1 - Uma vidente previu que a minha mãe estava grávida de mim. Minhas tias foram consultar uma e ela disse que alguém da família estava grávida e que essa criança seria a responsável por guiar o futuro da família. Doze horas depois descobriram que a minha mãe estava grávida. Eu ouvi tanto essa história em todos os natais que cresci com a percepção de que sou especial. Aos 17 anos, descobri que ninguém é de fato especial e fiquei triste. Aos 27, entendi que todo mundo é especial.

2 - Ouvi a história de um homem do século 20 que entrou em um barril e se jogou das Cataratas do Niágra em troca de dinheiro. Ele morreu e virou piada no desenho Pica-Pau. Pensei, "como alguém assim pode ser especial?". Depois lembrei que a morte não define a vida. E, muito provavelmente, a vida não define ninguém.

3 - Tenho tentado me reaproximar da fé e espiritualidade. Cresci na igreja católica, depois não acreditei em nada, depois passei a acreditar, mas sem realmente me conectar. Hoje, quero me conectar a algo. Tenho tentado todos os dias, mas só consigo quando estou com medo.

4 - Eu não gosto de publicar esses textos porque as pessoas entendem que sou uma pessoa triste. Eu não sou, de verdade. Juro. Mesmo. Mas, estou vivo, sabe? Viver não é isso? Como alguém consegue viver e não questionar o fato do universo inteiro existir e qual é o propósito disso tudo?

5 - Publiquei Mais Leve que o Ar em 2016 e, desde então, ouvi muitas coisas. Hoje, ouço que estou demorando demais para colocar meu próximo livro no papel. Para algumas pessoas, todas as milhões de palavras publicadas digitalmente não valem muita coisa. O papel vale.

6 - Estou reescrevendo a história da minha própria vida para publicar em papel. Se o mundo continuar existindo. Está tudo desmoronando lá fora. É possível guiar o futuro da minha família trancado dentro de casa?

7 - Cadê aquela vidente?