Capítulo 51 - Depois da Audiência - Parte 1
Radio da Viatura policial
Unidade 026, na escuta? - (central policial)
- Na escuta, prossiga.
- Ocorrência na avenida Princesa Isabel esquina com o restaurante Mabs na avenida Atlântica.
- Pode enviar mais detalhes, central? ( o sargento Bastos gesticulou para o cabo Santos fazer o retorno, na próxima rua)
- Mulher aparentando 37 anos, negra, seguia no sentido do restaurante, foi atacada por meliante que roubou sua bolsa. Mas a vítima estava com o celular no bolso e uma testemunha chamou os bombeiros e acionou o 190.
- Estamos seguindo para o local!
"Barulho de sirene"
Enquanto eu seguia para o local da ocorrência, fiquei pensando na mulher que fora agredida em um lugar que aos olhos do mundo era considerado esplêndido. Mas como moradores de grandes cidades, sabíamos que em qualquer lugar estávamos suscetíveis a um assalto.
Poderia ter sido até mesmo minha mulher ou minha filha, que cursa economia na PUC, graças a ajuda dos meus pais que tem uma condição financeira excelente. Entretanto sempre puvi as reclamações do meu pai porque decidi ser policial... E a resposta e nunca mudou: alguém como eu com certeza se minha mulher ou filha precisar irá ao socorro delas... isso é servir... isso é ser policial.
Meus pensamentos foram suspensos quando chegamos ao local do crime. A mulher era muito bonita e parecia que devia ter algum cargo importante por seu modo de vestir. Os bombeiros já estavam prestando os primeiros socorros, e pelo jeito, ela seria removida direto para o hospital.
Pude ver que na parte posterior da cabeça, saía um líquido viscoso... sangue.
- Boa tarde! – automaticamente reconheci um dos bombeiros. – Louzada, que bom vê-lo.
- Seria bom se pudéssemos nos encontrar em situações diferentes de ocorrências como essa. – senti emoção na voz de meu conhecido e sabia o porque.
- É verdade. Mas me diga, o que temos aqui, Louzada?
- Bem, ela aparentemente sofreu uma pancada muito forte ocasionada por arma de fogo. Isso ocasionou certo inchaço e sangramento. Já colocamos um curativo e estamos a imobilizando. – nesse momento Louzada, colocava junto com sua parceira um colar cervical na mulher. - Mas, o que mais me preocupa agora, Bastos, é que a testemunha disse que ela acordou por um breve instante e pediu para salvar seu bebê. Então, só poderei ter certeza se existe mesmo um bebê no hospital, pois não consegui sentir nada no exame superficial.
- O cabo Santos já está falando com a testemunha. Mas conseguiram saber o nome da moça, Louzada?
- A testemunha fez uma ligação para o último número e falou com o namorado. Ela se chama Malu Botelho.
- Que bom que temos pelo menos um nome.
- Sim. Mas agora temos que ir, ela será encaminhada direito para o Hospital Copa D'Or, conforme orientação do namorado da moça.
- Mas você pode fazer isso? – eu estava intrigado com tal medida.
- Sim, Bastos, desde julho de 2016, que a câmara de deputados aqui do Rio aprovou essa lei, permitindo que vítimas que contenham plano de saúde, podem ser direcionados ao hospital privado e o governador em exercício sancionou a lei.
- Nossa, eu não sabia disso!
- Temos que ir agora, meu amigo, depois nos vemos! – Louzada me deu um aperto de mão e seguiu para dentro da ambulância.
Enquanto a ambulância levava a mulher, que com certeza teria um ótimo atendimento, eu e Santos, iríamos terminar de conversar com a testemunha e depois seguiríamos todos os trâmites legais.
- Boa noite! – cumprimentei o rapaz.
- Boa noite, policial! – ele me estendeu a mão e eu prontamente a apertei.
- Pelo que vi você e o policial Santos já conversaram? – Ele afirmou com a cabeça. – Então me digam o que foi relatado até agora, Santos.
- Bem, sargento, o senhor Paulo me relatou que a vítima vinha a sua frente e parecia meio desorientada. Estava chorando muito, e vez ou outra pegava o celular mas o colocava de novo na bolsa. A testemunha achou estranho que um carro preto estava seguindo a mulher em alguns trechos entre o Aterro e Copacabana.
- Um carro? – alguma coisa estranha tinha nessa historia.
- Sim, um carro preto importado. Entretanto, seu Paulo parou para poder comprar água em um bar e minutos depois não avistou mais a vítima e nem o carro. Alguns quarteirões a frente, vi que a moça estava parada, como se estivesse pensando o que fazer e um homem saltou do carro preto e a atingiu na cabeça e voltou ao veículo que saiu em disparada.
- O senhor estava fazendo o mesmo trajeto que a moça, porquê? – Com certeza Santos ainda não tinha perguntado isso.
- Bem, sargento Bastos, eu faço esse trajeto diariamente pois pratico triátlon. Mas hoje em específico, estava fazendo uma caminhada mais turística, porque estou aqui no Rio a alguns meses, e não tinha tido a oportunidade de ver muita coisa por aqui.
- Sei... mas não ficou com medo do motorista do carro lhe interceptar? – eu queria colher o máximo de informações possíveis.
- Bem, além de competidor eu sou Policial Federal, mas como estava desarmado e não sabia com o que estava lidando resolvi me manter a certa distância.
- Entendi. Vamos seguir até o hospital, e de lá gostaria que me acompanha-se até a delegacia.
- Claro, policial, eu estou aqui para o que precisarem.
Então seguimos para o hospital, pois seria necessário colher algumas informações do namorado da vítima. Precisava ter o máximo de informações a serem repassadas ao delegado e ao policial civil que ficaria de responsabilidade da ocorrência.
Chegando ao hospital, conversamos com o namorado, que era um advogado muito famoso no Rio de Janeiro. Ele explicou que a mulher havia saído de uma audiência no fórum, mas depois disso nem ele e nem a família dela sabiam de seu paradeiro.
Informei os procedimentos que deveriam ser feitos, o namorado foi muito educado e agradeceu pelo nosso empenho no caso. E depois disso segui para a delegacia, o dia estava só começando para mim e o cabo Santos.
Por Edu
Cheguei correndo ao fórum, já sabendo que encontraria a audiência encerrar. Eu tentei chegar a tempo, mas o trânsito estava horrível.
A tia da Malu vinha saindo de uma sala, e em prantos me explicou tudo o que aconteceu e só pude pensar na angústia da minha morena, precisava encontrá-la.
Mandei mensagem pedindo que me esperasse, mas não a vi em lugar nenhum. E ao verificar meu celular observei que ela não visualizou minha última mensagem.
Estou há horas procurando por ela, mas não atende o celular.
Acredito que esteja atordoada com essa sentença.
Que droga, era pra estar junto com ela!
Onde pode ter ido grávida e abalada?
Percebo o desespero nos olhos de sua tia.
- Dona Edna, vou levar vocês pra casa, já chega desse lugar.
- Não quero ir, Edu, quero saber dá minha menina, meu coração esta apertado.
- Não podemos permanecer aqui no fórum, se alguns dos advogados do Bernardo perceber o que está acontecendo, pode usar isso para piorar a situação da Lia. - Dona Edna concordou com a cabeça e eu podia ver o sofrimento em seus olhos. - Vou levá-las para casa.
Imediatamente saímos do fórum e seguimos pelo trânsito caótico do centro do Rio de Janeiro. Quanto mais eu acelerava para chegar ao destino, parecia que mais distante eu ficava. Amargura e preocupação assolavam meu peito, mas não poderia falar com a dona Edna. A coitada já se encontrava bem debilitada com toda a situação da pequena Lia e não precisava acrescentar um desaparecimento em sua lista.
Parecendo ler meus pensamentos ela se manifestou naquele momento.
- Edu, será que minha menina está bem? – Eu olhei pelo retrovisor aquela senhora tão gentil, que estava com sua pequena sobrinha adormecida em seu colo.
- Ela está bem. Tenho certeza – eu falei, mas eu mesmo estava tentando me convencer disso. - Ela é cabeça dura, mas não faria nada que pudesse prejudicar vocês.
- Eu sei querido, mas a Malu sempre teve que ser a adulta depois que o pai a abandonou e por isso a vida tem cobrado dela em uma porção dobrada. – ela fez uma pausa e a ouvi fungar. – Eu tenho medo da depressão ou de que ela possa ter algum surto nervoso. Está acontecendo muita coisa ao mesmo tempo com ela, e não sei se minha garotinha está pronta para tanta coisa.
- Dona Edna, a Malu é forte. Vamos confiar em Deus!
- Sim, meu filho, só Deus pode cuidar da nossa Malu. Mesmo que ela não acredite nisso.
Continuamos o trajeto até a Tijuca, levei a pequena Lia até o apartamento e quando estava me despedindo de dona Edna meu celular tocou e vi que era o numero da Malu
- Malu? Onde você está?
- Não é a dona do celular não. Aqui quem fala e Paulo, a moça a qual pertence o aparelho foi agredida na porta do Mabs. Então estou ligando para informar.
- O que aconteceu? Como ela está?
- Bem, moço, ela foi agredida na cabeça só posso dizer isso, já chamei a polícia e o Samu que já se encontram no local e devem levá-la para o hospital.
- Pode orientar aos socorristas que a encaminhem para Hospital Copa D'or, ela tem plano de saúde. Sou o namorado dela. Já vou ligar para o hospital e pedir para ficarem em alerta.
- Rapaz, qual seu nome, caso precisem informar.
- Eduardo Alcântara. E desde já muito obrigado. Estarei indo imediatamente para o hospital.
- Não há de que. E espero que sua namorada fique bem.
- Obrigado, senhor Paulo.
E então a ligação se encerrou e fiquei fitando o aparelho.
O que eu iria fazer?
O que aconteceu?
Quem seria o monstro capaz de machucar uma grávida?
Olhei ao lado e dona Edna estava em prantos.
Então percebi que meu mundo estava desabando.
Bem gente linda, o aniversário é da Lu Martins. Entretanto o presente é de vocês!!!!
Queremos deixar nosso amor para as lindas dmurad, AlineCAzevedo, fernandaraujox as mais lindas aniversariantes do mês de Maio. ♥♥♥
Beijus e até o próximo capitulo.
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