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CAPÍTULO 3


Ela tentou tocar o sol. Queria voltar ao céu. Mas antes precisava entender tudo o que tinha acontecido.

A coisa acordou no meio de um pasto – ela lembrara o nome daquilo mesmo sem nunca ter visto algo parecido antes – desnorteada e confusa. Olhou a linha do horizonte e viu uma faixa de cor diferente. Se dirigiu até lá, com calma. Sem pressa. Parecia que tinha todo o tempo do mundo.

O que era aquilo? Algo novo?

De longe, a coisa ia tomando forma, cor, sentido. Ela alcançou o destino.

Foi a primeira vez que, ao ver algo estranho, soube exatamente o seu significado.

✦ ✦ ✦

Já havia se passado dois dias desde que a família Maldonado tinha abandonado a sua casa. Ainda não se tinha previsão de retorno, nem se a B6¹ realmente estouraria. Todos estavam ansiosos e aflitos. O filho de Cora também.

O garoto lavou o rosto e viu seu reflexo no pequeno espelho do banheiro. As espinhas que o atormentavam há algum tempo já não eram sua maior preocupação. O grande desastre que atingiu seu país ia muito além de trezentas pessoas desaparecidas, tratava-se de sua melhor amiga desaparecida. Ele se lembrou de como ela estava feliz por ir visitar a mãe no trabalho pela primeira vez. Iria contemplar a vista "privilegiada" da barragem oferecida pelo restaurante.

O Maldonado jovem não pôde evitar cerrar os punhos. Uma tremenda construção idiota, isso sim! Praguejou consigo mesmo. Sempre que fechava os olhos imaginava a loira sorridente na sua frente. Poderia estar alucinando, mas jurava sentir o perfume dos seus cabelos exalando no cubículo branco. Ele a pediria em namoro na próxima semana, juntara até uns trocados para comprar flores. Como a amava! 

– Não é possível, eu não posso ter perdido você! – Sua voz rouca ecoou no espaço gélido – Por favor, esteja viva! Aguente firme, algum bombeiro vai te achar.

Ele quis chorar. E chorou.

Gritou. Fez bagunça sozinho. Machucou a mão com o murro na parede. Ajoelhou-se em frente a pia. Gemeu. O amor da sua vida morreu.

✦ ✦ ✦

Michelangelo decidira publicar uma nota de esclarecimento.

Ele sabia que era culpado por tudo, por ter concordado na hora errada. Não merecia perdão de sua nação, nem com toda bondade expressada possível. As pessoas o odiavam. Sua caixa de e-mails estava repleta de palavras ruins e negativas, os jornais cada vez mais intensificavam "informações" sobre o ocorrido. Embora a imprensa sempre exagere os fatos, Michelangelo achava que merecia toda a negatividade que construíram sobre seu nome e sua empresa. Eu matei vidas. Martirizou-se.

A nota de esclarecimento não iria declarar em letras garrafais que ele a culpa era mesmo da empresa Berson, como ele queria. Seus acionistas o podaram quanto a isso, mas pelo menos suas "desculpas" estariam camufladas pela descrição das medidas que tomariam para amenizar os impactos da destruição.

– Diga a eles que pagaremos para cada família atingida uma quantia considerável para que possam se reerguer. – Ordenou à secretária que anotou tudo num bloquinho de notas.

– De quanto será a quantia? – Quis saber a mulher.

Michelangelo não teve tempo de responder. Seu filho escancarou a porta do escritório com tanta força que achou ser um terremoto. O olhar do jovem era de espanto, de desespero, ele arfava como se tivesse acabado de sair de uma maratona de corrida. Algo muito sério havia acontecido, supôs o seu pai.

– Eles prenderam cinco dos nossos. – Declarou apressadamente.

– O quê? – Exclamou o Berson mais velho. A palavra "prisão" preencheu os pensamentos dele.

– Dois dos nossos engenheiros foram abordados pela polícia em São Paulo. Estão sendo acusados de fraudar o laudo que atestava a segurança da barragem.

Como dizia o velho ditado, a casa caiu. Assim pensou Michelangelo. A segurança das barragens de sua empresa não era testada por eles, mas sim por uma empresa contratada. Michelangelo se lembrou dos laudos que recebeu deles, como todos os anos acontecia. De fato algumas coisas estavam fora da normalidade, mas não imaginou que algo terrível assim pudesse acontecer por causa de detalhes "imperceptíveis". 

Meio impaciente pediu que a secretária se retirasse e sentou na cadeira, frustrado. Precisava pensar em algo para ajudar seus funcionários a saírem da prisão. E se eles o acusassem? Precisava de uma explicação para isso também. Precisava de uma desculpa que pudessem apresentar quando descobrissem que ele sabia da barragem insegura e propensa a estourar. Precisava de uma solução para tudo. Precisava... Morrer.

Nunca em toda a sua vida sentiu-se tão horrível e covarde.

No entanto, estava disposto a pagar por tudo que fosse necessário mesmo que falisse mais rápido que um raio atingindo a terra. Ele soltou um risinho irônico ao perceber o que ele tinha pensado, mais uma vez tudo se resumia ao dinheiro.

– Não é hora para rir da própria desgraça. – Advertiu o herdeiro Berson – Temos que pensar no nosso próximo passo. Primeiro, publicaremos uma nota dizendo que não temos nada a ver com eles e depois...

– Nosso primeiro passo, – seu pai interrompeu – é dar todo o suporte as famílias que destruí.

– O que disse? – O Berson mais novo jogou um olhar incrédulo ao homem à sua frente. Não acreditava no que acabara de ouvir.

– Você ouviu.

– Precisamos salvar nossa pele, pai.

– Agora não.

– Agora sim! Não vê o que isso está gerando? Já fomos afetados até nos Estados Unidos! Viu a nota que publicaram sobre nós? Eles nos chamaram de falsos e enganadores. As ações caíram 18%.

Michelangelo levantou e foi em direção a janela. Pensou nos anos que demorou para erguer essa empresa e no árduo trabalho que enfrentou na juventude. Ele perdeu lentamente o seu império e não teve pulso para impedir. Pela primeira vez lhe passou pela cabeça a ideia de que se fizessem o que realmente pretendia para ajudar as vítimas do acidente, colocaria tudo o que tinha em jogo.

– Que seja. – Disse por fim.

Francamente, ele não sabia o que fazer primeiro. O que deveria salvar primeiro. Mesmo assim seu coração ainda queria fazer o certo.

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N O T A S

1105 palavras

¹ Complexo de Paraopeba, cuja produção foi de 27,3 milhões de toneladas em 2018 – cerca de 7% da produção da Vale. Esse complexo possui 13 estruturas utilizadas para disposição de rejeitos, retenção de sedimentos, regulação de vazão e captação de água. A "B6" (Barragem número 6, localizada ao lado da barragem número 1, que estourou) armazena apenas água, mas sofreu impactos de rejeitos e está sendo monitorada em tempo real

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