Capítulo 48

Iara

Três meses depois

Acordamos todos com os gritos da Vivi. Numa primeira hora, apenas me revirei na cama e voltei a dormir. Mas quando lembrei que ela está com nove meses de gravidez saí num pulo para o quarto dela, onde já estavam Luana e Gabi.

— Acho que a bolsa estourou — ela disse com dificuldade.

Luana estava no telefone falando com Gui. Que eu considero o pai da Sofia.
Actualmente não tenho nada contra o Barão, ou talvez não tanto quanto antes, mas mesmo assim. Acho que Gui está sendo muito mais pai para essa criança que ainda não veio ao mundo.

Mas enfim, mesmo que muitos desejem (eu sou uma dessas pessoas), não podemos retirar a paternidade do Barão.

Enquanto eu pegava a bolsa da Sofia, Gabi e Luana ajudaram a Vivi a levantar e trocaram a roupa dela.
Quando terminamos, Gui já estava batendo na porta.

Ele colocou ela no carro e fomos todos para o hospital.

[...]

Já no hospital, Gui entrou com a Vivi e nós ficamos do lado de fora. Depois de algumas horas de espera Gui saiu todo sorridente.

— ELA NASCEU — anunciou e todos gritamos felizes.

— A médica disse que poderemos vê-las em alguns minutos.

E assim aconteceu.
A pequena é linda, e Vivi é a mais mais babona deste mundo.

Depois de um tempo, Fabiane e Barão chegaram. Com eles Ícaro que logo veio me abraçar e ficar do meu lado.

Barão pediu para pegar a filha. Gui, que estava com a pequena no colo, passou ela para ele que pela primeira vez, pareceu ter sentimentos.
Ele quase chorou.

E eu entendo.
Sei como é querer um filho, e não poder ter.
Ele pelo menos tem uma agora. Eu nunca poderei sentir isso.

[...]

Uma semana depois

Sofia já está em casa. E hoje, estamos todos num pequeno social aqui em casa.
Eu.
Ícaro.
Vivi.
Luana.
Gui.
Gabi.
Barão.
Fabiane.
Nandinho.
E Lorena.

Todos bebem e comem. Sem música porque a bebê finalmente está dormindo.
Todos conversam e riem. Estamos num momento de comemoração.

TODOS passamos por muito até chegar aqui. E acredito que cada um de nós aprendeu muito com essa caminhada, que com certeza não chegou ao fim.
Nem todos que estão nessa sala eu considero amigos, mas sei que aos poucos estamos todos formando um laço inquebrável.

Eu e o Ícaro já brigamos muito, mas hoje, eu tenho a certeza de que o amo e quero passar o resto da minha vida do seu lado.
A Vivi, bom, nós não ficávamos no mesmo ambiente sem brigar, e hoje, hoje ela e Luana são minhas irmãs.
Lorena, quase nos matamos no meio do morro, mas hoje vejo que ela é uma pessoa legal. E bom, Barão, ainda estou engolindo ele, só por ser pai da minha afilhada.

Independentemente de tudo, vir para a Maré foi uma decisão acertada. Eu me sinto feliz. Vivi muita coisa ruim, mas no final, parece estar tudo bem.
Eu me sentia sozinha, e agora tenho uma família.

[...]

Estou no quarto da Sofia com ela no colo. Para que Vivi finalmente possa tomar um ar e conversar com o pessoal na sala.
E também, porque eu amo essa menina.

Ela é perfeita. Ainda é pequena demais para dizer com quem ela é parecida, mas tomara que seja com a Vivi.

A porta do quarto é aberta, e Ícaro surge com uma garrafa de cerveja na mão.

Ele se aproxima da gente e senta do meu lado. Os dois observamos a pequena que está com seu pequeno dedo na boca.

— Não vejo a hora de nós dois termos o nosso — nesse momento eu engulo em seco.

Depois de ficar em silêncio decidi finalmente falar.

— Eu não posso ter filhos — falei baixo, mas o suficiente para que ele ouça.
Ícaro pareceu processar.

— Eu sou estéril — conclui — Me perdoa por não contar antes.

Ele segurou meu queixo fazendo com que eu o encarei.

— Ei — me olhou nos olhos e eu mordi o lábio — Eu te amo, ok? Independentemente de tudo você é a coisa mais valiosa para mim. Nossos corpos podem não reproduzir, mas quando chegar o momento podemos reproduzir usando o nosso amor, os nossos corações. A vida já nos provou que o amor é algo com uma força inquebrável. Eu poderia ter mil filhos, se não estivesse do seu lado não estaria feliz.

— Eu te amo Ícaro.

FIM!