Capítulo 52 - Depois da Audiência - Parte 2
O caminho até o hospital foi o mais longo que já tive que percorrer. Dona Edna teve que ficar em casa, por conta de Lia. Entretanto, me fez prometer que assim que eu tivesse notícias da sobrinha, fizesse a gentileza de comunicá-la. Sinceramente, a força e a garra que a tia da Malu tinha, era encorajador, mas eu estava angustiado demais e absorto em minha dor.
Ao adentrar a recepção uns de meus amigos da época do trabalho com o ministro já me aguardava. Jason era assessor de imprensa e tinha as manhas para não deixar determinadas notícias vazarem. Até porque a Malu era minha namorada e minha entrada em um hospital começaria a levantar especulações e isso não seria bom para a batalha pela guarda da Lia que estava sendo travada.
Era tanta coisa em que pensar.
Por que bateram nela? Com que propósito?
Eram questões que se debatiam na minha mente de forma desesperadora. Mas era melhor deixar esse conflito de lado e focar no mais importante: Malu e o bebê. Como eu pude esquecer-me desse grande detalhe? E então meu desespero se aflorou com tudo.
Segui até onde estava Jason e comecei a explicar a situação. E como meu amigo, além de assessor de imprensa era advogado isso seria benéfico, pois conseguiria conter alguma notícia e ainda de quebra levantar tudo o que estava acontecendo.
- Bem Edu, a primeira coisa que farei é procurar o pessoal da assessoria de imprensa do hospital. Vamos proibir que qualquer informação seja repassada sobre sua namorada. – Ele parou e voltou a falar: – Melhor, vamos pedir que não confirmem a entrada dela aqui, pois, se não tem paciente não tem informações.
- Acho ótimo.
- Depois que eu resolver tudo aqui, irei a delegacia colher informações e tratar diretamente com o delegado do caso. Precisarei saber quem foram os PMs, que participaram da ocorrência.
- Obrigado desde já por tudo, Jason, eu não tenho cabeça nesse momento para lidar com tantas coisas.
- Não precisa agradecer, Edu, você me ajudou muitas vezes. Esse é o mínimo que posso fazer por você.
- Ficarei em dívida com você, meu amigo – estendi a mão para ele que prontamente a apertou – e peça desculpas a Sara por mim, por tirá-lo do caminho de casa.
- Ela vai cobrar uma visita, isso sim! – Ele sorriu. – Há tempos que ela quer que você conheça a nossa pequena Sol.
- Sim, farei isso. Assim que todo esse vendaval passar, prometo ir ver a Sol junto com a Malu.
- Será um prazer receber vocês. – Jason sorriu-me. – Agora tenho que ir. Qualquer eu coisa ligo, Edu.
- Okay.
*****
Depois da saída do meu amigo, segui para o balcão de informações. Eu precisava saber onde a Malu se encontrava.
- Boa Noite.
- Boa Noite, senhor! Seja bem-vindo ao Copa D'or. Em que posso ajudar?
- Eu fiz por telefone a solicitação da entrada hospitalar da minha namorada. Gostaria de saber em qual andar ela se encontra.
- Nome da paciente, por favor?
- Malu Botelho. – A jovem consultou o sistema e me olhou.
- Ela não tem outro sobrenome?
- Ah, desculpe. O nome todo dela é Malu Antunes Botelho. Ela não gosta do seu segundo nome.
- No momento ela está na neuro emergência, no terceiro andar. Siga o corredor que está a sua esquerda até o final, pegue um dos elevadores sociais e ao chegar ao andar, solicite mais informações à equipe de atendimento da emergência.
- Obrigado!
- Por nada, senhor.
Neuro-emergência? Meu Deus! Minha cabeça dava voltas só de pensar no porquê dela estar numa emergência daquele tipo. Por que a Malu tinha que ser tão teimosa? Por que não me esperou? Por que não esperou a tia? Que ódio desse trânsito! Tudo culpa dessas obras que não foram feitas de forma corretas.
Eram tantos questionamentos e dúvidas. Se eu tivesse chegado cedo isso não teria acontecido... Os "se" se multiplicavam. Entretanto, eu não podia perder tempo com tais questões, não quando eu tinha alguém que estava precisando de mim.
Já no balcão de informações da neuro-emergência, fui encaminhado para a sala de espera. A atendente, muito atenciosa, me informou que a Malu tinha dado entrada no hospital conforme minha solicitação e que logo alguém viria me dar notícias.
Já haviam se passados duas longas horas e ninguém ainda tinha aparecido para me dar notícias. Quando uma enfermeira bem jovem veio em minha direção.
- Boa noite, familiar de Malu Botelho? – a mulher se dirigiu a mim.
- Sim! – Levantei-me em um supetão
- O doutor Carvalho pediu para avisar que daqui a meia hora estará vindo falar com os familiares.
- Por que tanta demora?
- Bem, só os médicos estão autorizados a falar sobre o estado de saúde dos pacientes. Então o senhor terá que aguardar.
- Meu Deus como isso é torturante! – Levei as mãos ao alto diante da impotência que me encontrava.
- Senhor, se acalme, logo terás noticias da moça. Mas vim porque me pediram para repassar esses pertences que estavam com a moça.
- Ah, sim, obrigado. – Ela me estendeu uma bolsa e uma pasta executiva que a Malu adorava.
Logo após a moça sair da sala de espera, abracei-me com as coisas da Malu. Como se assim eu pudesse senti-la, absolver seu cheiro e imaginar que tudo ficaria bem. Mas de repente senti algo vibrando na bolsa e quando a abri, vi o celular da Malu.
O aparelho tinha diversas ligações perdidas e algumas eram da Tereza ou como a Malu gostava de dizer da "Terê". A amizade das duas era de longa data e eu tinha noção de que se tratava de um sentimento verdadeiro e sólido que nem o tempo conseguia apagar.
Com aquele celular em mãos, decidi retornar a ligação para Tereza e explicar o que estava acontecendo. E não demorou muito para que ela atendesse a ligação.
- Amiga! – um grito eclodiu do outro lado da linha.
- Olá, Tereza. – Um silêncio se fez. - Tereza?
- Quem está falando?
- Sou eu, o Edu.
- O que aconteceu? – Senti o tremor na voz dela.
- Ela... – Um bolo se formou em minha garganta e a voz não queria sair e lágrimas encheram meus olhos.
- Edu, pelo amor de Deus!
- Ela... Alguém... – Pigarreei para que a voz soltasse. - Alguém a agrediu e ela está no hospital. – E nesse momento eu ouvi algo cair. - Alô? – Nada eu ouvia. – Alô? Tereza?! – Depois de alguns minutos ouvi algo.
- Alô? Edu? – A voz era de um homem.
- Quem é?
- É o David, marido de Tereza.
- O que aconteceu?
– Ela está emocionada demais, teve um pequeno mal estar e o telefone caiu.
- Desculpe, David, mas eu não sei o que fazer nem a quem recorrer – fiz uma pausa, estava nervoso demais – e como vi que a Tereza estava ligando, pensei que ela poderia me orientar.
- Tranquilo, Edu. A Tereza vai falar, mas eu estou aqui ao lado.
- Obrigado, David! - Ouvi o David dizendo algo para Tereza, e logo a voz mansa, mas chorosa reverberou pelo telefone.
- Edu, como ela está?
- Bem, ainda não tenho notícias, estou aguardando o médico vir falar comigo. Mas tudo que sei e que ela estava próximo a um restaurante e um homem a atacou.
- Meu deus! Quem seria capaz de um ato tão maldoso como esse?
- Não sei, mas vou descobrir.
- Estou indo para o Brasil! Vou pegar o primeiro vôo. – A mulher exclamou com toda a autoridade.
- Tereza, não precisa. Sei que vocês têm muitas coisas a fazer por ai.
- Não mesmo, Edu. Não fará com que eu fique aqui enquanto minha amiga precisa de mim. – Eu já ia protestar dizendo que eu estava aqui, mas ela continuou. – Sei que você está aí para ela, mas não terei paz enquanto não a vê-la e saber que ela ficará bem.
- Então eu te espero.
- Quando você piscar os olhos estarei aí.
- Obrigado, Terê!
- Não precisa agradecer. Amigos são para todas as horas. Fica bem e cuida da minha irmã, porque eu estou indo.
- Okay, estaremos esperando. E peça desculpas ao David.
- Até mais, Edu.
- Até, Terê. – A ligação foi encerrada.
Eu estava aliviado por saber que alguém próximo da Malu estaria vindo para apoiá-la. Mas diante da minha angústia pela falta de notícias não pensei duas vezes e liguei para Maria. Ela me atendeu de imediato, expliquei toda a situação e prontamente disse que estaria vindo para o hospital.
Entretanto, no final da ligação desabei.
- Não demora, Maria.
- Pode deixar, meu querido, tudo vai ficar bem. Foi só uma pancadinha e ela é uma menina muito forte.
Ainda chorando eu disse a Maria que a Malu estava grávida e que não tinha certeza se tudo ficaria bem e para que eu me acalmasse. A ligação foi encerrada e quando dei por mim o médico já estava em minha frente.
E seu semblante era o pior possível.
- Familiar da Malu Botelho?
- Sim, sou eu.
- Sente-se.
Que tenso!!!
O que será que se passa com nossa querida Malu?
Tenho até dó, quando Edu pegar a pessoa que fez isso com a Malu!
Mais um capítulo feito com carinho.
Beijos Lu e Eliz
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