem aqui me dar um abraço!" Ela caminha devagar em direção à ele, então o velho a puxa para um abraço, o qual me deixa muito incomodado. "Ah, linda! E quem é esse garoto aqui? Bonitão, hein?"
"Prazer, sou o John. Acabei de me mudar para cá. E você é..."
"Pai do Peter. Um prazer." Os dois sorriem e então a Camila vem até mim.
"O que ele faz aqui?"
"Eu... eu não sei. As visitas dele estão se tornando recentes. Não há nada que eu possa fazer, a casa está no nome dele."
"E como você está com isso?" Sinto meus olhos marejarem, mas consigo impedir que as lágrimas caiam.
"Estou indiferente. Ele não significa nada para mim."
"Bom, meu filho querido, eu queria muito ficar e conversar um monte com vocês, mas tenho um compromisso em meia hora. Preciso ir." Sinto um arrepio no corpo ao vê-lo se aproximar, mas logo ele me puxa para um forte abraço, o qual eu não retribuo. "Tchau Camilinha! Foi bom te rever. Tchau John! Foi um prazer te conhecer!"
"O prazer é todo meu, senhor Mallark."
Assim que a porta se fecha, me sento no sofá passando as mãos várias vezes sobre o meu cabelo nervoso.
"E ai, Peter? Conseguiu o emprego?" A voz de John invade meus pensamentos e então percebo que ele se sentou ao meu lado.
"Sim. Eu e a Lily conseguimos. E vocês?" Olho para a Camila que está escorada na parede de cabeça baixa.
"Entregamos o currículo dela em vários lugares. Agora só esperar." Camila sorri forçada e faz um sim com a cabeça.
"Eu passei na frente de um bar, o Lolla's bar... estava tendo uma seleção para cantores... é um grande bar, talvez o salário seja bom." Percebo o brilho nascer em seus olhos novamente, então ela abre um lindo sorriso, o que me faz sorrir também.
"Seria incrível... amanhã mesmo vou lá!"
"Isso, vá mesmo." Nossos olhares estavam fixos um no outro, mas logo John interrompe, como sempre faz.
"Bom, amanhã nós vamos. E amanhã é sexta! O que acha de sairmos todos juntos?"
"Eu acho ótimo!" Lily se pronuncia de cima da escada, acompanhada de Spencer que também está descendo.
"Eu topo também."
"Mila, vamos?" Lilian pergunta e a Camila a olha confusa.
"Eu vou." Falo em um suspiro.
"Ok, eu vou também." Sua confirmação vem logo depois da minha.
"Ótimo! Vai ser incrível!" John abraça a Camila de lado, me fazendo revirar os olhos.
Eu aceitei sabendo que provavelmente eu iria me arrepender. Mas eu precisava sair, independente do que fosse acontecer.
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