Capítulo 3 ‐ Decisão e Raiva
Mylenna Müller
— Bom dia, minha princesa – Foram as palavras pronunciadas por Aiden, antes de me beijar.
No momento, fiquei sem reação, não sabia se correspondia ou se ficava imóvel. Mas a sensação de sentir seus lábios sobre os meus eram tão bom que acabei correspondendo.
Envolvi os braços em volta de seu pescoço e começei a acariciar seus cabelos. Ele colocou suas mãos em minha cintura e me puxou para mais perto de si, aprofundando mais o beijo. Que cometia um misto de desespero e amor.
A cada movimento que fazíamos com nossas bocas e as carícias, arrancava um pequeno gemido de nós dois.
Nos afastamos só quando o ar nos faltou.
Mantendo nossas testas juntas, olhei em seus olhos e pude ver o brilho que sempre teve, desde quando nos conhecemos. Um sorriso bobo se formou em seus lábios, o sorriso que me levava nas alturas. Retribuí-o da mesma forma, parecendo uma criança quando ganhava um doce.
— Posso entrar? – Perguntou.
— Claro – Digo, abrindo espaço para ele passar.
Fechei a porta e segui rumo a sala, Aiden já estava sentando no sofá.
— Faz um tempinho que não venho aqui – Iniciou o assunto, olhando ao redor.
— Concordamos que para não haver atrito entre você e Chon, seria bom você não vir muito aqui em casa.
— Verdade – Falou como se acabasse de recordar a proposta que fizemos.
Assim que começamos a namorar sério, concordamos em ele não vir aqui em casa por causa de Chon. Mas em compensação eu sempre estava em sua casa.
— Não foi para a escola? – Perguntei, curiosa.
— Não estou com cabeça no momento – Disse, ainda observando as coisas ao redor — Precisamos conversar – Completou, parando seu olhar em mim.
— Claro, também preciso falar com você.
— Se é sobre o assunto da gravidez, pode falar – Disse.
"Não sei se estou fazendo a coisa certa, mas seja o que Deus quiser" – Pensei, soltando um suspiro alto.
— Eu tomei uma decisão – Começei a falar, Aiden me olhava com seu olhar penetrante e apaixonante — Eu não vou abortar – Sussurei
— Como é que é? – Questionou.
— Eu não... – Eu ia repetir, pois achei que ele não tinha ouvido direito.
— Eu ouvi muito bem. Você está abrindo mão do nosso futuro por causa de uma besteira!? – Disse, um pouco alterado — Não posso permitir isso – Ele se levantou do sofá.
— A decisão também é minha – Eu me levantei e ficamos frente a frente.
Aiden ficou me encarando por alguns minutos e depois se afastou, passando a andar de uma lado para o outro.
— O que você tem na cabeça garota! Acha que isso vai ter dar felicidade? – Perguntou quase gritando e apontou para minha barriga.
— Eu tomei minha decisão, e acho que podemos cuidar da criança juntos, não pre...
— Nós? – Perguntou num tom sacartico e começou a sorrir — Se você decidiu ficar com a criança não existe mais " nós ".
Meus olhos se encheram de lágrimas ao ouvir tais palavras.
— Mas meu amor... Podemos dar conta – Digo indo ao seu encontro.
Aiden parou de andar e encarou balançando a cabeça negativamente.
— Mylenna... Mylenna... – Disse.
— De um jeito ou de outro não iríamos ter um filho? Só que esse veio um pouco cedo – Falei, tocando sua face.
— Pelo que soube quando decidimos ficar juntos era que você não podia gerar filhos – Falou, me olhando com raiva nos olhos.
Vejo ele contrair o maxilar.
— Meu amor podemos superar e ...
— JÁ CHEGA! – Gritou, me fazendo dar passos para trás.
Nunca o vi falar dessa forma comigo, não estava reconhecendo o rapaz que me apaixonei anos atrás.
As lágrimas em meus olhos insistiram em cair, mas a todo custo não as deixei.
— Mylenna, você não pode fazer isso – Começou a falar com um sorriso meio torto. Ele veio até mim e me abraçou — Você não sabe do que sou capaz de fazer, se você prosseguir com essa loucura – Sussurrou em meus ouvidos — Você pode estar viva agora, mas o amanhã ninguém sabe.
Meu corpo gelou no mesmo instante, meus batimentos cardíacos alteraram e minhas pernas fraquejaram.
Aiden se afastou de mim, com um sorriso no rosto, não era o sorriso pelo qual sempre fui apaixonada e sim um sorriso perverso de causar medo. Seu olhar era intenso sobre mim, um olhar de causar calafrios.
Os seus passos se afastando e ouço a porta se fechando bruscamente.
Então a postura de garota durona desabou e as lágrimas começaram a descer.
— O que eu fiz? – Disse num fiapo de voz, me sentando no sofá.
"Eu teria feito a coisa certa? Seria certo pessoas que se amam se separar?"
— Argh – Dei um berro com a voz embargada.
Aiden O'nnil
Esmurrei tudo que vi pela frente, destruindo a metade do quarto.
Eu tinha certeza que ela era a garota certa dessa vez, já havíamos planejado nosso futuro.
Ela era especial para mim, ela me fazia querer mudar a cada dia.
Depois de ouvir a decisão de Mylenna tive que me afastar dela, não queria repetir o mesmo erro que cometi antes.
Prometi a mim mesmo que iria mudar, não irei deixar esse meu lado mortal reaparecer de novo.
Não queria falar daquela forma com ela, jamais me imaginei falando aquelas palavras para Mylenna.
Dei um soco no espelho que havia na porta do guarda-roupa, fazendo-o se despedaçar em vários pedaços.
A cada murro dado nos objetos que era quebrado, minha raiva ia se esvaindo.
Senti um líquido escorrer pela minha mão, olho e vejo um corte profundo que sangrava.
"Como amo ver sangue" – Disse em meus pensamentos, abrindo um largo sorriso.
( Quem narra é a autora)
No quarto onde as crianças dormiam, estava Deniel e seus dois irmãos, um de quinze anos e outro de oito anos, mesma idade de Deni.
Nesse dia, os pais e as outras crianças não estavam em casa, apenas os três garotos.
Deni, como era chamado por todos, estava sentando na cama segurando seu urso de pelúcia. Era o único momento que podia ficar com o brinquedo, já que seu pai não estava em casa. Mesmo sabendo que seus irmãos o deduraria, não estava nem aí para o que podia acontecer, já que mesmo sem motivo apanhava frequentemente.
Ele olhava atentamente para os dois irmãos que jogavam vídeo game.
Os cabelos lisos e caídos um pouco sobre os olhos do garoto impedia de se ver as marcas da surra que havia levado na noite anterior.
A luz do quarto estava apagada, deixando apenas a claridade da televisão e a pouco luz da lua minguante que entrava pela janela.
O menino mais velho olhou para trás, e viu Deni abraçado com o boneco.
— Olha só, o molenga. Nunca aprende – Disse, zombando.
O menino que estava ao lado começou a gargalhar e disse:
— Hoje teremos espetáculo quando papai chegar.
— Garoto fracote – Falou o maior, se virando para a televisão e dando pausa no jogo. Se levantou e foi até a cama onde Deni estava sentado — Você não aprende, não é ?! – Ele deu um tapa na cabeça de Deni, que quase caí para o lado — Me entrega esse boneco – Ordenou.
Deni apertou mais o urso contra seu corpo e negou com a cabeça.
O menino menor que estava perto da televisão diz, rindo:
— Bichinha.
O mais velho parte para cima de Deni, para tomar o urso à força. Mas em questão de segundos, o menino tirou de debaixo do travesseiro uma faca, e desferiu um golpe no pescoço do garoto à sua frente, que caiu no chão, sangrando.
Deni se levantou da cama e se aproximou do irmão.
— Por favor, não faça isso – Implorou o menino, colocando a mão no pescoço para tentar conter o sangue.
— Agora você implora! – Falou Deni, e apontou a faca para o garoto a sua frente.
— Por favor, meu irmão, não faça isso – Disse o outro menino.
Deni desviou o olhar do garoto que agonizava no chão e olhou em direção ao outro irmão.
— Não sou seu irmão, não pertenço a essa família, não tenho sangue de vocês correndo por minhas veias – Deni começou a andar em direção ao menino — Vocês me adotaram para quê? Para me maltratar todos os dias? – O menino negou com a cabeça e engoliu seco.
— Por favor, Deni, não me mate – Falou com a voz trêmula.
Deniel deu uma gargalhada, que ecoa pelo quarto.
— Está implorando? – Disse, parando de rir e olhando sério para o menino — Quantas vezes eu implorei para vocês não me bateram e vocês nunca me ouviram!
— Se não obedecêssemos a ordem do pai, nós iríamos...
— Claro, antes outra pessoa do que vocês – Falou Deni.
— Meu filho, o que houve? – Ouvi a voz de minha mãe, me tirando de meus devaneios.
Me virei para ela e a vi olhando para o quarto com espanto.
— Não foi nada mãe – Digo.
— Meu Deus! Você está ferido? – Perguntou, colocando a mão na boca.
Mamãe veio até mim, pisando com cuidado para não pisar em nada que havia no chão.
— Não foi nada de mais, apenas um corte – Digo, quando ela chegou mais perto.
— Isso está horrível – Disse ao ver o corte — Venha, vou fazer um curativo e quero que me conte o que houve.
Apenas afirmei com a cabeça e ela me guiou para fora do quarto.
Recompense to no man evil for evil. Provide things honest in the sight of all men.
Romanos 12:17
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