Ontem eu dormi pela primeira vez sem sutiã na vida. Não que eu realmente tenha peitos, mas fazem onze anos que eu só tiro para tomar banho. E hoje eu acordei e fiquei chocada com o quanto eu dormi bem. Às vezes algo está atrapalhando o nosso bem-estar e nós nem percebemos porque é parte da rotina.

Nos últimos tempos eu estou fazendo um esforço consciente para ficar bem. Para que mesmo nos momentos mais desesperadores eu não fique paralisada ou revoltada com o universo. As estrelas não têm nada a ver com o cara que partiu meu coração, com a fila de quatro horas no banco que não vai me levar para a solução do problema, com a cólica infernal que parece só piorar a cada mês. O mundo só está girando, o sol brilhando e não é justo colocar a culpa nos astros quando me sinto frustrada.

E, nessa jornada particular, tenho notado que eu aumento muito o tamanho dos problemas na minha cabeça. Porque, nada disso vai resultar no fim da existência, ninguém vai sair irrevogavelmente ferido. Não há porque eu me sentir uma tragédia ambulante.

Não é fácil. A ansiedade também é em parte algo físico. Mas, pelo menos é melhor do que ter uma vida de sofrimentos infundados. E se de tudo tiver algum fundamento nas minhas paranoias, eu posso só tirar o bendito sutiã e dormir quatorze horas sem culpa.