Capítulo 23 - Voltando os Olhos para o Passado
Depois de muito pensar achei melhor, que cada um fosse dormir - em quartos separados - não estava conseguindo raciocinar direito com toda aquela beleza na minha frente. Nós combinamos de tomarmos café junto e isso já era bom.
Os dias que estávamos passando em Curitiba, acabou nos fazendo estabelecer o hábito de em todas as refeições estarmos juntos. Combinamos também que no último dia da quinzena voltaríamos ao Hop' n Roll.
- Nem acredito que amanhã estarei de volta para casa – eu estava falando com Edu que estava concentrado lendo jornal.
- Foi tão ruim assim passar esses dias comigo? – Ele baixou o jornal e me encarou.
- Claro que não! Só que estou com saudades de casa – ele ainda estava sério – Edu, tenho família, esqueceu?
- Não claro que não esqueci, só que não vamos nos ver toda hora. E isso é chato.
- Oh homem, para de maluquice e vamos comer.
- Está bem. Ah... e não se esqueça que vamos sair a noite.
- Podemos vir no hotel nos arrumar? Hoje quero estar mais informal.
- Por mim tudo bem. Mas espero que seja uma roupa descente. – Ele estava sorrindo.
- Sim, meu rei, seu desejo é uma ordem – ele soltou uma gargalhada.
- Você é perfeita para mim doutora Botelho – Eu sorri para ele.
- Você também é pra mim.
Terminamos de tomar nosso café e depois seguimos para o escritório. Tinha pendências a serem sanadas, reuniões e audiências para ambos. Eu já estava conseguindo resolver a situação de Maximus. Entretanto, o que me deixava mais amargurada era a indiferença de Pedro. Nós éramos parceiros de trabalho e nunca tivemos um problema se quer, mas de repente, ele estava recluso e só falava o essencial comigo.
Eu decidi, que precisava resolver essa situação com o Pedro, era algo ridículo, coisa de adolescente. Mas infelizmente quando cheguei em sua sala, fui informada por sua secretária, que ele não viria ao escritório pela manha pois teria uma audiência. Então as horas foram se passando e eu fiquei mergulhada no trabalho, já era horário do almoço quando Maximus bateu em na porta.
- Doutora.
- Sim Max, deseja algo?
- Eu lhe trouxe algo para comer. – Ele depositou uma embalagem de um restaurante que eu amava.
- Obrigada.
- De nada Doutora. – Ele já ia saindo, mas de repente voltou.
- Quer falar mais alguma coisa Max?
- Eu gostaria de agradecer por tudo que a senhora fez. – Ele estava muito envergonhado, era notável.
- Max, já trabalho com você há algum tempo e sei de todo o seu esforço. Não ajudei, por pena, mas por algo mais forte. Eu sei que você é uma cara que não fica parado esperando acontecer, Maximus vejo você se desdobrando para fazer o possível e o impossível para solucionar situações que se fosse outras pessoas já teriam desistido – ele me olha – sei muito bem, que você será um ótimo profissional no futuro, e torno a dizer não será um erro do seu pai que vai impedir isso. Além do mais, mãe é algo sagrado demais devemos cuidar, então nunca se esqueça disso Max. E agora vamos trabalhar porque você ainda tem coisas a resolver sobre a cirurgia se não me engano – ele sorriu cúmplice, e sabendo que eu estava dando a conversa por encerrada.
- Tudo bem doutora, darei o meu melhor.
- Você sempre faz o seu melhor, por isso sempre estarei aqui para o que precisar – ele balançou a cabeça e pude ver uma lágrima caindo, mas imediatamente ele saiu da sala.
Depois disso, tive uma reunião com novos advogados, que foram contratados para suprir, algumas vagas, pois estávamos expandindo e isso de certa forma era natural. Eu estava envolta com tantas coisa quando Edu chegou, por volta das dezessete horas e estava querendo ir logo embora.
- Oi, Malu. – ele estava com uma cara de cansado coitado.
- Oi, Edu. Tudo bem?
- Sim. Mas estou realmente cansado e gostaria que fosse logo para o hotel. Tenho que terminar de arrumar a mala e verificar algumas pendências ainda.
- Me dá uns minutos porque tenho que entregar uma documentação ao Pedro. – A cara do Edu se transformou.
- Por que não pede para o Maximus?
- Por um motivo, eu ainda sou a chefe por aqui, e eu gosto de resolver determinados assuntos cara a cara Edu.
- Está bem, mas não demora. Odeio ficar sozinho. – Ele fez cara de cachorro sem dono.
- Namorado dramático é novidade.
- Ok, namorada sem coração.
- Engraçadinho. Ele riu e eu sai da sala.
Quando estava quase na porta da sala do Pedro, pude ouvi-lo conversando com uma de nossas estagiárias, Bianca. O tom dele era de aborrecimento, pelo que entendi ela tinha feito uma burrada e ele teria que arcar com a responsabilidade, uma vez que ele assinou o documento junto com ela.
- Bianca, você tem que ter mais atenção!
- Eu sei doutor, mas o senhor me disse que estava tudo correto.
- Então volte as suas funções e que isso não se repita. Pois não serei tão benevolente, pois é o segundo problema que tenho com você, se continuar assim serei obrigado a repassar isso aos seus advogados supervisores.
- Tudo bem. – Eu vi naquela menina, uma Malu de anos atrás assustada com tudo, mas eu não poderia intervir, aquilo era uma forma de crescimento e eu sabia que o Pedro jamais a dispensaria. – ela estava saindo quando Pedro a chamou.
- Bianca, isso é para o seu bem. Se eu deixar passar, você não vai aprender da forma correta e vai até nos culpar, por não tê-la ensinado da forma correta. – Ela deu um sorriso fraco e saiu. E só com a saída dela, Pedro percebeu que eu me encontrava em pé na porta.
- Boa tarde Pedro – fui entrando na sala dele e me posicionei na cadeira em frente a sua mesa.
- Oi, Malu. – Ele estava muito sério.
- Podemos conversar? Já que a semana toda você me evitou.
- Malu, eu realmente estou muito atarefado.
- Pedro deixa de ser infantil! – quem estava ficando nervosa era eu – Nos conhecemos a um tempão, poxa eu já considerava você um amigo. O que deu em você para ficar assim? – Ele estava de cabeça baixa e como um sussurro, pronunciou as palavras que eu não queria ouvir.
- O que me deu? Foi me apaixonar por você.
- Como? Quê? – eu estava atônita.
- Você perguntou e aí está sua resposta. Eu estou apaixonado por você, mas pelo jeito alguém chegou antes. - O tom de sua voz era amargo. – Eu estava planejando algo especial na sua volta pra cá, mas você tinha que vir para cá com esse cara.
- Pedro, você está doido!
- Malu, eu vejo os olhares cúmplices, que um dirige ao outro. Vejo sorrisos, que nunca vi você dá. Mesmo que você negue, há algo entre vocês. – Eu estava estática com tudo o que o Pedro estava falando. Ele se levantou da sua cadeira e veio até mim.
- Você não podia esperar mais um pouco, e se apaixonar por mim? – Eu me levantei, e do nada Pedro já estava diante de mim e me beijou.
Eu não estava entendendo, ou assimilando nada, mas uma coisa eu consegui fazer. Empurrei o Pedro, mas nisso me desequilibrei e cai no chão. Pedro veio ao meu socorro.
- Malu, me desculpe. Você está bem? – eu sabia que ele estava preocupado mais não ia aliviar para ele.
- O que você acha seu estúpido! – Raiva exalava de mim.
- Eu não queria, mas foi mais forte do que eu! – Ele estava tentando me levantar.
- Não me toque! Nunca mais! Ouviu – eu me levante, era um misto de vergonha e desespero, e ainda tinha que tentar não chorar com tudo aquilo.
- Malu, deixa eu te ajudar! Que droga! – Ele estava bravo, com ele mesmo. Eu conhecia o Pedro o suficiente para saber que ele agiu por impulso. Mas esse impulso eu não iria perdoar.
- Quando eu voltar daqui a quinze dias, espero que você reavalie isso tudo que me disse. Se ainda estiver, tendo esses pensamentos idiotas por mim, aconselho a fazer sua carta de demissão e deixar em minha mesa – ele me olhava, mas não tinha raiva e sim dor.
- Você acha que meus sentimentos são idiotas?
- Pedro, você sabe como sou e não vai ser agora que vou mudar. Isso seria caso de assedio sexual se fosse com uma dessas moças que trabalham aqui. E você ia perder rios de dinheiro, mas, eu o conheço, sendo assim você tem suas opções, pense bem e na próxima quinzena conversaremos ou não – eu estava firme, mesmo com meu coração doendo. Pedro não tinha o direito de fazer o que fez, mesmo gostando de mim.
- Tudo bem. – ele se sentou em sua cadeira derrotado e ficou mirando a janela.
Saindo da sala do Pedro meu corpo estava tremendo e sentia minha ansiedade subindo drasticamente. Corri para minha sala, mas eu não podia entrar, o Edu iria saber que algo aconteceu, então pedi ao Maximus para pegar minha bolsa e levar ate o banheiro feminino. Ele prontamente, fez o que eu pedi, comecei uma caçada intensa pelo meus remédios, mas parecia que não estava lá. O medo começava a subir pela minha coluna, mãos e pés já estavam gelados.
- Malu, foco. Respira, respira é sua mente. Sua mente – eu estava repetindo isso como um mantra e como um passe de mágica os remédios apareceram, estavam no compartimento do lado de fora da bolsa.
Eu peguei um pouco de agua da torneira, e tomei os comprimidos, e busquei me sentar em um dos sanitários e tentando assim me acalmar, passe uns 5 minutos no banheiro e depois não tinha jeito eu teria que voltar para a sala.
Eu estava ainda com muita tremedeira, mas fui caminhando a passos fortes, não podia fraquejar. Passei por Maximus e quando entrei na sala Edu estava numa ligação e parecia ser algo sério. Ele me olhou e gesticulou com os lábios para que eu esperasse um minuto, então eu aproveitei e me sentei novamente.
- Malu. – Ele estava me olhando sério
- Sim.
- Está tudo bem? Você esta pálida parece que viu um fantasma. – Ele veio até mim. – Está gelada! Quer que eu chame um médico.
- Não precisa Edu, quero voltar para o hotel. Acho que é porque não comi nada hoje.
- Não acredito, passou o dia sem se alimentar. Meu Deus só falta dizer que tem preguiça para comer! Eu conhecia uma moça que tinha, preguiça de comer vê se pode! - se eu tivesse com humor eu ia rir disso, mas eu precisa da minha cama.
- Vamos Edu, quero a minha cama.
- Está bem, vamos.
Eu peguei meu celular na mesa, tranquei minhas gavetas com documentos importantes e segui com Edu para fora da sala. Falei com Maximus que ao chegar no Rio ligaria para saber sobre a cirurgia da mãe dele. E fomos direito para o hotel, quando chegamos ao estacionamento, meu nível de ansiedade estava subindo de novo.
Mal Edu estacionou o carro, abri a porta, estava com o cartão do quarto na mão e eu só precisava disso. Larguei tudo que era meu para trás e corri em disparada para o elevador, quando ele apitou informando meu andar, saí em disparada para meu quarto.
Eu não queria saber de nada entrei no banheiro, tranquei a porta e entrei no chuveiro de roupa e tudo. Eu só queria chorar, suja era a palavra mais adequada, imunda era como eu me sentia. Como eu podia lidar um o impulso masculino de novo, eu sabia que o Pedro não tinha feito premeditadamente, mas minha mente não conseguia assimilar isso e meus pensamentos voltaram a anos atrás.
Flash on
Eu estava numa festa da empresa, como era nova, para mim tudo era festa. As outras meninas estavam eufóricas o ambiente está florido de homens belos e do meio jurídico. Eu resolvi ir para o bar, a noite pedia Pina-colada e muitas margueritas e com certeza eu finalizaria com uma dose de tequila.
- Garçom, seja bonzinho e me faça uma Pina-Colada! Eu tive que gritar por o som estava aumentando gradativamente.
Enquanto ele fazia a bebida eu me mexia, meio que sem jeito apoiada no balcão, a música era estranha mais eu não me importava. A dor tinha que ser preenchida, sendo assim qualquer coisa servia, meus pensamentos vagavam sem rumos quando alguém se aproximou, pulando e pude ver que era o Miguel.
- Malu, cadê as meninas? – Ele falou no meu ouvido.
- Na pista, olha lá seu objeto de desejo – apontei para a pista e Mirella estava linda e louca pulando.
- Você é uma palhaça! – Eu sorri
- E olha que nem bêbada estou – ele começou a rir
- Maluca! Vai beber o que hoje?!
- Pina e Maguerita!!!! E para fechar a noite uma dose de tequila... – Ele me olhou sério.
- Malu, pelo amor de Deus não vai misturar tanta coisa assim, hein!
- Tranquilo, eu tenho você! Ele riu e minha bebida chegou.
- Vamos dançar? – Ele me chamou, mas neguei prontamente, eu precisava beber e muito essa noite.
- Deixa de ser chata vamos dançar!.
- Depois da próxima bebida volte e verei o que posso fazer por você – ele riu e começou a seguir para a pista.
Chamei o garçom e pedi mais duas Pinas, eu não queria ficar tendo que chamar toda hora, era muito chato e o balcão estava lotado. Eu estava distraída com minha bebida e nem vi quando um cara parou atrás de mim e falou no meu ouvido.
- E aí delícia, vamos dançar. – Eu quase dei uma gargalhada.
- Não! Eu estou acompanhada! – Ele sorriu
- Com quem? Já que te vi chegar e estava sozinha. – Epa, o cara estava me mirando isso era bom.
- Mas eu estou acompanhada, olha aqui. Virei e mostrei meus dois copos de Pina-colada.
- Hum, eu queria ser um desses copos, para sentir sua boca – Esse era muito ruim de cantada
- Humrum.. – preferi não estender a conversa. Ele sumiu e eu continuei as minhas rodadas de bebidas. Mas o Ale apareceu me arrastou para a pista.
- Gata, hoje é dia de dançar! – e nós dançamos muito, mas uma hora meu corpo implorou para expelir aquele liquido todo ingerido e segui até o banheiro. Quando eu saí do banheiro, dei de cara com uma muralha e que muralha! 1,80, moreno e olhos de predador, mas eu já que estava meio alta, então podia ter confundido alguns detalhes daquele Zeus.
- Acho que agora você está sozinha!
- Sim! Deixei minhas amigas sobre o balcão - Soltei uma gargalhada.
- Então acho que podemos conversar e beber mais um drink.
- Por mim tudo bem! É de graça mesmo! - E seguimos para o bar.
Mas o que estava por vir mudaria em muito minha vida.
♥Indicação de Hoje♥:
Unidaspelaleitura, com a Antologia uma Familia (in) comum. - Passem lá pois a cada semana o livro tem um conto novo e Euzinha(Lu) e a Eliz estaremos com contos lá tb.
♥♥♥♥♥
Fofilindas!!! estamos aqui com mais um capitulo!!
Nos próximos capítulos, o passado será remexido e uma promessa será quebrada.
Esperamos que estejam prontos para fortes emoções, pois o livro está no meio sendo assim esta na hora de sacudir a poeira que se encontra escondida por ai!!!!
Beijus de Luz
♥Lu e Eliz ou Eliz e Lu♥
* Gonzalo Heredia*
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro