Capítulo 15| Do you love me?
Eu tentava esquecer. Eu tentava tirar a imagem da minha cabeça, os sentimentos, as dores... mas era impossível. Aquilo estava vivo em mim, eu não me sentia mais eu. Tinha nojo de me olhar no espelho e saber que um homem como aquele me tocou. Eu estava com nojo de mim.
Alguns dias se passaram e eu evitava sair do quarto. Só saía para comer e quando eu ia trabalhar. Sim, eu consigui voltar a cantar no Lolla's bar. Reconheci que aquilo me fazia bem e que talvez, de alguma forma e com o tempo, possa me ajudar a superar esse trauma.
Infelizmente, o Jack foi embora. Eu chorei mais em ter que me despedir de novo, do que no dia em que ele foi a primeira vez. Talvez seja o fato de eu já saber o vazio imenso que ele causa.
Sobre o pai do Peter... bom, o vi poucas vezes pela casa. Todas as vezes, ele me lançava um olhar ameaçador e fazia todos, absolutamente todos os peitos do meu corpo se arrepiarem de medo, mas ele não voltou a encostar em mim. Nem mesmo a falar comigo.
Mas eu não me sentia segura.
"Camila?" Ouço a voz de Peter logo atrás de mim e me viro no mesmo instante.
"Peter... eu não vi que você estava aqui." Minha voz saí trêmula, mas disfarço o nervosismo e o constrangimento com um sorriso.
"O que veio fazer no meu quarto?"
"Eu... bom... não sei. Eu estava viajando nos meus pensamentos e quando vi sua porta aberta, não exitei em entrar." Admito soltando um suspiro. "Mas eu já estou indo... antes que a Lily veja e não goste da situação." Começo a caminhar até a porta, mas sua voz me impede.
"Não. Fica... por favor." Sinto minha respiração parar com aquela frase e sem pensar duas vezes, volto e me sento na ponta da cama, encarando um porta retrato nosso que está em cima do seu balcão.
"A Lily não fica com ciúmes? Por ter uma foto nossa aqui?" Pergunto sem olhá-lo em um momento sequer.
"Ela nos vê como irmãos. Não tem ciúmes da gente."
"Irmãos..." Solto uma leve risada. "Durou pouco a nossa relação de irmãos, Peter Mallark." Um sorriso espontâneo se abre em meu rosto, apenas lembrando da minha primeira noite nesse quarto. "Se lembra? Quando sem querer bebi uma bebida com uma espécie de droga e passei muito mal?" Ele ri colocando a mão na cabeça, balançando em negação.
"Você bebeu demais aquele dia. Queria Até tirar a roupa. Tive que te dar banho e tudo mais."
"Meu Deus, que vergonha!" Tampo meu rosto dando risada. Eu devia estar parecendo um pimentão, de tanta vergonha que eu estava sentindo.
"Foi ali que... meu sentimento por você começou a aflorar. Até então, a ideia de ter pessoas novas em casa, ainda era horrível."
"Você me odiava, me tratava como lixo." Risos frouxos não paravam de sair de nossos lábios enquanto lembravamos.
"Eu tratava todos assim até te conhecer, Camila. Você me mudou."
"O amor muda as pessoas." Abaixo a cabeça mexendo nas minhas mãos.
"Posso te fazer uma pergunta?" Faço um sim com a cabeça. "Durante toda a nossa conversa... Você não olhou nenhuma vez nos meus olhos. Por que não quer me olhar?" Engulo seco.
Após um tempo pensando no que responder, viro meu rosto dando de cara com seus olhos claros olhando diretamente para os meus. Sinto minhas pernas tremerem, meus pelos arrepiarem e meu coração parar de bater. Só então lembro o porquê eu não podia olhá-lo.
"Olhar você... faz eu sentir coisas que eu não entendo. Seus olhos... conseguem me hipnotizar de um jeito que até eu tenho medo."
"Que tipo de coisas que você não entende? Por que se for o que eu sinto quando eu olho pra você, eu posso explicar." Ele aproxima lentamente o seu corpo do meu, deixando involuntariamente minha respiração mais ofegante.
"E o que você sente?" Minha voz falha, saí em meio aquela loucura de sentimento e do frio da barriga que eu estava sentindo.
"Eu sinto..." Ele leva uma mexa do meu cabelo para trás da minha orelha e então volta a encarar meus olhos. "Amor."
Nossos lábios se aproximam lentamente, fazendo as batidas do meu coração acelerarem de maneira incontrolável. Eu queria. Ele queria. Mas não. Não podíamos.
"Não podemos." Afirmo, afastando lentamente meu rosto do seu, sentindo uma dor em peito ao fazer isso. "Você está com a Lily agora."
"Você está certa, mas Mila, me responde a verdade... a verdade mesmo. Sei que já te perguntei uma vez e você me disse não, mas... você ainda me ama Camila?"
Eu nunca deixei de te amar.
"Peter, eu..."
"Você..." A voz da Lily ecoa no quarto, me fazendo arregalar os olhos ainda encarando o Peter.
"Eu estou melhor sim. Não 100%, mas aos poucos estou melhorando." Tento disfarçar, mas não sei dizer se fui convincente ou não.
"Fico feliz, amiga." Lily me abraça com um sorriso no rosto, me fazendo respirar fundo.
"Bom, eu já vou indo... Não quero atrapalhar vocês." Antes de dar tempo para eles se manifestarem, saio do quarto, seguindo em direção ao meu. Assim que chego lá, tranco a porta e me jogo na cama.
Será que ele ainda me ama? Mesmo depois que eu pedi para ele parar? Mesmo depois de eu ter mentido dizendo que não o amava?
. . .
Alguns dias depois, quase na hora do almoço, desço as escadas meio perdida após ter perdido a hora de acordar. Estranho por não ter ninguém em casa, mas então lembro do almoço que eles iriam em comemoração ao aniversário de um garoto da escola. Eu até iria, mas o despertador não colaborou comigo está manhã.
Ando pela sala cantarolando baixinho, até o instante que entro na cozinha, me deparando com aquele velho imundo lá dentro. Ele abre um sorrisinho malicioso para mim, então eu me viro para ir embora.
"Qual é, Camilinha? Não vai nem me dar um bom dia? Que falta de respeito." Engulo seco, apertando meus olhos com força, na esperança daquilo ser um sonho. Na verdade, um pesadelo. "Sabe... você saindo assim, com medo de mim, me lembra do dia mais emocionante de toda minha vida." Sua risada sarcástica me agonia, mas a frase me faz olhá-lo. "Você sabia que estava sendo seguida. Notava uma presença estranha, mas mesmo assim seguiu em frente." Ele solta uma gargalhada e então minha respiração começa a pesar, eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo. Meus olhos estavam merejados, mas o nervoso que eu estava sentindo, impedia as lágrimas de escorrerem. "Mas o melhor, foi o seu grito. O seu desespero. A sua tristeza. Ver você chorando tentando acorda-lo, foi a coisa mais prazerosa que eu senti. Até mais do que quando te comi."
"Você o matou. Você matou meu pai!" A indignação tomou conta de mim. As lágrimas começaram a escorrer e o sangue começou a ferver nas minhas veias.
"Matei, mas foi você, quem me levou até ele!" Naquele momento, eu não estava sendo controlada pela razão. Apenas junto toda a força que eu tenho e o empurro com força. A sorte dele, que o sofá estava atrás, o qur fez com que ele não se machucasse. Mas a raiva que sentiu era nítida. "Sabe por que eu matei? Por que vocês, Camila. Vocês roubaram o MEU LUGAR! Estavam morando na MINHA CASA. Seu pai estava transando com a MINHA MULHER, MINHA!" Seu grito estridente me deixou com medo. Muito medo. Medo de ele me machucar, de fazer algo contra mim. Ele era louco. Extremamente louco.
"Você é louco!" Sussurro, de forma que ele pudesse ouvir.
"Eu sou, Camila. E você errou em ter cruzado o meu caminho. Agora quem vai morrer, é você." Ele tira uma grande faca do bolso, fazendo minha respiração parar.
Em frações de segundos, repenso em tudo o que já passei na minha vida. As mortes, os lutos, as amizades... por mais que poucas, mas verdadeiras. O amor que eu vivi. Lembrei de tudo. E pela primeira vez, eu percebi que por mais de todo o sofrimento, eu queria viver. Eu queria recomeçar.
Tenho certeza que era isso o que meus pais iriam querer.
E eu ainda tinha o Peter, o Jack, o Spencer, o James, a Lily.... eu ainda podia ser feliz.
Mas não sei se daria mais tempo.
Galeraaa esse foi o capítulo de hoje. Se tiver alguns erros, me perdoem. Não tive tempo de corrigir. Estou em meio a provas finais e meio sem tempo. Mas espero que tenham gostado! Até semana que vem e bom fim de semanaaaa ❤
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