Eu não quero dormir. Duas e meia e eu não quero dormir. Eu não quero deixar ele ir. Foi tão bom ter ele no meu coração. Foi tão bom sorrir em conjunto. Mas já havia me avisado que ele estava de partida. Eu já sabia que não tinha como durar.

Claro que eu relutei. Segurei a mão dele por mais tempo do que deveria. Mas não fez diferença.

Ontem eu contei para um amigo quando estávamos todos juntos sobre como eu me considero o pólo norte, frio, distante, inabitável. Mas ele trouxe um novo aspecto para a metáfora, ele pontuou que só é inabitado até alguém ter coragem de explorar. Ele de fato usou a frase "até alguém ter coragem de descobrir os tesouros".

É uma forma lisonjeira de se pensar, mesmo com a analogia estranha. Ele não falou que eu precisava mudar, ser mais calorosa e aberta a novas conquistas. Ele só pontuou que alguém precisa olhar e notar que há coisas boas a serem descobertas em quem sou.

Talvez isso nunca aconteça e tudo bem. Tem sempre um bom livro para nos distrair nas piores horas. Eu só queria que aquele garoto fizesse morada permanente em minha vida. É cansativo demais amar sozinha. Cansativo demais ser sozinha.