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Capítulo 15

Estrelas. Por que as pessoas sentiam o desejo estranho de olhar para elas sempre que se sentiam sozinhas e tristes? O que tinha na noite de tão atrativo? Porventura seria sua singular escuridão pincelada pelo brilho de um corpo celeste - um grande resquício do que foi um planeta colidindo com a Terra a milhares de anos. Talvez fosse o brilho que não era dela ou a pouco participação nos fenômenos naturais que a noite era a queridinha dos humanos, entre eles havia certa relação.

Cora Maldonado compreendia essa ligação com a negritude, afinal, ela mesma sentia-se alguém que nada mais é do que um plano de fundo, aludindo o brilho de outros e fazendo pouco diferença na vida de quem a cercava.

Desde que se mudara para São Paulo, dois anos antes, ela nunca vira o céu do terraço, pois imaginava encontrar coisas pouco atrativas como a selva de pedra enegrecida pela noite e um ar carregado de poluição. Mas uma súbita necessidade de fazer isso descortinou-se em sua mente. Aquela noite, para ela, parecia ser a pior, ora, era o aniversário de morte de Ellen, sua melhor amiga. As escadas de ferro que dava acesso a parte de fora do prédio rangiam sob seus pés, ao passo que Cora imaginava como teria sido se Ellen tivesse ficado doente
ou tivesse dormido um pouco mais e perdido o ônibus, faltando, assim, no trabalho. Nem mesmo a filha dela teria morrido, pois não haveria visita no "trabalho da mamãe" naquele dia. As duas teriam se refugiado no abrigo da Igreja, talvez ela nem teria encontrado Michelangelo e muito menos sofrido com isso. Se Ellen estivesse viva, Cora e Abner não precisariam se mudar para São Paulo fungindo de toda aquela confusão que envolvia os Berson, porquanto ele teria resolvido todo o problema.

Eram suposições que Cora não poderia se apegar. Ela abriu a porta do terraço e sentiu o vento banhar sua face. Pela primeira vez em meses, sentiu-se viva. Caminhou dois passos olhando os prédios até perceber que seu filho também tivera a mesma ideia que ela. Abner estava sentado no chão de pedrinhas escuras com as pernas cruzadas, as mãos enfiadas no bolso do moletom preto e o cabelo preto balançando de leve. De costas, não dava pra ver se ele mexia os lábios, mas ouvia-se um murmúrio leve. Cora se aproximou do filho e sentou cautelosamente adjacente à ele. Encarou o céu e depois o garoto.

- Oi. - Curto e rápido, porém efetivo.
- Oi, mãe.

Abner parecia ter notado a presença da mãe um pouco antes de ter a visto se sentar ao seu lado, por isso não se assustara. Na verdade, a garota vermelha estava com ele. Abner não temeu ser descoberto falando com ela, o que aos olhos de sua mãe seria somente ele falando sozinho, pelo contrário, sabia que falava baixo, tão baixo que confundiriam com o murmúrio do vento.

- Acho que tivemos a mesma ideia de olhar o céu. - Cora quis iniciar um diálogo, havia dias que eles não conversavam sobre coisas... Normais.
- Talvez.

Como sempre, um garoto de poucas palavras. Cora esbanjou um sorrisinho, orgulhosa.

- Está com frio, mãe? Posso te dar meu moletom.
- Não precisa, estou bem.

Suposto o uso vulgar dizer que pais e filhos costumavam não ser amigos, Abner e Cora eram, de longe, a exceção à regra. Certamente, ela nunca adotava uma posição imparcial de exclusiva provedora do lar. Isso potencializou a visão acolhedora que Abner tinha da mãe, sabia que tudo que lhe contasse, ela lhe escutaria e lhe aconselharia em lugar de dar broncas. Além disso, os dois tinham uma relação de melhores amigos, inseparáveis. Mas naquele dia, a conversa parecia não fluir, talvez pelo fato de que em instantes, a matriarca contaria algo nada agradável.

- Abner...

O garoto aprumou os ouvidos. Fazia tanto tempo desde que alguém havia chamado seu nome. Estranhamente, desejou que sua mãe pudesse ver a garota vermelha.

Cora se ajeitou nos cascalhos, sentindo-se incomodada. Ela não parecia ser o tipo de pessoa que preparava o terreno antes de contar algo que traria grande impacto, mas também não era do tipo que falava sem pensar. Então, esperou que o silêncio entre eles fosse tão agradável quanto a noite estrelada.

- Eu decide me internar numa clínica de reabilitação.

Quando Cora contou a "novidade" parecia estar pedindo que o filho comprasse ovos assim que fosse ao supermercado. Fora algo normal. Ela encarava os prédios à frente evitando olhar o filho que provavelmente entrava em desespero. Cora não podia deixar-se levar pelas emoções, pois algo precisava ser feito. Sobre tudo.

- Mãe! - Abner se levantara, pasmo - A senhora não pode fazer isso comigo!

Viu-se, então, um garoto quase cavar um buraco no terraço de tanto andar de um lado para o outro. Mordia a unha do polegar e parecia estar nervoso. Ele queria dizer que não podia ser deixado pela única pessoa que ainda lhe restava, quem sabe quando poderiam se ver? Se limitariam a visitas quinzenais e telefonemas? Abner viveria jogado pelos cantos, passando de lar em lar até ter sua mãe de volta? Era uma ideia muito absurda para ele. Sua mãe estava ótima, não precisava de reabilitação. Se voltassem para Minas as coisas poderiam melhor, lá eles tinham conhecidos, essa ideia era muito melhor. Mas não para Cora e ela permanecia calma ante o desepero do filho.

Cora compreendia que ele não gostaria da ideia de se separar dela por um tempo, mas muito coisa estava errada com ela, precisava se cuidar antes de oferecer cuidado. Tinham em mente que mais valia sacrificar alguns meses em favor de longos anos de boa vivência. Quem sabe quando saísse de lá poderia até trazer uma vida melhor para Abner, sem se importar com o preço da comida ou da contas no final do mês.

- Parto amanhã. - Cora comentou.
- O QUÊ?! - Abner... Gritou?
- É para o nosso bem, meu filho.

Ele quis interromper, mas o discurso da matriarca não cessou:

- Você sabe como eu estou, como fiquei depois de... Depois de me encontrar com seu pai. Você precisa de uma mãe e eu não estou sendo isso agora.
- Mas mãe, e a minha faculdade? - dessa vez, Abner agarrava os braços de Cora como se suplicasse a um assassino que lhe mataria naquele instante - O meu emprego na conveniência? A minha faculdade? Vendemos tudo que tínhamos e nos mudamos para cá. Só temos esse apartamento agora! Sem você eu não posso sustentar tudo isso.
- Eu sei, eu sei. Já vendi o apartamento semana passada. Eu vou pra clínica amanhã e você para casa da sua tia, em BH. Já comprei a passagem. Ela vai emprestar o dinheiro para pagar sua faculdade.

Tia Marta. Meia-irmã de Cora, por parte de pai. Ela era fruto de um relacionamento extra-conjugal. Mesmo assim, as duas sempre foram unidas. Embora tivessem crescido juntas, na mesma cidade, ambas tiveram oportunidades diferentes e naquele momento a irmã advogada era a sua única opção.

Abner já não segurava mais os braços dela. Estava abraçado a si mesmo, olhando o céu. Sentiu a mão da garota vermelha nas suas costas. De repente, percebeu que de um jeito ou de outro estava perdendo sua mãe. E se quando ela saísse da reabilitação descobrisse que seu único filho tinha desaparecido por motivos não justificáveis para a ciência humana? Fundir-se a um Solari era inevitável? Se a resposta fosse sim, significaria que ele passaria seus últimos normais longe da única pessoa que amou em toda a sua vida? O que diabos o Universo está fazendo comigo?

- Já está decidido. - Cora deu o veredito final antes de retornar para dentro do prédio.

Abner balbuciou "mãe" antes de desabar no chão.

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Nota: 1291 palavras

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