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33 • Eu o conheço.

Deixem seu estrelinha e seu comentário para interagirmos bastante💙.

#teOdeiomaisqueabacate

OLÁ MEUS DENGOSSSS
Nossa, que saudade de dizer isso KKKKKK 

Pois é galerinha, eu estou de volta, FINALMENTE!! Senti tanta a falta de vocês, de verdade 🥺

Mas antes da vossa leitura, preciso contar algumas novidades para vocês. 

Bom, a principio, venho lhes informar que essa história ganhara uma continuação (2 fase) logo após a finalização desta aqui. Que também acontecerá em breve... Enfim! Junto a essa atualização, eu irei soltar a história para vocês salvarem em suas bibliotecas para facilitar a leitura quando as postagens forem liberadas. 

(E lá será revelado quem é a mãe da filhinha do Taehyung 👀)

A princípio eu iria deixar a segunda fase por aqui mesmo, mas acabou não ficando tão interessante para mim KKKK então resolvi fazer separado para ficar mais emocionante.  

De verdade, eu estou bem ansiosa para começar essa segunda fase! Tem tanta coisa que cês num tem nem noção KKKKKK e muitas dessas coisas eu gostaria de agradecer MUITISSÍMO a minha pessoa favorita Mary-chan7  que foi a responsável (sim, foi tu sim!) por essa idéia realmente acontecer. 

Eu espero do fundo meu coração que vocês gostem 🤍

Bom, agora sem mais delongas (e se eu me lembrar de mais alguma coisa coloco no final KKKKK) desejo a vocês uma ótima leitura ✨

E muito boa sorte também para esses capítulos de reta final KKKKK

Capítulo 33: 🐱

Kim Taehyung

O tempo é algo curioso.

Às vezes, ele passa com uma pressa incalculável, não dando brecha para se preparar devidamente e, quando nós nos damos conta, se passaram dias, meses e até anos. E, sim, pode ser algo bom, pois pode trazer muitas respostas positivas ou negativas sobre o que tenha acontecido. Cabe somente a você enxergar a real resposta.

Mas o tempo também pode se esgueirar em total lentidão... Fazendo você sentir tudo de um modo tão dolorido, que em muitos momentos pensar em desistir pode se tornar uma boa alternativa...

Porque dói, ah! E como dói...

Pode chegar a doer mais que um soco bem certeiro na boca do estômago, pode chegar a doer bem mais que um corte com algo bem afiado...

Uma dor agoniante, que dilacera e causa as feridas mais profundas e dolorosas... se tornando algo quase impossível de se suportar.

E novamente, desistir passa a se tornar uma das mais tentadoras soluções...

Sabe por quê?

Porque encarar a realidade que o tempo nos mostra pelas escolhas que tomamos ao longo do caminho se torna pesada demais! Injusta demais! Desnecessária demais...

Como sempre, o ser humano nunca está "preparado" o suficiente para arcar com suas próprias decisões. É sempre um fardo pesado demais quando tudo sai do nosso tão querido conforto.

Pois é.

No momento em que estamos realizados com as virtudes de pequenos momentos, que finalmente podemos nos sentir na desejada zona de conforto com o mínimo, qualquer coisa que venha a acontecer a mais, qualquer coisinha mesmo, é o início para um caos extremamente destrutivo... A vida nos dá uma rasteira tão certeira que, imediatamente, nada faz mais sentido...

Tudo se torna questionável.

Tudo se torna ruim.

Tudo perde a cor...

Tudo, absolutamente tudo, é uma droga...

Nossa... Pareço um maluco com tudo isso, não é?

E bem, eu devo estar mesmo... A um passo curto da insanidade.

Mas é assim mesmo que venho me sentindo após os últimos capítulos alucinantes da minha vida. Acho que me perdi completamente no labirinto indecifrável que minha mente acabou se tornando, pensando e repensando se tomei a decisão correta... E se tomei, por que estou quase desistindo de tudo?

Penso tanto sobre isso, que minha existência agora se assemelha perfeitamente a um boneco de ventríloquo. As cordas da minha vida não são mais minhas...

Não me recordo da última vez que saí do quarto para sentir a luz do sol ou sair para respirar um ar diferente do que vem do meu umidificador verde limão. Sair para fora de casa, após tudo, se tornou completamente fora de cogitação.

Não me sinto devidamente seguro fora dos meus portões mágicos (a porta do meu quarto).

Eu amava sair... Sentir toda a sensação prazerosa que as tardes de pôr do sol sempre me proporcionavam. O calor do sol preenche os poros, como se te abraçasse por completo... Era bom.

Mas ultimamente eu apenas o sinto pelos poucos fetiches de luz que entram no quarto...

Eu só fico aqui...

Às vezes, deitado sobre a fronha amarrotada do meu colchão, observo os resquícios de cola no teto onde antigamente ficavam minhas estrelinhas cintilantes. Outras vezes, eu apenas fico sentado em frente à minha janela, observando o grande e velho carvalho. Ele já estava aqui quando nos mudamos, muitas vezes me assustava ao ponto de chorar quase a noite toda por conta dos galhos... E hoje é quase o mesmo sentimento.

Ficava o encarando e logo me pegava em um pranto suave, porque conseguia visualizar perfeitamente os ombros largos tensionados surgindo no parapeito, os braços musculosos agarrados na madeira da árvore enquanto tinha meus ouvidos sendo preenchidos por sua risada tão calorosa e os olhos brilhantes de jabuticaba sumindo aos poucos no anoitecer...

E, como num sopro, todas as memórias boas que construímos nesse período em que ficamos juntos, que poderiam, sim, ser lembradas como um tipo de refúgio, mas ao fim, elas são completamente inundadas por aquele maldito dia...

Todas as risadas de Jungkook eram engolidas por seu choro.

O som doce da sua voz ao pronunciar meu nome tornava-se berros altos de desespero e súplica.

Aqueles olhos cintilantes afundam em um vazio sem fim.

E aquele sorriso tão lindo se esvaiu definitivamente.

"Você prometeu... Prometeu que ficaria comigo, que seria meu lar..."

Foi o que ouvi por sua voz trêmula aquele dia, antes de começar a berrar em plenos pulmões que eu não o amava mais...

Se tudo havia sido uma grande mentira...

Eu prometi...

Prometi que ficaremos juntos, droga...

Me desculpa... Eu sou um monstro!

Por favor, m-me perdoe, Jungkookie...

ㅡ Tae? ㅡ Me virei devagar em direção à porta, observando a figura loira bem mais magra que o normal. Mamãe trazia um copo de leite em uma das mãos e alguns biscoitos de nozes sobre um prato pequeno na outra. ㅡ Achei que iria gostar dessa nova receita! Troquei o achocolatado por cacau, tenho certeza de que não vão estar tão doces agora.

Os fios dourados mesclaram-se à luz do entardecer que adentrava pela janela, o que os fez parecer ainda mais delicados. Uma onda de conforto me consumiu quando seu cheiro habitual de jasmim fluiu por minhas narinas ao parar diante de mim e abrir um sorriso tão quadrado quanto o meu.

ㅡ Mãe...

ㅡ Sim, querido? ㅡ Seu olhar singelo de antes ficou aflito em segundos. ㅡ Sente algo?!

Minha visão ficou meio turva e rapidamente senti lágrimas escorrendo por minhas bochechas. Abracei seu corpo num sopapo, o que fez a mesma ter que se firmar um pouco mais sobre o chão para não acabar derrubando nada ou que nós não caíssemos.

ㅡ M-Mãe, me desculpa... ㅡ Digo em meio aos soluços.

Agarrei sua cintura com mais força, puxando-a ainda mais contra minhas costelas. Escondi meu rosto no vão entre a clavícula e seu ombro, tentando abafar e esconder o choro frouxo que não havia mais nenhum tipo de controle.

ㅡ Taehyung, meu bem, por que está se desculpando? ㅡ Com um pouco de dificuldade, por minha causa, a mesma conseguiu se inclinar um pouco para colocar o copo e o prato sobre o baú mediano que ficava ao pé da cama, afagando minhas costas assim que tinha suas mãos macias em minhas costas.

Eu apenas afundei ainda mais meu rosto, inalando seu cheiro enquanto a Kim mais velha afugentava todos os meus pesadelos com um toque tão singelo. Sempre me senti protegido ali...

Estava me sentindo um completo fardo para ela, ultimamente.

Por conta de todo o estresse, minhas crises de ansiedade começaram a vir com mais frequência, e obviamente, com consequências ainda mais preocupantes para todos ao meu redor, principalmente para ela... Noites e noites sem conseguir dormir corretamente por medo de que eu acabasse me machucando, se acabasse surtando com as trancas das portas por não confiar que estão devidamente trancadas (já estamos no quinto cadeado diferente só esse mês); pirando com as válvulas de gás que poderiam não estar enroscadas o suficiente, vistorias em todos os armários da casa onde houvesse alguma louça e por aí vai. Era bem ridículo, eu sei, e, cá entre nós, nem eram de total risco assim...

Mas acabei perdendo completamente o senso: quando quase caí da minha janela, no segundo andar, por ter um surto com uma "simples" sujeira no vidro.

Deixei todos aflitos, principalmente a minha mãe, que ficou dias abalada, ao ponto de que não podia ouvir qualquer passo sobre o piso do segundo andar que corria e ficava de total prontidão para se situar do que estava acontecendo.

Hoje, agora, não a julgo. Mas no momento em que o incidente aconteceu, eu surtei com toda a proteção excessiva, por não conseguir executar minhas "necessidades" e passei a me comportar de modo agressivo com todos à minha volta, gerando discussões alteradas que duravam horas... Não me orgulho nem um pouco do Taehyung violento e descontrolado que surgia nesses momentos, muito menos das coisas que eram ditas, principalmente as direcionadas à minha mãe...

Era nesses momentos que meu cérebro completamente fudido achava que podia despejar tudo... Era onde toda a minha fúria em relação às coisas fora do meu controle aflorava. Me tornava agressivo, surtos de raiva, xingamentos desnecessários... Enfim.

Eu descontava tudo em pessoas que só estavam ali para me ajudar...

Um completo idiota...

Estava maltratando a mulher mais incrível do universo e, de brinde, também passei a perder afinidade com a minha irmãzinha por conta de toda essa merda... Por conta da merda em que estava deixando minha vida se tornar.

ㅡ Eu estou aqui! ㅡ Sua voz doce me puxou de volta à realidade do meu quarto. ㅡ Oh, querido, eu sempre estarei aqui. Não importa o que aconteça, nunca irei permitir que se perca sozinho nesse mar tempestuoso.

Lentamente, ela levou seus dedos compridos e mornos ao meu rosto, afastando-me um pouco para fitar meus olhos molhados e inchados. Seus polegares limparam delicadamente minhas bochechas molhadas, afagando meu rosto como só ela sabia fazer, somente ela.

ㅡ Eu amo você, Taehyung! Amo mais que tudo em minha vida, ㅡ seus olhos brilhavam enquanto encaravam os meus ㅡ então, por favor, pare de se desculpar... Vamos superar isso juntos, ouviu?

ㅡ S-Sim, mãe...

Forcei-me a sorrir da forma mais branda que podia ao puxá-la de volta para mais um abraço e deixar que nossos corações encontrassem seu ritmo único de se acalentar.

Mesmo tendo sido difícil a convivência comigo nos últimos meses, ela ficou aqui...

E isso é o mais importante...

ㅡ Agora coma! ㅡ Disse, deixando um selar lento no topo da minha cabeça e se afastando um pouco. ㅡ Não me faça ter que contar para a Giselle...

Um riso frouxo me escapou e acabou contagiando a mesma também.

Sinceramente, prefiro arrumar o quarto de um acumulador compulsivo do que ser submetido a ouvir algum sermão vindo da minha queridíssima amiga, principalmente se o ruivo de farmácia estiver por perto.

Meu médico sugeriu que eu ficasse em casa, pelo menos, no período em que estivesse fazendo uso dos remédios mais fortes. Minhas crises estavam a cada dia ficando mais intensas e isso acaba me impossibilitando de executar coisas comuns em casa e em sociedade, digamos assim. Não consigo me controlar sozinho (sem os remédios), principalmente se meu hiperfoco surgir, minha ansiedade por resolução ataca e nada mais importa até que aquilo a qual se tornou minha obsessão seja resolvido ou adquirido. O evento caótico da janela acaba sendo um bom exemplo. Por isso, deixar-me por conta própria, em meio à incerteza das crises, é perigoso, não só para mim, mas pode acabar sendo também para alguém que não saiba lidar bem com a situação.

E foi por meio disso que eu estou estudando em casa, até segunda ordem do meu médico e da minha terapeuta. Agora tenho uma professora particular que me ajuda com as minhas matérias e auxilia em todos os trabalhos e provas que a escola disponibiliza para gerar nota e eu não repita o ano.

Um home office, para ser mais específico.

E meus amigos também contribuem bastante em relação a isso.

Eles vêm todos os dias, após a escola, para trazerem o resumo do dia e os assuntos das próximas provas e me ajudarem, ao acharem que me ajudam, a estudar.

Sem contar que são nesses momentos em que eles ficam comigo que minha mãe consegue descansar com mais tranquilidade por saber que Giselle não vai desgrudar do meu pé por nenhum segundo sequer.

Não vou mentir, fiquei muito irritado com tudo isso no início.

Pessoas demais transitando na minha casa, tirando as coisas de suas ordens corretas, desmanchando meus padrões e insistindo que eu deveria parar e tentar me "controlar". E, porra, eu sei que deveria me controlar, isso é óbvio! Ou eu deveria normalizar o comportamento animalesco quando alguém pisava no tapete e ele perdia o alinhamento?

Que coisa...

Mas com um tempinho e, obviamente, os remédios dando algum resultado no meu organismo, eu fiquei um pouco mais contido e... Dócil, talvez?

ㅡ Vou descer e preparar o jantar! ㅡ Droga, havia me perdido de novo. ㅡ O que acha de um pouco de risoto? Você ama quando eu uso a receita clássica da vovó.

ㅡ Me parece ótimo. ㅡ Afirmo, enquanto me estico para alcançar o copo. ㅡ Mas se lembre de deixar alguma coisa diferente pré-pronta, por favor, mãe. O Jimin é extremamente seletivo com comida.

ㅡ Pode deixar, querido. ㅡ Se esticou, ficando quase que nas pontas dos pés, para beijar a minha testa. ㅡ Se precisar de alguma coisa, chame, que eu venho correndo.

E ela vem mesmo.

Concordei com um balançar rápido de cabeça e a observo caminhar calmamente até a porta e sumir do meu campo de visão. Quando parei de ouvir o arrastar preguiçoso das chinelas sobre a madeira, virei-me devagar, pegando com cuidado o prato e o copo e seguindo em passos curtos até a minha escrivaninha. Precisava finalizar alguns exercícios até a próxima aula com a professora, se não iria acabar com muita coisa acumulada e poderia se tornar um gatilho... E também, porque, se eu não arrumar nada para tentar distrair a mente e a ele, que minha mente sempre retorna... A Jungkook.

Depois daquele dia, Jungkook me ligava incansavelmente; vinha à minha porta e ficava chamando meu nome e implorando para que eu descesse e falasse com ele, e isso durava horas, até algum vizinho se incomodar ou a minha mãe ser obrigada a chamar a polícia para levá-lo. Inúmeras declarações e pedidos de desculpas por mensagens, e-mails e, como último recurso, cartas... Muitas cartas...

Súplicas que eu teria cedido facilmente se Giselle e Jimin não tivessem interferido de imediato, me proibindo de retornar a qualquer coisa.

Seu número foi deletado, seu nome foi bloqueado de todas as minhas redes sociais, parei de receber as cartas, porque Charlotte ficou responsável de descartá-las assim que chegarem...

Jungkook estava sendo completamente extinto da minha vida.

Extinto de mim...

Mas era necessário, segundo Giselle. Se eu realmente quisesse prosseguir com a minha decisão, teria que deixá-lo fora da minha vida por definitivo... E assim, eu fiz.

M-Mas... Porra! Você, realmente, que isso? Ou precisa que isso aconteça?

Eu não sei...

Bem, as coisas cessaram no mês passado e eu não soube mais nada dele. E isso é o que acaba comigo...

Antes, mesmo escondido, eu lia algumas das cartas, e não sei explicar, mas era bom... Quando não estava se lamentando sobre tudo e repetindo várias vezes o quão arrependido ele se sentia pelo que fez, Jungkook acabava usando as cartas como seu diário. Onde ele contava como se sentia, como andavam as coisas, como ele queria que eu estivesse no próximo jogo, torcendo por ele...

"Eu vou jogar hoje. Não sei se deveria ou se consigo fazer isso... Mas eu vou tentar e dar o meu melhor por nós!

Queria que aquela briga boba não tivesse acontecido, assim, você ainda estaria aqui e me veria hoje... E ao fim, eu correria até você, meu pêssego, para te abraçar e nunca mais te deixar ir de novo, como nós prometemos um ao outro...

Só quero que saiba, pela milionésima vez, que eu te amo! Te amo muito...

Por favor, me perdoe e volte para mim... Eu prometo que vou me esforçar para ser um namorado melhor para você. Só, volte para mim...

Com todo o amor que sinto,
Jungkook."


Quando leio isso, percebo que não... Ele não vai mudar por querer mudar, não, ele quer "mudar" por mim, para que eu volte e nós voltemos a ser o que éramos enquanto fingimos que nada aconteceu. Bem, que nada aconteceu, até ele surtar novamente...

E eu não queria isso...

Eu não quero isso!

E-Eu não posso me permitir ficar, se ele nem sabe quem é de verdade... Não posso me submeter a ficar ao seu lado, somente para que ele se sinta bem... Quanto a mim? Serei condenado a viver com receio e medo de como ele pode se comportar, caso algo seja interpretado de modo errado?

Não, eu não posso...

Eu o amo, e por amá-lo tanto, preciso me forçar a fazer isso...

Droga... Estou chorando de novo...

ㅡ Taehyung, meu bem! ㅡ Limpei o rosto rapidamente ao ouvir a voz da Kim próximo à escada. ㅡ Giselle chegou e vai subir, tudo bem?

ㅡ Sim, mamãe! ㅡ Afirmei brevemente e logo ouvi o barulho meio emborrachado que seus tênis de couro falso faziam em contato com a madeira. Sorri, virando-me e preparando meu psicológico para uma interação de contato físico de alguns minutos.

Observei sua pequena estatura sorridente passar pela porta, ela usava uma combinação entre peças claras e floridas e jeans, e obviamente, os tênis plataforma com cheiro de borracha nova. Giselle se apressou em vir ao meu encontro e agarrar-se aos meus ombros em um abraço firme, apenas sorri e retribui o contato em volta de sua cintura fina.

ㅡ Estava com saudades de você... ㅡ Confessou enquanto balançava nossos corpos de um lado para o outro. ㅡ Aturar o Jimin sozinha começou a se tornar uma tarefa quase impossível.

Um riso anasalado escapou quando comecei a afastá-la para encarar seu rosto, levemente avermelhado pela exposição recente ao sol.

ㅡ Você vai superar, guerreira. ㅡ Levantei meu polegar em um apoio debochado e a mesma mostrou a língua em resposta. ㅡ Mas dê uma folga a ele, terminar um relacionamento tão afetuoso como o que ele tinha com o Yoongi não é algo que se supera tão rápido... Acredite, eu sei disso.

ㅡ Nossa... ㅡ suspirou alto. ㅡ Como são dramáticos.

ㅡ Quer mesmo entrar nesse assunto? ㅡ Arqueei uma das sobrancelhas e logo suas mãos se ergueram em rendição.

Ninguém supera essa querida no período em que era "completamente apaixonada" por Jungkook, e sempre me envolvia nos seus planos mirabolantes de pura carência por apelar para o drama em todas as vezes, não é verdade?

Mas, sim, Jimin, o ruivo completamente apaixonado desde sempre por Yoongi, terminou o namoro, que, sinceramente, achei que iria precisar comprar um terno extra para ir ao seu casamento.

As coisas não ficaram tão românticas entre os dois depois do que aconteceu. Yoongi passou a decretar sempre que conseguia, e eram muitas vezes, o quão decepcionado tinha ficado comigo e principalmente com a forma que escolhi lidar com a situação de Jungkook. Segundo ele, eu deveria, sim, ter ficado, catado todos os caquinhos, dado adeus aos meus sentimentos porque, nessa história, eles não são os protagonistas e ter seguido em frente.

Ele não entende, ou faz questão de não querer entender, os meus reais motivos e que, sim, o que eu escolhi fazer pode não ter sido o certo agora, até porque é assim que eu acabo pensando também, mas foi o certo a se fazer para um possível futuro...

Pessoas que se amam, que amam de verdade, às vezes não ficam juntas no fim e isso, muitas das vezes, é a maior demonstração de amor que um pode fazer pelo outro. Sabe aquela expressão, "A pessoa certa, na hora errada", pois bem, particularmente, eu não acredito nisso. É uma hora ou momento errado e a pessoa, que até então era a certa, é jogada para fora da sua vida, sem nenhuma explicação, sem mais nem menos. Que ridículo.

Pessoas sempre vêm e sempre vão. E tudo bem, de fato existem momentos em que nos perdemos em nossa própria existência, ficamos sem rumo, sem saber ao certo por onde recomeçar... E é aí que alguém vai surgir. E dependendo de como estivermos, tudo que essa pessoa vier a fazer vai ser incrível, ela vai trazer um caminho novo, que por muito tempo vai acabar sendo o mais seguro para ficar...

E quando qualquer coisa muda, por mais pequena e sem lógica que pareça ser, vai nos abalar... E aquela pessoa que veio num momento coberto de névoa, mostrando o novo, mostrando uma estrada nova, a pessoa que você passou a acreditar que seria diferente, não é... Se tornou mais uma pessoa, mais um aprendizado novo que vai servir ou não de bagagem, só cabe a você decidir isso. Se vai se lamentar, por achar que era ela, e voltar à estaca zero e se autoconvencer de que ela se foi porque era a merda do momento errado. Ou vai agradecer por passar por isso, por mais que tenha sido doloroso e triste, achar um real aprendizado sobre você mesmo e buscar sua autoevolução e seguir em frente... Porque momentos errados não existem, existem momentos. E só cabe a nós mesmos decidirmos o que vai ser feito...

E em relação à pessoa certa, sim, ela pode existir sim. Mas essa pessoa faz com que você a queira ali, ao seu lado; apoiando e somando a você, a vocês... É uma pessoa que, mesmo estando ou não diretamente em sua vida, é importante.

É assim que me sinto em relação ao Jungkook... E é por isso que ficarmos afastados agora é o correto a se fazer, por mais que doa, e como dói, mas é o certo...

Ninguém pode assumir e resolver a dor dos problemas do outro sempre que se tornar pesado demais... Mas Yoongi acredita que pode, e agora me chama de mentiroso e covarde para todo mundo, já que, segundo ele, eu fugi para não ter que lidar com a realidade. E seus discursos de ódio acabaram afetando seu relacionamento e a imagem que Jimin tinha de seu amado. E tudo chegou ao seu limite quando, em meio a uma discussão, o loiro exigiu que Jimin escolhesse de que lado estava e que, se Jimin viesse escolher a mim, ele poderia esquecer tudo que tinham, porque ele passaria a detestá-lo na mesma intensidade que me detestava...

Foi agoniante ter que cuidar do meu amigo naquela noite...

Ter que vê-lo chorar e se desiludir de um amor que havia perdurado por anos foi de cortar o coração...

Jimin realmente o amava, do jeitinho dele, mas amava mesmo.

Não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo, meio que por minha causa. Mesmo ele brigando comigo quando tentei me desculpar, e enfatizando com todas as letras que o Yoongi era o único culpado por estragar tudo, eu ainda me sentia culpado...

ㅡ Ele vai superar, Tae. ㅡ Olhei em sua direção, vendo a mesma começar a organizar os cadernos sobre meus lençóis. ㅡ Ele já superou outras vezes, o carteiro, o cobrador do ônibus, o segurança do shopping... E acho que teve aquele vizinho carpinteiro também.

Sim, mas nenhum deles era o majestoso e alucinante Min Yoongi, segundo ele.

ㅡ É, vai sim... ㅡ Forcei um rápido sorriso.

Tomara que seja menos doloroso do que está sendo para mim.

ㅡ Mas, mudando um pouco de assunto... ㅡ Os orbes castanhos brilhavam enquanto me encarava. ㅡ Hoseok vai oficializar nosso namoro hoje à noite, num jantar com a minha família!

ㅡ Nossa! Gi, isso é maravilhoso! ㅡ Sorri junto a ela ao firmar minhas mãos em seus ombros pequenos. ㅡ Estou muito feliz por vocês, de verdade mesmo...

ㅡ Sinceramente, já imaginei várias vezes nós dois tendo um diálogo assim... ㅡ Suspirou brevemente, abrindo uma fina linha nos lábios rosados. ㅡ Conversando sobre a minha vida amorosa, completamente agitada.

ㅡ Hum... ㅡ Murmurei baixinho, ainda mantendo meu riso de antes. ㅡ Que acabou tendo uma reviravolta inusitada, convenhamos.

A morena repousou seu corpo pequeno, apoiando o próprio peso em ambos os braços, enquanto olhava na direção em que eu estava, porém, não diretamente para mim. Suspirou brevemente, um ato simples, mas, ao mesmo tempo, mostrava seu real alívio por ter ido contra suas vontades passadas.

ㅡ Passei a acreditar fielmente que evoluções espirituais são reais de um tempo para cá. ㅡ Assentiu determinada para mim e, principalmente, a si mesma. ㅡ Quando me lembro da determinação astuta da Giselle do passado para atrair, desesperadamente, atenção de um cara, que na real era gay e apaixonado pelo melhor amigo, da qual ela não sabia, e, novamente sem saber, acabou aceitou migalhas de um plano elaborado desse mesmo amigo em questão para não vê-la triste ou algo assim; levou um pé na bunda consciente e de quebra pegou o ficante momentâneo deste MESMO amigo, que na verdade de um modo totalmente inesperado, era o real amor de sua existência terrena... ㅡ puxou o ar bruscamente. ㅡ Na real, além de aprendizados, a vida também lhe dá livramentos.

ㅡ Nossa, valeu mesmo. ㅡ Digo, tentando soar um pouco ofendido. Mas Giselle apenas revirou seus orbes castanhos preguiçosamente enquanto sacudia devagar sua cabeça para deixar os fios para trás.

ㅡ Não disse nenhuma mentira, mas enfim. ㅡ Umedeceu brevemente seus lábios. ㅡ O que quero dizer com minha autocrítica, é que se torna necessário passar por certos momentos em nossas vidas, para que enxerguemos que o que tínhamos como "crença absoluta" nem sempre é o certo a se seguir, entende?

ㅡ Sim, eu entendo...

Meu estômago se revirou quando tais palavras saíram por minha boca.

É bem curioso o modo como as coisas acabaram tomando seus rumos. Mesmo depois de tudo que eu fiz e, principalmente, depois de ter traído completamente sua confiança, Giselle está aqui... E sei que ela jamais vai sair daqui.

ㅡ Eu te amo... ㅡ Minha voz saiu baixa e trêmula, mas foi o suficiente para observar um gracioso sorriso começar a crescer em seus lábios.

Notei seus olhos serem lentamente consumidos por lágrimas repentinas, e mesmo se esforçando, a mesma não conseguiu esconder a tempo e logo passaram a escorrer por suas bochechas. Mordi meu lábio inferior para conter o riso quando ouvi proferir palavrões com a voz embargada a si mesma. Levantei-me da cadeira, sem tirar os olhos dela, e comecei a me aproximar devagar até estar bem próximo do início da cama, onde ela se encontrava. Agachei-me, apoiando meus antebraços com cautela em seus joelhos, acariciando com a ponta dos dedos sua pele macia.

ㅡ Não banque a durona comigo, Gi! Eu te conheço... ㅡ sorri. ㅡ Mas, sim, eu amo você... Eu era só um garotinho assustado quando cheguei na cidade e mal conseguia falar um simples bom dia para os vizinhos. E depois de Namjoon, você foi a única que notou minha presença e, praticamente, me adotou para si. ㅡ Ela deixou uma rápida risadinha escapar, fazendo-a desviar de mim seu olhar doce e marejado por alguns segundos. ㅡ Você me defendia com unhas e dentes das crianças maiores, mesmo sendo bem menor que eu na época, era engraçado...

ㅡ Eu fiz o babaca do Larry Thompson mijar nas calças, quando corri atrás dele com aquela barra de ferro enferrujada que arranquei do balanço. ㅡ Fungou. ㅡ Tudo, porque ele tinha destruído os seus montinhos de areia com xixi de gato.

ㅡ Meu Deus, Giselle! Eu não lembrava mais disso...

ㅡ Claro que não lembrava! Você estava chorando tão alto que a tia Taeyeon veio correndo, achando que você tinha caído do balanço. ㅡ Disse, limpando o nariz melequento com o dorso da mão. ㅡ Enfim, pelo menos ele nunca mais nem respirou perto de você.

ㅡ Por que será, não é? ㅡ Lancei-lhe um olhar de desaprovação, mas ela não se importava nem um pouco. ㅡ Mesmo tendo muito medo e receio por seus futuros filhos, eu sou grato e feliz por você estar em minha vida, sua maluca.

Os olhinhos brilhantes de Giselle fizeram meu corpo conseguir enxergar a sensação da paz numa forma física. Não me contive e puxei seu braço com um pouco de brusquidão para envolvê-la em um abraço apertado.

ㅡ Me perdoa por tudo, por favor... ㅡ Sussurrei bem próximo ao seu ouvido, tentando segurar meu próprio choro. ㅡ Principalmente por ter te feito chorar...

Forcei seu corpo estreito um pouco mais, sentindo suas mãos pequenas firmarem-se em minhas escápulas e as massageando em movimentos delicados e contínuos. E com esse toque tão calmo e repleto de carinho, eu me permiti chorar...

Não que nos últimos estágios eu não venha fazendo isso, mas agora era diferente. Era uma sensação diferente... Me sentia, pela primeira vez nesses meses todos, feliz...

Dentro de um conforto tão precioso que tinha a sensação de que nada poderia me machucar de novo...

ㅡ Eu vou sempre estar aqui... ㅡ Disse num tom sereno, afastando-me lentamente para me encarar. ㅡ Não me interessa o que aconteça, a única coisa de que quero que tenha a absoluta certeza é de que eu vou sempre estar aqui.

Já é a segunda vez que ouço essa frase... Mas agora parece que ela ganhou um peso a mais.

Suas mãos se prenderam ao meu rosto, os dedos massageando delicadamente as maçãs do meu rosto, vez ou outra deixando a ponta de suas unhas finas esbarrar na minha pele, causando uma sensação estranhamente agradável que me fez fechar os olhos e só me embriagar deste momento. Quando tornei a encará-la, seu rosto iluminou-se com aquele gentil e doce sorriso que passou a estampar seus lábios. Eu a retribuí, e nada foi dito, nada precisava ser dito para que entendêssemos perfeitamente o que o outro pensava...

Sabíamos que ainda teríamos muitos momentos como este, muitos mesmo.

E eu já era imensamente grato por isso...

ㅡ Agora, por favor, vamos logo começar a estudar! ㅡ Ela afastou-se bruscamente, ainda limpando o nariz congestionado com o dorso. ㅡ Se rolar mais uma declaração, não sei se você vai ter condições de me fazer parar.

Gargalhei alto, balançando a cabeça em sinal positivo para ela.

ㅡ Tudo bem, manteiga derretida, vou pegar meu material.

[...]

ㅡ Estou te falando, tia Taeyeon! A autora revelou numa exclusiva que ainda não sabia se o casal principal iria terminar junto. ㅡ Dizia Giselle, enquanto se esticava para guardar uma das tigelas de cerâmica da minha mãe dentro do pequeno armário suspenso. ㅡ Como que uma pessoa publica um livro há mais de dois anos, que teve um final completamente diferente do que esperavam; promete uma continuação e, na coletiva de pré-lançamento com a nova editora, me solta que, mesmo com grande parte do projeto do novo livro pronto, não tem certeza se vai deixar os dois juntos... Olha a ousadia dessa mulher!

ㅡ Realmente, querida... ㅡ Finalmente disse a Kim mais velha após uma curta puxada de ar, ao mesmo tempo que enxugava os resquícios de umidade das mãos na barra da blusa longa. ㅡ Quando fizemos nossa última reunião de leitura, lembro que havia me dito que ela tinha dado indícios de que não seguiria com o romance entre os dois, pela forma como as coisas haviam se encerrado. Mas tínhamos muitas esperanças como leitoras...

Sorri bobo, junto a Adam, que dividia comigo o restante de sorvete de banana com confeitos coloridos. Havia descoberto recentemente que ele tinha gostos alimentares bem semelhantes aos meus, como o fascínio por doces feitos ou acompanhados com banana ou pistache. E agora, ele sempre compra sorvetes ou bolinhos recheados para dividir comigo quando vem para passar a noite.

E eu gosto disso...

Gosto da forma com que ele sempre se preocupou em nos deixar à vontade com a sua presença. O namoro da minha mãe foi algo que, a princípio, nos deixou bem surpresos e um pouco receosos... Não é muito normal para os filhos verem sua mãe, a essa altura do campeonato, começando a se encontrar e ficando íntima de um homem aleatório. Mas o Adam sempre foi muito gentil e super respeitoso com todos nós como vizinho e, agora, como "padrasto" ou quase isso, ele só demonstrou ainda mais cuidado. Charlotte o adorou desde o primeiro contato e isso facilitou que ele conseguisse estabelecer uma relação paternal bem interessante com ela, o que, sinceramente, achei que ela não iria permitir acontecer com tanta facilidade assim.

Ela nunca teve ninguém para assumir esse posto, quer dizer, nós dois não tivemos. Ryder nunca teve nenhum direito de ser chamado de pai ou algo do tipo. Ele só foi, infelizmente, nosso progenitor. Nossa mãe, que mesmo tendo que lidar com vários problemas de uma só vez, foi extremamente forte e assumiu a maternidade e paternidade, e nos deu uma educação magnífica e nos moldou para sermos quem somos hoje... Enfim, minha irmã nunca conviveu muito com figuras masculinas. Só com nosso avô, nossos primos, alguns poucos amigos, eu e o Jungkook sendo o mais recente...

Achei que as coisas seriam mais difíceis entre eles no início, mas o Adam foi paciente e extremamente respeitoso, como havia dito antes, sem forçar nada ou acabar invadindo nosso espaço pessoal. E, bem, ao fim das contas, ele já possui o título de padrasto de nós dois. Não me recordo muito bem do momento exato em que ele chegou ao nosso bairro, pelo fato de ser sempre muito reservado, não sabíamos nada, além do essencial que ele revelou para representante do nosso bairro.

Por muito tempo, ele foi o cara divorciado que havia mudado da antiga cidade para recomeçar sua vida num novo emprego e casa nova. Ele era pai de uma menina (que tinha quase a mesma idade da Lotte), e que, infelizmente, não podia vir morar com ele por conta dos estudos, mas sempre aparecia em alguns fins de semana, e já até chegou a trocar algumas conversas com a minha irmã. Só o via saindo de casa para ir trabalhar, fazer compras e corridas, normalmente, à noite. E nossos primeiros contatos vieram por conta do Menudo, quando descobri que ele estava dando atum enlatado para ele.

Acabei indo até a casa dele e passei uns trinta minutos parado na porta, explicando o quão negativas essas atitudes eram para o meu gatinho, já que esse tipo de atum contém níveis altos de sódio que, em consumo excessivo, podem causar problemas renais no felino, e que seria interessante dar ele fresco como um petisco para fortalecer a vitamina B1 e coisas do tipo.

Adam me ouviu atentamente, se desculpou várias vezes, passou semanas perguntando se Menudo estava saudável e passou a comprar, não só atum fresco, mas ração e biscoitinhos felinos para agradar o laranjinha. Passei a gostar bastante dele após esse dia por ver que ele era um cara bem legal, por isso não tive nenhum tipo de receio quando mamãe anunciou o namoro, pelo contrário, sempre fui o amor apoiador desse casal mais que platônico.

Fico feliz e bem aliviado que minha mãe está finalmente seguindo em frente com a vida dela, que finalmente superou aquele passado horrível que teve com o desgraçado do Ryder e que agora está feliz e apaixonada por alguém que realmente a ama de verdade e que quer ter uma vida ao lado dela. Em breve, todos nós, incluindo a Agatha (filha do Adam), estaremos todos juntos, como uma família feliz...

ㅡ Não acha, Taehyung? ㅡ Pisquei algumas vezes, encarando a expressão pensativa de Adam ao esperar por minha resposta.

ㅡ Me desculpa, eu não estava prestando atenção... ㅡ Sorri meio sem jeito e o mesmo retribuiu, arrumando os óculos quadrados ao centro do rosto.

ㅡ Está tudo bem, só estava comentando sobre o sorvete... ㅡ Os olhos de Adam se direcionaram lentamente até o rosto sorridente da minha mãe, e pude observá-los ganhando um brilho diferente só por estarem focados nela. ㅡ E o quão linda sua mãe fica.

Quando está sorrindo...

Não consegui conter meu sorriso bobo ao ouvi-lo dizer algo que soava como um pensamento distraidamente apaixonado, mas que acabou por sair alto demais. Assim que ele percebeu o que havia dito, suas bochechas coraram e uma sequência de frases gaguejadas e tímidas foram ditas por ele na tentativa de se desculpar.

ㅡ Não precisa se desculpar, Adam. ㅡ Digo, acariciando seu ombro rapidamente. ㅡ Na verdade, eu fico muito feliz que minha mãe tenha você... Alguém que realmente a ama de verdade e não tem nenhum receio em mostrar isso. Acho que ainda não tive a real oportunidade, mas eu realmente agradeço por tudo que vem fazendo, não só para a mamãe, mas para mim e a Lotte também... Não sei se minha teria dado conta de mim se estivesse sozinha, quer dizer, a Lotte estava aqui, mas...

Suas mãos, grandes e firmes, seguraram meus com rapidez, o que me fez dar um curto salto do bando pelo susto. Adam me puxou contra seu peito, abraçando-me de modo meio desajeitado por conta do seu tamanho, mas logo conseguiu estabilizar suas palmas em minhas costas. Fiquei sem reação nos primeiros segundos, definitivamente contatos físicos sem um aviso prévio me assustam, e até onde eu já pude observar, ele também não é extremamente fanático por coisas assim. Mas logo eu percebi o porquê de algo assim tão repentino...

Eu estava chorando.

E a primeira reação dele foi me acalentar, me proteger...

Acabei perdendo a capacidade de percepção do choro nos meses que se passaram. Cenas como esta constantemente se repetiam nos meus dias, bastava uma frase ou palavra-chave e pronto... No início, tudo que me remetia ao Jungkook ou àquele dia, agora, acontece pelos sentimentos de remorso, de rancor à minha pessoa e a tudo que eu fiz essas pessoas especiais passarem...

ㅡ Independente de qualquer coisa, Taehyung, você e sua irmã são meus filhos agora... ㅡ Senti meu peito pulsar tão forte que logo passei a me sentir levemente dormente. ㅡ São especiais como a minha Agatha é, e eu sou capaz de entregar a minha alma para proteger minha família... Proteger quem eu amo. ㅡ Seu corpo se afastou numa velocidade lenta do meu, dando-me a chance de observar atentamente cada linha de expressão que surgia com suas gesticulação. ㅡ Antes da Taeyeon, eu só me apaixonei uma vez, que foi pela mãe da minha filha. Nós nos conhecemos durante o ensino médio e, desde o momento em que coloquei os olhos nela, eu soube que a queria como minha esposa. Eu a amei com todas as forças e ela também me amou com todas as suas forças, sabíamos que era algo totalmente recíproco e não hesitamos quando surgiu o assunto do casamento e filhos... Queríamos aquilo, os dois queriam...

ㅡ Me perdoe se eu estiver sendo indelicado, Adam, mas não é comum te ouvir falando tanto sobre o seu antigo relacionamento. ㅡ O moreno sorriu rapidamente, o que me encorajou a continuar. ㅡ Por que vocês se separaram se amavam tanto um ao outro? Não me entenda mal, por favor. Não estou duvidando ou coisa parecida dos seus sentimentos por ela, muito menos questionando seu caráter em relação à minha mãe...

Droga, Taehyung! Seja mais objetivo, merda.

ㅡ Só quero tentar entender a raiz da questão. ㅡ Voltei a falar, tentando manter meu olhar fixo no seu. ㅡ O que levou você a questionar todo esse amor que sentia? Por que não ficar e... Tentar, sabe?

ㅡ É uma boa pergunta. ㅡ Sorriu ladino. ㅡ Bom, usando a mim como exemplo de resposta, eu não aceitei o divórcio porque não a amava mais, não, pelo contrário, eu ainda a amo muito! Ela é a mãe da minha filha, foi a mulher que esteve ao meu lado em momentos difíceis da minha vida... Ela foi e continua sendo uma pessoa importante para mim, mesmo nós dois tendo seguido caminhos diferentes. O amor, Taehyung, não está restrito apenas a um relacionamento, sim, tudo bem, normalmente ficamos juntos das pessoas que amamos, mas nem sempre essa é a decisão correta.

ㅡ Amar também é deixar ir...

ㅡ Sim, é sim. ㅡ Seus dedos agora acariciavam o topo dos ossos da minha mão. ㅡ E não encare isso como algo ruim, por favor. A decisão do divórcio foi algo em conjunto, eu a amava sim, mas as coisas começaram a tomar rumos diferentes com o tempo. A nossa convivência passou a ficar cansativa, passou a cobrir o que sentíamos um pelo outro e, quando nos demos conta, as discussões e atritos passaram a ser mais frequentes que um simples "eu te amo". Eu não queria que tudo o que eu sentia por ela acabasse se tornando apenas desgosto e remorso... Mas era o que estava se tornando, infelizmente.

ㅡ E foi assim que vocês decidiram que se separar era o caminho correto? ㅡ Questionei, vendo-o assentir singelamente.

ㅡ Nós nos sentamos na mesa da cozinha, após algumas tentativas cansativas de colocar a Agatha para dormir, e conversamos. ㅡ Notei seus olhos ficarem levemente marejados, de fato esse era um assunto delicado para ele e agora estou me sentindo mal por ter começado isso, que droga. ㅡ Fomos sinceros um com o outro, deixamos claro tudo que sentíamos um pelo o outro e percebemos que, sim, nós nos amávamos e nos respeitavámos muito, mas se insistíssemos naquilo só traria mágoa para ambas as partes... ㅡ sorriu. ㅡ E o que mais me marcou naquela noite, foi a forma como nós dois chorávamos juntos por medo de estar fazendo a coisa errada, medo de acabar sendo o pior caminho para a nossa família, medo de como isso iria refletir na nossa filha...
Mas esse medo todo só iria se concretizar se nós dois quiséssemos, e nós não queríamos isso, entende? Hoje em dia, quando eu paro para pensar nisso, imagino que se a separação não tivesse acontecido, o amor e respeito que tínhamos se perdido e tudo que tivemos medo de acontecer por causa do divórcio, infelizmente, eu te afirmo que viria a acontecer se tivéssemos persistido no casamento...
Nós iríamos perder uma das principais pontes que ligam o amor, o respeito, e logo todas as outras viriam a ser destruídas. E uma vez destruídas, Taehyung, nunca mais se pode tê-las como antes.

Nunca mais se pode tê-las como antes...

Acho que agora consigo compreender melhor tudo isso... Realmente, não sei se a escolha que fiz foi a melhor se pensarmos a longo prazo, mas foi a melhor para o presente. As falas de Adam me fizeram imaginar cenários conflituosos se eu não tivesse parado com todos os sinais de alerta...
O quão problemática a minha relação com Jungkook teria chegado se eu não tivesse escolhido me afastar agora.

Eu viveria com medo... medo dele. Medo do que poderia acontecer caso algo fosse distorcido por ele, já que normalmente as coisas parecem ficar em perspectivas diferentes quando são observadas aos seus olhos...

Vê-lo daquela forma, completamente agressivo, cuspindo tudo aquilo na cara, sem dar brecha alguma para que eu pudesse me defender e tentar explicar que, porra, por que eu o trairia? Por que eu iria trair a pessoa que eu amo, por quê?

Mas não foi o suficiente para ele e, após me machucar de todas as formas que eram necessárias para ele, veio falar que me amava.

Quem ama de verdade não machuca o outro...

ㅡ Obrigado. ㅡ Tentei moldar meu melhor sorriso em agradecimento, antes de puxá-lo mais uma vez para um abraço. ㅡ Em todos os aspectos...

ㅡ Oh, querido... ㅡ Acariciou o topo das minhas costas tão cautelosamente que mal dava para sentir o topo de seus dedos diretamente. ㅡ Obrigado, você!

E assim nós dois permanecemos até ouvirmos as vozes das duas um pouco mais próximas de onde estávamos. Mamãe se aproximou com um semblante preocupado, questionando em meu ouvido em sussurros se estava tudo bem e eu apenas sorri e a abracei firmemente pela cintura, o que fez com que seu corpo sobressaltasse e ela demorasse um pouco para retribuir ao ato, apoiando as mãos sobre os meus ombros, massageando devagar antes de deixar uma sequência de selares carinhosos no topo da minha cabeça. Fechei os olhos, inspirando seu cheiro com força a cada vez que meu rosto se enfiava ainda mais em seu tronco. Meu corpo estava anestesiado, tudo parecia se movimentar lentamente.

E em seu colo pude, finalmente, me permitir descansar sem nenhum medo ou receio porque sabia que ali eu estava completamente protegido.

Ao fim, mesmo estando completamente perdido nos meus próprios caminhos, eu sei que tenho sim em quem me apoiar...

ㅡ Oh, gente... ㅡ Se desfazer o nó do abraço, virei meu rosto devagar para encarar o rosto trêmulo de Giselle ao nos observar. ㅡ Vocês são tão lindos! Parece até que foram feitos para algum comercial de margarina...

Adam caiu na gargalhada, enquanto minha mãe balançou e acenava com as mãos para que ela se juntasse a nós. Gritamos por Charlotte, que, obviamente, via seu desenho favorito afastado de tudo e todos. Assim que a mesma surgiu na entrada da cozinha e viu toda aquela cena, tentou voltar às pressas de volta para o sofá, porém Adam foi bem mais rápido e conseguiu levantar-se e pegá-la pela cintura e trazê-la até nós. Mesmo se debatendo fervorosamente, como normalmente o Menudo costuma fazer nos dias de banho, ela acabou cedendo e se entregando a toda aquela enxurrada de carinho.

E, bem, aquilo foram as minhas doses de serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina...

Todos os hormônios positivos que meu corpo havia parado de produzir nesse período estavam sendo abastecidos só com esse pequeno momento que ficará guardado para o resto de toda a minha existência em minha memória...

ㅡ Eu amo vocês — sussurrei.

Não foi dito nada em voz alta como resposta, mas consegui sentir o aperto ficar mais firme, ao ponto de poder sentir a energia de cada um fluir pelo contato, e isso já serve bem mais que qualquer som, monólogo, palavra de afirmação ou qualquer coisa dita.

ㅡ Certo, agora basta! ㅡ Disse Lotte em relutância, saindo rápido do nó que os braços de nosso padrasto estavam fazendo sobre seu corpo. ㅡ Vem, Taehyung, vamos escolher o filme de hoje...

A mesma agarrou meu pulso, puxando-me com um pouco de força do meio dos outros, passando a me guiar com pressa até a sala de TV. Olhei por cima do meu ombro, completamente surpreso e confuso, encontrando rostos mais interrogativos que o meu, porém, relaxei de imediato, deixando um riso baixo escapar quando encontrei brevemente o olhar satisfeito de nossa mãe.

Minha irmã é um ser bem peculiar em vários aspectos, nutrindo de uma inteligência surreal e um palavreado completamente composto por ironia e sarcasmo. Ela é incrível... E por muito tempo me perguntei se éramos realmente filhos da mesma pessoa, já que a diferença entre nós dois (sem contar a parte física) era gritante... Mas com o tempo, observei que, sim, existia algo idêntico em nós.

Se desculpar...

E agora, sentados lado a lado no sofá de couro falso, discutindo comicamente qual gênero de filme é melhor e dividindo o resto de pipoca murcha num balde amassado da estreia de Frozen 2, que a gente se entende e fala sem dizer nada o quanto nos amamos...

ㅡ Por favor, crianças, sem essa. ㅡ Giselle adentrou o cômodo, sentando no meio de nós e tomando o controle para si. ㅡ Já que vocês não conseguem escolher, eu faço esse favor! Vamos assistir ao filme da babá vampira.

ㅡ Ah, não, Gi! Aquilo é horrível... ㅡ Protestou a mais nova enquanto preenchia as bochechas rosadas com ar, deixando-a com um bico fofo. ㅡ Perdi uma hora e vinte da minha vida de graça quando você me convenceu a ver a primeira vez, sem contar os episódios grotescos da série...

ㅡ Escuta aqui, garota! ㅡ A morena ergueu seu indicador bem à frente do rosto de Charlotte, o que causou irritação instantânea e logo o caos voltou a crescer, só que dessa vez, eu estava apenas de espectador.

Aos poucos, os tons de voz de ambas foram ganhando cada vez mais sonoridade e ficando extremamente prejudiciais aos ouvidos sensatos e saudáveis, logo que o motivo para tal histeria era que uma defendia a personagem da babá com dentadura falsa de vampiro e minha irmã contra-atacava com todas as temporadas de The Vampires Diaries para chegar ao veredito de melhor representação de chupadores de sangue... E isso, sim, seria o motivo de meu cérebro sangrar.

ㅡ Bem, se não se importam... Eu preciso buscar meus remédios lá em cima... ㅡ Levantei-me aos pouquinhos, pisando em ovos, até conseguir sair de perto de toda a algazarra.

Suspirei em puro alívio enquanto caminhava até as escadas, acompanhado pelo bichano laranja que se esgueirava entre as minhas pernas. Mas antes que eu pudesse chegar próximo ao corrimão, ouvi o som da campainha e, em seguida, rápidas batidas na porta de madeira.

ㅡ Eu atendo! ㅡ Informei alto, desviando para o pequeno hall de entrada.

Peguei Menudo, prendendo-o não tão forte contra meu peito. Ele sempre tenta fugir quando abrimos a porta somente para rolar e rolar sobre o gramado e voltar completamente encardido para dentro de casa. Girei a chave rapidamente, ouvindo logo o estalo da maçaneta indicando o destravamento. Puxei a maçaneta com cautela, olhando pela pequena fresta formada para as duas figuras masculinas à minha frente.

Eram... policiais?

Um deles usava uma farda clássica da polícia. Um colete farto, fardamento completo, distintivo sobre a região do peito e... Bem, tinha uma arma também...

Já o outro cara, de fios loiros, usava roupas mais... comuns? Trajava uma camiseta social comum, com uma espécie de cinto nos ombros onde ficavam suas armas, calça jeans e sapatos também sociais.

Tratei de puxar a porta um pouco mais, colocando-me bem no centro para tentar demonstrar algum tipo de dominância completamente falha.

ㅡ Boa noite, jovem! ㅡ O homem "sem colete" cumprimentou-me sorridente. ㅡ Desculpe-me pelo incômodo a essa hora. Eu sou o detetive Dean ㅡ ergueu o distintivo preso em seu pescoço até a altura do meu rosto. Droga... Como eu não reparei nisso? ㅡ E gostaria de saber se essa seria a residência dos Kim.

ㅡ S-Sim... É aqui sim.

ㅡ Perfeito! ㅡ Seu sorriso pareceu dobrar de tamanho. ㅡ E você seria?

ㅡ Kim Taehyung, filho mais velho de Kim Taeyeon, a dona da casa. ㅡ Respondi rapidamente. O mesmo assentiu, enquanto sinalizava com os dedos para o policial fardado que se retirou rapidamente, indo até o carro com uma sirene vermelha no topo do capô.

ㅡ O que está havendo, Tae? ㅡ Adam surgiu ao meu lado, apertando meu ombro delicadamente. ㅡ Em que posso ser útil, senhor?

Consegui me sentir um pouco menos tenso com meu padrasto ali, não sei se era por causa do seu tamanho ou coisa parecida, mas estar ao lado dele me passava bastante segurança.

ㅡ Esse é o detetive Dean, pai. ㅡ Digo e o mesmo rapidamente esticou sua palma larga na direção do loiro, que prontamente retribuiu.

ㅡ Pai? ㅡ Arqueou a sobrancelha. ㅡ Suponho que esteja falando com o Sr. Kim, certo?

ㅡ Não oficialmente, eu diria. ㅡ Ele sorriu. ㅡ Sou Adam Simões, namorado temporariamente da Sra. Kim, por isso as crianças me chamam de pai de vez em quando.

Afagou carinhosamente o topo da minha cabeça, tirando-me um breve sorriso.

ㅡ Minhas felicitações a vocês! ㅡ Desejou o detetive de forma simpática. ㅡ No entanto, lamento dizer que talvez eu seja responsável por trazer notícias não tão agradáveis para vocês... Posso entrar? Se não for um incômodo, é claro.

ㅡ Sim, é claro. ㅡ Disse Adam, dando passagem para que o detetive adentrasse a nossa residência. Ele rapidamente se certificou de retirar seus sapatos lustrados e caros quando viu a pequena plaquinha bem ao lado do armarinho onde ficavam os nossos calçados.

Esperei um pouco antes de fechar a porta, por não saber se o outro cara iria acompanhá-lo ou não. Coloquei o rosto para fora, recebendo um pouco da brisa fria que complementava a noite escura, mas logo voltei para dentro quando o vi sentado com a luz do celular iluminando seu rosto dentro do carro. Tranquei a porta com cuidado, colocando em seguida o bichano alaranjado sobre o tapete e vendo-o correr na direção das escadas para se esconder em alguns dos quartos.

Ele detesta ficar próximo de pessoas desconhecidas, sempre corre o mais rápido possível, evitando qualquer tipo de contato com a visita. Não o julgo, se pudesse fazer o mesmo.

Quando me apresentei na porta da sala de estar, mamãe estava servindo uma xícara de chá ao detetive, que agradeceu a mesma com um largo riso amarelado. Ele estava acomodado no sofá menor, bem à frente da mesinha de centro. Mamãe havia sentado no braço do outro estofado maior, ficando bem ao lado de Adam, que não demorou para rodear o corpo esguio da Kim com seus braços grandes. Lotte e Giselle não estavam mais lá, mas consegui ver de relance o corpo pequeno da minha irmã na cozinha. Provavelmente foi pedido à minha amiga que a levasse para lá, já que o assunto parecia ser sério...

ㅡ Com licença, não quero atrapalhar vocês... ㅡ Minha voz soou um pouco baixa demais para impor formalidade, mas foi o suficiente para que todos me ouvissem.

ㅡ Hum! ㅡ O detetive murmurou ao se esticar para colocar a xícara sobre o pratinho de porcelana, gesticulando rapidamente com as mãos para que eu ficasse. Curioso... ㅡ Receio que o que tenho para falar seja também de seu interesse, Taehyung.

Engoli em seco, massageando lentamente o início do pomo de Adão, enquanto acenava com a cabeça em concordância. Me posicionei atrás de mamãe, segurando seus ombros com um pouco de força para tentar controlar a ascendência da minha ansiedade. Ela percebeu e logo repousou suas palmas quentes e macias por cima das minhas, massageando lentamente os ossos dos dedos.

ㅡ Certo, detetive. Acho que seria interessante se você nos explicasse o motivo de sua visita inesperada a essa hora da noite. ㅡ Mesmo sorrindo enquanto dizia essas palavras, era bem nítido o quão tensa ela estava naquele momento. ㅡ Estamos começando a ficar assustados em vez de curiosos...

ㅡ Sim, sim, claro! ㅡ Concordou rapidamente ao endireitar-se sobre o estofado de couro barulhento. ㅡ Antes de qualquer coisa, preciso que me informem qual o real nível de parentesco que vocês possuem com este cidadão aqui.

O detetive retirou uma foto mediana do meio da sua pasta acinzentada, virando lentamente a mesma em nossa direção.

ㅡ Merda...

Foi tão rápido e momentâneo que não consegui segurar a tempo.

ㅡ N-Não... Não é possível que... Como ele... ㅡ  As palavras haviam perdido o rumo para minha mãe também, que agora mal conseguia ficar sentada corretamente. Seu corpo parecia ter desligado por uma fração de segundos ao reconhecer o homem que estava na foto.

Adam precisou firmar ainda mais seus braços em volta da cintura dela, quando a mesma ameaçou desmaiar por conta do choque repentino. Um choque horrendo que eu também fui capaz de sentir só de estar perto dela... Não acredito nisso...

Achei que havia me livrado dele depois daquela conversa idiota... Mas não, é lógico que não.

ㅡ E-Ele é o meu antigo parceiro... ㅡ A voz trêmula da minha mãe fez meu coração se partir por completo. ㅡ E o pai biológico dos meus filhos.

ㅡ Pela reação da senhora, acredito que não tenha sido uma relação muito fácil. ㅡ O detetive ressaltou, colocando a fotografia novamente na pasta, prendendo-a num clipe bem acima de uma página cheia de letras miúdas. ㅡ Mas agora tenho total certeza de que a senhora vai conseguir me dizer o nome verdadeiro dele.

ㅡ Nome verdadeiro? ㅡ Perguntei um pouco confuso. ㅡ Como assim, nome verdadeiro? Ele chama-se Ryder! Ryder Kim Humberto, quando ainda usava o sobrenome da minha mãe.

ㅡ É isso mesmo, seria quase impossível esquecer-se do nome de uma pessoa com quem se conviveu por tanto tempo. ㅡ Ela afirmou com a voz ainda meio embargada. ㅡ Não chegamos a nos casar no papel, nem em lugar algum, mas ele passou a usar o nome da minha família como sobrenome quando fomos morar juntos. Depois que tudo havia acabado e ele, supostamente, tinha sumido do mapa, eu soube através das diversas contas que surgiram o porquê de ele querer usar esse nome...

Detetive Dean parecia perplexo e, ao mesmo tempo, tinha uma espécie de ar de riso que tentava consumi-lo, mas ele se conteve perante a situação.

ㅡ Então, a senhora não tinha conhecimento dos outros nomes que ele possuía, não é?

ㅡ Não! É claro que não. ㅡ Respondeu num tom um pouco mais alterado, logo tendo a palma de Adam sobre as suas costas para tentar acalmá-la. ㅡ Ouça, detetive, desde o momento em que este homem olhou dentro dos meus olhos enquanto distribuía todo o seu ódio sobre mim e saiu pela porta como se nada, que eu te garanto que nunca havia ouvido mais nada a seu respeito, até agora, infelizmente.

ㅡ Sim, eu entendo, Sra. Taeyeon. ㅡ O loiro abaixou a cabeça rapidamente, folheando as páginas do que eu imagino agora ser um dossiê do assunto. ㅡ Compreendo que este assunto é sensível a todos vocês, e bem, creio que ficará ainda mais... Droga.

ㅡ Seja direto, por favor, detetive. ㅡ Eu peço, sentindo meus nervos começando a se retorcer. ㅡ Obviamente, ele não andou fazendo nada de bom, porque se houvesse, nem o senhor, nem nós estaríamos perdendo nosso precioso tempo aqui...

ㅡ O homem nesta foto, conhecido pelo seu nome mais recente de Colin Ernandes, foi encontrado inconsciente hoje mais cedo após uma discussão na residência em que estava residente nos últimos meses. ㅡ Soltou sem perder o fôlego, jogando alguns papéis sobre a pequena mesa de vidro ㅡ Colin, ou melhor, Ryder Kim, era procurado em três estados diferentes do país por espancar e abusar sexualmente de diversas acompanhantes de luxo. Quando meus colegas chegaram ao local, Ryder já estava recebendo as primeiras ajudas dos paramédicos, mas infelizmente, ele não resistiu e faleceu a caminho do hospital...

Um silêncio agonizante se estourou no cômodo assim que as palavras de Dean cessaram. Apoiei meu corpo na parede que estava atrás de mim, tentando processar todas essas informações...

Ele... E-Ele estava morto? Não... I-Isso não pode ser possível... Não, não pode...

Tudo que ele fez... não pode simplesmente acabar assim...

Não, não, não... Só, não...

ㅡ Q-Quem... Quem o matou, detetive?

O loiro mordiscou os lábios com força, soltando o ar preso por entre ele com brusquidão. Ele parecia receoso com as próprias palavras... Tenho medo de que essa não será a única notícia que irá nos assombrar na noite de hoje.

Adam levantou-se rapidamente, guiando o corpo travado da minha mãe ao lugar em que estava há poucos segundos. Acariciou gentilmente o topo dos joelhos enquanto repetia em suaves sussurros que tudo iria ficar bem. Quando recebeu uma resposta, o mesmo olhou diretamente para mim com um sorriso no canto dos lábios e esticou sua palma para mim... E em busca de acalento, meu corpo correu ao encontro do seu, onde me permiti desabar em um pranto melancólico.

ㅡ Certo, certo, vai ficar tudo bem, querido... ㅡ seus dedos vinham e iam pela linha da minha coluna num ritmo lento e reconfortante.

ㅡ Realmente sinto muito por ser o responsável por trazer tanta tristeza a vocês... ㅡ Virei meu rosto lentamente, encarando a feição tristonha do detetive.

Seu desconforto era bem visível. Ele tinha razão, não é fácil ser o portador de coisas assim... Principalmente quando se é obrigado a ver todas as reações que foram geradas por suas falas...

O Ryder nunca chegou nem perto de ser uma boa pessoa, ele conseguiu fingir por determinado tempo para conseguir conquistar e se aproveitar da minha mãe, por saber que a família dela tinha boa condição para manter seus caprichos nojentos. Ele sabia que a tinha na palma da mão e conseguiu manipulá-la por muitos anos... Mas quando eu nasci, tudo saiu do próprio controle e, bem, todos nós sabemos como terminou.

Mas me dói na alma só de imaginar o que todas essas mulheres foram obrigadas a passar em suas mãos por pura necessidade... E não ter a quem recorrer após tudo.

Porém, ao fim, ele ainda é nosso pai. E mesmo sabendo de todo o mal que ele causou, não só à minha família, mas também a todos que tiveram o desprazer de conhecê-lo, não é algo nada fácil de se lidar e muito menos de digerir...

ㅡ Como aconteceu... ㅡ A voz da minha mãe mal conseguia sair direito da boca.

ㅡ Nós ainda estamos aguardando o resultado final da autópsia, mas as teorias mais convincentes, até o momento, são que tenha sido por vingança. ㅡ Explicou brevemente, dando um gole curto no chá. ㅡ A vizinha disse que viu dois jovens adentrarem a casa por volta das cinco e meia, mas não viu ninguém chegar ao entrar em seguida.

ㅡ Então é possível que ele já estivesse dentro da casa, não é? ㅡ Adam perguntou ao me guiar para um dos assentos de couro.

ㅡ Sim, é possível, e foi o que nós também deduzimos de início. Mas conseguimos acesso às câmeras de segurança do quintal da outra casa e vimos o Sr. Ryder adentra pela portinha dos fundos, pouco tempo depois dos outros adentrarem. ㅡ De dentro da mesma pasta, o loiro retirou rapidamente algumas folhas medianas que logo revelaram-se ser frames capturados do tal vídeo citado, onde dava para ver perfeitamente cada mísero detalhe do rosto tão conhecido.

Mamãe dava sinais que iria vomitar a qualquer instante, só por ter que olhá-lo novamente após tanto tempo... Acredito que nós dois dizíamos ter "superado" tais momentos, justamente por não precisar tocar no assunto. Afirmo, porque foi assim que meu corpo quis reagir quando ele entrou em contato pela primeira vez, e quando nos encontramos foi o dobro de tudo...

Infelizmente, ele ainda nos assombra bastante...

ㅡ Se analisarmos os horários das gravações e o testemunho da vizinha, podemos afirmar que assim que notado dentro da casa, a discussão se iniciou, onde se podia ouvir os tons de voz se exaltando a cada segundo. Com a briga no seu ápice, onde ela disse ter ouvido sons altos de vidros se quebrando, pancadas fortes nas paredes e uma estranha e macabra risada no meio de tudo, veio o silêncio... Foi nesse momento que ela disse ter ficado realmente preocupada com a situação.

ㅡ C-Céus... Mamãe finalmente se pronunciou, recebendo todos os olhares de uma vez. ㅡ Por que essa mulher não chamou a polícia logo de início?

Detetive Dean puxou o ar com força, massageando a região das têmporas com um pouco de força. Dando de ombros a cada segundo, o que a loira bufa em irritação ao arremessar as fotos sobre a mesa.

ㅡ Então por que infernos você veio até a minha casa, a essa hora da noite, falar esse monte de merda para mim e minha família, detetive? Hum? ㅡ Seus olhos haviam mudado de água para vinho. Não era mais a minha mãe, quer dizer, era a minha mãe, mas agindo assustadoramente diferente. Ela nunca diria palavrões (não na nossa frente) ou soaria agressiva dessa forma, mas é como eu havia dito, ser obrigado a reviver traumas mal resolvidos acaba nos levando à beira da loucura, onde se pode assumir a sua pior versão adormecida.

ㅡ Taeyeon, querida, se acalme, por favor... ㅡ Adam tentava soar o mais apaziguador possível para tentar tranquilizá-la, o que pareceu até funcionar quando os dois se olharam. Seu pranto, ao abraçar-se com ele, era torturante... Ter que ouvi-la chorar daquela forma me fez voltar às noites horrendas da minha infância.

Noites em que eu a encontrava encolhida, completamente engolida na escuridão, chorando e se debatendo em punição após ser obrigada a se deitar com aquele crápula imundo. Eu me sentava ao seu lado, repetindo que iria cuidar de todos os machucados da mamãe e que não a deixaria sozinha de novo. E me lembro de muitas vezes acordar pela manhã ainda sentado no chão, enquanto ela dormia lindamente sobre as minhas pernas, e ali eu a admirava até o seu despertar...

E-Eu o odeio...

Eu odeio você, Ryder, por ter feito ela passar por tudo isso...

Principalmente, porque ela se permitia a tudo só para me proteger... Só para não vê-lo me machucar...

ㅡ Aquele homem não está mais ligado a nós... ㅡ Sussurrei. ㅡ Então, por favor, se não tem nada a dizer, apenas vá embora... Vá e faça o que bem quiser com o corpo, isso não é problema nosso.

ㅡ Ouçam, eu sei tudo que ele fez a vocês, fiz o meu dever de casa. ㅡ O detetive voltou a puxar o ar com intensidade antes de tirar novas fotos de dentro da pasta. ㅡ Precisava falar sobre a morte porque esse é o meu trabalho. Mas o real motivo da minha visita é esse.

Ele jogou as novas imagens em cima do vidro e, se Adam não tivesse sido tão rápido, eu teria caído com tudo sobre o tapete listrado...

Minha cabeça parecia dormente... Todo o meu parecia ter desligado quando meus olhos focaram naquele rosto tão familiar...

J-Jungkook...

Era o Jungkook!

ㅡ C-Como...

ㅡ A residência em que Ryder estava vivendo pertencia ao já falecido, Sr. Jeon Junseo, que foi alvejado a tiros na porta de casa por dois membros de uma gangue da região. Na época, eu ainda não estava totalmente ingressado na academia, mas consigo ter algumas memórias deste caso em específico por conta do meu tio, que era policial e trabalhava no setor de homicídios. ㅡ As íris azuladas do detetive recaíram sobre a fotografia. Eu reconhecia aquele lugar... Ou melhor, eu havia tirado aquela foto bem antes de tudo desandar. Foi um dos nossos últimos momentos felizes de verdade... Ele estava sorrindo, eu estava sorrindo. E agora isso? ㅡ Lembro-me, principalmente, de ouvir que uma das testemunhas que presenciou tudo foi justamente o seu próprio filho...

ㅡ Jeon Jungkook. ㅡ O seu nome já era familiar que nem percebi quando o disse em voz alta. ㅡ Era seu aniversário e ele tinha acabado de ganhar uma pequena tartaruga doméstica como bichinho de estimação quando os caras vieram e...

As lágrimas voltaram a correr pelo meu rosto quando comecei a recordar do tom dolorido que sua voz tinha quando se abriu comigo no terraço.

ㅡ E-Ele tem medo de tartaruga por conta disso... E ele também me contava das coisas horríveis que a mãe dele fazia e dizia com ele... ㅡ Funguei rápido, encarando o rosto de Dean novamente. ㅡ Poxa vida... Ele era só uma criança, detetive...

ㅡ Oh, meu bem... ㅡ Os braços finos da Kim puxaram meu tronco com força ao encontro do seu para um abraço meio desajeitado.

ㅡ Era justamente nela a quem iria chegar agora. ㅡ Mais fotos foram colocadas sobre a mesa. ㅡ A Sra. Cherarin trabalhava à noite quando conheceu o Sr. Jeon. Segundo ela, os dois começaram a namorar praticamente na mesma semana em que se viram, ele a levou para a casa dele e lá ficaram juntos até o nascimento do único filho do casal e, ocasionalmente, onde também aconteceu a morte do matriarca da família. Foi basicamente isso que encontrei nos registros antigos da delegacia, mas, obviamente, precisei me aprimorar do que havia acontecido depois de tudo isso... E ao fim, por coincidência, cheguei à família de vocês.

ㅡ Que bela coincidência, não é, detetive? ㅡ Minha mãe respondeu em tom acidamente rude.

ㅡ Jungkook não tinha uma boa relação com o novo namorado da mãe, ㅡ o nó pesava em minha garganta ㅡ na verdade, ele não se dava bem com nenhum dos dois. Constantemente me contava das diversas brigas que tinha com a mãe e todas as coisas horríveis que tinha que ouvir da boca dela... Uma vez ele me apareceu aqui, no meio de um temporal, repleto de hematomas e sangue...

....

JUNGKOOK! ㅡ Gritei a plenos pulmões enquanto avançava em passos largos na sua direção.

Mas ele não conseguiu sustentar-se em pé por muito mais tempo, indo ao encontro do chão com força. Ajoelhei-me ao seu lado, puxando seu corpo frio para cima das minhas coxas, retirando os fios úmidos de sua testa e chorando mais alto quando percebi o sangue escorrendo para as poças de água.

Jungkook! ㅡ Apoiei minhas mãos na lateral do seu rosto quando, chamando-o repetidas vezes para mantê-lo acordado, notei que suas pálpebras estavam ficando pesadas. ㅡ Ei! Olha para mim, por favor, meu amor... D-Deus... O que fizeram com você...

Minha voz mal saía direito pelo misto do frio e desespero.

*

O moreno sorriu brevemente, esticando sua palma trêmula e ensanguentada, acomodando gentilmente em minha bochecha e, num sussurro quase inaudível, ele disse:

T-Tae... Me salve, por favor...

....

Conseguia visualizar cada detalhe daquela noite com total perfeição... Foi uma das piores sensações da minha vida.

Só de pensar que podia perdê-lo para sempre bem ali... bem diante das minhas mãos e não conseguir fazer nada a tempo, rasga meu coração em mil pedaços.

ㅡ Depois disso, ele chegou a voltar para casa? ㅡ Sua voz me fez voltar um pouco para o real presente. Ele me encarava, curioso, enquanto balançava uma caneta prateada de um dedo para o outro. ㅡ Soubemos que houve um acidente com ela, e que estava sob cuidado médico até pouco tempo. Por isso, não conseguimos conversar com ela ainda.

ㅡ Bem, até onde eu fiquei sabendo, Jungkook basicamente havia se mudado para um apartamento em que alguns amigos moravam juntos... Ele também ficava por aqui, às vezes, não sempre, mas acontecia. ㅡ Encarei meus dedos enquanto tentava explicar. ㅡ Não sei ao certo se ele estava frequentando a casa...

As coisas estavam começando a se encaixar agora...

Desde a ligação do meu pai até o nosso encontro, eu ainda não consegui entender o porquê de ele ter voltado de uma hora para outra. Não fazia sentido, ele nunca se importou conosco e, do nada, aparecia e queria se encaixar nas nossas vidas, como se só houvesse feito uma curta viagem...

Mas agora eu consegui compreender, era óbvio!

Ryder só queria provocar o Jungkook, brincar com ele. Ele era o "namorado" da Chearin, o cara que ele havia espancado no hospital. Todo esse tempo, era o meu pai.

Que, por morar dentro da casa, acabou descobrindo que nós tínhamos um relacionamento e passou a brincar com essa informação, para sua própria diversão ou plano vingança, não sei...

Que droga...

O Jungkook sofreu todo esse tempo nas mãos daquele desgraçado por minha causa...

Ele não merecia isso...

ㅡ Detetive! Onde ele está? ㅡ O mesmo me encarou com um semblante confuso. ㅡ Onde o Jungkook está?

ㅡ Na delegacia! ㅡ O loiro respondeu ao arrumar a postura. ㅡ Ele é o nosso maior suspeito até o momento. Porém, não sabemos se a morte foi intencional ou apenas algo natural. Jungkook está detido e irá responder pelas duas agressões cometidas contra Ryder.

ㅡ Vocês acham que ele possa ter feito isso? Ter matado uma pessoa. ㅡ Adam questionou e o loiro apenas deu de ombros.

ㅡ É possível... Apesar de o corpo não possuir nenhum ferimento que indique manuseio de arma, como faca ou arma de fogo, ainda é uma coisa a se considerar. ㅡ Disse, enquanto recolhia seu material em cima do vidro. ㅡ O garoto tem uma personalidade explosiva e bem agressiva, sem contar as coisas que ele nos revelou no depoimento... Olha, eu tenho que tomar lados de acordo com as teorias mais plausíveis que temos, esse é o meu trabalho. E, infelizmente, Jungkook tem o queijo e a faca nas mãos...

ㅡ Eu preciso vê-lo. ㅡ Digo, encarando seriamente os olhos espantados da minha mãe. ㅡ Agora!

ㅡ Taehyung... Acho que não é uma boa ideia, não agora. ㅡ Seu tom afogava-se em receio.

Não lhe dei ouvidos. Levantei-me num solavanco, seguido por todos ali que me encaravam com expressões mistas. A Kim mais velha tentou segurar meus braços enquanto falava algo que não me dei ao trabalho de prestar atenção, apenas desviei de suas mãos, seguindo até as escadas para buscar algo quente para me aquecer. Gritei ao detetive que esperasse no lado de fora só alguns minutos e o mesmo respondeu com um: "Claro!" Rápido e incisivo.

Corri pelo curto corredor até a porta do quarto, onde, sem enrolação, busquei pelo primeiro moletom que me aparecesse no armário. Também peguei meu celular e um pacotinho de balas de alcaçuz que eu havia deixado em cima da mesa de estudos. Acho que talvez ele goste ou sirva para tirar um pouco do azedo da situação. Quando voltei ao andar de baixo, vi Dean parado em nossa varanda enquanto conversava com o outro policial. Mamãe conversava de forma bem rápida com Giselle, que apenas balançava a cabeça para tudo. Assim que me viu, deixou um selar singelo no topo da testa da minha amiga e outro na de Charlotte, que exigiu uma explicação mais convincente quando voltássemos.

Nossa mãe fingiu um sorriso e concordou... Não vai ser nem um pouco fácil ter que explicar tudo isso...

Adam surgiu na porta, segurando a bolsa e o casaco da minha mãe em um dos braços e uma sacola grande no outro. Possivelmente, ela também pensou em levar alguma coisa para Jungkook também. Peguei as chaves do carro para ajudá-lo e seguimos os três para fora da casa.

Eu preciso disso...

Preciso saber o que aconteceu. Jungkook tem o seu lado difícil e também tem aquele lado que me assusta... Mas ele não faria isso, ele não mataria ninguém.

E-Eu sei disso, eu o conheço...

Não. Ele é capaz de algo assim, não, definitivamente, não...

Ryder não era a melhor das pessoas, e não é que eu esteja feliz ou algo do tipo pelo que aconteceu, ninguém merece um fim assim, mas eu sei que ele é sim capaz de muita coisa. E eu não posso deixar que Jungkook seja punido por algo que eu tenho plena certeza de que ele não fez...

Só, não... Eu preciso descobrir o que realmente aconteceu.
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🐱

Foi isso, meus dengos 🤍
Espero que tenham gostado.

Nossa... Tem tanto tempo que nem sei o que falar direito KKKKKKK

Eu tava com tanta saudade de vocês, ora pois 🥺

Peço perdão pelo atraso nas atualizações, mas muitas coisas vem acontecendo na minha vida pessoal que, quase sempre, acaba me desmotivando a escrever... Mas as coisas vão se alinhar, sei disso.

Enfim, o que acharam do capítulo?!

Será que o Jungkook realmente fez isso?!
(Me contem o que acham, por favor KKKK)

No próximo capítulo, talvez, venha o esclarecimento KKKK só talvez...

Já avisou logo, as pedras do caminho a partir daqui vão ser esmagadoras... Pelo menos, até a segunda fase KKKKK

E, novamente, falando sobre a segunda fase. Vou soltar a história para quem quiser salvar na biblioteca ou lista de leitura para facilitar quando vierem os capítulos. E eu PROMETO que essa segunda fase haverá mais sorrisos que lágrimas!! É UMA PROMESSA ✋🏻

Vai ser divertido, acho que vocês vão curtir ✨
(Principalmente a pequena Alioth, ela vai ser A PERSONAGEM KKKKK)

Ah! E uma observação boba, mas eu queria dizer mesmo assim KKKK
Notaram que o emoji da história mudo?! AGORA É UM GATINHO PARA REPRESENTA REI DE TUDO, NOSSO MENUDINHO 🥺

E também estou usando um coração branquinho em tudo, para representar a transição KKKKK eu disse, é bobo, mas tem sua importância KKK

É isso!

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ETOJJ|| kth&jjk🤍

[Vão lá dá uma moral pra mim pfvr]

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De resumo é isso, meus dengos 🤍

Se cuidem, comam direitinho e bebem bastante água, principalmente por conta desse calor maluco 🤍🫂✨

Muito obrigado por tudo!!

Um xero grandão no olho 🫂✨🤍

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