Capítulo 2 ‐ Pesadelos
"Uma pessoa não se torna mal por que quer e sim por causa das circunstâncias"
– Juliana Menezes
Aiden O'nnil
Minha vida estava mudando, tudo se encaixando do jeito que sempre sonhei.
Havia conhecido a garota perfeita que mudaria meu mundo sombrio.
Desde o primeiro momento que a vi naquela praia, meu coração já tinha certeza de que ela era a pessoa certa para estar ao meu lado.
Ela era perfeita em tudo, corpo extremamente escultural tendo belas curvas mesmo sendo magra, cabelos de cor brown, olhos verdes, um sorriso lindo, rosto bem desenhado e perfeito.
Nesses um ano de namoro, Mylenna me ensinou a mudar, mesmo sem saber do que se tratava. Ela sabia as palavras certas para me acalmar e me por na linha.
Depois do dia em que nos conhecemos, descobri que iria estudar no mesmo colégio que ela, o que facilitou bastante nosso reencontro.
De início, My não queria ter nada além de uma bela e boa amizade, mas eu deixava nitidamente que queria algo a mais. Foi um pouco difícil o nosso namoro no início por conta de seu primo, já que temos uma rivalidade imensa, algo que nem em outra vida mudaria.
Já passava da meia noite. Mandei uma mensagem para Mylenna lhe desejando uma "boa noite", para encerrar nossa conversa. Ela se despediu e saiu do whatsApp.
Coloquei o celular na banca ao lado da cama e ajeitei meu travesseiro, afim de ir dormir.
Encarei o teto branco do quarto e fechei os olhos, logo adormecendo.
( Narrado pela autora)
— Olha o que você fez, moleque! – Berrou uma mulher, desferindo um tapa no rosto da criança a sua frente, que aparentava ter cinco anos.
O garotinho de olhar penetrante abaixou a cabeça e deixou as lágrimas descerem.
— Me desculpe, mamãe – Disse, entre soluços.
— Some da minha frente! Não quero mais ver essa sua cara feita! Nem era para você ter nascido! – Ela deu um soco na mesa, fazendo o menino se assustar — Porque você teve que nascer!? – Berrou com ódio na voz.
— Eu sinto muito por ter nascido – Disse, num sussurro.
O garoto correu para o quarto, onde pegou seu ursinho em cima da cama e correu para dentro do guarda roupa, e lá ficou chorando, agarrado ao pelúcia.
De lá podia ouvir sua mãe dando um alto grito e logo se podia ouvir o barulho das coisas sendo quebradas.
Acordei num sobressalto me sentando. Eu suava frio com os batimentos cardíacos acelerados. Sentei na beira da cama e olhei para o relógio que marcava três horas da madrugada.
— Inferno – Resmunguei, passando a mão no rosto.
Peguei meu lençol e travesseiro e me deitei no chão. Ultimamente, dormir no chão limpo estava sendo, minha única opção para conseguir dar ao menos um cochilo.
Os pesadelos voltaram a me atormentar. Todo ano, no mesmo mês, sou atormentado por coisas do meu passado, algo que luto para esquecer, mas com a aproximação da data da morte da minha mãe tudo vem a tona.
Essas memórias eram punições por tudo que já fiz.
Não fui um bom filho, bom irmão, vizinho, enteado, nunca fui um garoto normal na infância e estou a todo custo tentando mudar na adolescência. Por isso que quando vi Mylenna pela primeira vez, tive certeza de que ela me ajudaria a esquecer meu passado, e foi o que ela fez. Mas quando chega nessa maldita data tudo vem á tona. Como se fosse um filme que estava obrigando a assistir.
Fiz e faço de tudo para ela não saber do meu passado, meus pais adotivos concordaram em não contar nada pois sabem que eu a amo.
Passei o resto da noite em claro, só consegui dar um cochilo, quando o sol nasceu.
— Aiden... Aiden! Acorde! – Ouvi a voz de minha mãe adotiva bem longe.
Despertei assustado, me afastando dela. Encolhei-me perto da cama.
— Ei, está tudo bem – Disse, vindo até mim.
— Eles voltaram de novo – Eu disse, ainda sentindo meu corpo em choque por conta do pesadelo.
— Calma, eu estou aqui – Ela se sentou ao meu lado e me abraçou. — Darei um jeito nesse problema, não se preocupe – Disse, deitando minha cabeça sobre seu peito e passando a acariciar meus cabelos.
Diana e uma bela e concervada mulher de quarenta anos, corpo bem equilibrado, cabelos marrom escuro, olhos de cor Avelã ela e cientista, uma das mais conceituadas. Jhonatan, seu marido, um homem bem conversado em sua idade de quarenta e cinco anos, porte atlético, cabelos marrom claro, olhos castanhos escuros, ele é médico cirurgião, um dos maiores doutores da cidade. Eles foram a única família que me aceitaram, eu já estava fora de cogitação de ser adotado, pois já havia passado por outros lares adotivos, mas nenhum deles quiseram ficar comigo. Mesmo sendo atormentado por pesadelos, e ser considerado louco pelas outras famílias eles me viram como uma criança que precisava de ajuda.
Me acolheram e me criaram com muito amor, me dando um novo nome e sobrenome.
— Eu e seu pai vamos passar três dias na fazenda, não quer ir conosco?
— Eu não sei, tem as aulas e a My.
— A escola não tem problema, mando seu pai falar com eles. Já a Mylenna, você pode levá-la. – Disse, fazendo-me levantar a cabeça.
— Não posso deixá-la me ver assim, pensará que sou um louco.
— Não, meu filho, você não é louco. Mas está certo, não é a hora certa dela saber sobre esse assunto.
— Eu já tentei falar com ela, mas não tive coragem.
— Tudo bem, uma hora você terá – Aconselhou, abrindo um belo sorriso — Então, você vai conosco?
— Vou – Eu disse, esboçando um pequeno sorriso de lado.
— Ok, vou falar com seu pai para entrar em contato com o colégio – Falou, se levantando — Te vejo daqui a vinte minutos.
A viagem durou cinco horas, pelo que me recordava estamos bem próximos a fazenda.
Em cada lugar que passávamos, observava atentamente a paisagem verde, o mundo é magnífica mente lindo. De certa forma o Big Bang é a melhor teoria certa até hoje, muitos falam de um Deus que criou o mundo em sete dias, mas quem seria capaz de tais feitos?
" Impossível" – Penso, rindo ao mesmo tempo.
— Espero que se sinta melhor, meu filho – Ouvi meu pai dizer, atraindo meu olhar a ele, ao qual olhava pelo retrovisor.
— Com certeza ele vai se sentir melhor, a natureza nos ajuda a tirar as negatividades que tem ao nosso redor – Disse mamãe.
Concordei com a cabeça e desviei o olhar para a janela.
— Chegamos – Anunciou mamãe, toda alegre.
Havia um bom tempo que não vínhamos aqui, o lugar estava muito diferente, mas continuava lindo.
O caseiro já estava no portão a nossa espera, assim abrindo o portão para nós entrarmos.
O carro para em frente a nossa casa.
— Natureza, como eu te admiro – Falou, mamãe descendo do carro e dando um forte suspirar.
A fazenda de meus pais, tinha no mínimo vinte equetares, cercado por inúmeras árvore de todos os tipos. Havia várias espécies de animais que mamãe adotava para criar. Recentemente haviam ganhando um casal de jacaré e como temos um lago imenso os colocaram lá.
A casa estava muito diferente da última fez que estive aqui, havia passado por uma certa reforma, mas continuava com o seu estilo rústico.
Meus pais tinham mania de ter coisas antigas em casa, e quando construíram essa casa pediram para ela parecer com as casas dos barões da antiguidade.
— Vejo que capricharam na reforma – Disse papai olhando para a casa, que podia dizer que estava linda.
Pintada nas cores branca e azul claro, e havia um lindo jardim de rosas na frente.
— Fizemos apenas o que o senhor pediu – Falou Tim, se aproximando de nós.
Peguei minha mala e a de mamãe no carro e levei para dentro da casa.
Como todas as casas, a nossa tem quarto, sala, cozinha, banheiro, piscina. Só que tudo um pouco exagerado, com sete quartos todos com móveis antigos, iguais aos quartos antigos. Duas imensas salas, uma era para leitura com inúmeros livros e a outra para assistirmos a filmes. Havia nove banheiros. A piscina ficava na parte de trás da casa. A cozinha era única, mas também era enorme.
Mamãe e papai entraram todos sorridentes, acompanhados por Tim e sua esposa.
Os quatro são amigos de infância, Tim passou por tempos difíceis e papai o ajudou, dando a casa que ficava atrás da nossa. Assim, ele passou a tomar conta da fazenda.
Levei as malas para seus devidos quartos e desci para a cozinha. Estava morrendo de fome.
— Filho o Tom nos convidou para jantar na casa dele, quer ir com a gente? – Perguntou mamãe entrando na cozinha.
— Claro vou sim – Respondi, pegando uma latina de Coca-Cola na geladeira.
Lógico que meus pais aceitariam jantar na casa do Tim, pois não eram de cozinhar, sempre quem fazia a nossa comida era Tina, mas isso era quando tínhamos tempo para comer juntos.
A casa do casal havia mudado bastante, da mesma forma que a casa dos meus pais era a deles, mas só que com menos quartos, banheiros e sala. Ele não tinham piscina, optaram por não ter.
Ao entrar na casa de Tim, fomos recebidos com muito carinho e amor.
Elena me abraçou e me elogiou bastante por estar um rapaz belo e forte.
— Aposto que arrasa os corações no colégio, não é? – Perguntou.
— Sim e muito – Respondeu mamãe, toda feliz.
— Mas meu coração já tem dono – Eu disse simpaticamente.
— Parabéns para a garota que conquistou seu coração, desejo muita felicidade para vocês – Ela disse.
— Eles se amam – Falou mamãe, com um olhar bobo para mim.
— Vamos jantar ? – Perguntou Tim, aproximando-se de nós junto com papai.
— Vamos, estou morrendo de fome – Disse meu pai, fazendo todos rirem.
Fomos para a cozinha
A mesa já estava posta, cada prato, copo e talheres em seu devido lugar. Havia um imenso e prestigiado banquete sobre a mesa, com os mais váriados pratos de comida.
Já passava das uma da madrugada quando o sono me atacou, persisti por uns minutos, me concentrando na conversa de meu pai com Tim, mas era impossível deixar os olhos abertos.
Acabei adormecendo ali no sofá.
( Narrado pela autora)
— Esse é muito molenga – Disse uma voz grossa que soava como eco no ambiente.
— M..me dei..xem em pa..paz – Resmungou o garotinho com a voz fraca e baixa.
O menino estava amarrado em uma cadeira, seu rosto estava todo ensanguentado, e mal podia falar por conta dos lábios inchados.
— Deixa de ser fracote, Deni – Falou um rapaz, alto e magro.
— Você não aprende, não é, garoto? – Berrou o homem, parando bem a frente da cadeira, onde o menino estava sentado.
O homem de porte forte desferiu um soco no estômago do garoto, que resmungou de dor.
— Você tem oito anos! Tem que ser homem, não ser uma criança fracote – Falou um menino que aparentava ter a mesma idade do que apanhava.
— Nossa família que não toleram fracotes – Disse o outro que estava encostado na parede.
O local era um quarto de guardar ferramentas.
— Ensinem a ele como ser um homem de verdade – Falou o homem, se retirando do local.
Os garotos que estavam ali cercaram o menino, começando uma sessão de espancamento.
— Aiden! Aiden! – Ouvi a voz de meu pai me chamando, mas estava muito longe. — Acorde, meu filho! – Senti meu corpo sendo balançando com força.
Despertei do pesadelo em pânico e puxando ar.
— Está tudo bem, foi apenas um pesadelo – Disse minha mãe, passando a mão em meu rosto, para me acalmar.
Olhei ao redor e vi Tom e sua esposa olhando para mim com a feição de medo e ao mesmo tempo de preocupação.
— Foi muito ruim? – Perguntei, desviando o olhar para minha mãe.
— Você começou a se debater e a falar coisas sem sentido – Respondeu meu pai.
— Mas agora está tudo bem – Mamãe disse e passou a mão em meu braço.
— Eu vou para casa – Disse, me levantando.
— Também vamos – Mamãe falou ficando ao meu lado.
— Não precisa, depois dessa não vou mais conseguir dormir. Podem ficar.
— Vamos terminar de resolver uns assuntos e já vamos – Falou papai.
Não iria estragar os três dias de folga dos meus pais, viemos para cá para nos distrairmos e matarmos a saudade dos amigos.
Afirmei com a cabeça e comecei a me afastar deles, indo em direção a porta de saída.
— Ele voltou a ter pesadelos de novo – Ouvi minha mãe dizer a Elena.
— Sinto muito – Respondu ela.
— Estou lutando para conseguir a cura para ele, tenho certeza que irei conseguir. Vou lutar até o fim – Disse mamãe com convicção.
— Isso mesmo, minha amiga, não desista – Elena a encorajou.
Sai de casa e fui caminhando para a nossa que era um pouco mais adiante.
Havia passado uma semana sem ver Mylenna direito, com a viagem até a fazenda e os treinos para o campeonato que está próximo, me fez ficar muito ocupado.
Estava muito triste por não ter dado muita atenção a ela e estava disposto a recuperar os dias que passamos distantes um do outro.
Levei Mylenna a praia em que nos conhecemos, a pedido dela.
Não achei estranho porque sempre que temos tempo, passamos horas por lá.
Percebi-a perdida em seus pensamentos a viagem toda, mas isso nunca me fez pensar que ela teria algo de grave para me contar.
Ao ouvi-la dizer que estava grávida, meu mundo paralisou na hora. Não queria acreditar que fosse verdade e sim mais um de meus pesadelos, mas estava errado. Era real, tudo real.
Sua felicidade e tristeza, sua indecisão e agonia era nítida em seu olhar.
Dei uma solução fácil para ela, abortar a criança seria a melhor solução no momento. Eu não posso ter filhos agora, isso arruinaria meu futuro profissional, uma criança em nossas vidas agora seria o fim.
Eu não teria como cuidar dela nem do bebê, com esses meus trastornos piorava tudo.
— O que você fez Mylenna – Digo num sussurro, passando as mãos no rosto.
Estava deitado no sofá da sala encarando o lustre no teto.
Não contei aos meus pais que My está grávida, resolverei isso antes mesmo que qualquer pessoa saiba.
Me levantei do sofá, peguei as chaves do carro em cima da estante e sai de casa.
Dirigi até a casa de My, precisava conversar com ela.
Toquei a campainha e não demorou muito, a porta foi aberta.
— Bom dia, minha princesa – Foram as primeiras palavras que disse ao vê-la.
A feição de My era de desentendimento. Não esperei sua resposta, a puxei pela cintura e a beijei.
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