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Prólogo (Sangue! Sangue! Sangue!)


Onze dias depois

 da tempestade.

🔎


8 de agosto de 1991.

Quando o oficial Takeda Yoongi subiu os degraus do prédio azul na rua Kōyōzaka, carregava consigo a resignação dos mortos.

Era uma quinta-feira, início de tarde. Trinta e oito graus cravados na capital. Sob o inevitável terno preto do uniforme, Takeda pingava suor. Malditos ossos do ofício. Apagou o cigarro contra a parede e, assim que cruzou o primeiro vão do corredor estreito, o cheiro pútrido quase familiar o alcançou no meio do caminho, como uma mão invisível agarrando-o pela gola da camisa.

Acabara de retornar à cidade após uma operação em Osaka. Levou quase cinco meses para se infiltrar no esquema e se entrosar com a quadrilha. Takeda era daquele tipo, exalava uma confiança quase colérica, que impunha respeito e fazia as pessoas acreditarem nele. Foi relativamente fácil me aproximar dos suspeitos, pontuou no relatório. Com os novos aliados, Takeda compartilhou cervejas mornas, partidas de sinuca e ouvidos atentos: os pobres diabos gostavam de se abrir com o falso colega do bando. No entanto, há três semanas, os parceiros que lhe deram a alcunha de Majime¹ e uma parcela de suas vidas privadas já estavam mortos.

Para Yoongi, restou a cicatriz: um corte vertical no olho direito para lembrá-lo da traição do alter ego. 

O céu sobre Tóquio brilhava com um cinismo cruel, zombando da pequenez dos homens e da sordidez de suas confianças cegas, reluzindo como uma lâmina. Alguns bêbados estavam reunidos numa viela, brigando por trocados em dívidas de jogo, enquanto o oficial Ishikawa tentava separá-los aos chutes. Podia ouvir o alvoroço do lado de fora enquanto era tragado para dentro do concreto da velha estrutura dentada. O almoço ainda pesava no estômago, revirava de um jeito que fazia parecer que ele tinha engolido algo vivo.

O residencial Aoi Kaze Manshon era um monumento à decadência, espécie de zoológico humano, uma colmeia de vidas comprimidas em Shimotakizawa, aquele lado feio do bairro que de vez em quando espantava os turistas. As famílias amontoavam-se nos cubículos que cheiravam como um mosaico de mijo, fritura e mofo, enquanto no bloco dos fundos as prostitutas penduravam seus corpos cansados nas janelas voltadas ao pátio, os olhos tão mornos quanto a fumaça dos cigarros que seguravam.

Takeda conhecia algumas das putas de vista, do bairro da luz vermelha. Com rostos pintados, montadas em seus saltos altos e saias curtas, disfarçavam bem a tristeza da vida fodida naquele muquifo. Lembravam-no da mulher que o criara num lugar como aquele, trinta e oito anos atrás.

Ao contrário do austero apartamento em que foi criado, tudo naquele lugar sugeria abandono, mas não totalmente deliberado. Era um tipo de esquecimento incidental, uma nota de rodapé na arquitetura da cidade que ninguém jamais lera. Sentia isso profundamente, como se a própria estrutura respirasse com um peso invisível dos cubículos de meio metro, com seus ossos desfeitos mal disfarçando a decadência.

Quando enveredou até o andar do apartamento, sexto, pelo que se lembra, parando diante da porta 696, viu o agente Christopher arrancar para fora do pequeno cubículo, cobrindo a boca. A câmera fotográfica pendurada ao redor do pescoço batia contra a caixa torácica à medida que seus joelhos tremulavam rumo às escadas. Yoongi viu o jato de vômito escapar entre os dedos do moleque quando ele chegou ao pátio.

Esse aí precisa endurecer o talo se pretende ficar nessa vida, pensou.

Yamada Gong-Yoo saiu de lá rindo. Depois de tudo que havia acontecido entre os dois, Yoongi não o esperava vê-lo tão cedo. 

ㅡ Colocou o fedelho para inspecionar o lugar, Gong-Yoo?! Esse aí vai desistir da carreira no terceiro dia. ㅡ Takeda perguntou.

O outro policial riu. Disfarçou bem a situação. Era trabalho, de todo modo, Takeda pensou.

ㅡ Apostei com os caras da outra divisão que esse aí não dura um mês.

Yoongi se aproximou da mureta e olhou para baixo, uma moradora de meia idade consolava o jovem agente, que expelia todas as refeições do dia com as mãos no joelho.

ㅡ O que temos aí? ㅡ O cheiro insuportável de produtos químicos fazia os olhos de Yoongi lacrimejarem.

ㅡ Um corpo. Sem identificação. Decomposição avançada, a região genital impossível de identificar, claramente é um indício de homicídio.

Puta que pariu, Yoongi pensou.

ㅡ Um homicídio em Shimokitazawa? Alguém da divisão já sabe disso?

Gong-Yoo negou.

ㅡ Parece que os vizinhos estão reclamando do mau cheiro há mais de cinco dias. A Ishikawa nos colocará para correr do departamento quando souber que tem reclamações há quase uma semana. ㅡ Gong-Yoo levantou as sobrancelhas, tinha um olhar afiado. ㅡ Melhor dar uma olhada nisso antes.

Takeda calçou a luva azul que estava enfiada no bolso do blazer, puxando-a com um estalo seco, antes de atravessar a entrada. A cortina de miçangas rangeu como dentes velhos quando ele a empurrou. O corredor estreito, mal iluminado, parecia um túnel escavado diretamente no âmago do cheiro ㅡ um odor que não apenas preenchia o espaço, mas parecia engolir o próprio ar, impregnando o nariz, a garganta e a memória. Ele reconhecia aquele aroma, aquela presença. Reconhecia a morte quando ela o esperava. E era um daqueles dias.

ㅡ Quem vivia nessa porra de lugar? ㅡ perguntou, observando a pilha de roupas amontoadas no canto da sala, junto à porta. O pequeno apartamento tinha aspecto de puteiro. Carpete aveludado abafador, de cor vinho. Ar sulfuroso. Pouca ventilação. Uma TV, ainda ligada, em um canal fora do ar. Se pudesse identificar o cheiro por baixo do odor horrendo, seria o de corpos humanos em idade adulta amontoados no mesmo antro. O odor permeia a sala. O sofá. E os objetos largados.

Gong-Yoo se aproximou com a prancheta, relendo as informações.

ㅡ Segundo a proprietária do imóvel, o apartamento estava arrendado a universitários, alunos da Kyokura. ㅡ disse o oficial. ㅡ Aqui diz, Dylan Kinoshita, Yamashida Jeongguk e Kenichi Jimin. Estão desaparecidos desde o dia da tempestade. Nenhum morador os viu sair daqui. Os itens pessoais ainda estão no apartamento e o carro de um deles permanece no pátio.

Takeda pensou que isso explicava o aspecto insalubre do ambiente.

O carpete vinho, úmido e desbotado, exibia manchas que se recusavam a ser ignoradas. Yoongi ainda estava decidindo se aquilo era porra ou vômito. Sobre a pia, baratas caminhavam com uma espécie de languidez soberana, alheias ao horror que ocupava cada canto do ambiente. Era como se toda a sala conspirasse para preparar o espírito de Takeda antes de entregá-lo ao clímax macabro que o aguardava.

Mesmo à distância, ele viu os olhos ㅡ ou os buracos que ocupavam o lugar que um dia foram deles ㅡ cravados no crânio como fragmentos de vidro em uma moldura partida. Moscas orbitavam o pescoço inclinado, uma coroa viva e grotesca que zumbia em uníssono, compondo uma melodia horrenda. Na boca entreaberta, formigas subiam e desciam como exploradores em uma expedição desorientada.

Uma mão parcialmente decepada pendia languidamente para fora da borda da banheira, enquanto a outra era pouco mais que um esboço desfeito, dissolvida em um caldo espesso, uma mistura obscena, gororoba de carne e ossos.

Por um instante, a imagem cristalizou-se na mente de Takeda como algo impossível e, paradoxalmente, inevitável.

Um anjo morto.

A banheira parecia um altar macabro, consagrado ao horror. A criatura lânguida como as damas de Art Nouveau² inclinava-se. O mosaico de azulejos brancos, outrora impoluto, agora estava tingido com manchas grotescas, resíduos de carne dissolvida misturados a um líquido espesso, um tom indefinido entre o marrom e o cinza. O cheiro, profundo e pegajoso, estava em toda parte, como uma nuvem invisível que se agarrava às paredes do apartamento abandonado, envolvendo tudo. O corpo, ou o que restava dele, estava ali, parcialmente submerso. A pele, em placas soltas e flácidas, flutuava na superfície, semelhantes a pedaços de cera derretida abandonados no calor de uma vela extinta.

O rosto, uma máscara de deformação, já irreconhecível. O couro cabeludo, parcialmente intacto, revelava tufos de cabelo encharcados pela solução corrosiva. E, no entanto, o que mais chamava atenção era o pescoço, parcialmente decapitado, a carne arrancada, expondo cartilagens e ossos amarelados, como se a morte tivesse feito um trabalho apressado. Os ossos no fundo da banheira, desgastados e porosos, pareciam falar de um agente químico que, paciente e insidioso, dissolvia a matéria até o último vestígio de resistência.

O coração desenhado com sangue decorava o azulejo, em tom de sátira. Delicadeza maldosa.

ㅡ Foi uma morte cruel. Dolorosa. ㅡ Yoongi afundou o dedo na pele esponjosa que se prendeu ao látex da luva. ㅡ O filho da puta agonizou até o fim.

ㅡ Motivos de ódio? ㅡ Gong-Yoo perguntou.

ㅡ Não sei, mas isso tem cara de execução. Queima de arquivo, sem dúvida.

A proprietária do apartamento, uma mulher magra e desgrenhada, se agarrava à farda de Yoshihara, aos berros.

ㅡ É o único bem que tenho. Ninguém mais vai querer morar aqui. Eu sabia que não devia ter aceitado o acordo daquele okama³ desgraçado. Invertidos que viviam fazendo Deus sabe o quê dentro do meu apartamento. ㅡ ela gritava. ㅡ Os três. Os três juntos! Aquele okama maldito que tinha homem e mulher. Uma verdadeira imundície!

Gong-Yoo gritou da porta, implorando para que Yoshihara arrastasse a mulher para fora dali.

Era uma tríade, talvez, de ódio, rancor ou do mais impossível dos amores. Uma obsessão que, em sua violência contida, parecia espelhar o vazio pulsante de um desejo não consumado.

Alguém havia sido traído. E traição, Takeda sabia, era a centelha que alimentava a crueldade.

Foi então que ele percebeu.

No canto do quarto, envolto por sombras e poeira, o coração desenhado pelo traçado enegrecido do sangue seco ilustrava a pista.

Aquela criatura repousando contornos da própria carne, era um dos garotos que vivia ali.


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Glossário:

Majime: Pessoa com aspecto de seriedade, taciturna.

Art Nouveau: estilo ornamental utilizado em arquitetura, decoração, joalheria, ilustração etc., que se caracteriza pelo uso de linhas longas, ondulantes e assimétricas.

Okama: O termo "okama" é uma gíria japonesa usada para se referir a uma aparência mais "afeminada" de homens gays. 


O primeiro capítulo já está disponível também!

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