You are the cause of my euphoria
Recomendo ler ouvindo a música Euphoria, canção solo do Jungkook do grupo BTS.
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Jason ama patinar.
Essa certamente é uma das melhores definições para o jovem Jason Grace. Aos 21 anos, grande parte de sua vida era dedicada aos patins e à pista gelada. Seus patins eram quase uma parte de seu corpo de tanto tempo que passam em seus pés.
Se perguntassem o que ele mais ama fazer na vida, a resposta seria: patinar.
O que ele mais sentia falta na vida? Patinar com Percy Jackson.
Embora não o fizesse há muito tempo, aquela certamente era uma das coisas que mais amava. Sentia realmente muita falta. Nada se igualava à imensa euforia de patinar, principalmente acompanhado do talentoso moreno de olhos verdes. E esse fato ele mantinha guardado apenas para si nos últimos três anos.
E é com uma imensa dor causada pela saudade que ele observava o dito cujo na televisão.
— Ansioso para revê-lo? — perguntou a voz atrás dele.
Jason deu um pulo de susto na cadeira ao ouvir a parceira. Sua mão foi levada ao peito, onde seu coração agora batia acelerado, enquanto xingava e ouvia a garota cair na risada. Odiava quando ela aparecia de repente daquela maneira.
— Quer me matar do coração, Piper?
— Claro que não. Estamos perto demais das competições e não teria tempo para arranjar outro parceiro. — Ela jogou-se na cadeira ao seu lado e também voltou o olhar para a televisão, onde passava uma reportagem sobre as melhores apresentações numa competição de patinação artística em Nova York e os vencedores do pódio.
— Eles são realmente bons, não acha?
— Talvez — disse Piper, dando de ombros. — Eles vão chegar semana que vem. Ansioso?
— Por que eu estaria ansioso?
— Você e Percy viviam patinando juntos antes de nos mudarmos e cada um seguir sua carreira. Eram amigos inseparáveis.
— Disse muito bem. Éramos. Passado.
— Vai me dizer que isso não mexe nem um pouquinho com você?
— Não. Estou muito bem com isso. — Mentiu.
Piper McLean era a parceira de Jason na pista. Patinavam juntos em competições mundo afora desde os 14 anos, formando uma excelente dupla, alvos de muitos elogios da imprensa, sobretudo quando começaram a competir com seniores.
A fama crescente e os planos de seus pais os levaram até Londres, onde viviam há três anos.
Jason gostava de patinar com ela. Era uma parceira realmente excelente. Mas, mesmo que fosse apenas por diversão, patinar com Percy sempre foi diferente. Sempre se sentia mais vivo, mais forte, mais… Eufórico.
Percy Jackson sempre foi a causa de sua euforia. Uma euforia que ele não sentia há três anos e da qual seu corpo necessitava e clamava sempre que via alguma foto ou vídeo na internet do moreno patinando.
Ele também seguia o ramo da patinação em dupla, junto da parceira Annabeth Chase. Os queridinhos da América. Muito se falava deles no ramo da patinação artística. E agora, eles estavam chegando em Londres para participar das competições que começarão em breve.
Seria mentira se Jason dissesse que não estava se imaginando patinando com Jackson outra vez e voltando a sentir aquela euforia em seu peito.
Piper não era uma parceira ruim, muito pelo contrário. Eles patinavam muito bem juntos. Contudo, patinar com Percy era algo completamente diferente. Era algo muito mais mágico, emocionante, fazia borboletas se revirarem em seu estômago e seu coração bater com tanta força que parecia que sairia de seu peito. Trazia uma incrível sensação anestésica, inebriante. Esquecia de tudo ao seu redor, como se só houvessem eles e aquele momento no mundo inteiro.
Ah como ele sentia falta disso.
Porém, depois de tanto tempo, mesmo com o previsível reencontro, duvidava que teria chance de sentir tudo outra vez.
***
Ver Percy pessoalmente outra vez deixou Jason mais eufórico do que ele esperava. Sentia-se energizado, como se tivessem trocado suas pilhas por novas super potentes.
Encontraram-se no ringue de patinação durante o treino. O local pertencia aos pais de Grace, o que lhe dava liberdade para usufruir da pista todo o tempo que precisasse. Ele e Piper chegaram bem cedo e estavam patinando quando viram Percy e sua parceira.
Foi estranho cumprimentá-lo, principalmente por terem perdido o contato naquele tempo longe. Jason não sabia se o abraçava ou saía correndo.
— Muito bom te ver de novo, Jason. Você está indo muito bem! — disse ele com um sorriso doce.
Aquele sorriso.
A porra daquele sorriso! Ele destruía Jason por inteiro em questão de segundos.
— Obrigado. Digo o mesmo, Percy.
— Eu e Annabeth precisamos treinar agora. Até depois!
— Até.
E assim ele se foi. Jason apenas observou a forma como Percy e Annabeth patinavam em uma perfeita sincronia e confiança. Por um momento, ele quis ser ela.
Não conversaram muito pelos dias que se seguiram, o que apenas matava Grace por dentro. Ter ele tão perto e ao mesmo tempo tão longe o sufocava, mas não sabia como iniciar uma reaproximação de verdade. Não eram mais os mesmos.
Eles não eram mais os dois adolescentes que patinavam juntos apenas por diversão. Os que criaram as próprias coreografias, embora nunca pudessem apresentá-las a alguém além de suas famílias. Agora eram adultos. Patinar com perfeição era um dever para com a carreira que criaram. Hoje patinavam para ganhar medalhas.
Não eram mais os dois garotos que um dia ficaram até tarde da noite patinando sozinhos e quase se beijaram.
Jason teve pequenos surtos internos quando voltou para casa naquele dia. Um lado seu queria que tivesse realmente acontecido, outro dizia que era loucura ele querer beijar o melhor amigo.
Mas quem ele queria enganar? Até Piper sabia que ele era caidinho por Percy desde os 15 anos. Mesmo tendo ficado com vários garotos nos últimos anos — discretamente, pois a mídia nunca perdoa —, nunca o esqueceu.
Grace sentia como se fosse explodir ali deitado em sua cama. Não conseguia parar de pensar em Percy e em como ele estava mil vezes mais bonito agora que completara 22 anos. Ele dominava seus sonhos mais sórdidos há mais de dois meses.
Precisava fazer algo para extravasar ou não aguentaria e faria alguma besteira.
Por isso, levantou-se e correu para o closet trocar de roupa. Sua calça de moletom cinza foi substituída por uma preta justa, seu suéter por uma uma blusa roxa larga e de mangas longas, e ele amarrou um casaco preto em sua cintura. Colocou seus tênis, pegou os patins e as chaves e correu para fora de casa.
Com sua moto, seguiu a toda velocidade para a pista. Já havia anoitecido e estava fechada, mas ele possuía a chave e os guardas noturnos não implicariam com o filho dos donos.
Ver o local completamente vazio trouxe uma certa paz para ele. Ao chegar à entrada da pista, apressou-se em colocar os patins em seus pés e partir para o gelo. Colocou uma música calma no som para poder guiar-se e logo estava patinando.
Seus pés e seu corpo moviam-se graciosamente no ritmo da canção, improvisando todos os passos e deixando-se levar pela melodia. A tensão que sentia esvaiu-se aos poucos, e ele foi tomado pela incrível sensação de liberdade que sentia quando estava na pista.
Deixou todos os seus sentimentos e pensamentos serem libertos, expressos em cada simples movimento. Submergiu naquele mar de emoções em seu peito, permitindo que eles o guiassem.
Pegou impulso e logo seus pés não tocavam mais o chão, enquanto seu corpo girava três vezes no ar, até pousar novamente sobre o gelo.
Ele perdeu completamente a noção do tempo ali. Pausou por um instante para beber água e descansar, porém logo estava mais uma vez na pista, imerso em seus pensamentos e sua melodia.
Estava tão distraído que sequer notou não estar mais sozinho no recinto.
Percy Jackson estava ali, admirando a tamanha graciosidade com a qual patinava, a determinação em cada salto. Ele sempre amou ver a paixão que Jason expressava na pista.
Grace acabou notando sua presença. Infelizmente, o fez em meio ao início de um salto, o que levou-o a perder a concentração e cair. Grunhiu dolorido quando sentiu o corpo bater contra o gelo.
Percy arregalou os olhos e foi até ele, preocupado. Com cuidado para não escorregar e cair, ajoelhou-se ao lado de Jason e ajudou-o a se sentar.
— Você está bem?
— Estou — respondeu com uma leve careta de dor no rosto. Sorriu fraco para o moreno e encarou as orbes verdes. — Já levei tombos piores.
— Quer participar da competição depois de amanhã todo arrebentado?
— Cala a boca, Perseu!
Percy riu ao ser chamado por seu nome real. Ficou de pé e estendeu a mão para o loiro, que olhou-a por alguns instantes antes de pegá-la e aceitar a ajuda.
Eles se encararam por alguns instantes, em silêncio, ainda segurando a mão um do outro. O verde dos olhos de Percy imerso no azul de Jason. Por quase um minuto inteiro, esqueceram-se de onde estavam e até mesmo de quem eram, apenas fissurado um no outro numa conexão avassaladora que sempre existiu.
Grace quem acabou por quebrar o contato visual, desviando o olhar ao que sentia suas bochechas queimarem e assumir uma coloração rosada. Soltaram suas mãos, e ele logo juntou as suas atrás de seu corpo, entrelaçando nervosamente seus dedos.
— O que faz aqui? — perguntou.
— Eu queria te ver — confessou Percy. Aquelas palavras fizeram o coração de Jason quase saltar pela boca. — Faz tempo que eu queria poder conversar de verdade com você, mas a rotina de treinos não estava facilitando as coisas. Quando liguei para sua casa, Thalia disse que você tinha saído.
— Eu não falei para onde estava indo.
— Imaginei que estivesse aqui. Você sempre gostou de patinar a noite para espairecer, quando não tinha mais ninguém na pista.
Jason sorriu por ele lembrar-se desse fato. Ainda mantinha alguns velhos hábitos.
— O que queria conversar comigo?
— Não sei, na verdade — riu. — Mas eu senti sua falta. Queria apenas estar com você, como nos velhos tempos.
— Eu… Também senti sua falta.
Sorriram um para o outro. Sorrisos singelos que transmitiam a sinceridade de suas palavras.
— Você está patinando ainda melhor.
— Obrigado.
— Embora eu tenha percebido que ainda precisa de mais firmeza ao erguer sua parceira no final da coreografia.
— Vou lembrar disso, treinador — brincou Jason.
— É bom lembrar. Eu vou ficar em primeiro no ranking depois de amanhã. — Percy sorriu audaz.
— Só por cima do meu cadáver!
— Posso patinar com você?
— O quê?
Jason piscou, absorto por aquelas palavras. Foi uma pergunta repentina. Embora aquele fosse seu maior desejo, ainda o surpreendeu.
— Patinar com você.
— Você trouxe seus patins?
— Eu nunca saio sem meus patins, Grace — respondeu com um sorriso ladino.
— Então é melhor pegá-los logo, Jackson.
Percy riu e saiu para colocar seus patins. Jason foi até seu celular para escolher outra música para tocar.
Não demorou para o moreno entrar na pista e posicionar-se no centro dela. Após iniciar a música em uma playlist que havia criado, Jason foi até ele. Parou há poucos metros de distância dele e observou a mão estendida para si.
— Boa escolha de música. Ainda lembra?
Jason assentiu, com um doce sorriso por entre seus lábios. Com o coração a mil, ele segurou a mão de Percy e deixou-o puxá-lo pela pista.
Começaram a patinar pelo ringue, seguindo o ritmo da música favorita deles. A mesma com a qual patinaram diversas vezes, incluindo no último dia que estiveram juntos no gelo antes do loiro ir embora.
Seguiam embalados pela melodia, sem pensar muito no que faziam. Essa era a grande magia que acontecia entre eles. Conseguiam se entender na pista como ninguém, sem precisar de algo programado. Um seguia o passo do outro, criando uma dança única e mágica apenas deles.
Juntos e em perfeita sincronia eles realizaram um duplo axel. Em seguida, Percy segurou firmemente a mão de Jason e puxou-o para junto de seu corpo. Instintivamente, o loiro firmou os braços ao redor dos ombros largos em busca de apoio e ergueu uma perna até a cintura do outro, que segurou-a com força, e esticou a outra enquanto giravam sobre o gelo.
Ambos sorriram no mesmo instante. Quando Jason endireitou os pés no chão, as mãos do moreno se firmaram em sua cintura e continuaram patinando.
Com os olhos fixos um no outro, tiveram uma conversa silenciosa e transmissão de confiança. O loiro apenas assentiu com a cabeça e virou-se de costas, enquanto era erguido no ar.
Naquele momento, Jason enfim pôde desfrutar da sensação que tanto sentia falta. A euforia que lhe abatia quando estava com Percy se fazia presente outra vez depois de tanto tempo, invadindo seu peito em uma tempestade de emoções.
Poderia parecer incongruente dizer que uma das coisas que mais amava e fazia todos os dias, patinar, é também o que mais fez falta. Mas essa contradição caía por terra ao colocar Percy na equação. Patinar sozinho, ou com qualquer outra pessoa, e patins com ele eram coisas completamente diferentes para si. Eram sensações distintas.
Suas mãos juntas, a forma como ele o segurava, como o guiava com tanta leveza, como o fazia se esquecer de tudo ao redor. Tudo fazia ele se sentir mais vivo. Era algo que simplesmente não conseguia explicar.
Ele apenas precisava disso.
Diminuíram a velocidade com a qual patinavam e acabaram parando enquanto giravam juntos, os corpos colados e agarrados um ao outro. Estavam ofegantes. Suas respirações estavam descompassadas e aceleradas.
Eles não se afastaram. Os braços de Percy se apertaram ao redor da cintura de Jason, enquanto o loiro abraçava seu torso e subia as mãos vagarosamente até sua nuca. Entreolharam-se e permaneceram naquela posição. Ninguém deu iniciativa para se soltarem um do outro.
— Você não imagina o quanto eu sentia falta disso — Percy sussurrou quase inaudível.
Jason riu baixo.
— Você é quem não imagina o quanto eu senti, Percy — disse no mesmo tom. — Não mesmo.
O moreno sorriu. Aquele sorriso que derretia Jason. Seus olhos se alternavam entre as orbes azuladas e os lábios rosados com uma pequena cicatriz.
— Como foi que paramos de nos falar? Trocávamos mensagens todos os dias depois que você entrou naquele avião.
— Eu não sei… — confessou Jason. — Acho que a distância acaba fazendo isso por si só.
— Isso doeu. Você é importante demais para mim, Jason — disse e fez uma pausa, comprimindo os lábios. — Eu não quero voltar a ficar tão longe.
Jason também não queria. Não queria perder a fonte de sua euforia.
— Lembra de quando fugimos para a pista depois que você discutiu com seus pais? E ficamos patinando até tarde da noite?
— Lembro.
Claro que Jason lembrava. Como poderia esquecer o dia que quase se beijaram?
— Eu queria muito fazer o que estava pensando antes do vigia chegar naquele dia.
— Então faça — ordenou.
Sem perder tempo, Percy uniu suas bocas e iniciou um beijo profundo e apaixonado. O mais novo retribuiu no mesmo instante, entregando-se a mais uma onda de euforia e êxtase causada por ele. Era doce e anestesiante.
Arrepios passaram por todo o corpo de Jason, enquanto emaranhava seus dedos por entre os fios escuros e sentia a língua alheia adentrar sua boca. O ósculo que iniciou calmo, tornou-se extremamente intenso e necessitado, como se seus corpos esperassem por isso a vida inteira e quisessem aproveitar cada segundo.
Jason encontrava-se inteiramente imerso naquele momento. Afogava-se na euforia e paixão daquele beijo.
Ele. Apenas ele.
Percy Jackson era a causa da euforia de Jason Grace.
Estar com ele era uma sensação tão única que não havia como resistir. Por muito tempo, pensou o quão terrível era confessar a si mesmo estar se apaixonando pelo melhor amigo e sentir-se daquela forma com ele. Mas não havia nada ignóbil naquele sentimento tão doce e avassalador.
Era o sentimento mais puro e belo que existe. Uma genuína paixão.
Quando seus lábios se afastaram, seus olhos permaneceram fechados. As testas coladas uma na outra e os corpos unidos. Não queriam nunca mais sair daquele momento.
— Não deixe que tudo se perca outra vez, por favor — suplicou Percy.
— Eu nunca vou deixar. Nunca. Sabe por quê?
Abriram os olhos e se encararam.
— Você é a causa da minha euforia.
Percy sorriu largo. Não disseram mais nada. Não precisavam de mais palavras.
Beijaram-se mais uma vez, de maneira ainda mais apaixonada. Percy ergueu Jason do chão e rodou sobre o gelo, fazendo-os sorrir em meio ao beijo.
O que fazer depois de tudo isso eles pensariam depois. Agora, eles apenas permaneceram naquela bolha só deles, aproveitando da euforia que causavam um ao outro.
Porque sim, Jason Grace também era a causa da euforia de Percy Jackson.
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