Deixem seu estrelinha e seu comentário para interagirmos bastante💙.

#teOdeiomaisqueabacate

OLÁ MEUS AMORES!!!!
Que saudade eu tava daqui 🥲😭

Confesso que não esperava voltar tão cedo, o negócio tava bem difícil.
Mas tinha que aparecer com algo antes de 2023 acabar KKKKKK

Não vai ser um capítulo muito longo. Mas é o mais importante de toda história. É onde as coisas vão se definir para o fim da história dos nossos queridos 🥺

Só vou deixar vocês lerem... E esperar as pedras virem 🤡

Então, tenham todos uma boa leitura 💙

Capítulo 32:🐱

Kim Taehyung

Casa do Taehyung.
07:48 a.m. Denver, Colorado.

Despertei, ainda meio sonolento, com o canto baixo do pequeno passarinho amarelo que sempre fazia sua sinfonia ao pé da minha janela. A luz do sol já estava um pouco mais forte, possivelmente já passava das sete... Ainda bem que o professor de redação havia cancelado as primeiras aulas de hoje.

Estiquei meu braço até o criado mudo de madeira envernizada, para alcançar meu celular emborcado sobre a pequena caixinha de objetos pequenos. Guardo marcas de textos, post-its e alguns lápis para caso resolva fazer uma leitura noturna. É prático para não levantar e perder o conforto da cama.

ㅡ Nenhuma mensagem... ㅡ Resmunguei em desânimo por não ver o nome do Jungkook em meio às outras notificações.

Acabei perdendo um pouco da ansiedade que me encontrei quando deitei a cabeça no travesseiro, convenci a mim mesmo que pela manhã ele daria alguma notícia, junto a um convite fofo para nós dois dividimos um sanduíche no refeitório... Mas não foi isso que aconteceu.

E logo o formigamento voltou a pinicar sobre meu peito.

ㅡ Taehyung?! ㅡ A voz baixa da mamãe, junto a batidas pausadas na porta, me fez voltar à realidade.

ㅡ Tudo bem, mãe... Já estou acordado.

Não demorou muito para a figura loira, com calça larga e blusa florida, abrir a porta lentamente, parando bem no meio do espaço retangular. ㅡ Aconteceu alguma coisa?!

ㅡ Não, não. Só fiquei um pouco preocupada, já que não desceu para tomar café no horário ㅡ Se aproximou aos poucos da beira da cama. ㅡ Você não quis comer nada ontem, se trancou no quarto... Então, eu deveria perguntar. O que está acontecendo, filho?!

Puxei meus joelhos para perto da minha barriga, abraçando-os por cima dos lençóis escuros. Segurei minha vontade instantânea de chorar ao máximo que meus olhos conseguiam e deixei o ar preso e doloroso em meus pulmões escapar pela pequena brecha entre meus lábios.

O que eu deveria falar?

O que exatamente estava me frustrando tanto?!

É somente pelo Jungkook?!

Eu não sei...

ㅡ Me sinto perdido, mãe.

Foram as palavras que saíram sem muita filtração.

A mesma passou os dedos pela pele exposta de seu tronco, subindo até a pequena correntinha de prata que sempre estava mostrando as iniciais dos nossos nomes. Meu e da Charlotte.

Ela desviou do caminho, sentando-se agora próximo a mim. Na lateral do colchão. Acariciou meu rosto com total delicadeza. Seus dedos eram macios como pedacinhos de marshmallow e perfumados como o cheiro doce das rosas mais belas.

Era tão aconchegante... Tão reconfortante...

ㅡ Às vezes é realmente difícil, meu bem. Os seres humanos não vêm com manual ou lista de acontecimentos pré-programados... Temos que viver para descobrirmos. ㅡ Sorriu amarelo. ㅡ E no meio do caminho, é normal que tenhamos essa dúvida do que fazer...

ㅡ E se eu não conseguir seguir pelo caminho correto, mamãe?! E se eu achar que estou e acabar encontrando um muro no fim...

ㅡ Só há uma saída. ㅡ As maçãs de seu rosto pálido ficaram marcadas quando um sorriso quadrado foi se formando lentamente pelos lábios. ㅡ Você tem que prosseguir. E se descobrir que não era o correto, se encontrar o muro. Não tenha medo de voltar. Não podemos desistir após uma decepção, Taehyung. Sei que é difícil, e muitas das vezes, tudo perde seu brilho... Mas nós temos que erguer a cabeça e continuar. Para termos o que queremos, precisamos aprender a viver com o que não pedimos. Só assim vamos entender a real linha de nossas vidas.

ㅡ Acho que entendi... ㅡ Digo e a mesma apenas inclina a cabeça para o lado, fecha os olhos por rápidos segundos e balança lentamente em concordância.

ㅡ Não se afobe com isso. Você vai compreender quando chegar no "muro". ㅡ Firmou-se sobre o colchão para deixar um beijo demorado na minha testa e logo se pôs de pé. ㅡ Agora você precisa se aprontar para a escola. Vou deixar torradas de presunto para levar na mochila se não quiser comer agora.

ㅡ Obrigada, mamãe. ㅡ Sorri e a mesma retribuiu.

ㅡ E tente se animar um pouquinho, seu aniversário está chegando, querido. ㅡ Sua aura brilhante ficou mais que visível agora. ㅡ Temos tanto o que programar! E o Adam também está muito empolgado para ajudar.

ㅡ Vocês dois combinam mesmo. ㅡ Estiquei as pernas por baixo das cobertas. ㅡ Conversamos sobre os "preparativos" no jantar, tudo bem?!

ㅡ Certo! Vou ligar pro Adam. ㅡ Saiu saltitante até a porta, e pude ouvir a cantoria alta enquanto descia as escadas rangedoras.

Acabei me permitindo sentir uma rápida sensação de alegria contagiar meu corpo, ainda dormente pelo sono recente. E então Jungkook tomou meus pensamentos pela décima vez só aquela manhã. E tudo voltou a ficar cinza e frio...

Quero abraçar seu corpo e o fazer prometer que nunca! Nunca, em toda sua existência, iria ficar longe de mim.

Fazê-lo prometer que irá voltar para casa sempre que errar o caminho...

Suspirei pesado mais uma vez e me obriguei mentalmente a sair do meio daquelas cobertas e dar início ao meu dia. Caminhei até meu guarda-roupa, passado o olho rapidamente pelos cabides etiquetados e alinhados. Peguei uma combinação básica entre azul claro e marrom para a parte superior e uma calça jeans escura e larga para a parte inferior. Busquei meus produtos matinais de higiene e limpeza facial e levei tudo até o banheiro. Precisava de um banho frio para me ajudar, como algum tipo de estimulante para dar continuidade nos próximos horários do dia.

Demorei uns quarenta minutos para concordar que já havia feito tudo e que não teria que retornar até a pia para recomeçar do zero. Acabei optando por me vestir dentro do ambiente úmido. Normalmente não faço isso, temo pelo excesso de umidade danificar o tecido da minha roupa ou acabar molhando sem querer por algum descuido bobo. Mas não estava com cabeça para me preocupar com isso...

O horário da minha próxima aula já estava se aproximando... Não vou querer uma falta logo pela manhã para piorar meu humor. Peguei minha mochila, sobre a cadeira giratória da mesinha de estudo. Colocando rapidamente alguns cadernos extras que iria utilizar essa semana. Reforcei a colônia de lavanda nos pontos estratégicos e caminhei para fora do quarto.

Busquei meus fones no bolso da calça, já conectando a entrada do celular, e segui até o andar estranhamente calmo de baixo.

Menudo dormia preguiçosamente nos últimos degraus da escada, ele apenas balançou o rabo peludo ao ouvir meus passos, mas não esboçou nenhuma reação além dessa. Agachei-me de qualquer jeito para afagar sua cabeça, desviando o olhar para a cozinha.

Pelo horário, Giselle já está na escola e mamãe também deveria estar na cafeteria...

Foi o que pensei.

Mas desfiz a linha de raciocínio ao vê-la adentrar pela porta da cozinha enquanto equilibrava o cesto salmão de roupas da secadora e falava alto ao telefone, apoiado entre a lateral de seu rosto e parte do ombro. Tinha total certeza de que era o Adam do outro lado da linha, só pela risada boba que ela dava de segundo em segundo.

Sorriu quando notou minha presença e rapidamente apontou para a pequena vasilha de tampa vermelha sobre a mesa. Eram as minhas torradas.

Concordei, enquanto estico meu braço até ela, prendendo-a rapidamente sobre o peito e voltando de costas sobre os meus passos. Aproveito que só tenho uma alça da mochila apoiada no ombro e só a puxo um pouco pro lado, abrindo o zíper menor e colocando a vasilha dentro. Fecho e ando em passos mais largos até a porta da frente. Dou uma última olhada para meu pequeno filhote preguiçoso e deixou um sorriso bobo escapar por meus lábios por rápidos segundos... Mas logo, a sensação boa some e um pressentimento estranho consome meu peito. Uma sensação triste e cinza...

E o nome de Jungkook volta a martelar na minha cabeça. O que só me deixa ainda mais preocupado e tenso com tudo novamente...

Que inferno!

[...]

Denver East High School.
08:36 a.m. Denver, Colorado.

ㅡ Eu sinceramente, não sei o que vou fazer... ㅡ Jimin repetia pela décima vez a mesma frase, desde o momento que coloquei os pés no prédio. ㅡ Se eu reprovar... Meu pai vai comer meu fígado com ketchup.

Tínhamos terminado as provas finais há uns dias e estamos recebendo por professor os resultados. Acabei descendo um pouco da minha média em algumas, mas nada que me deixe tão preocupado.

Já o Jimin só não zerou porque ainda recebeu algumas colas certas. Mas nem santo o salva do conselho de classe.

ㅡ Falei que não deveria trocar os dias de estudo por sexo, sua ameba! ㅡ Repreendeu Giselle, enquanto batia na cabeça do mesmo com os papéis. ㅡ Olha a merda aí! O Yoongi vai pra faculdade, independente do desempenho estudantil dele. A bolsa esportiva mal avalia isso, só precisam saber se ele realmente é bom com a bola...

Um sorriso safado começou a surgir pelos lábios rosados do ruivo, que logo fez a morena revirar os olhos e desistir de seu argumento.

ㅡ Relaxa, Ji. Ainda vão ter as provas de recuperação. ㅡ Retiro os óculos para limpar melhor o cantinho do olho. ㅡ Não é o fim dos mundos.

ㅡ Não é para você. Meu pai me detesta, Taehyung. ㅡ Voltou a sua expressão anterior de desespero. ㅡ Ele me odeia, para ser mais sincero. Odeia o fato de seu único filho, um prodígio, não andar engravatado e usando aqueles sapatos sociais horrendos. Invés disso, euzinho aqui, ando por aí com saltos brilhantes e saias curtas. Nada convencional ou dentro dos padrões "normais" na masculinidade.

ㅡ Como se roupa fosse moldar caráter. ㅡ Disparou Giselle em deboche.

ㅡ Exato! ㅡ Apontou o indicador na direção dela. ㅡ Roupas nem moldam caráter, muito menos, sexualidade. Não existe roupa com gênero, é só um pedaço de pano bem recortado e caro. ㅡ Encostou-se no assento desconfortável que insistiam em deixar nas salas de aula. ㅡ Mas para o meu pai, isso é a base para um bom e velho preconceito, com um tempero gostoso de homofobia... Enfim. A escola é uma das únicas coisas que ele ainda exige de mim. Acha que eu vou virar um executivo hétero se tirar notas altas no boletim? Fala sério.

ㅡ Você deveria estudar sim, mas não para os caprichos do seu pai. ㅡ Olhei para o ruivo, que ainda tinha um bico de desgosto formado nos lábios. ㅡ Mas sim, para sair da casa dele e fazer o que bem entender.

ㅡ Lógico, Tae! Eu tenho que fazer todos saberem meu nome, nas passarelas mais famosas do mundo inteiro. ㅡ Sorriu satisfeito. ㅡ Eu vou ser mundialmente famoso! E todos vão se matar para ter uma peça das minhas muitas coleções...

E lá vamos nós de novo.

Se de abertura, ele fala sobre ser um estilista famoso por horas. Mesmo tendo que fingir ouvir tudo aquilo pela primeira vez, em todas as vezes. Gosto de vê-lo assim... Ele sempre fica com um brilho genuíno nos olhos quando toca em tal assunto. Fico triste por seus próprios pais não enxergarem isso... Não o apoiarem num sonho tão puro e bonito.

Às vezes é difícil para mim compreender tal ato paterno. Abominar os sonhos singelos dos seus filhos, para satisfazer uma vontade pequena e ridícula de algo que eles mesmos não conseguiram conquistar na vez deles...

Fico feliz por ter ganhado na loteria nesse sentido.

ㅡ Eu preciso ir... ㅡ Sussurrei próximo ao ouvido de Giselle, que concordou rapidamente.

Apenas acenei para o ruivo, já que ele estava começando a puxar sua pasta de desenhos recentes para mostrar à garota.

Isso ia demorar bastante...

Juntei minhas coisas dentro da mochila e segui junto ao pequeno fluxo de alunos pelos corredores. Tudo estava mais tranquilo, já que os dias finais se aproximavam. Alguns professores haviam finalizado suas matérias e se dedicavam às provas de recuperação de seus alunos premiados; já os da segunda parte, ainda pensavam em como poderiam trazer ainda mais traumas psicológicos.

Não estava tão preocupado. Minhas notas estavam altas. Bem, nas teóricas, digamos assim.

Ainda teria que resolver com o professor Wonho... Educação física, definitivamente, não é para mim.

ㅡ Hoseok?! ㅡ Sai dos meus pensamentos ao notar, o agora moreno definitivo, parado em frente à porta do meu armário.

Ele parecia inquieto com alguma coisa. E assim que me viu, não demorou para correr em minha direção.

ㅡ Que bom que te achei... ㅡ Apoiou a mão sobre o meu ombro ao puxar o ar pela boca com certa violência.

ㅡ O que aconteceu?! ㅡ Meu coração disparou por pensar imediatamente no único assunto que nos liga agora.

ㅡ Você viu o Jungkook?! Ele te procurou ontem?! ㅡ Hoseok estava prestes a ter um ataque de pânico, pela forma apreensiva como sua voz soava.

ㅡ N-Não... Eu não o vejo desde o intervalo de ontem. ㅡ Prensei os livros contra o peito quando sua expressão mudou novamente. ㅡ O que aconteceu, Hobi?! Hã?

Ele espremeu os lábios um no outro e coçou a cabeça repetidas vezes.

ㅡ Merda...

Tentou desviar para se afastar, mas eu fui mais rápido e o prendi contra os armários. Deixando os livros caírem sobre os meus pés.

ㅡ Que merda está acontecendo?! ㅡ Puxei a gola da sua camisa com força, o forçando a me encarar. ㅡ Eu não vou perguntar de novo...

ㅡ Ele sumiu. ㅡ Dei um pulo ao me assustar com a voz grave de Yoongi. Me afastei do garoto ainda desconfortável e voltei minha atenção para o loiro.

ㅡ Como assim, sumiu?!

ㅡ É isso que estamos tentando descobrir. ㅡ Suspirou arrastado. ㅡ A última vez que o vi foi na despedida do Jin. Ele ficou parado na frente do apartamento e achei que o encontraria quando voltasse... Mas não encontrei. De princípio, não fiquei preocupado, ele poderia estar com você...

ㅡ A mãe dele! Antes de nós nos desentendermos no intervalo, ele disse que a mãe dele poderia ter alta ontem...

Céus... Será que aconteceu alguma coisa com ela...

O olhar de Yoongi parecia ainda mais perdido quando falei sobre o hospital. Tinha acontecido alguma coisa...

ㅡ Ele espancou o namorado da mãe. ㅡ Falou rápido. Sem pausas, sem receio, sem nenhum tipo de sentimento. ㅡ As enfermeiras disseram que houve uma gritaria desenfreada no quarto e logo depois ouviram sons de coisas sendo quebradas. Quando resolveram intervir, viram o Jungkook correndo na direção da saída, coberto de sangue.

Tapei a boca bruscamente. Meus olhos se encheram instantaneamente de lágrimas e algumas começaram a escorrer por minhas bochechas. Minhas pernas fraquejaram e quase caí no chão, mas Hoseok foi mais rápido, me segurando firme pela cintura.

ㅡ O cara quase morreu... ㅡ Bufou agoniado num misto de decepção envolvida também. ㅡ O Jungkook quase matou uma pessoa por causa de surto de ódio! Sabe o quão surreal é isso, Taehyung?!

ㅡ I-Isso não está acontecendo...

ㅡ Ele só não foi preso, porque o cara não fez nenhuma queixa contra aquele imbecil. ㅡ Yoongi passou ambas as mãos sobre a cabeça, acertando um soco violento contra um dos armários. ㅡ Eu não sei o que aconteceu naquela merda de quarto, mas isso não justifica o que ele fez.

ㅡ Calma, cara... ㅡ Hoseok falava repetidas vezes para o amigo.

Quando me senti firme novamente, bati contra o braço do moreno que se afastou. Suspirei pesado e então segui reto pelo corredor.

ㅡ Aonde você vai? ㅡ Questionou o loiro. ㅡ Sabe a gravidade da situação e vai sair assim?!

ㅡ Eu vou esclarecer essa história. ㅡ Digo, o olhando por cima do ombro.

ㅡ Nós fomos em todos os lugares que ele costuma ir. O Jungkook evaporou, Taehyung.

ㅡ Não procuraram em todos os lugares. ㅡ Voltei a caminhar. ㅡ Só preciso de quarenta minutos. Te mando uma mensagem se o encontrar. Mas preciso me deixar falar com ele primeiro.

ㅡ Faça o que quiser. ㅡ Notei sua indignação pelo tom da voz que me respondeu. Mas não me importei.

Apenas segui meu caminho até as escadas dos andares de cima. Ele poderia ter ido, literalmente, para qualquer lugar. Parque, sua casa, minha casa...

Mas ele não foi.

Então só tem um lugar que falta. E provavelmente o único que ele sabia que seus amigos não iriam procurar, por não saber que existia.

O terraço da escola.

Ele me disse uma vez que era para lá que ia quando precisava desestressar... Foi lá que ele me contou pela primeira vez sobre a sua vida...

Foi lá que ambos foram sinceros com seus próprios monstros internos...

Ele só podia estar lá.

Meu coração latejava a cada degrau que meus pés subiam com pressa. Não sabia o que iria encontrar após abrir aquelas portas. Um Jungkook da qual não conheço ainda...

Ou o meu, Jungkook...

Eu não sei...

Minhas pernas tremeram quando passei do último degrau. Senti o suor escorrer pelos meus dedos e pingar sobre a minha calça. Deixei minha respiração esvair por entre os lábios e então me aproximei da porta de ferro. Flexione a maçaneta e deixei um rápido sorriso escapar por ter seguido a linha correta do raciocínio. Estava destrancada, ou melhor, violada. Tinha uma pedra grande próximo à mesma... Foi assim que ele entrou.

Abri um dos lados com cautela e fui obrigado a esconder meu rosto brevemente por trás de minha palma, pela luz forte do sol. Assim que meus olhos adotaram a claridade, pude vasculhar o local atentamente e assim que o vi, uma vontade gigantesca de chorar veio com força.

Jungkook estava sobre o parapeito acinzentado, com o corpo esticado, se apoiando firmemente em um dos braços enquanto mantinha o outro próximo ao rosto com um cigarro preso entre os dedos. Me aproximei lentamente e, enquanto chegava mais perto, notei as diversas pontas de cigarros já consumidos espalhados por sua volta. Tinha algumas garrafas de bebidas próximas também.

Céus...

ㅡ Há quanto tempo está aqui?! ㅡ Perguntei ao mesmo tempo em que firmei as mãos sobre a estrutura. ㅡ Jungkook...

O moreno apenas soltou a fumaça pelas narinas, deu um gole na garrafa que estava escondida do lado oposto e então formou um riso ladino.

ㅡ Isso é sério, Jungkook! Por que sumiu?! Todo mundo está desesperado atrás de você... ㅡ Tentei me aproximar dele, mas o mesmo recuou. ㅡ P-Por favor... Fala comigo... Eu estava preocupado com...

ㅡ Comigo?! Há! Conta outra, Taehyung. ㅡ Sorriu novamente. ㅡ Você nunca sentiu minha falta... Só bastou uma discussão idiota para você correr até os braços daquele imbecil do Namjoon.

ㅡ O quê?! Do que você está falando? ㅡ O moreno finalmente me encarou, mas seu olhar estava diferente. Um olhar frio e julgador... Me fez tremer de nervosismo.

ㅡ Vai se fazer de desentendido agora?! ㅡ Firmou a mão sobre meu braço com força. ㅡ Seu mentiroso de merda...

Eu estava paralisado com toda a situação. Vê-lo avançar na minha direção com aqueles olhos obscuros e as palavras ofensivas que saem como facas afiadas por seus lábios, fazia com que eu me sentisse como um gatinho assustado...

ㅡ V-Você está me machucando... ㅡ Tentei soltar sua mão, mas isso só o deixou com mais raiva ainda.

O moreno trincou os dentes com violência. Ele pressionou minha pele ainda mais, antes de me empurrar contra o parapeito. O impacto abalou o lado direito das minhas costelas, me fazendo perder o fluxo de ar com brusquidão por segundos, mas foi o suficiente para me fazer tremer de puro pânico.

Isso não está acontecendo...

ㅡ Como você tem coragem de me procurar depois do que fez?! ㅡ Voltou a proferir com o ódio transbordando em cada frase. ㅡ Eu confiei em você... Me declarei para você... Eu amei você, Taehyung!

ㅡ PARA! ㅡ Gritei em plenos pulmões. ㅡ Só... Para, p-por favor, para... ㅡ Meus lábios mal conseguiam se juntar para dizer simples palavras. As lágrimas já estavam escorrendo pelas minhas bochechas. ㅡ Por que está dizendo essas coisas... P-Por quê?! Eu não consigo te entender!

ㅡ VOCÊ BEIJOU O NAMJOON, PORRA! ㅡ Novamente senti suas mãos trêmulas e ao mesmo tempo firmes sobre mim. Conseguia sentir meus ombros latejando pela forma ríspida com que Jungkook me segurou...

O mesmo Jungkook que me abraçava com toda a delicadeza possível...

Agora me machuca da forma mais dolorosa...

ㅡ Você beijou ele... BEIJOU ELE NA MINHA FRENTE!

Seus olhos...

Frios e sem vida.

Sem nenhum tipo de esperança. Sem o brilho surreal que só eles conseguiam ter...

Agora não tem nada.

ㅡ No momento em que mais precisa, sei de você... ㅡ E então ele desabou. ㅡ Em tudo estava desmoronando sobre a minha cabeça, onde nada tinha sentido ou lógica. E a única pessoa que podia me salvar disso tudo era você, Taehyung. Sempre foi você. Corri até você como um desesperado completamente fudido... E então... Vejo o meu lar, se mudando para outro.

ㅡ Eu não beijei o Namjoon.

ㅡ MENTIRA! ㅡ Cuspiu rispidamente aquelas palavras na minha cara.

ㅡ Eu não b-beijei... O Namjoon. ㅡ Empurrei seu peito com toda a força que tinha. ㅡ Nunca beijei, e jamais irei beijar qualquer um que seja. Porque nenhum é você! Ninguém nunca será você.

ㅡ Seu mentiroso...

O calei rapidamente com um tapa estalado em sua bochecha.

Chega.

Só, chega.

ㅡ Cala essa maldita boca! Agora sou eu que vou falar e você vai me ouvir. ㅡ Firmei o indicador numa curta distância da ponta de seu nariz. ㅡ Ontem, quando você foi grosso e me deixou sozinho no refeitório, eu estava surtando internamente e só ele sabia o porquê. ㅡ Suspirei fundo, buscando a coragem necessária para tocar nesse maldito assunto novamente. ㅡ Meu pai resolveu dar as caras.

O moreno arqueou uma das sobrancelhas em surpresa.

ㅡ Ele me encontrou e começou a me perseguir como um maluco, implorando que eu me encontrasse com ele, porque queria "resolver" as coisas. ㅡ Retirei os óculos, já que nem conseguia enxergar mais pelas lentes embaçadas. ㅡ Eu não sabia o que fazer... Não queria te contar, porque tinha a sua mãe, e principalmente, por esse temperamento... Você iria acabar fazendo uma besteira, porque eu te conheço bem... 

ㅡ E então você resolveu me excluir e correr pro seu queridinho?! ㅡ Questionou em tom debochado.

ㅡ Eu não queria te colocar em mais um problema! Isso era minha responsabilidade. ㅡ Cruzei os braços, segurando meu desgosto com todas as forças possíveis. ㅡ Isso não importa agora. O que você viu foi um agradecimento! Eu tinha acabado de ficar perto do meu maior pesadelo... Do ser que transformou a minha vida num completo inferno, e o Namjoon só estava me apoiando.

ㅡ Mas era para eu estar lá! EU! Ficando do seu lado num momento tão ruim... ㅡ Seu rosto também brilhava em lágrimas. ㅡ E você me abandonou...

ㅡ A vida não é só sobre você, Jungkook. ㅡ Respondi em um tom seco. ㅡ Eu não queria que você ficasse ainda mais preocupado. Sua mãe estava correndo risco de vida, presa numa cama de UTI, eu não podia simplesmente jogar todos os meus problemas nas suas costas e esperar que você me salvasse como num quadrinho de super-herói. ㅡ Passei meu dorso sobre as bochechas, enxugando de forma aleatória as áreas úmidas. ㅡ E mesmo assim, eu não dormi pensando em você. Preocupado com você, com sua mãe e como tinha sido o encontro de vocês. Queria estar ao seu lado nesse momento, como sempre te prometi que estaria. Mas aí, você foi lá e me afastou por causa de um ciúme imbecil.

ㅡ Eu só... D-Droga. ㅡ Escondeu o rosto entre as mãos, puxando e repuxando os fios de cabelos como se fossem fiapos de roupa. ㅡ Aconteceu tanta coisa... Me senti perdido, completamente perdido. E só poderia me encontrar, ou tentar, se estivesse com você... Você é tudo para mim, Taehyung.

E então eu os vi...

Os olhinhos brilhantes e inocentes de jabuticaba. Eles faziam parte da criança interna dele. Sempre que buscava algum afeto ou carinho, eram eles que se sobressaíam...

Jungkook era só uma criança perdida, que teve a fase mais linda e pura da infância roubada por tragédias... E, no fim, ele conseguia ser quem era de verdade quando estava comigo. Onde sua criança interior recebia todo o amor e conforto possível.

E eu achei que poderia lidar com isso. Que poderia dar tudo que ele mais teve necessidade em toda sua vida... Mas creio que isso não vai ser possível. A forma como ele agiu hoje, sem nem ao menos se importar se estava me machucando ou não, e eu não estou só falando do empurrão ou roxos marcados na minha pele... Mas sim, da forma como ele estilhaçou meu coração e nem ao menos se importou.

Acho que acabamos nos prendendo em algo que não tinha fim, não era real.

ㅡ As coisas não deveriam ser assim, Jungkook. ㅡ Poderia me chicotear pelo que estou prestes a dizer, mas é necessário. ㅡ Eu não posso ser responsável por polir sua linha e arrumá-la quando estiver prestes a se partir.

ㅡ Tae... ㅡ Seus olhos ganharam o dobro do tamanho. ㅡ O que quer dizer... Por favor, não.

ㅡ É a nossa realidade, meu bem... ㅡ Me aproximei, estendendo minha palma até sua bochecha vermelha. ㅡ Não posso cuidar da sua vida sempre que achar que não a suporta... Sei que amar algo ou alguém é cuidar... Mas não podemos nos prender nisso e só achar que as coisas vão funcionar se o outro consertar os caquinhos. Nós dois temos problemas, Jungkook. Problemas que só nós mesmos podemos lidar, por mais dolorosos e sombrios que sejam.

O moreno balançou a cabeça diversas vezes, implorando que eu parecesse, implorando que eu não fizesse o que ele já havia percebido que daria o rumo daquela conversa.

ㅡ Precisamos aprender a lidar com nossos próprios demônios, sozinhos. ㅡ Tentei abrir um sorriso para confortá-lo, mas acabou sendo algo ainda mais doloroso. ㅡ E só quando entendemos o nosso propósito verdadeiro, vamos conseguir desfrutar desse amor tão lindo que sentimos um pelo outro.

ㅡ Não, não, não! Por favor... Eu prometo melhorar, eu prometo ser melhor para você... Mas não faz isso, por favor... ㅡ Segurou meus braços em um puro pranto. ㅡ Eu não consigo viver sem você...

É esse o problema...

Não deveria ser assim...

ㅡ Eu te amo... ㅡ Declaro.

ㅡ N-Não... P-Por favor, Tae... ㅡ Implorou novamente com a voz afundada num choro grandioso.

ㅡ E é porque eu te amo, que não posso ser egoísta com você. Não posso ser egoísta com nós dois. ㅡ Colei nossas testas. ㅡ Não posso fingir que nada está acontecendo e insistir em algo, que vai nos destruir ainda mais num futuro...

Todas as nossas memórias começaram a vir de uma só vez em minha mente.

A forma caótica com que tudo começou. Todas as mentiras e traições das quais fizerem tudo desabrochar. Nosso amor começou de uma mentira, de uma enganação problemática, onde nós dois não nos importávamos como iríamos magoar muitas pessoas...

E mesmo assim, eu me tornei um completo filho da puta só para ficar com ele.
Só para gritar que o amava... E disso eu nunca vou ter nenhuma dúvida.

Sempre amei e vou amar, Jeon Jungkook.

Mas não posso viver um amor, se terei medo do que pode ou não acontecer...

Num ato rápido, comecei a puxar a aliança prateada do meu anelar. A sensação era semelhante a arrancar um pedaço meu. Segurando o choro e a força de um grito, delicadamente, peguei uma de suas mãos trêmulas e coloquei a pequena esfera prateada no centro.

O moreno desabou em mais e mais lágrimas, repetindo "não" diversas vezes, tentando se convencer de que isso não estava acontecendo.

ㅡ Não podemos mais ficar juntos, Jungkook... ㅡ Um bolo gigantesco se formou quando eu proferi tais palavras. Nunca pensei que seria capaz de dizê-las. ㅡ Não, por agora... Precisamos nos resolver, nos entender... Lidar e pensar se estamos realmente no caminho certo. O que você fez aqui hoje, mesmo prometendo milhares de vezes que não ira se repetir, não é suficiente para que eu confie em você...

ㅡ Você prometeu... ㅡ Sussurrou entre um soluço. ㅡ Prometeu que ficaria comigo. Que seria meu lar...

ㅡ Eu não mereço você, meu amor. ㅡ Sorri ladino. ㅡ O amo tanto, que não sou capaz de te ter. De tê-lo por completo... E é porque te amo, que preciso fazer isso agora.

ㅡ Me ama tanto, que vai me abandonar como todos fizeram... ㅡ Seus olhos marejados encontraram os meus e foi ali, que eu desabei.

ㅡ V-Você vai entender um dia... ㅡ Afaguei seus fios, sentindo o perfume tão familiar se apropriar de minhas narinas. ㅡ E talvez vá me perdoar ou me odiar...

Não ia conseguir ficar muito tempo ali.
Não podia fazer isso com nós dois...

Então, mesmo com um vazio gritante em meu peito, aproximei meus lábios de sua testa úmida pelo suor, conseguindo sentir o odor forte da nicotina impregnada em sua pele, mas isso não era importante. E então deixei um selar singelo e demorado próximo ao meio de suas sobrancelhas. Doeu me afastar de seu corpo, principalmente, por ter certeza de que nunca mais o sentiria tão perto.

Mas era necessário...

Era para o próprio bem de vocês dois...

ㅡ NÃO VÁ! ㅡ Implorou aos berros quando me virei para ir. ㅡ Não vá, por favor... Por favor, pesseguinho...

ㅡ Eu sempre vou amar você... ㅡ Cochichei baixo, mas sabia que ele tinha ouvido.

E então corri para fora daquele lugar. Para longe dos gritos dele. Para longe de tudo que havíamos vivido juntos...

Mal conseguia ver os degraus pela visão embaçada. Me agarrei ao corrimão e continuei, tendo que dar uma pausa para controlar o choro agressivo.

Meu coração estava em pedaços...

Minha vida tinha se tornado um grande borrão de tinta. Tudo estava uma completa bagunça na minha cabeça... Me questionava se estava tomando a decisão certa. Se não tivesse exagerado, deveria voltar correndo até ele e garantir que jamais sairia dali...

Mas eu não posso...

Mesmo sendo doloroso, ouvi-lo chamar por mim em prantos. Não posso voltar atrás...
Não posso viver num eterno "e se..."

Não posso...

Amar alguém também requer sacrifícios.
E o mais cruel de todos é o deixar ir...

Terei que aprender a lidar com isso e aprender com a minha decisão.

Mas quero que sempre saiba, Jungkook...

Eu jamais irei amar alguém, como eu amo você.

Vou te amar até o dia que Alioth se apagar. E mesmo que aconteça, não se preocupe, porque terá uma nova estrela para que possamos chamar de nossa.

E então...

Viver nosso amor mais uma vez.

_______________________________________________

🐱

Foi isso meus amores, espero que tenham gostado 💙.

Eu sinceramente não sei o que dizer a vocês após essa bomba que soltei e vazei KKKKKK

Sinto muito por isso. Mais vocês precisam entender que é extremamente necessário esse afastamento deles. O Jungkook não está bem, e isso está mais que nítido, principalmente pelos seus últimos comportamentos.

E é compreensível, mais que compreensível.

Mas ele precisa aprender a lidar com os próprios sentimentos antes de querer dividi-lós com alguém.

O Tae também está sobrecarregado. Nenhum iria conseguir fornecer apóio um pro outro...

Mas isso ainda não é o fim definitivo...

Os próximos capítulos serão ainda mais complicados de digerir, acreditem.

Já que, infelizmente, nossa querida está próxima de sua finalização 🥲

Mas não quero falar sobre isso agora KKKKKKKK vamos deixar o barco navegar, conforme a onda. Okay?

Não vou me prolongar muito.

E prometer aos leitores de Paixão Rural que teremos bastante risos no capítulo 05 KKKKKKKKKKK ele está ficando incrível e em breve eu libero ele pra vocês <3

E também, em muito breve, teremos atualização para Novas Sintonias!!!

Finalmente, né? KKKKKKKKKKKK

Logo, logo apareço com essas pérolas em mãos, prometo KKKKKK

Ouçam nossa playlist no Spotify

ETOJJ|| kth&jjk💙
[Vão lá dá uma moral pra mim pfvr]

Não esqueçam de me seguir no twitter @/autorashamy e no TikTok @/yoonsillva
Estou bem ativa com os vídeos por lá, vão lá conferir 🥺

De resumo é isso, meus piquititos 💙

Se cuidem, comam direitinho e bebem bastante água, principalmente por conta desse calor maluco 💙🫂✨

Muito obrigado por tudo💙

Um xero grandão no olho 🫂✨💙