Capítulo 7 - Surpresas do Destino
- O Senhor terá que aguardar, por que a Drª Botelho ainda não fez contato com o escritório, informando seu retorno. - falou de forma pausada e gentil.
- Eu preciso de uma posição agora, eu sou oficial de justiça e não tenho o dia todo para esperar. - falava o homem de forma incisiva.
- Infelizmente terá que aguardar ou retornar em outro momento, pois como é um documento de endereçamento pessoal, não poderei recebê-lo .
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Quando cheguei, vi que um homem falava de forma áspera com a dona Rejane, não perdi tempo fui até eles.
- Boa Tarde, posso saber o que esta acontecendo? - O homem me olhou com um olhar de surpresa e mudou logo o tom de voz.
- Boa tarde doutora Botelho, este senhor se identificou como oficial de justiça e trás com ele um mandando de justiça. Mas conforme estava explicando à ele, eu não sabia se a Senhora estaria ou não retornando.
- Tudo bem dona Rejane, eu assumo por aqui. - Meu olhar foi de desprezo e raiva.
- Boa tarde, qual seu nome oficial?
- Marcelo Diniz, oficial de justiça. - Ele estufou o peito com orgulho e vi que tinha em minha frente o ser que gostava de humilhar as pessoas.
- Bem! Primeiramente eu acho que você deve desculpas a minha secretária, uma vez que você agiu de forma autoritária em relação a ela, como bem pude perceber ao entrar aqui.
- Desculpas? Não me faça rir Doutora. - seu olhar mudou completamente e tentava me intimidar. - Não pedirei desculpas, pois estava no exercício de minhas funções oficiais.
- Senhor Marcelo, conheço vários oficiais de justiça por sinal uma de minhas melhores amigas era uma, mas felizmente casou e mora fora do país. Mas o que quero dizer é que nunca vi nenhuma dessas pessoas agirem de forma arbitraria e grosseira com ninguém mesmo estando no exercício de suas funções ou fora dela.- o homem estava ficando vermelho e eu doida para rir.
- Quem você pensa que é? - Ele falou bem alto, pensei que ele poderia me agredir, mas no mesmo instante ouvi outra voz igualmente potente e exalando irá.
- Eu é que pergunto, com quem você pensa que está falando? Droga, droga era o Eduardo e sua cara era de pura ira.
- Eu estou tentando fazer meu serviço mas essas senhoras não cooperam com a justiça. - Eu tive que rir.
- Quem não esta fazendo o serviço corretamente é o senhor! Pois minha secretária estava tentando conversar de forma muito gentil, entretanto não foi tratada da mesma forma. - o homem me encarava de forma muito agressiva.
- Olha doutora, não tente se valer por estar no seu ambiente de trabalho para tentar me intimidar porque eu estou com a lei a meu favor. - nesse momento Eduardo se enfiou entre mim e o oficial de Justiça e de forma firme falou.
- Meça suas palavras senhor oficial, acho que você esta excedendo em sua autoridade, gostaria de informar que falarei diretamente com o juiz responsável pela sua diligencia¹, isso é inaceitável! - o homem foi ficando branco e eu quase rindo, porque Eduardo estava pondo para quebrar.
- E o senhor quem é? - o homem mesmo assim não descia do pedestal, mesmo estando visível seu medo.
- Meu nome é Eduardo Menezes de Alcântara - Agora o espanto do homem era evidente. E eu não entendi nada.
- Eduardo Menezes de Alcântara que trabalhava com o ministro Chagas?!
- Eu mesmo, mas isso não importa. Aqui eu sou um dos tantos advogados do escritório. Ademais, respeito não deve ser só para quem tem algum cargo ou patente, mas para todos.
- Desculpe-me, Drº Alcântara. - como assim meu povo? O cara estava pedindo desculpas?
- Sinceramente eu acho que as desculpas devem ser dirigidas a dona Rejane e não a mim. Não é mesmo doutora – Eduardo me olhou e vi que era a deixa para eu poder prosseguir da li.
- Exatamente, e por favor, me passe o documento que o senhor tem para mim. - Eduardo ficou me observando, mas algo me dizia que aquele documento era problema.
- Me desculpe Senhora Rejane, fui um tanto quanto áspero em minhas palavras. E Doutora Botelho, eu trago um mandado de citação, em um processo de guarda movida pelo Srº Bernardo Antunes Botelho. - Nesse momento comecei a ver tudo desfocado, tentei me apoiar em algo, mas de repente tudo se apagou.
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Meus olhos estavam pesados, eu tentava inutilmente abri-los. Acho que passou alguns minutos e tentei novamente, dessa vez consegui abrir e vi um teto todo branco, virei lentamente a cabeça e consegui ver que dona Rejane estava ajoelhada ao meu lado, Eduardo ao seu lado em pé e logo atrás dele o oficial de justiça com o olhar tipo da noiva cadáver, nossa fiquei com medo. Olhei para dona Rejane novamente e minha voz sai:
- O que aconteceu? – Dona Rejane me olhou e de forma gentil me respondeu.
- Querida, você desmaiou. Fiquei tão preocupada – mas a aflição era notória em seus olhos.
- Nossa tudo ficou embasado, tentei me segurar. Depois não lembro de mais nada. Como eu cheguei nessa sala?
- O doutor te trouxe. – Olhei para o Eduardo e queria morrer, desmaiar e ainda ser carregada por dois desconhecidos era o fim. Até porque sinceramente Eduardo não poderia ter-me trago sozinho, não mesmo, eu tinha noção do meu peso.
- Obrigada a vocês dois, estou totalmente constrangida com essa situação.
- Aos dois? Desculpa Malu, mas eu te trouxe sozinho, você caiu basicamente sobre mim. – Eu com certeza se fosse branca ficaria vermelha mas como não era estava roxa de vergonha. – Além do que, se eu não tivesse a amparado logo você teria batido com a cabeça na quina da mesa. – Realmente meu dia estava sendo atípico, eu já tinha brigado com Eduardo mais cedo, agora o individuo me ajuda. Como se isso não bastasse ainda me carregou (eu que não sou nenhuma magricela) no colo, me vendo totalmente vulnerável.
- Obrigada Eduardo, eu sinto muito por ter lhe dado todo esse trabalho, já estou melhor e vou me levantar. – Eu tento me levantar mas, dona Rejane toca em meu braço.
- Malu, acho melhor que você fique deitada mais um pouco.
- Mas por quê? Foi só um desmaio, que não durou nada. – Dona Rejane olha para Eduardo.
- Não foi só um desmaio, você ficou desacordada por 40 minutos – nesse momento fiquei em pânico, isso não podia estar acontecendo de novo. – Ademais o médico já esta chegando, o Doutor Eduardo ficou muito preocupado e solicitou a presença de alguém. – nessa ora soltei um olhar fúria para Eduardo.
- Eu não preciso de um médico – sentei-me e olhei para os dois homens na minha sala.
- Senhor Marcelo, por favor, me passe a documentação a ser assinada. – Ele me repassou a documentação, e me disse os lugares que eu deveria assinar.
- Doutora esta é sua contra-fé² e sua via do mandado. – me entregou todo os documentos que deveriam ficar em minha posse
– Obrigada pela atenção Doutora Botelho e me desculpe qualquer coisa, não foi minha intenção aborrecê-la. – Ele falava e olhava para Eduardo, e ali percebi que nesses 40 minutos, coisas deveriam ter acontecido, mas eu não queria saber.
- Tudo bem senhor Marcelo. – Ele se foi e ficamos eu, Eduardo e Rejane.
- Agora, eu gostaria que um dos dois cancelassem a vinda do médico. Estou bem e não preciso de médico nenhum – Dona Rejane olhou de mim para Eduardo e disse simplesmente: Vou sair, acho melhor vocês conversarem.
- Não mesmo Dona Rejane, a senhora fica. Malu acho que você não entendeu, você ficou desacordada 40 minutos, durante esse tempo o médico foi nos instruindo como lidar com você, mas vendo que a situação não melhorava ele decidiu vir até aqui. – Que ódio desse cara, ele pensava que era quem meu pai, nem queria pensar nesse meu progenitor senão, teria morte...... nossa que dia.
- Olha Eduardo eu realmente estou melhor, e quarenta minutos não é nada, já tive crise pior. – nessa hora me calo, não devia estar falando isso, ele me olha mas não diz nada. – Depois para que despender o coitado do médico até aqui se já me sinto ótima e para provar vou ate ficar de pé. – quando levanto abruptamente, sinto minha cabeça girar, e não tenho outra opção a não ser sentar e me resignar a receber o bendito do médico. – Tudo bem pode deixar vir o médico. - Eduardo de forma triunfante ri e começa a conversar com Rejane como se eu fosse uma criança.
- Como a senhora aguenta essa cabeça dura, passando mal e diz que está melhor. – Ele me olhou de forma brincalhona.
- Eu adoro essa menina, mas tem horas que ela não me ouve, venho a dias falando para descansar, tirar as férias que estão vencidas, entretanto, não quer prefere ficar nessa loucura,meu Deus realmente ela é muito cabeça dura.
- Ei vocês, eu estou aqui tá bom, não falem como se eu fosse a Senhorita invisível, que saco! – fiz logo cara de emburrada e para meu alívio ouvimos uma batida na porta. Rejane foi abrir e era o médico.
- Boa tarde, a todos! – Respondemos a saudação e o médico olhou para Eduardo e lhe lançou um sorriso fraternal, dá um longo sorriso – Oi Edu, cara você quase me matou de susto, larguei todos os pacientes e vim voando – Eles se cumprimentaram, e se viraram para minha pessoa.
– Nossa nem sei como te agradecer, esta é Malu uma colega de trabalho, ela desmaiou e não acordava, fizemos todos os procedimentos que você nos orientou, porém, nada deu resultado foi aí que achei melhor você vir.
- Tudo Bem Edu, eu entendi, é horrível ter uma pessoa desacordada que não reage. – Agora o médico olhou bem para mim – Oi Malu, eu sou o Drº Paulo, e queria conversar com você um pouco pode ser? – Eu assenti com a cabeça. – Antes de tudo, eu gostaria que vocês dois pudessem nos dar licença , quero conversar com a minha paciente, tudo bem? - Eduardo e Dona Rejane assentiram e me deixaram a sós com o médico.
- Me conta como se desencadeou essa situação?
- Bem Doutor eu estou meio cansada mesmo, eu viajo para fora do rio de 15 em 15 dias e estou estafada acho que é isso. – Ele me olhou de um jeito, e logo percebi que ele não acreditou em nada.
- Olha Malu, posso te chamar assim?
- Claro! - Ele sorriu
- O que estava acontecendo quando você desmaiou?- mordi meu lábio inferior, estava nervosa agora, meu grau de ansiedade estava realmente subindo.
- Eu estava falando com um oficial de justiça que estava me entregando algo importante. – Ele me olhou e eu sabia que devia prosseguir. – Bem ele trazia um documento e é algo relacionado com o meu pai, ainda não o li.
- Desde quando você desmaia ao receber um documento? Isso não é normal.
- Doutor, eu, hâ. – Eu me embolei toda em falar com o médico ele me olhava de um jeito estranho como se me analisasse.
-Olha, fique tranquila, eu sou médico e já percebi que o que você teve não foi algo normal.
- Sim doutor, mas antes de tudo eu gostaria que o senhor prometesse que não irá comentar isso com ninguém. Nem com seu amigo Eduardo.
- Malu, assim como vocês advogados tem o juramente de sigilo entre advogado e cliente nos médicos também temos. Então fique tranquila.
- Desculpe doutor, eu fico meio sem jeito com isso. Mas eu fui diagnosticada com TEPT - transtorno do estresse pós-traumático. Sendo assim quando eu ouvi quem era o remetente do documento, comecei a ver tudo embasado, procurei algo para me apoiar, depois já não vi mais nada.
- Hum, então está explicado, mas você parou o tratamento? – me olhava de forma interrogativa.
- Faz dois anos que não ingiro nenhum tipo de medicamento, pois a minha psicóloga, foi retirando aos poucos. O meu tratamento, foi evoluindo e pensei que jamais teria outro desses desmaios.
- Olha sendo assim, acho que você deveria procurar sua psicóloga e conversar com ela. Mas por hora acho melhor você ir para casa e descansar. Tire dois dias de folga e aproveite e visite sua médica o quanto antes.
- Folga? Eu não posso fazer isso! Eu tenho muita coisa para fazer pessoas dependem de mim.
- Malu, você precisa disso. Se não aceitar terei que conversar com o Eduardo e assim pedir que ele fale diretamente com seu chefe – Fiz logo uma cara de emburrada, médico abusadinho. Eu tinha que trabalhar, saco.
- Tá bom, mas não pode ser um dia só? – Dei meu melhor sorriso, mas ele não moveu o maxilar.
- Nada feito senhorita, dois dias e com a promessa de ver sua médica. Vou ligar para você, e saber como foi.
- Tudo bem, pelo jeito hoje eu estou perdendo todas as brigas mesmo.
- Olha, vamos tirar a pressão e me deixa auscultar seu coração, porque senão meu amigo aí fora me mata, ele estava desesperado ao telefone, por sua causa sabia? – olhei para o médico, pois não estava entendendo nada.
- Esse seu amigo é estranho! – Ele sorriu.
- Ele não é estranho, pelo contrário é um grande amigo, e ser humano exemplar. E te digo mais se ele ficou desse jeito é porque se importa com você.
- Olha Doutor, sinceramente seu amigo não se importa comigo, eu o conheço faz alguns dias. Além do mais toda vez que estamos juntos só brigamos, ele é um controlador isso sim. – novamente o médico sorriu e vi que todos estavam a favor do Eduardo. "O que fiz para merecer isso".
- Tudo bem, se você acha isso quem sou eu para dizer ao contrário, o tempo se encarregará de mostrar quem tem razão. – nesse ínterim escutamos uma batida na porta e Dona Rejane já estava entrando seguida pelo chato do Eduardo.
- Poxa Paulo estávamos lá fora desesperados e você nem para dar noticias? – Eduardo já chegou inquirindo.
- Me desculpe, entretanto eu precisava conversar com essa senhorita aqui. – Eles olharam de forma engraçada para o Doutor Paulo.
- Doutor, o que essa menina tem já estou aflita! – Olhei para Rejane, e vi que a coitada estava realmente muito aflita.
- Calma senhora, a Malu por agora está bem, já fiz a medição da pressão e auscultei seu coração. Não vi nada anormal, porém ela vai ficar dois dias afastada para poder descansar, e graças a Deus ela concordou. Não é mesmo Malu? – Ele me olhou e eu só podia concordar e ficar aliviada por ele não ter tocado na questão da psicóloga.
- Sim, eu vou descansar, a começar de amanhã. – Ele fechou logo o semblante e replicou.
- Nada disso, você começa agora o expediente pela hora já deve estar no fim. Então quando eu for Edu ou sua secretária, ficarão incumbidos de te levar.
- Mas eu tenho carro, posso ir para casa sozinha – Nessa hora Rejane e Eduardo me olharam de cara feia.
-Fique tranquilo Paulo, eu a levarei, para casa.
- Paulo, obrigada por tudo amigo, depois nós acertamos essa consulta. – Nossa como esse Eduardo era metido.
- Imagina Edu, não precisa agradecer, e não quero pagamento de consulta nenhuma, até porque não fiz quase nada. E imagina se meu pai sabe que estou cobrando consulta para a família, ele é capaz de me deserdar. – Eles se cumprimentaram e trocaram algumas risadas, Doutor Paulo se despediu de nós e mais uma vez fiquei com a dupla de chacais, Eduardo e Rejane.
- Agora Drª Botelho eu vou te levar para casa e nem adianta, reclamar! – diante disto não tive argumento, levantei com a ajuda deles peguei minha bolsa.
- Querida vá com Deus,e se precisar de alguma coisa me ligue. E não precisa falar, já vou transferir as pendências para seu gerente setorial e o que for de mais urgente vejo com a Beth. – Dona Rejane, sendo a eficiência em pessoa.
- Obrigada dona Rejane, nós vamos nos falando se precisar e só ligar.
- Não vou ligar. Porque esses dias são para seu descanso, fique bem querida. – Ela me abraçou e se despediu com um beijo em meu rosto.
- Está bem, então já que não precisam de mim, tchau. – Eduardo já estava a postos ao meu lado.
- Vamos Malu, assim não ficamos tanto tempo no trânsito.
- Mas meu carro? Esqueci completamente dele! – Ele me olha como se eu tivesse falado uma mega besteira.
- Não se preocupe eu vou dirigindo seu carro e amanhã venho trabalhar de taxi.
- Mas isso e ilógico.
- Malu, de boa. Vamos logo, não quero brigar e você não esta em condições. Deixa que amanhã me viro.
- Tudo bem, então vamos. Tchau Dona Rejane.
- Tchau Querida! Se cuida.Tchau Doutor Eduardo.
- Tchau e até amanhã. E aproveite que já estamos indo e vá para casa também, acho que a senhora tambem teve emoções demais senhora Rejane – A danadinha da Rejane sorriu para ele. Isso era o fim, perdi a secretária de vez.
- Obrigada, vão com Deus e não briguem. – Eu e Eduardo nos olhamos, e isso era algo que não poderíamos prometer e seguimos para minha casa.
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Amores do nosso coração, desculpe a demora na postagem mas, como o final de semana foi de festa. Aniversário da LU MARTINS, então estávamos em ritmo de festa ainda 🎂🎂🎂🎂🎂🎂.
Votos e Comentários, são bem vindo.
Bjs
Lu e Eliz
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1 - Diligência - urgência ou presteza em fazer alguma coisa. Na nossa história era a urgência na entrega de um documento, que foi expedido pelo juiz da Vara de Família.
2 – Contra-fé – é uma copia da petição, que vai acompanhar o mandado de citação da a parte contraria, para que ela tome conhecimento de suas alegações
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