— Eu vou matar você — disse ela, encarando o próprio reflexo no espelho do banheiro e querendo destruir o maldito celular. — Eu juro por Deus, Meghan. Vou acabar com você.

Do outro lado da linha, a amiga riu.

— Ele é lindo, não é? Conheci naquele evento que você não pôde cobrir semana pas...

— Ele é muito... — começou Jos, procurando a palavra certa para definir aquele amontoado de presunção em forma de homem. — Muito...

— Sexy? De nada, querida — disse Meghan na melhor voz Eu sei do que estou falando. Jos se conteve para não esmurrar a saboneteira elegante presa à parede. — E rico. Christian é todo viajado, pelo o que comentam.

— Percebi — retrucou Jos. — Tudo o que ele fez até agora foi arrotar vantagens sobre as coisas que fez e os lugares onde foi. Está sendo uma ótima noite.

Meghan ficou em silêncio antes de dizer:

— Ah, não. Christian é um mala?

— Pois é. — Jos ergueu as sobrancelhas. — Ele é tipo o Daniel da seção de Esportes, mas a diferença é que Christian realmente viajou para os lugares.

— E onde você está agora? — perguntou Meghan. Jos não respondeu, ao que a amiga retrucou: — Pelo amor de Deus, Joséphine. Não me diga que você está escondida no banheiro falando mal do cara comigo.

— O que você queria que eu fizesse?! — lamentou-se ela, ignorando o rubor das próprias bochechas. — Ele não para de falar um segundo, pediu caracóis e fígado de ganso e é um grosso com o garçom. Esse cara é uma desgraça.

— Bem, mas ele é bonito.

Jos fechou a cara.

— Sério, Meghan? Estou a ponto de enfiar um garfo na minha própria jugular para acabar com esse tormento e você tem a coragem de usar esse argumento? Pelo amor de Deus.

— Sei como você é, mas pense comigo — disse ela. Meghan continuou com cuidado: — O cara pode ser um merda. Ok. Não prevíamos isso. Mas ele é lindo, possivelmente cheiroso e...

— Bem, isso é — reconheceu Jos.

— Qual é o problema, então? — retrucou Meghan. — Se Christian é um mala, você pode se encher de vinho e... e deixar as coisas acontecerem. Relaxe, Joséphine. Não é como se o cara estivesse pedindo a sua linda mãozinha em casamento.

— Você é uma ótima amiga, Meghan — reclamou Jos.

— Eu sei. — Ela riu de volta. — Sinto muito em dizer isso a você, mas alguns homens, apesar de lindos e ricos, são como... como camarões. Você precisa arrancar a cabeça deles e comer só o corpo, meu anjo.

Jos ficou em silêncio, cogitando. Por fim, sorriu com o canto dos lábios e devolveu a pergunta:

— Literalmente?

— Você está muito engraçadinha hoje. — Meghan riu. — Agora pare de enrolar e volte para a mesa. Sei que pode parecer difícil, mas pelo menos tente agir como um ser humano normal, sim? Amo você, querida.

A amiga encerrou a chamada e Jos suspirou, olhando-se no espelho. Ajeitou os cabelos castanhos sem vontade alguma de ver — ou transar — com Christian e suspirou, endireitando a postura. Um ser humano normal. Certo. Posso fazer isso. Fácil como roubar doce de criança.

Jos sorriu para si mesma uma última vez antes de deixar o banheiro feminino.