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30 • Perdão.

Deixem seu estrelinha e seu comentário para interagirmos bastante💙.

#teOdeiomaisqueabacate

Quem é vivo, sempre aparece.

OLÁ MEU BOLINHOS!!!
(Como é bom dizer isso)

Que saudades que eu tava daqui... Cês não tem noção 🤧🥺

Mas, infelizmente, terá que ser assim mesmo. ETOJJ está começando a caminhar na direção do fim, e os capítulos estão ficando maiores e por consequência, com mais elaboração. Então vou ficar aparecendo aqui quando der mesmo KKKKK

Sinto por isso... Gostaria de ser mais presente aqui, de verdade 🫂

Mas enquanto as atualizações daqui não saem, vocês podem me visitar nas minhas outras histórias ✨

Saiu a segunda temporada de Lance Perfeito, que em breve sai o primeiro capítulo, mas já tem fotinhas lindas e um prólogo prá lá de curioso KKKKKK vão lá conferir 💙

Mas vamo deixar de enrolação, né não?!

VAMO SIMBORA!!!

Capítulo 30:🐱

Kim Taehyung


Apartamento do Namjoon.
16:18 p.m. Denver, Colorado.

ㅡ Você enlouqueceu de vez?! Só pode ser isso. ㅡ O de fios escuros disse alto entre um riso. ㅡ Taehyung, pelo amor de Deus! O cara some por anos e volta a essa altura do campeonato, te ameaçando, ainda por cima.

Afundei ainda mais meu rosto contra o vão dos meus joelhos, segurando ao máximo meu choro. Eram tantas verdades de uma vez sendo ditas, que estava atacando violentamente meu estômago...

ㅡ Por que estamos discutindo isso ainda?! Só há uma solução! Chamar a polícia. É isso. Vamos fazer isso.

ㅡ Não, não... Eu não posso fazer isso... ㅡ Resmunguei baixinho. ㅡ Eu convivi com aquele homem por anos infernais da minha existência. Ryder é um monstro... E não quero ter que comprovar isso novamente com a minha família...

Os passos pesados e rápidos cessaram e um forte suspiro veio da direção em que Namjoon estava. Demorou alguns minutos para o som abafado de seu calçado contra o piso de vinil começar a mudar em minha direção. O moreno se agachou na minha frente, estendendo a palma grande sobre o meu joelho. Fazendo movimentos lentos e circulares sobre a minha patela.

ㅡ Eu sinto muito... ㅡ Sua voz tinha um timbre diferente agora. Baixa e coberta de desgosto. ㅡ Vocês não deveriam ter passado por isso. São pessoas incríveis...

Levantei meu rosto para encará-lo, e rapidamente me senti abraçado por seu sorriso reconfortante.

Era bom tê-lo aqui...

Namjoon sempre soube de muitas coisas sobre mim, que nunca contei a ninguém... Nem para Giselle ou Jimin.

Principalmente se for sobre a minha infância ou algo relacionado à minha antiga cidade e a nossa estadia por lá... Nunca me senti confortável com isso tudo. Mas algo nele me passou essa confiança. Consegui me abrir aos poucos, nas noites serenas em que ficávamos sentados no balanço velho do meu quintal.

ㅡ Nós vamos dar um jeito nisso tudo, eu prometo. ㅡ Pendeu a cabeça para o lado antes de erguer seu corpo novamente.

ㅡ Obrigado...

ㅡ Está certo! O que quer fazer agora?! ㅡ Afundou as mãos nos bolsos folgados da calça moletom. ㅡ Quer dizer, concordou em encontrá-lo. Mas como vai fazer isso?!

ㅡ Eu não sei... Mas tenho que aparecer lá, de uma forma ou de outra. ㅡ Passei minhas mãos trêmulas sobre os fios caídos em meus olhos. ㅡ Mas não quero ir sozinho...

ㅡ E você não vai! Nunca no universo, que vou te deixar sozinho com esse cretino. ㅡ Seus olhos estavam fixos em mim, moldando um conjunto assustador em sua feição. ㅡ Vamos torcer que ele não tenha me visto muito com você...

Desci os pés descalços do sofá de coloração amarelada, voltando a ter uma correção melhor em minha coluna.

ㅡ É uma lanchonete movimentada, só precisa ficar numa mesa distante e observar... Se ele insinuar algo, eu tento improvisar algum sinal de ajuda com os dedos. ㅡ Ajustei meus óculos no rosto, ficando rapidamente de pé à sua frente.

Não teve muita diferença no fim. Namjoon era imenso, e perto dele, eu parecia um pobre cuidado que estava tendo problemas com a puberdade inversa.

O moreno concordou brevemente, me puxando delicadamente para um abraço reconfortante. Apertei sua cintura com força enquanto me deliciava com seu cheiro marcante de sabonete de camomila.

ㅡ Vai contar... Você sabe, para o Jungkook? ㅡ Seu tom de voz havia mudado novamente quando tocou no nome do meu namorado.

Mesmo depois de tanto tempo, ele ainda se sente desconfortável em relação ao Jungkook... Ou ainda alimenta algum ciúme dentro de si.

ㅡ Não agora... ㅡ Me afastei rápido de seus braços. ㅡ Conhecendo bem a peça, é muito provável que ele termine a noite preso por agressão. De jeito nenhum! Ele não pode ficar com má reputação, faltando tão pouco para ingressar na faculdade.

ㅡ Se você diz. ㅡ Sorriu amarelo.

Repousei minhas mãos, ainda trêmulas e úmidas de suor, na circunferência da minha cintura fina.

É o certo...

Não posso deixar que ele se dê mal e foda tudo com a faculdade... É um sonho tão bonito...

Nunca me perdoaria se ele perdesse tudo por minha causa. E ainda por cima com todas as preocupações com a mãe...

Quando tudo estiver mais calmo e eu tiver me livrado de vez da presença repugnante do meu pai, poderemos ter essa conversa de forma civilizada... E evitar todo um encontro completamente desnecessário entre os dois.

ㅡ Eu preciso ir...

ㅡ Tudo bem. Vou estar lá quando você chegar. ㅡ Assegurou mais uma vez. ㅡ Não se preocupe, avanço para cima dele, se acabar notando algo estranho.

Sorri rapidamente antes de abraçar seu corpo desajeitadamente e segui até a porta branca de sua residência.

Não morávamos muito distantes um do outro, era tecnicamente na mesma rua. Não fazia muito tempo que ele tinha se mudado para esse lugar novo.

Sua mãe achou mais em conta mudar para um prédio, um lugar menor e mais barato, já que só eram eles dois mesmo.

Afundei as mãos nos bolsos do short e segui devagar pela calçada de blocos cinzas que eu sempre evitava pisar nas linhas que os dividiam. Senti meu celular vibrar em um dos bolsos, mas não me importei muito. Se me basear pelo horário, seria a Charlotte, preocupada por não me encontrar estudando na mesa da cozinha . Senti a brisa fresca e úmida bater contra minha pele, indicando que o fim do verão estava próximo...

As noites começam a ficar mais abafadas nessa época do ano, um completo tormento para quem não tem com o que se refrescar.

Assim que reconheci a parte solta das pedras, levantei a vista e observei as luzes da sala ligadas e o reflexo da TV no vidro da janela. Lotte estava vendo seus desenhos. Que novidade...

Porém, meus pés travaram após passar pelas plantas que tapavam a visão da entrada da minha casa. Jungkook estava lá. Sentado no banco da monstrinha, enquanto mexia de modo inquieto no celular. O ronco baixo da moto e a forma como ela balançava enquanto ligada o fazia dar saltos minúsculos involuntários sobre o banco de couro, era bem atraente, eu confesso...

Seus olhos de jabuticaba apontaram na minha direção, quando ouviu o arrastar do All Star gasto e sorriu satisfeito ao reconhecê-lo.

ㅡ O que faz aqui?! ㅡ Questionei enquanto me aproximava devagar.

ㅡ Ver meu pêssego, ué? ㅡ Ergueu o corpo lentamente. ㅡ Onde estava?! Te liguei várias vezes e não retornou.

Era ele.

ㅡ No Namjoon! ㅡ Disse rápido e me arrependi na mesma velocidade. ㅡ E-Ele queria me mostrar umas regras... N-Novas para o clube.

Fico extremamente impressionado com a minha capacidade de não conseguir mentir para ele... Quase que coloco toda a merda do plano no lixo.

ㅡ Hum... Tudo bem, então. ㅡ Não parecia muito convencido. ㅡ Queria te perguntar uma coisa.

ㅡ Estou ouvindo.

ㅡ Foge comigo? ㅡ Sorriu amarelo de modo aconchegante.

ㅡ Quê?! Tá doido, Jungkook? ㅡ Gargalhei alto.

ㅡ Só essa noite, amor. ㅡ Puxou minha cintura na sua direção.

Seu toque repentino me fez arrepiar do couro cabeludo, até os dedos do pé... Era algo tão comum e que fazia parte da sua linguagem amorosa. Mas sempre que acontecia, parecia a primeira vez...

ㅡ Vai me sequestrar?! ㅡ Passei meus braços em volta do seu pescoço.

ㅡ Não era bem essas palavras que eu queria usar, mas sim. ㅡ Selou meus lábios rapidamente. ㅡ Queria te levar num lugar bem legal...

ㅡ Da última vez que ouvi isso, dançamos em público e adotamos o Menudo. ㅡ Acariciei seus fios macios e extremamente perfumados, por um aroma leve de lavada. ㅡ E transamos numa cachoeira.

ㅡ Esse dia foi fantástico... ㅡ Respondeu baixinho. ㅡ Enfim! Prometo que você vai gostar, e se quiser, nós podemos repetir a dose da cachoeira...

Bati forte contra seu peito, me afastando rapidamente. O moreno gargalhou meio alto e ligou o motor barulhento da moto preta.

Suspirei devagar e me posicionei atrás de seu corpo grande. Fechei a tranca do capacete e deslizei minhas mãos pela lateral da sua cintura fina até cruzar meus braços, o envolvendo de modo apertado em mim. Jungkook deu a partida e o ronco ecoou pela rua calma e silenciosa. Escondi meu rosto nas suas costas quando senti o baque da velocidade nos conduzindo pela rodovia barulhenta.

Motos nunca foram o meu meio de locomoção favorito, sempre achei muito perigoso e, se você analisar o índice de acidentes, principalmente nos dias atuais, a moto sempre vai estar num ranking assustador... É apavorante... Mas tudo muda de forma quando estou preso à cintura de Jungkook, sentindo o vento bater forte contra o meu rosto, deixando seu cheiro me consumir... Não deixa de ser perigoso, é só olhar para a forma como ele pilota a monstrinha. Porém, me sinto anestesiado a tudo isso quando estou com ele...

Me sinto seguro por ser ele...

É assim que me sinto ao lado de Jungkook, me sinto seguro... Me sinto em casa. Já cansei de dizer isso... Uma sensação que traz os dois lados da moeda para a mesa.

Ao mesmo tempo que é algo bom, agradável e reconfortante. É também uma zona muito destrutiva e nebulosa.

Como um passeio de barco em alto mar, o dia está bom e quente, perfeito...

Mas podemos ser surpreendidos a qualquer momento por uma tempestade que pode nos tirar de rota, e na maioria dos casos, levar ao naufrágio...

[...]

ㅡ Tem que prometer que não vai olhar. ㅡ Reforçou o mesmo pedido de alguns minutos atrás.

ㅡ Eu não vou! Eu juro. ㅡ Sorri rapidamente, enquanto apertava mais as mãos sobre os olhos.

Jungkook amava fazer esses mistérios, era bem a cara dele. Ele me conduzia devagar, pelo terreno arenoso e um pouco íngreme, conseguia sentir pequenos tufos de grama em alguns pontos em passávamos.

Ouvi uma música eletrônica ao fundo, acompanhada de vozes e risadas em harmonia.

Uma festa?!

ㅡ Onde estamos?! ㅡ Questionei, e só ouvi um rápido riso vindo do mesmo à minha frente.

A música foi ficando mais alta na proporção que íamos nos aproximando.

Suas mãos se desprenderam das minhas rapidamente, senti que seu corpo havia se posicionado ao meu lado, mas logo escorregou para as minhas costas, onde pude sentir sua respiração quente próximo à minha nuca. Ele segurou minha cintura dos dois lados e aproximou a boca do meu ouvido, me fazendo suspirar: ㅡ Pode abrir, pêssego... ㅡ Sussurrou lentamente.

Sorri novamente e segui seu comando devagar. Retirei as mãos com cuidado, piscando repetidas vezes para me acostumar com a claridade oscilante do ambiente.

ㅡ Meu Deus... ㅡ Cochichei um pouco surpreso. ㅡ Que lugar é esse...

Estávamos sobre um relevo de grama mediano, com algumas pessoas em volta, sentadas e outras deitadas sobre toalhas espalhadas pelo chão verde brilhante.

ㅡ É o melhor lugar para ver o show... ㅡ Sussurrou ainda próximo do meu ouvido.

ㅡ Que show?!

ㅡ Você já vai descobrir. ㅡ Apoiou a cabeça no meu ombro enquanto sustentava um sorriso ladino.

E de modo instantâneo e revelador, um feixe de luzes explodiu à nossa frente. Revelando todas as pessoas que estavam na parte de baixo da elevação.

Fogos estouraram no céu estrelado acima de nós. Todos gritavam e aplaudiam a explosão de cores cintilantes... Meus olhos mal conseguiam piscar direito de tanta empolgação com todo aquele espetáculo.

Tantas lembranças...

Mas logo fui tirado do meu transe com outra explosão de cores, só que mais perto e em forma líquida, que arremessaram em minha direção.

ㅡ O que foi isso?! ㅡ Questionei, risonho, enquanto tirava o excesso de tinta vermelha que pingava da minha camisa.

Jungkook não estava mais atrás de mim, coisa que nem tinha percebido direito quando ele de fato tinha se afastado. Agora o sacana estava rindo alto, enquanto segurava mais dois balões de tinta, iguais a todos à nossa volta.

O ambiente calmo e tranquilo havia se tornado uma competição de arremesso de tinta alheia.

Não estava entendendo nada, mas me deixei levar pela brincadeira, quando senti outra pancada na retaguarda. Corri até um balde cheio de balões e comecei a arremessar os mesmos contra as pessoas que gargalhavam alto.

Foi um momento único e divertido. Todos ali, completamente sujos de tinta colorida, enquanto corriam e riam alto sem dar brechas para qualquer outro pensamento externo. Nada parecia importante, nada parecia ser preocupante... Tudo que importava era o nosso real presente.
A música alta e os fogos de artifício que também coloriam o céu naquela noite tão linda...

Estava tudo perfeito...

Jungkook agarrou minha cintura em uma das correrias e me puxou bruscamente contra seu corpo completamente molhado e tingido de tons diversos. Me debati quando o vi estender uma bexiga com tinta azul para o alto e furar o plástico com o dedo, fazendo a tinta espirrar para todo lugar.

ㅡ SEU TRAPACEIRO! ㅡ Gritei alto, o fazendo cair no riso.

Agora segurando meu corpo por completo, o moreno me ergueu com facilidade para o alto enquanto rodopiava sem parar. Agarrei seu pescoço com força enquanto fechava os olhos para não cair numa tontura repentina.

E assim que notei seu ritmo diminuir, me permitir, abri os olhos e pude sentir meu coração disparar dentro do peito... Tudo à nossa volta parecia estar em câmera lenta. As cores, os fogos, a música... O tempo estava diminuído a velocidade, quando encarei suas orbes escuras de jabuticaba. Elas refletiam as luzes de modo intenso e perfeito, me fazendo tremer só de encará-las por muito tempo.

Passei meu polegar pela sua bochecha azulada, deixando um carinho que diminuía conforme me aproximava de sua boca entreaberta num sorriso fofo.

ㅡ Eu amo você... ㅡ Cochichei enquanto esfregava nossos lábios.

Nossos lábios já se encaixam com facilidade e supriam bem a necessidade um do outro quando ficavam muito tempo sem estarem juntos. Nossas línguas traçaram um caminho perfeito para se encontrarem. Seus dedos espremeram a pele da minha cintura enquanto buscava apoio para me deixar sobre ele. Suguei seu lábio inferior nos espaços que dávamos para tentar respirar, finalizando o ato com uma mordida singela e safada. Jungkook pressionava meu corpo contra o dele em busca de mais contato, os dedos ágeis foram ao encontro da minha bunda, apertando a carne coberta pelo tecido fino do short.

Nossas línguas batalhavam violentamente para encontrar espaço dentro de nossas bocas. Os lábios se movendo de forma tão rápida que mal dava para controlar as esbarradas que nossos dentes davam pela euforia do momento.

Nada mais importava, nada além de Jeon Jungkook.

Jungkook conseguia me deixar entregue a ele de uma forma inexplicável. Era inevitável... Ele sempre me conseguia por completo...

Quando tivemos que nos separar pela falta de ar, ele colou a testa na minha e sorriu. Um sorriso tão lindo, que tenho certo medo de ter me apaixonado de novo por ele, com um ato tão simples...

ㅡ Você é tudo para mim... ㅡ Confessou. ㅡ Não importa o que aconteça, você sempre será tudo para mim, pêssego...

ㅡ Eu quero estar com você para sempre... ㅡ Fechei os olhos novamente, me permitindo sorrir sem deixar nada me abalar naquele momento. ㅡ Diga que vai estar comigo para sempre... Por favor...

Eu sempre estarei com você.

Abri meus olhos e senti os mesmos começarem a marejar quando encontrei suas lumes novamente, bem ali... Na minha frente. Jungkook me encarava com aquelas galáxias brilhantes e eu conseguia me ver perfeitamente nelas...

É isso que eu quero.

Quero me ver para sempre nelas e sempre me sentir consumido quando as vejo...

Eu te amo tanto, seu idiota.

Tenho tantos fantasmas me assombrando neste momento, tantos problemas perigosos me consumindo dolorosamente... Eu só queria ter coragem de te falar...

Ouvi de você que tudo ficará bem... Que vamos superar isso juntos... Que iremos sorrir disso tudo, no futuro... Que você estará comigo...

Que me ama...

Não quero ficar imerso novamente no passado, tenho medo de não conseguir sair disso e ser puxado com força para o fundo do oceano problemático que é isso tudo...

Tenho medo de ficar sozinho naquele mar escuro novamente...

Se eu pedir... Você me salva?!

...

Tivemos uma noite magnífica.
Após a festança com cores, ele me explicou que sempre rolava esse tipo de coisa por aqui, não sabia ao certo por quê, mas achou que seria uma ótima forma de descontrair ao meu lado.

E, de fato, foi.

Jungkook me levou de volta para casa, e mamãe quase infartou quando nos viu naquele estado.

Perguntei se ele não queria ficar conosco, mas o mesmo recusou. Tinha que ficar com sua mãe hoje à noite.
Respeitei o seu momento, já que ele precisava deles para criar coragem em relação à informação da clínica...

Nós nos despedimos rapidamente e ele prometeu levar cupcakes de banana para minha sobremesa no almoço. Nos beijamos e o observei subir na mostrinha e sumir no fim da rua.

E logo os pensamentos ruins sobre o meu pai me consumiram novamente...

O amanhã nem chegou ainda, e já está sendo o pior dia para mim.

...

Denver East High School.
09:37 a.m. Denver, Colorado.

ㅡ Você tem que comer a salada, Min Yoongi. ㅡ Jimin falava sério para o namorado, que insistia em fazer birra em relação à comida que o ruivo escolheu para ele.

ㅡ Eu não estou de dieta, amor... ㅡ Justificou o loiro com um bico nos lábios.

Era hilário vê-lo dessa forma.

Consegue perder todo a marra que construiu para as pessoas em segundos, estando perto de Jimin.

Com o baile se aproximando, todos nós estávamos lidando com uma gigantesca correria. O fim do ano letivo se aproximava, então tínhamos inúmeras provas e apresentações de trabalhos para entregar, estávamos nos trinta para conseguir organizar os preparativos e ainda ter tempo de estudar.

Era raro conseguirmos sentar juntos na hora do intervalo...

ㅡ Come logo isso, Yoongi. ㅡ Jungkook disse em tom risonho.

ㅡ Cuida da tua vida!

Rimos alto da expressão raivosa que o mesmo fez em nossa direção, voltando rapidamente a prestar atenção ao seu namorado.

ㅡ Esses dois foram feitos um para o outro mesmo. ㅡ Disse ainda risonho. ㅡ Vivem em pé de guerra, mas sempre terminam o dia de amorzinho.

ㅡ Os opostos sempre se atraem, pêssego. ㅡ Respondeu enquanto massageava minha coxa por baixo da mesa. ㅡ É uma espécie de amor que se fortalece a cada troca de fogo violenta.

ㅡ Isso soa problemático, não acha?!

ㅡ É, eu sei. ㅡ Deixou um beijo estalado sobre a minha bochecha. ㅡ Sei, porque me apaixonei por um nerd, fã de Vampire Diaries; que se declarou e me beijou durante uma queima de fogos ao som de Fireworks, um clássico.

ㅡ E quem te garante que nós estamos em uma comédia romântica? ㅡ Sorri de modo simplista. ㅡ É melhor irmos escolhendo a trilha sonora do nosso final feliz, não acha?

Deitei minha cabeça sobre o ombro alheio do moreno, deixando o cheirinho recente de sabonete que vinha de sua pele me consumir lentamente... Amava o modo como sua pele ficava, duas vezes mais perfumada, quando ele usava as barras com derivados de leite, era muito gostoso...

ㅡ O que vamos fazer hoje?! ㅡ Questionou baixinho. ㅡ Vai ter uma reunião com os terceiros sobre o baile, e como você está no conselho, podíamos sair juntos depo-

ㅡ Eu não posso! ㅡ Cortei sua fala enquanto me levantava rápido. ㅡ Desculpa... Eu tenho que resolver umas coisas do clube com o Namjoon.

ㅡ Achei que já tinham feito tudo ontem. ㅡ Inclinou a cabeça para um lado, para conseguir enxergar meu rosto com mais clareza.

Tentei ao máximo mostrar segurança em minhas feições, mas era impossível sustentar algo tão mentiroso na presença de Jungkook. Meu coração latejava tanto por mentir... Não queria fazer mais aquilo, não com ele.

ㅡ Eu sei... É que faz tempo que não assumo meu cargo de segundo fundador, e tudo está um caos por lá...

As palavras estavam saindo facilmente até eu fazer a besteira de encarar seu rosto tristonho.
Odiava ser o responsável por tirar o brilho lindo de seus olhinhos de jabuticaba.

ㅡ Tá tudo bem. ㅡ Encostou o corpo na cadeira, que mal dava conta de suas costas largas. ㅡ Tenho que ir ao hospital de todo jeito mesmo, já adianto tudo.

ㅡ Queria ir com você... ㅡ Acariciei sua coxa coberta pela calça frouxa de algodão.

ㅡ Uma pena. ㅡ Retirou a perna do meu alcance, sorrindo falsamente para disfarçar. ㅡ Eu preciso ir agora.

ㅡ Você nem comeu direito, Jungkook. ㅡ Reclamo.

ㅡ Não estou com fome, relaxa. ㅡ Levantou-se rápido da mesa redonda, chamando a atenção do casal à nossa frente. ㅡ Aproveite bem seu dia, Taehyung.

Arrumou a mochila nas costas com agressividade e foi pisando pesado pela cerâmica cinzenta até a saída.

ㅡ Que deu nele?! ㅡ Jimin me encarava confuso. Até dava para ver o ponto de interrogação que crescia em sua testa. ㅡ Vocês brigaram?

ㅡ Não foi nada...

Encolhi meu corpo sobre a cadeira dura, enquanto soltava pequenas lufadas de ar que estavam presas na minha garganta. E tudo piorava com o olhar de julgamento que Yoongi lançava sobre mim a todo instante...

Que ótimo...

O sinal bateu logo em seguida, arrumei minhas coisas com rapidez e saí de lá o mais rápido que conseguia, nem consegui me despedir de Jimin, mas isso não era nada, em comparação à bomba com a qual terei que lidar quando encontrar Jungkook novamente. Caminhei apressado pelos corredores, tentando ao máximo manter minha direção correta, para não esbarrar em ninguém até chegar no andar de cima.

Droga...

Já é um dia ruim, e ainda estamos no início dele.

[...]

Sala do clube de Astrologia.
09:43 a.m. Denver, Colorado.

ㅡ É bom saber que ele tem ciúmes de mim. ㅡ Namjoon gargalhou maléfico enquanto arrumava a prateleira com livros de cálculos. ㅡ Me sinto dois terços mais atraentes agora.

ㅡ Não seja ridículo! ㅡ Revirei os olhos.

ㅡ É verdade, Tae. ㅡ Deu um pequeno pulo do banquinho que usava, batendo as mãos do lado contrário ao meu, para se livrar da poeira. ㅡ Um macho alfa como ele, sentindo ciúmes de mim. O nerd bobo, que coleciona cards do Pokemon e Yu Gi Oh, que chora quando assiste edit do Sheldon e da Amy...

Empurrei outra pilha de livros no seu peito para calá-lo, o moreno sorriu satisfeito. Virando-se para continuar sua "organização", onde somente ele consegue encontrar algo.

ㅡ É essa forma agressiva dele que me deixa sempre com um pé atrás de tudo... ㅡ Sentei devagar sobre a madeira velha da pequena mesa de estudos. ㅡ Não é a primeira vez que Jungkook troca a chavinha da personalidade, transformando-se num completo idiota insensível, quando as coisas saem do seu controle.

Encarei a movimentação e as risadas altas que ficavam mais altas no pátio principal da escola. As líderes de torcida faziam brincadeiras aleatórias com alguns jogadores, que migravam em direção ao campo verde.

Hoseok fugia de uma ruiva, que insistia em abraçá-lo, e o mesmo corria para não apanhar da Giselle depois. Yoongi só levantava a mão e mostrava a aliança prateada na mão direita. Jimin ficaria orgulhoso.

Já os outros só iam entrando na onda...

ㅡ Pode me passar aquelas enciclopédias ali, Tae. ㅡ Namjoon pedia impaciente, enquanto lutava com o equilíbrio corporal sobre a escada.

ㅡ Claro.

Ergui meu corpo, mas... Todo meu ser ficou travado, quando reconheci Jungkook no meio da parte brincalhona.

Meu coração falhou instantâneamente ao observar a cena toda de camarote...

Uma garota de cabelos escuros, numa risada alta, acompanhada dele, que abraçava delicadamente seu corpo contra o dele. Suas mãos grandes estavam sobre a cintura fina da garota e o rosto próximo ao dela...

A forma como a garota o tocava parecia tão íntima...

ㅡ Taehyung! A enciclopédia, caramba. ㅡ Falou um pouco mais alto, me fazendo dar um pequeno sobressalto pelo susto.

Pisquei algumas vezes, ainda encarando a cena. E com uma força milagrosa, movi meu corpo até o rapaz de fios castanhos que discutia baixo com a escada. Tentei fingir que estava bem para não preocupá-lo ou iniciar uma briga desnecessária, na qual eu sabia que o Nam sairia machucado. Nem sempre os músculos significam tanta coisa.

Eu sei que posso estar sofrendo atoa...

Que meu cérebro ansioso pode estar encontrando a desculpa perfeita para me fazer sofrer por algo, que nem seja real... Que estou sendo patético por sentir ciúmes de um simples abraço entre amigos...

Mas quando volto aquela cena toda do refeitório, nada parece coincidência. Principalmente se pegarmos o histórico vitorioso que ele tinha antes de iniciarmos algo.

Não sei...

Só me sinto ridículo e triste...

E quando me lembro do que virá em seguida nesse dia interminável, só piora tudo...

Finalizamos a organização toda, comigo driblando o faro aguçado de Namjoon sobre o meu bem-estar. Repassamos o essencial do pequeno plano, ele tinha que passar despercebido e parecer um cliente comum no meio de tantos. Nada podia parecer suspeito.

Escolhemos uma mesa nos fundos do restaurante e que daria uma visão razoável do ambiente.

Iria dar certo... Tínhamos a vantagem de não usar uniformes padrões ao nosso favor, não tinha como desconfiar. Pegamos nossas mochilas e seguimos para a saída no andar de baixo. Nossas turmas seriam dispensadas por conta da reunião, então não aí acabar perdendo aula por conta do meu pai.

Assim que paramos próximo aos corrimões, certifiquei que ele não estaria me vigiando, como estava fazendo nos últimos dias, pelo visto. Mandei que Namjoon fosse à frente e comunicasse se ele já estivesse por lá...

A lanchonete não ficava muito longe, era uma caminhada rápida de uns dois a três minutos no máximo. Ele faria em menos por conta das pernas longas, então não iria esperar muito de toda forma.

Meu celular vibrou no bolso traseiro e até levei um susto por imaginar que seria o Nam, mas sorri ao ver o nome da minha irmã no visor.

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Chat: Lottery .

Que horas você chega?! Comprei aquele sorvete de morango que você adora!! M&M e calda de chiclete!

Vou escolher um filme de na categoria de comédia, não quero ver mais nada de ficção científica, Taehyung.
[Enviado às 10:08]

Você deveria ter a mente mais aberta pra interestelar, Charlotte.
[Enviado às 10:08]



Lottery: enviou uma foto no chat 📸


Derreti completamente quando vi os olhinhos gigantes e brilhantes do meu pequeno Mundinho.

Que vontade de morder inteirinho...


Mandar foto do Menudo é apelação, tá. Eu chegou antes das 6 horas, pode deixar tudo encaminhado.
[Enviado às 10:09]

|Não se atrase!!! Ou eu vou te fazer tomar sorvete derretido.
[Enviado às 10:09]

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A notificação na conversa do Namjoon chegou, enquanto eu buscava uma figurinha engraçada para mandar a minha irmã. Guardei o celular no bolso, enquanto tentava encontrar um fluxo de respiração adequado para o momento... Olhei uma última para o campo verde na esperança falha de ver o rosto de Jungkook, ou coisa parecida... Talvez quisesse que ele me visse, e corresse até mim para se desculpar por sua grosseria e repetir diversas vezes o quanto me amava.

Droga...

Mas a imagem da garota sorridente agarrada ao seu corpo me proporcionou calafrios, e toda a imagem de seu rosto foi arremessada para fora com pressa... Não é o melhor dos momentos, Taehyung.

Definitivamente, não é.

Apertei novamente a alça da mochila entre os dedos e caminhei de forma rápida, com passadas largas para que não acabasse me arrependo por ouvir os alertas em luzes vermelhas que piscavam em meu cérebro.

Preciso acabar com isso de uma vez.

[...]

Observava a rua pouco movimentada, os horários de almoço normalmente chamam mais pessoas para esse lado da cidade, pelas lanchonetes diversificadas e alguns restaurantes temáticos que têm comidas muito estranhas, mas deliciosas.

Algumas pessoas conversavam na frente dos estabelecimentos e outras simplesmente passavam com tufões umas pelas outras.

Tinha me sentado na calçadinha de um canteiro de árvores altas, que enfeitavam o pequeno parque com os únicos pontos verdes da avenida. Já havia chegado há alguns minutos no local marcado por ele, uma lanchonete simples e dentro dos padrões clássicos, sabe aqueles estabelecimentos que sempre parecem idênticos nos filmes clichês? É meio que isso.

Tinha uma vidraça pequena que me permitia ver o fluxo dos clientes lá dentro... Ryder estava sentado em uma das mesas próximas ao vidro. Completamente relaxado, como se nada pudesse ser capaz de abalá-lo. Folheava o cardápio enquanto soltava risos galanteadores para a jovem garçonete que anotava seu pedido.

Não era de se admirar, ele fazia bem pior quando ainda era casado.

Me levantei quando vi que faltavam poucos minutos para o horário que havíamos combinado, ajustei a alça da mochila nos meus ombros direito e caminhei devagar até a faixa de pedestres bem no meio da avenida. O homem de cabelos grisalhos acenou rápido quando me viu perto da vidraça, suspirei fundo, agarrei o corrimão de ferro para adentrar no lugar, fazendo o pequeno sininho na parte de cima da porta balangar.

Era bem agradável na parte interna. Tocava uma música calma num volume baixo, as garçonetes usavam uniformes padronizados numa coloração avermelhada, as mesas com assentos acolchoados e espaçosos... Era um lugar bacana.

Avistei Namjoon numa mesa nos fundos, onde lhe dava visão privilegiada da mesa que Ryder tinha escolhido.

ㅡ Aqui, filho! ㅡ Acenou numa euforia descaradamente falsa.

ㅡ Que ridículo... ㅡ Sussurrei enquanto revirava os olhos.

Caminhei até ele, parando a poucos metros da quina da mesa de madeira, observando seu rosto bronzeado com um sorriso estampado nos lábios ressecados.

ㅡ Você veio mesmo. ㅡ Passou uma das mãos sobre os fios, um pouco inquieto. ㅡ Achei que não iria vir...

ㅡ Não fale como se tivesse me dado muitas opções. ㅡ Coloquei minha bolsa sobre o estofado, logo me acomodando do outro lado. ㅡ Acho que quando ameaçam a sua família para se sobressair em uma situação ridícula, não vai haver tantos caminhos para se escolher. Certo, pai?!

O sorriso foi perdendo o fluxo aos poucos e logo ele deixou sua verdadeira feição predominar por completo. Agora, de forma sarcástica, inclinou o corpo para frente, apoiando seus cotovelos por cima da mesa, num ato ridículo de soberania.

Baixou a cabeça por alguns segundos, voltando com um riso ladino debochado. Seus olhos sombrios caíram sobre mim, me deixando arrepiado instantemente pela forma obscura que eles tinham.

ㅡ Estou tentando ser legal com você... ㅡ Falou num tom mais grave e baixo que da outra vez. ㅡ Poderia sair um pouco da defensiva, merda.

ㅡ Defensiva?! ㅡ Dessa vez, foi minha a deixa para soltar um riso sarcástico. ㅡ Você nos abandonou sem dar nenhum tipo de explicação, sumiu do mapa e volta depois de anos como um fantasma infeliz, e eu que estou agindo na defensiva... É claro.

Encostei meu corpo no estofado vermelho, desviando meu olhar para a movimentação externa.

ㅡ Eu sei que minhas ações foram horríveis... Sei o quanto você e sua mãe sofreram sozinhos... ㅡ Continuava com o mesmo tom de voz, mas tendo um peso de choro acompanhado. ㅡ Sei o quanto ela sofreu...

ㅡ Ela estava grávida! ㅡ Acabei deixando minha voz um pouco alterada. ㅡ Grávida de um filho que você rejeitou de imediato... Você a rejeitou no momento em que ela mais precisava de verdade de você como marido... Como conseguia dormir à noite?!

ㅡ Não conseguia. ㅡ Respondeu rápido. ㅡ Nunca consegui... Sempre que fechava os olhos, imaginava o rosto tomado por lágrimas de sua mãe implorando para que eu não fosse...

Espremi os lábios com força um sobre o outro para conter o choro que se iniciava a cada palavra que saia de sua boca.

Parecia que tínhamos voltado aquele dia tão cinzento... Conseguia visualizar perfeitamente...

....
POR FAVOR, QUERIDO! P-POR FAVOR, NÃO VAI. ㅡ Gritava em plenos pulmões enquanto agarrava a barra da calça pantalona escura que papai usava naquela tarde chuvosa.

ㅡ CALA ESSA BOCA! JÁ DISSE QUE VOU EMBORA! ㅡ Agarrou os cabelos loiros com violência para empurrá-la para longe dele. ㅡ Sua imunda nojenta... Olhe o que fez com a minha calça! Está toda amassada por sua causa.

Mamãe chorava alto enquanto implorava mais e mais para que meu pai não fosse embora. Mas ele não se importava nem um pouco, apenas se virou e continuou a colocar suas peças de roupas dentro da bolsa grande.

Eu estava lá... Parado diante da porta do quarto de casal, em um pranto ainda maior, enquanto arranhava meu próprio corpo em puro desespero.

O sangue já estava preso nas minhas unhas medianas e as feridas ardiam mais a cada golpe que levavam.

ㅡ Ryder... E-Eu imploro... Fique comigo, por favor... ㅡ Ajoelhou-se novamente à frente dele, com a voz travada e quase inaudível pelo choro intenso.

ㅡ Eu não vou tolerar mais uma criança defeituosa, sua puta! ㅡ Voltou a agarrar os fios dela, enquanto a trazia à força à altura de seus olhos inchados e vermelhos. ㅡ Não já bastava o imbecil do teu filho ali?! Um completo imprestável, que ainda por cima é lerdo. Vamos lá, Taeyeon! Assuma logo que deu para outro, cadela nojenta, assuma que esse doente não tem nada a ver comigo.

ㅡ E-Ele é seu filho...

Os olhos do meu pai ganharam o dobro do tamanho e um forte tapa foi dado contra o rosto frágil da minha mãe, jogando-a com tudo sobre a cômoda de madeira no canto do quarto.

Mamãe berrou alto de dor, se encolhendo como uma criança assustada quando seu corpo estava sobre o chão manchado de sangue.
Ele estava batendo nela de novo...

ㅡ MAMÃE! ㅡ Corri desesperado até ela, a abraçando como conseguia por conta do meu corpinho pequeno. ㅡ Tae está aqui, mamãe... Tae vai cuidar da mamãe...

Levantou seu rosto lentamente, me observando atentamente e logo abrindo um pequeno sorriso quadrado que mostrava um pequeno corte na parte superior da sua gengiva.

ㅡ Mamãe...

ㅡ N-Não se preocupe, bebê, a mamãe está bem. ㅡ Acariciou minhas costas de forma acalentadora na tentativa de cessar meu choro alto. ㅡ Vai ficar tudo bem, não chore, bebê...
....

Mesmo sofrendo tanto... Mesmo sendo agredida praticamente todos, fisicamente ou verbalmente... Ela sempre sorria para mim e prometia que tudo iria ficar bem...

Fazia de tudo para me acalmar e não acontecer mais crises, justamente para eu que não acabasse virando a vítima dele quando chegasse bêbado em casa. Quantas e quantas noites tinha que se deitar com ele completamente alcoolizado e ser forçada a atos sexuais para ele "satisfazer" a sua vontade...

Minha mãe aguentou tanto... Aguentou tanto, para proteger a mim e futuramente a Charlotte também... Mas mesmo assim, nunca deixou de amá-lo por completo...

ㅡ V-Você não sabe de nada... ㅡ Voltei a encará-lo novamente. ㅡ O tanto que ela sofreu... O tanto que ela chorava durante as noites frias, pedindo para que os céus te trouxessem de volta... Porque, mesmo depois de tudo de ruim que você fez para ela, mamãe ainda te amava com todas as forças.

Enxuguei as lágrimas que escorriam sem parar por minhas bochechas, tentando ao máximo recompor a minha integridade, já que de fato não valia mais a pena chorar por aquele passado que já havia sido enterrado.

Ele também tinha um choro baixo e soluçante que era mesclado frequentemente por um:

ㅡ Me perdoa, por favor, me perdoa...

Perdão.

Essa palavra soa tão dislexia vinda dele. Que curioso...

Ouvir isso de sua boca, da qual, no passado, gargalhava alto enquanto minha mãe repetia a mesma palavra... Era no mínimo cômico.

ㅡ Mas conseguimos nos reerguer, após diversas batalhas fracassadas, nós conseguimos sair daquela vida manchada de tristeza que você deixou para trás. ㅡ Formei um sorriso simples nos lábios ao observar seus olhos avermelhados pelo choro. ㅡ Saímos de Albuquerque de cabeça erguida para dar início ao nosso recomeço. Nunca mais seu nome foi citado ou, se quer lembrar por nós, bom, até agora.

Um suspiro longo e trêmulo foi deixado por entre seus lábios. Ryder encostou as costas largas no couro do banco, limpando os resquícios de seu choro enquanto dava risos sem jeito para disfarçar o peso que minhas palavras tinham lhe causado.

A garçonete se aproximou com uma bandeja farta de comidas: tinha uma porção grande de batatinhas, dois sanduíches de frango com adicionais de picles e dois copos médios de Coca-Cola light.

ㅡ Ainda é seu favorito, certo?! ㅡ Questionou enquanto sorria singelamente em agradecimento para a moça. ㅡ Sempre gostou de sanduíche de frango amarrotado de picles em conserva.

ㅡ Não estou com fome.

Cruzei os braços na altura do peito, fungando o nariz e desviando o olhar novamente.

Meu gosto alimentar já tinha evoluído daquilo, ainda na infância.

Acabei tendo uma intoxicação por conta do picles duvidoso de uma lanchonete que sempre frequentava na volta da escola e, após isso, acho que nunca voltei a comer picles ou qualquer coisa que me lembrasse seu gosto de cera de ouvido.

ㅡ Certo... ㅡ Sorriu ladino, levando o alimento gorduroso até a boca. ㅡ Isso está muito bom!

ㅡ Você não me chamou aqui para falar sobre o meu paladar, não é?! ㅡ Perguntei diretamente, vendo seu rosto ganhar uma expressão de derrota. ㅡ Imaginei. Já que nunca se importou mesmo, porque agora, seria diferente.

ㅡ Olha... Eu me arrependo muito por tudo de ruim que fiz vocês passarem, de verdade. ㅡ Tentou segurar meu pulso, mas falhou de imediato. ㅡ Não vou implorar seu perdão, sei que é algo que jamais teria de vocês.

Que bom que está a par disso!
pensei rapidamente.

ㅡ E também não vou ser hipócrita o suficiente para pedir que me deixem voltar à vida de vocês. ㅡ Tomou um gole rápido da bebida gelada. ㅡ Mas eu só queria... Sei lá, saber sobre você e sua irmã. Afinal, ruim ou não, eu sou o pai de vocês dois.

ㅡ Pai?! ㅡ Acabei deixando um riso frouxo escapar. ㅡ Por favor, Ryder, menos. Bem menos. Se alguém aqui leva esse título, junto ao de mãe incrível, é a senhora Kim Taeyeon. Que fez de tudo para criar os dois filhos com dignidade.

ㅡ Taehyung, por favor...

ㅡ Por favor, digo eu! Nunca mais diga essas palavras novamente. ㅡ Apontei o indicador em sua direção ao sustentar um tom de voz mais rígido. ㅡ Você nunca foi um pai, Ryder. Você nunca foi às minhas apresentações de Dia dos Pais, nem as cartinhas coloridas você aceitava, jogava todas no lixo... Nunca me deu um beijo de boa noite ou foi digno o suficiente para me pôr na cama... Você nem me chamava de filho...

Funguei entre as palavras, já com um pouco de dificuldade para enxergar seu rosto pelas lágrimas.

Todas as memórias estavam vindo num único bombardeio em minha mente... Todas as vezes que eu ficava horas decorando uma simples cartinha com desenhos nossos para lhe dar, era simples, eu sei. Mas era de muito significado...

E ele simplesmente gargalhava enquanto despedaçava tudo, muitas vezes na minha frente.

Ele nunca foi um pai para mim, nunca...

ㅡ E olha que eu não preciso nem falar da Charlotte, né?! ㅡ Retirei meus óculos para tirar o excesso molhado. ㅡ Mesmo sendo um merda completo, eu ainda tinha você... E a minha irmã, Ryder?! Minha irmã nunca teve uma figura paterna... Então, não me venha com essa agora.

Comecei a organizar minhas coisas para me levantar, mas fui impedido por sua mão trêmula que segurava meu braço. Encarei seus orbes completamente inundados por lágrimas, seu rosto também estava no mesmo estado e um pouco inchado também.

Sua voz estava presa e, mesmo com muito esforço de sua parte, não conseguia formular o que queria dizer... Mas eu conseguia imaginar.

Perdão.

Era só o que sabia dizer...

Queria ignorar aquilo tudo e sair o mais rápido que podia pela aquela porta e nunca mais precisar ver esse rosto novamente... Abominar permanentemente sua figura e tudo de ruim que ele representou para mim, está fora das minhas lembranças para sempre... Mas eu não consigo...

Não consigo largá-lo assim, além do mais, eu aceitei vir aqui... Aceitei, de livre e espontânea vontade, olhá-lo mais uma vez no olho e sentir tudo isso de novo...

Droga, ele ainda é meu pai...

Apesar de tudo... Ele é meu pai.

Soltei a alça da mochila e, após soltar mais um longo suspiro de redenção, me acomodei novamente sobre o estofado para ouvi-lo.

Ryder retirou os olhos de mim por uns minutos, em que tinha um riso liner de alívio estampado na boca.

ㅡ Taehyung... Sei que tudo que eu falar agora não vai mudar nada no que fiz a vocês. ㅡ Começou de forma lenta e calma para que não se atrapalhasse ou desse brecha para o choro voltar. ㅡ Mas quero que saiba o quanto me sinto péssimo com tudo isso que lhes causei... Fui uma pessoa horrível para sua mãe como marido, e principalmente para vocês como pai. Durmo com esse peso gigantesco todos os dias na consciência. Não quero e nem devo pedir que você me perdoe por tudo e finja que nada aconteceu, porque aconteceu. ㅡ Levantou o olhar em meio à pausa que sua fala deu e estendeu a mão trêmula até a minha, onde cobriu as costas da minha palma com a sua. ㅡ Mesmo que eu implore, não mereço seu perdão... Muito menos a da sua irmã ou da Taeyeon... Mas mesmo assim, eu quero saber sobre vocês... Como estão, o que tem feito ultimamente... Coisas assim, entende?

Suspirei novamente, retirando minha mão dali e escondendo dentro do meu suéter vermelho. Ele deu um sorriso fraco em concordância e se encostou sobre o couro, passando a manga da camisa sobre o seu nariz congestionado.

ㅡ C-Charlotte está tentando entrar pro time oficial de xadrez da escola há mais de um ano... ㅡ Comecei a falar com um pouco de peso na voz, chamando a atenção do mais velho à minha frente. ㅡ Ela é muito competitiva e se frustra com facilidade quando não vence. Não importa o que seja, ela sempre vai querer ficar em primeiro lugar. Ela adora coisas doces pela manhã e salgadas durante a tarde. Ama animais, principalmente se for o Menudo, nosso gato amarelo. Gosta de uma boyband asiática e idolatra o Minho como um Deus. Sempre termina o dia assistindo ao episódio de "my little pony", e sempre nos faz ver junto... ㅡ Sorri bobo ao lembrar de todas as vezes que tive que aprender as canções de abertura para cantar junto a ela. ㅡ Ela é uma garota doce, gentil e muito inteligente. Demora a criar confiança nas pessoas, mas depois que ela cria, será a melhor amiga que você terá em toda a sua existência... Sempre vai ter razão em tudo que falar e sempre vai ter uma barrinha de cereal de morango na gaveta de meias de unicórnios. Sabe, Ryder, apesar de tudo de ruim que você representou e ainda representa para nossa família. Uma das únicas coisas boas que você fez foi a Charlotte... Ela foi um milagre, acredite.

Ele deixou um pequeno sorriso estampar seus lábios ao fim da minha frase.

Minha irmã foi abandonada quando ainda estava na barriga. Após a partida dele, me lembro de esquecer como se dormia por muitas semanas, sempre tinha que estar em alerta a cada movimento da mamãe... Tinha medo dela fazer alguma coisa maluca de impulso e acabar machucando a si mesma e ao bebê... Foram dias horríveis.

Vovó acabou vindo passar um tempo conosco para ajudar nas coisas de casa, já que eu estava faltando à escola por dias para conseguir deixar tudo prontinho... Sem contar as crises em que eu me trancava no banheiro para não preocupar ninguém... Ela, minha avó, convenceu-a de que seria melhor ficar o período gestacional na fazenda, para ficar próximo dos pais e ter mais assistência nas primeiras semanas com o bebê e todo resto.

Foi tão mágico quando descobrimos que seria uma menina... Lembro de pesquisas vários nomes femininos e organizar num caderninho de anotações que eu tinha, para mostrar à mamãe e escolhermos juntos o nome da pequena... Charlotte tem vários significados, mas o que mais nos chamou a atenção foi: "Mulher livre", isso combina perfeitamente com o que ela se tornou hoje... Ela se tornou livre...

Livre desse passado doentio que sempre me assombrou, mas tinha esperanças de que sumisse da minha mente com o tempo. Porém, ele está aqui, agora, bem à minha frente.

Como um maldito fantasma que voltou do mundo dos mortos para aterrorizar todos à sua volta.

Mas vou aniquilá-lo de uma vez por todas, antes que seu rastro tóxico se aproxime da família novamente.

ㅡ E antes que você exploda de curiosidade. Sim, ela é normal. ㅡ Sorri de canto. ㅡ Seja lá, qual for o seu critério para essa palavra.

ㅡ Taehyung...

ㅡ É sério. Esse era o maior problema, não era?! ㅡ Voltei a sentir minhas íris arderem, anunciando que outro choro se aproximava. ㅡ Que ela fosse "defeituosa", como eu, não era? Pois bem, Charlotte é completamente perfeita.

ㅡ Eu sinto muito... ㅡ Voltou a repetir aquela frase novamente. Acho que estou cogitando a consideração de defini-las de uma vez como minhas sequências de palavras odiadas. ㅡ Eu queria ter feito tudo diferente. Queria ter sido um pai... Uma pessoa bem melhor para todos vocês.

ㅡ Bom, mamãe está bem também. ㅡ Continue sem prestar muita atenção na sua pregação de redenção vencida. ㅡ Ela trabalha numa cafeteria bem famosa no bairro e quase sempre faz hora extra para ficar com um "fundo de emergência" um pouco maior no fim do mês. E mesmo assim, quase não parando em casa direito, ela é uma mãe incrível. Faz bolinhos de banana com chantilly de morango e granulado colorido para a gente...

Eram os meus favoritos... Mas nunca tinham o mesmo sabor se fossem comprados na padaria para mim. Só os dela, que me faziam querer comer até o prato.

ㅡ E sobre você?! ㅡ Perguntou-me de forma calma e sussurrada. ㅡ O que tem feito?

ㅡ Nada muito grandioso. Consegui um bom tratamento psicológico, preciso tomar pílulas rotineiras para manter minha ansiedade controlada. Mas mantenho tudo dentro do meu próprio controle para evitar momentos ruins. ㅡ Abaixei um pouco a vista, visualizando meus dedos que estavam um pouco avermelhados pela pressão que os prendia contra as minhas roupas. ㅡ Estou me saindo melhor na escola agora, tiro notas boas, participo do clube de astrologia... E também fiz parte, recentemente, de uma peça musical. ㅡ Ryder me ouvia atentamente, dando importância para cada pequeno detalhe que saia da minha boca. Ele parecia realmente interessado.

ㅡ Um musical?! Isso soa divertido. ㅡ Deu um pequeno riso linear. ㅡ Tenho certeza de que canta lindamente como sua mãe...

Nossos olhos se encontraram brevemente após o seu comentário, mas o mesmo desviou a atenção para o balcão, para chamar novamente a garçonete.

Ele tinha razão... Mamãe tem uma voz angelical. Sempre cantava para mim quando tinha uma crise forte nas madrugadas, na maioria das vezes eram canções escritas por ela. Era tão bom ouvi-la...

Conseguia me sentir abraçado e seguro de qualquer problema...

....
E- Eu estou com medo, mamãe... ㅡ Disse entre os soluços baixos, enquanto escondia meu rosto sobre o robe de cetim amarelo. ㅡ A cabecinha do Tae está doendo muito...

ㅡ Shiu... Vai ficar tudo bem, bebê. ㅡ Acariciou o topo da minha cabeça, ela intercalava entre cafunés e beijos rápidos, era tão aconchegante. ㅡ Eu estou aqui com você, nada vai poder te machucar.

A chuva forte caía do lado de fora, junto a trovões barulhentos e raios que cortavam os céus e iluminavam todo o quarto de uma vez.

Mamãe tinha me pedido para ajudá-la com a louça do jantar, mas eu acabei ficando assustado com o barulho alto da porta batendo, revelando a figura arrepiante do meu pai, que chegava completamente bêbado e encharcado pela chuva. Acabei deixando o prato cair de minhas mãos, fazendo todos os cacos se espalharem por toda a cozinha. Ele ficou muito raivoso comigo e avançou na minha direção enquanto retirava o cinto do colarinho e gritava coisas feias comigo. Mamãe tomou a frente para tentar pará-lo e acabou levando a culpa e recebendo diversos tapas contra seu rosto de anjo.

Comecei a chorar alto e implorar que ele parasse. Ryder me empurrou para trás com tanta força, que foi impossível de me controlar... Que acabei caindo sobre os cacos de vidro.

E só com isso para ele deixá-la em paz...

ㅡ Dorme um pouquinho, logo os analgésicos que te dei para a dor dos cortes vão fazer efeito e vão ajudar com a cabeça. ㅡ Explicou baixinho, me trazendo ainda mais para o seu abraço apertado. ㅡ A mamãe promete fazer aquele bolinho colorido para você...

ㅡ Obrigada, mamãe... ㅡ Levantei um pouco o rosto e pude ver os hematomas escuros que ficavam maiores na região dos olhos. ㅡ A senhora canta para mim?!

ㅡ Claro... Qual canção você quer que eu cante? ㅡ Massageou minha bochecha com o polegar. ㅡ Que tal aquela de que você gosta?!

Apenas assenti com a cabeça, voltando à minha posição anterior, deixando que sua voz doce adentrasse por meu ouvido e me levasse para o mundo dos sonhos...
....

ㅡ Fiz bons amigos por aqui também... ㅡ Acabei olhando indiretamente para o rosto centrado de Namjoon, que nos observava como um falcão. ㅡ Pessoas essenciais para minha vida... E encontrei uma pessoa mais que especial.

Seus olhos cresceram instantaneamente, seguido de um sorriso iluminado por euforia.

ㅡ Está amando?! Oh, Deus! Isso é fantástico, filho. ㅡ Porque isso não me convence de uma verdadeira total surpresa. ㅡ Quem é a felizarda?! É bonita?

Óbvio.

ㅡ Sim. Meu namorado é incrível. ㅡ Arrumei meus óculos rapidamente.

ㅡ Perdão... ㅡ Falou totalmente constrangido. Ou pelo menos era o que parecia. ㅡ Mas então, ele realmente te faz bem?!

Deixei um curto sorriso escapar com sua pergunta. Era uma resposta óbvia, para muitos.

Sim...

Ele é como uma boa dose de adrenalina, tudo se torna vivo e alegre quando estamos juntos... A forma como ele me toca, como me beija, como diz que ama... Tudo é incrível.

Principalmente a forma como meu corpo reage a isso... Me sinto nas nuvens... Mas não consigo pensar em "nós", assim ultimamente...

ㅡ Fazemos o que podemos para ajudar um ao outro. ㅡ Respondi brevemente. ㅡ Eu o amo muito... De verdade. Quero estar com ele pra vida toda. Sempre está perto quando ele precisar de um bom ombro reconfortante para chorar. ㅡ Suas feições tinham um ar neutro agora, era estranho e um pouco desconfortável. ㅡ Bem, eu deveria estar com ele agora. Dando apoio para o tipo de conversa que ele terá que ter com a mãe, para convencê-la a entrar numa clínica de reabilitação.

Os olhos de Ryder se arregalaram quase que imediatamente, surpreso talvez, não dava para distinguir muito bem. Sua respiração estava mais rápida que o normal... Curioso.

ㅡ E-Ela está bem?! ㅡ Questionou trêmulo.

ㅡ Agora sim... Ela teve uma overdose com alguns medicamentos e tentou cortar os pulsos em suicídio... ㅡ Dói lembrar de todo aquele alvoroço e principalmente a forma que Jungkook ficou após presenciar tudo. ㅡ Felizmente, foi resgatada a tempo e está terminando de se recuperar. Meu namorado quer colocá-la numa clínica para superar os vícios e poder ter uma vida melhor com ele... Bem longe do maluco do namorado dela, que simplesmente foi embora e nem se importou com a pobre coitada.

Ryder desviou o olhar na direção da janela, enquanto levava sua xícara até os lábios pálidos.

ㅡ Espero que tudo se resolva... E que vocês fiquem bem. ㅡ Disse em tom melancólico, sem tirar os olhos da movimentação pequena na calçada.

Eu também.

Olhei para a tela do celular quando a mesma se iluminou rapidamente, vendo algumas ligações perdidas da Lotte. E várias mensagens que perguntavam onde eu estava e que tinham que voltar imediatamente para ver o filme que ela havia escolhido.

Não pude deixar de sorrir...

ㅡ Eu preciso ir, Ryder. ㅡ Confessei brevemente, recebendo seu olhar perdido novamente. ㅡ Acho que isso foi o suficiente... Então, por favor, fique longe de mim e da minha família. Acho que já conversamos mais que o suficiente.

ㅡ Sim... Eu agradeço, filh... Taehyung.

Concordei, arrumando minha mochila e escorregando para fora do banco vermelho, ficando de pé à frente da mesa e encarando aqueles olhos escuros, espero eu, pela última vez.

ㅡ Adeus, Ryder.

ㅡ Até. ㅡ Sinalizou com os dedos, dando mais um gole do café e desviando o olhar novamente.

Porque aquilo não me parecia uma despedida...

Mas não quis contestar, já tinha ficado tempo demais ali. Virei de costas e andei em passos largos para fora daquela lanchonete pequena. Caminhei pela calçada na mesma velocidade, parando somente quando tive certeza de que estava longe o suficiente. Meu coração batia rápido e descontrolado... Era uma sensação estranha... Parecia que eu estava sujo, mas não por algo que sairia facilmente com um banho demorado.

Sujo pelo meu passado...

ㅡ TAEHYUNG! ㅡ Me virei rápido e sorrindo em alívio. Namjoon corria na minha direção rapidamente, parando somente quando estava próximo o suficiente para recuperar o fôlego. ㅡ Você é bem rápido, para um cara que se diz anti-esportes...

Não pensei muito e abracei o tronco largo do mesmo, o apertando num abraço forte. Deixei que toda a emoção reprimida saísse num choro repentino. Namjoon não disse nada, apenas retribuí o gesto, acariciando minhas costas para me acalmar um pouco.

Tantas coisas percorriam minha cabeça naquele momento... Tantas lembranças ruins... Tantos olhares tristonhos da minha mãe... As surras... As palavras infelizes...

Tudo voltava de uma forma agoniante para minha mente. Memórias que fiz questão de esquecer ou simplesmente ignorar... Agora estavam de volta.

ㅡ Não se preocupe, Tae... Eu estou aqui com você.

Era o que Nam repetia baixinho próximo ao meu ouvido, enquanto deixava selares rápidos no topo da minha cabeça...

Ele estava sendo tão essencial... O melhor amigo do mundo.

[...]

Casa do Taehyung.
15:49 p.m. Denver, Colorado.

Namjoon me levou para sua casa para que pudesse me acalmar mais um pouco. Teria um grande problema se Lotte me visse naquele estado.

Ele fez um chá docinho e cheio de coisas calmantes, conversamos por um tempinho e pedi que ele me acompanhasse até em casa. E assim ele fez.

ㅡ Tem absoluta certeza de que está bem?! Eu posso ficar um pouco... ㅡ Acariciou minha bochecha esquerda, deixando sentir o calor aconchegante de sua pele.

ㅡ Tenho sim. ㅡ Sorri fraco. ㅡ Eu estou bem agora, pode confiar...

ㅡ Vou confiar por hora, mas não pense duas vezes se acontecer alguma coisa, eu vou estar na ativa. ㅡ Afastou-se um pouco, enfiando as mãos nos bolsos. ㅡ Me preocupo com você...

ㅡ Eu agradeço. ㅡ O moreno sorriu singelo, deixando sua covinha marcar a lateral do seu rosto corado.

Me aproximei devagar, apoiando uma das minhas mãos em seu ombro e segurando o início do seu maxilar com a outra. Aproximei meus lábios delicadamente de sua pele macia marcada pelo espacinho da covinha, deixando um beijo rápido no local.

Me afastei em seguida, sorrindo, notando o quão envergonhado ele tinha ficado com meu ato. Namjoon passou a palma grande sobre a bochecha recém beijada e não exitou em esconder sua rápida satisfação. Acenei para ele, antes de me virar e caminhar em passos largos até a porta da minha casa. Dei uma olhadinha rápida antes de adentrar e vi o mesmo começar a caminhar na direção da sua casa com um pequeno sorriso nos lábios, sem saber onde colocava as mãos.

Retirei uma das alças da mochila, enfiando a mão no bolso pequeno da frente para buscar meu chaveiro com uma réplica perfeita do pingente da Elena Gilbert. Tive que economizar seis meses de mesada para consegui-lo diretamente de um colecionador.

Mas Charlotte foi mais rápida, abrindo a porta com rapidez e colocando somente a cabeça para fora para observar a rua completa vazia.

ㅡ Que susto, sua maluca. ㅡ Levei a mão até o peito, que descia e subia rápido. ㅡ Por que não abriu logo, já que estava espiando a conversa toda?

ㅡ Não estava não! Ouvi vozes na frente da casa e vim averiguar. ㅡ Explicou, abrindo o restante da porta devagar.

Ela estava segurando uma colher de pau numa mão e a frigideira nova da mamãe na outra.

ㅡ Nossa! Estou bem assustado agora. ㅡ Sorri, vendo a mesma retirar os olhos enquanto caminhava para dentro.

ㅡ Entra logo e fecha a porta na chave. ㅡ Ditou autoritária. ㅡ E se apresse no banho, minha pipoca já esfriou com as suas desculpas de, "não vou demorar".

Sorri novamente, enquanto colocava minhas coisas sobre o pequeno hall de entrada. Me virei para fechar a porta, como tinha sido dito, e senti um leve formigamento de ansiedade se iniciar em meu peito... Uma lágrima solta escorreu pela minha bochecha quando imaginei a figura de Jungkook, montado na sua amada monstrinha, usando um de seus agasalhos escuros por dentro da jaqueta de couro preto. O próprio protagonista, bad boy de comédia romântica...

Sorrindo na minha direção, enquanto me esperava de braços abertos para me prender de um jeito reconfortante que só ele sabia fazer...

Queria tanto que estivesse aqui agora.

Adentrar pela minha janela, na calada da noite, e prometer ao pé do meu ouvido que jamais me deixaria...

Droga Jungkook! Eu te odeio pra caralho.
Odeio o fato de te amar tanto...

_______________________________________________

🐱

Foi isso meus amores, espero que muito que vocês tenham gostado 💙

SENTIRAM MINHA FALTA???

Eu tava surtando 🥺

Esse capítulo me fez chorar tantas vezes na sua produção, cara...

Tanto que eu tinha que parar pra não me afogar nas lágrimas KKKKKKK

O que tem a me dizer sobre ele?!

Taehyung já sofreu tanto tadinho... Queria colocar ele e sua família inteira num potinho e esconder de todo perigo 🤧🥺

E o Ryder?! Porque será que ele ficou tão esquisito com a notícia da mãe do Jungkook?! Não deveria, né? Já que eles não se conhecem...

👁️👄👁️

Aí ai...

Esse capítulo é, digamos, que a primeira parte?! É quase isso ai...
Ele foi narrado inteiramente pelo Taehyung, como vocês poderem ver.
Então, a segunda parte será narrada dentro dos mesmo acontecimentos, tecnicamente, só que na perspectiva do Jungkook... Vai ser babado 👀

E uma pessoinha querida por vocês vai tá de volta...

Já vejo meu linchamento vindo ✨🤡✨

Enfim, aguardem os próximos capítulos...

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ETOJJ|| kth&jjk💙
[Vão lá dá uma moral pra mim pfvr]

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É isso.

Se cuidem, comam na hora certa, cuidado para não ficarem doentes e bebem bastante água 💙✨

Até a próxima!!

Xero no olho 💙✨

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