Capítulo 8 - Não quero mais acreditar.
***************
Durante o trajeto , Eduardo e eu nos falamos muito pouco, e esse pouco foi limitado a como chegar até minha casa. Estávamos seguindo a recomendação de Rejane, "sem brigas", nosso acordo foi tácito e sem necessidade de palavras. Já que não falávamos um com o outro, tive tempo para observar Eduardo, um cara enorme em meu carro popular todo espremido, teve momentos que eu quis rir, pois em algumas curvas era nítido o desconforto dele, mas não reclamava. Ele era realmente um homem bonito, com um porte atlético nada exagerado, eu até poderia me apaixonar por um cara assim. Entretanto meu coração estava trancado para qualquer coisa nesse sentido. Eu tinha dedo podre em se tratando de homem, isso desde que eu nasci.
Depois de um tempo no transito eu já estava ficando cansada, como essa cidade está um caos, obra que não acabava mais, eu particularmente não estava gostando disso, pois um trajeto de 15 minutos estava sendo feito em quase uma hora.
Quando Eduardo estacionou em frente ao meu prédio, senti a felicidade me invadir. Eu não iria convidá-lo para subir, não havia necessidade para isso, decisão errada, porque com isso começou um leve estresse.
- Eduardo, você já me trouxe, não precisa subir!
- Eu faço questão, além do mais, se você cair durante o caminho? Vou me sentir culpado.
- Nossa você também é dramático. Fez escola com a Rejane aquela lá também é o drama em pessoa. – Ele sorriu e pude ver leves covinhas, nada acentuado mas com certeza era um charme.
- Você é uma cabeça dura mesmo, mas eu sou muito mais quando quero, sendo assim, vamos porque eu ainda terei que pegar um taxi.
- Você venceu. Estou cansada demais para discutir.
- Então vamos, mas será que seu namorado não vai ficar chateado, por eu estar levando você em casa?
- Você poderia ser direto e perguntar se eu tenho namorado, não sou fã de rodeios. – Ele solta uma gargalhada gostosa e não posso deixar de sorrir também.
- Nossa direta ao ponto. Então você tem namorado?
- Eu não tenho, nem pretendo ter. E fim de papo antes que o porteiro escute nossa conversa.
Mas para meu total desespero, seu Barbosa estava naquele momento saindo do elevador e imediatamente ele não se fez de rogado começou a me metralhar com seu falatório.
- Dona Malu, chegou cedo! E veio com esse moço bem apessoado.
- Boa noite, seu Barbosa. Esse é um colega de trabalho, Eduardo. – Apresentei Eduardo, que prontamente cumprimentou de forma gentil seu Barbosa.
- Dona Malu, eu queria trocar um "dedinho de prosa" com a senhora. - Ele diminui o tom de voz, e eu já sabia que vinha bomba do prédio. – E que a dona Patrícia do 205 descobriu que tem uma Advogada no prédio, me pediu para falar com a senhora. A moça ficou avexada demais com a briga, e furiosa por causa do aplique dela que ficou destruído. – Ele pausa para tomar fôlego e eu o interrompo.
- Seu Barbosa, nem me venha com essas maluquices, essa moça é que devia indenizar à chifruda. – Ele dá uma gargalhada e Eduardo também achou graça.
- Então vou dizer para ela, que a senhora não atende esse tipo de situação. Assim ela não fica triste, coitada hoje passou por mim chorando. Até cortar cabelo a moça teve, estava faltando muito aplique na cabeça. Nesse momento eu que não me aguentei e comecei a rir.
- Seu Barbosa, temos que ir. Amanhã estarei em casa e podemos conversar. – Ele sorriu.
- Que bom, a senhora de folga coisa rara; o moço ai também vai estar aqui amanhã? – danado de fofoqueiro esse meu porteiro.
- Não! O moço como falei é colega de trabalho e agora tenho que ir, tchau seu Barbosa.
- Tchau dona Malu. Tchau seu moço do trabalho. – Eduardo somente sorriu e nos dirigimos ao elevador.
- Desculpa Eduardo, seu Barbosa é assim mesmo. Não é má pessoa, mas tem o péssimo defeito de fofocar. – Eduardo me olhou sério e de repente soltou uma gargalhada.
- Nossa adorei esse porteiro, meu Deus como assim briga, aplique?! Pelo jeito seu Barbosa, sabe de tudo.
- Você não tem noção do que passo com ele, e o pior é que ele fala para os vizinhos que eu resolvo tudo sou a "Advogada". – O elevador chegou e nós ainda estávamos rindo, acionei o botão do meu andar.
- Olha, acho que podíamos começar tudo de novo. – Eu o olhei, de forma interrogativa. – O que quero dizer e chega de brigas, desse mal estar aparente entre nós. Eu realmente não gosto disso, e quero deixar claro que não estou aqui para passar por cima de você. Quero trabalhar em equipe
- Desculpa, Eduardo. Eu sei que não sou uma pessoa fácil.
- O que? Você me pedindo desculpa, mulher você não está bem mesmo. – nós rimos.
- É sério, não sou fácil de lidar por vários motivos, mas prometo me esforçar, se você parar de me provocar.
- Tá eu te provoco? Você e que é cabeça dura.
- Está vendo você implica demais – e ficamos nessa implicância do elevador até chegarmos à porta da minha casa.
- Bom chegamos. – Eu abri a porta e vi que a casa estava tão quieta e comecei a chamar.
- Gente, temos visita. – Ouvi uma porta bater, e de repente um furação entrava correndo pela sala, era minha irmã.
- Oi mana!! – Mas ela para estática quando vê a figura imponente de Eduardo na sala. Ela olha de mim, para ela várias vezes e me saiu com a pérola. – Você esta namorando? Ele é bonito! Qual seu nome?! Eu sou a Lia, irmã dela – A pequena apontou para mim e saiu correndo de onde veio sem deixar que respondêssemos a asneiras que ela perguntou. Eduardo, olhou para mim.
- Pelo jeito, você não trás namorados em casa, o porteiro e agora sua irmã, ficaram impressionados com a minha chegada. – Revirei os olhos com tal comentário, bobo.
- Engraçadinho, já falei que não tenho namorado. – Olhei para ele séria. - Quer alguma coisa para beber? Temos água e suco.
- Não quero nada, não posso demorar.
- Vou chamar minha tia e a mocinha para te conhecerem e depois você estará liberado para ir. – Ele deu um sorriso e segui pela casa a procurar da dupla e as encontrei na cozinha. Pelo jeito hoje seria a noite do lixo, havia salgadinho, cachorro quente, pizza, tudo que me ajudaria a aumentar meu querido peso.
- Oi tia.
- Oi querida, já estava indo na sala, a Lia disse que você trouxe um namorado – Olhei minha irmãzinha, ela estava com aquela cara "Eu vi o que você fez no verão passado", nossa essa menina estava muito saidinha para o meu gosto.
- Namorado! Lia, o que já falei sobre mentir – Ela e olhou assustada – Tia, não é nenhum namorado e só o novo advogado que ira me substituir em Curitiba.
- Ah, é o abusadinho que tomou seu lugar? Esse rapaz vai me ouvir. – minha tia saiu como um raio da cozinha, eu e Lia também fomos em disparada atrás dela, porque coisa boa não iria dar.
Chegamos todas juntas na sala, Eduardo se encontrava em frente a nossa estante, observando as fotos dispostas ali. Mais que depressa minha tia já foi tirando satisfações com o pobre coitado.
- Boa noite meu rapaz. – Ele sorriu para ela, porém minha tia não retribui o gesto, estava muito seria.
- Boa noite senhora, eu sou Eduardo Alcântara colega de trabalho da sua sobrinha.
- Colega de trabalho que rouba o cargo dos outros? Por que minha sobrinha trabalhou tanto tempo naquela empresa e agora você chega e rouba o lugar da menina. Eu tinha que ter uma conversa com o seu Lauro, essa menina tem dado o sangue por todo o escritório – Nesse momento Eduardo a interrompe.
- Acho que está ocorrendo algum mal entendi senhora.
- Edna, para você Dona Edna. E teve um mal entendido, minha sobrinha foi excluída por sua causa. – nesse momento tive que intervir.
- Tia, para com isso, o Eduardo é igual a mim, um simples advogado. Os patrões mandam e temos que cumprir. Eu estava com raiva, sim, porém se o Lauro acha que ele será melhor do que eu tudo bem, não quero a senhora estressada.
- Mas querida, você lutou tanto. – A carinha de desânimo da minha tia ao falar isso partiu meu coração.
- Olha dona Edna, quando eu fui assumir minhas funções na empresa como advogado, eu sabia que poderia ser colocado em qualquer setor. Eu não sabia que a filial a qual foi me designada, era gerenciada pela Malu. Além do mais eu não posso escolher o que quero fazer tenho que seguir as regras da empresa. Vocês podem até achar que foi tudo planejado, mas posso garantir que não.
- Senhora saiba que cheguei naquela empresa para somar, e farei o possível para que tudo corra muito bem entre mim e sua sobrinha. E quem sabe um dia possamos vir a ser amigos, mas por favor peço que não me julgue, pois dessa acusação sou inocente. - Nesse momento minha tia assentiu de forma positiva. – E Malu, conforme conversamos mais cedo, gostaria de começar do zero para que pudéssemos ter um bom relacionamento. E espero que você se esforce, pois darei o meu melhor para isso acontecer.
Depois dessa conversa, minha tia convidou Eduardo para se juntar a nós na "noite do lixo", ele prontamente aceitou. Entretanto, eu não queria que minha família ficasse toda se derretendo para ele. A traíra da minha irmã, me pediu desculpas, dizendo que nunca mais mentiria, entretanto, estava que era só amores com o Eduardo. Eles conversavam de tudo e fique ate impressionada com sua desenvoltura com minha pequena irmã.
Depois de um bom tempo, Eduardo disse que iria embora, porém minha tia o fez prometer que viria nos visitar. Ele é claro disse que era só convidar e ele estaria presente, todos se despediram dele e eu o acompanhei até o elevador. Mas antes mesmo deu acionar o botão Eduardo puxou minha mão e me questionou:
- Por que você não disse a sua tia o motivo de eu ter vindo?
- Para que Eduardo, ela já tem a casa e minha irmã para se preocupar, então não vejo porque contar um simples desmaio.
- Tudo bem, mas se ela ficar sabendo pode até ficar magoada com você. Pense bem.
- Vou pensar. – Ele sorriu e acionou o botão do elevador e se virou para mim novamente.
- Então se cuida e aproveita esses dois dias para relaxar.
- Pode deixar, com certeza vou descansar. Apesar de não saber realmente como fazer isso. – Ele riu e no mesmo instante o elevador chegou.
- Tenho que ir, fica com Deus. – Eu gelei com essas palavras e simplesmente eu disse: - Tchau Eduardo - e ele se foi.
Ao entrar em casa, falei com minha tia que estava cansada e queria muito tomar um banho e dormir. Lia queria ver um filme, mas eu disse há ela que assistiríamos no dia seguinte. Diante deste argumento a pequena se deu por satisfeita, me despedi das duas e segui para o meu quarto.
Antes de entrar no meu cantinho, lembrei-me da minha bolsa que ficou na sala. Voltei para pegá-la, pois eu precisava ver o que tinha naqueles documentos. Retornando para o quarto, sentei-me em uma poltrona que ficava em frente a minha janela e já tremendo peguei a cópia da documentação e comecei a ler.
"O Genitor, vem sendo impedido de ver sua filha, pois a responsável legal da menor Malu Botelho (Que se conste também filha do Autor) tem de forma mesquinha e manipuladora inventado situações para que pai e filha não tenham um relacionamento saudável."
"..............................
"Clama a este juízo que, seja concedida a guarda provisória, da menor Lia Botelho à seu pai. Pois a menor não é um objeto, mercadoria ou barganha, para que, sua atual responsável legal use-a para atingir seu próprio pai. Importante salientar que estamos diante de uma alienação pariental¹"
Termos em que se pede deferimento
Rio de Janeiro, ......, ........20......
ADVOGADO
OAB
Cada palavra ali contida fazia meu estômago revirar. Como aquele homem era capaz de pedir a guarda de uma filha que foi rejeitada 9 anos atrás. Largou mulher e filhas e saiu por esse mundo e agora se achava no direito de vir e bagunçar nossas vidas. O que eu vou fazer?
Eu não poderia contar a minha tia ainda, primeiramente seria necessário um bom advogado na área, pois mesmo que eu quisesse não poderia levar esse caso adiante, meu emocional estava muito abalado. Então depois de ler cada asneira contida na documentação, levantei e segui até um criado mudo ao lado de minha cama, e para minha surpresa havia uma bíblia.
Comecei a me questionar como aquele livro foi aparecer naquele lugar, eu tinha certeza que tinha jogado fora todos os meus exemplares. Nesse momento um turbilhão de coisas começou a passar por minha cabeça, a desconfiança, a humilhação, a separação, a rejeição e o acidente.
Eu olhava para aquela bíblia, e não a via como o livro sagrado que todos falavam. Eu a via como um livro, que no fim só tem desgraça e dor. Olhar aquela bíblia me fazia sentir ódio, de um Deus que nunca esteve ao meu lado, que quando eu mais precisei não estava disponível. Como minha tia ainda podia acreditar que Deus era amor, isso era uma história dentre tantas outras para enganar os tolos e eu nunca mais seria uma.
Pensando assim peguei aquela bíblia e a coloquei na cesta de lixo do banheiro. Eu não queria aquilo perto de mim, não queria jamais voltar a acreditar naquelas palavras, pois um dia elas me deram esperança e depois só houve dor e sofrimento. Deus estava banido para sempre de meu coração e isso era algo irrevogável.
Os acontecimentos do dia estavam realmente me deixando irritada e demasiadamente aborrecida. Para tentar dispersar a nuvem negra que se forma, sobre minha cabeça fui tomar um banho. Antes de me deitar resolvi pegar o celular em minha bolsa, quando eu estava prestes a colocar uma musica, o aparelho vibrou e vi uma linda mensagem.
"Sei que posso estar sendo atrevido, mas eu gostaria de beijar você".
************
Hoje é dia de agradecer as pessoas que estão acompanhando Malu e Edu, pois o seu comprometimento e carinho com essa historia, nos levou a belíssima marca de 3k de visualização.
Diante disto vou citar nomes de umas fofas que tem interagido conosco via mensagem nos capítulos. Se seu nome não for citado hoje, durante a semana sairá mais um capitulo.... Então e só esperar..... E quem vota também será lembrado no próximo capitulo.
Beijus de nós duas!!!!!!!!! Lu e Eliz
Então vamos aos nome:
1. NaiaraAimee
2.Janahlvs
4. Janna_30
7.kerynluz
9.dani_Oli
10. LourdesVasques
11. Strahowsh
12. ThaisDiniz6
13. ClysOliveira
14. YuttiCosta
15.glaumara
16.PSMR52
18.LenaRossi
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro