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Capítulo 12

Abner olhou ao redor na esperança de ser apenas um sonho. Mas tudo era tão nítido. Ainda podia ouvir o barulho da tevê na sala e carros passando na rua lá embaixo. A garota vermelha de fato estava na sua janela e com toda certeza tinha falado com ele.

No entanto, o que ela era? Embora tivesse a fisionomia humana de uma garota, tudo nela era vermelho, até mesmo a esclerótica¹. Esperava que fosse sobrenatural. Abner já vira coisas estranhas no mundo, só que nenhuma dessas era tão instigante quanto a menina. Pela primeira vez não sentia medo. tampouco dúvidas. Por isso, tomou a liberdade de se aproximar. Olhava-a fixamente ao passo que ela se espreguiçava no vão da janela. Paecia que estava a vontade na presença dele e isso intrigava ao garoto, pois ele nunca a tinha visto até aquela noite, como ela podia criar tanta confiança em quem não conhecia? Abner quis toca-la. Sua pele é quente?

– Farás o que? – Perguntou a garota vermelha, confusa com a aproximação repentina do jovem.

Abner não respondeu, apenas apertou o passo.

– Se me derrubares daqui, arrebento tua janela! – Sibilou ela.

Por um momento ele hesitou. Pôs as mãos no braço da guria e viu que a temperatura corporal se assemelhava com a nossa. Cravou os olhos na íris cor de fogo. Então...

Empurrou-a para fora e fechou a janela com força. Correu para cama e espremeu os olhos. Se realmente não era uma alucinação, a janela se quebraria e todos ouviriam. Só assim, Abner teria certeza de que não enlouquecera. A garota levantou um bandido com uma mão e jogou no fim do beco. Mesmo no escuro, era possível ver que era toda vermelha. Como então a vizinha não percebeu isso? Mas um arrombamento no décimo terceiro andar ela verá. Calculou ele.

Abner ouviu um grande barulho. Estilhaços de madeira e vidro caíram no chão. Parecia que o mundo entrara em câmera lenta. Ele abriu os olhos e viu a garota vermelha, ofegante em seu moletom vermelho, com o punho fechado dentro do quarto. Atrás, não somente a janela tinha sido destruída, mas também a parede ao redor dela. A poeira dos tijolos quebrados subiu e deixava a visão tão cinematográfica. Não pode ser, Hollywood invadiu meu apartamento.

–  Eu avisei!... - A garota vociferou.

–  V-você é louca? – Abner gritou assustado – Minha mãe pode ter um ataque do coração.

O ser singular caminhou pelo quarto, flutuando como uma borboleta, nem se podia ouvir seus passos. A guria observava os poucos detalhes do ambiente, enquanto sentia o olhar de Abner arder em suas costas. Demorara tanto para encontra-lo e a primeira coisa que fizera foi destruir o lugar que ele morava. A garota vermelha tinha passado três anos no núcleo da Terra, aprendendo sobre o planeta e o seres que nele viviam. Ao retornar para a superfície ela sabia o que fazer, precisava procurar Abner. Encontrou-o ao pé de um monte, num montinho de gente que pareciam estar fugindo de algo. Sua primeira reação foi tentar se aproximar, mas sabia que Abner não confiaria nele ou talves nem agreditasse que ela era real, então, para se misturar entre os humanos tinha de adaptar àquela nova espécie que conhecia. Para ter um corpo igual ao nosso, era necessário interagir diretamente conosco, o que foi muito difícil, quase nunca via um de nós. Foi só depois de doi anos solares que ela obteve uma aparência semelhante.

– Sinto muito, – disse ela enquanto tocava os livros na estante – mas ninguém viu ou ouviu o que acabou de acontecer.

– Como assim? Então quer dizer que essa parede não está quebrada e eu sou só um louco com alucinações?

– Na verdade é tudo real, mas a realidade que você vê é diferente da que os outros humanos vêem. Tdo que está relacionado a mim... –  Dessa vez, ela parou e encarou Abner – Só você pode enxergar.

Abner congelou. Em outras circunstâncias, qualquer ser humano normal enlouqueceria com a confusa de pensamentos, mas ele tinha entendido. Era como se tivesse acabado de montar um quebra-cabeça. Cada peça se encaixava. Todas as visões estranhas que tinha, a bola de fogo, a conexão extrema com o Sol, aquela garota vermelha, tudo era real e realmente havia vivído isso. Ele não era louco, pelo contrário, era são e tinha consciência de ser aguém singular.

– Por quê? - Abner perguntou. Seu olhar divagava.

– Tu és um Sêmis².

Diante da confusa no rosto dele, a garota vermelha quis explicar. Desde que se ligara a Abner, desejava ter lhe contado tudo, mas demorou muito tempo para assumir uma forma semelhante a humana, embora não conseguisse mudar sua cor natural. O rapaz não sentia medo dela, era o início de uma confiança.

– Séculos atrás, –  a garota vermelha começou a contar olhando cima, como se visse a história escrita diante de seus olhos – os latinos ocuparam a região de Lácio³. A princípio eram um pequeno povo, mas com o passar do tempo os territórios ao redor foram ocupados, a cultura se tornou mais comum entre eles, a agricultura, a vida em sociedade como hoje conhecemos. Como é de costume dos humanos, muitas histórias mitológicas foram criadas e uma delas envolvia o meu povo.

–  Não estou entendendo onde quer chegar... – Abner falou aflito – Qual relação isso tem comigo?

– Um homem, chamado Semisse, era diferente entre todos os povos existentes naquela época. Sua inteligência era sobrenatural, ele foi responsável por toda a tecnologia que os povos antigos esbanjam nesses seus livros de História. Quando atingiu a velhice, começou a ter ataques estranhos. Às vezes passava horas encarando o céu e depois desmaiava. Em seus manuscritos eventos assombrosos, que somete ele via, foram descritos. Semisse preveu eclipses e explosões cósmicas que só depois de séculos foram descobertas, ele sempre escreveu sobre sua familiaridade com o espaço cideral e seu fascínio pelas estrelas. Ele tinha todas as constelações mapeadas sem nunca ter usado um telescópio sequer.

Abner engoliu em seco. O mito maluco daquele homem se parecia com o que vinha acontecendo com ele nos últimos anos. Não conseguia entender a estranha conexão que tinha com o Universo. Estar sob a luz do Sol e olhar as estrelas toda noite eram a única coisa que o fazia se sentir bem. Além disso, desenhos estranhos apareciam em seus sonhos, mas ele nunca soube descrever o que eram. Quem eu sou? 

­– Um dia, Semisse desapareceu do nada. Os progenitores do mito disseram vê-lo se fundir com um "ser sobrenatural" e virar poeira cósmica. O que não sabem é que ele pertencia a minha raça, na verdade, ele nunca fora daqui, muito menos um humano. Semisse escreveu que havia uma "duplicata" dele, só que em uma conformação diferente, vinda de outro mundo que se uniria a ele em "anos solares". Por isso, os latinos o chamaram de "metade do sol", ou simplesmente Sêmis.

Abner olhou as estrelas. Sua mente clareou.

–  Sou como ele? – Perguntou histérico. Pulara da cama e começara a caminhar olhando as próprias mãos. Disse em um único fôlego: – Sou a metade de um ser estranho que é filho do Sol ou algo assim e estou destinado a me fundir e virar pó do Universo? Por isso vejo eventos anormais e sinto que vim de lá?

Abner apontou para o céu. Soltou risadas sarcásticas e quis gritar. Que sonho estranho era esse que estava acontecendo? Se realmente fosse verdade, não poderia simplesmente virar um fragmento galáctico! Ele tinha uma vida, uma mãe para cuidar. E a faculdade? Seu emprego? O baile de formatura na próxima semana? Não podia ser! Quis mandar de volta para o hospício aquela garota vermelha que provavelmente nem era vermelha, só tinha pintado o cabelo e a pele e colocado uma lente ridícula para gozar da sua cara. Que pegadinha é essa? Onde está o trator que quebrou minha janela?

­­– Não tente me enganar, sua desmiolada. – Abner disse sarcástico – Não vou cair nessa brincadeira. Pague pela parede que você destruiu e suma daqui agora. "Sênis" ou "Sémis", sei lá. Eu não sou isso!

A garota não esbanjou nenhuma reação. Apenas encarava Abner como se não tivesse acabado de destruir uma janela com o punho. Encaminhou-se a negritude emoldurada pelo buraco. Respirou fundo antes de olhar para trás. Desde que caiu na Terra, ela só almejava cumprir seu destino de se tornar a grande estrela vermelha, e precisava de Abner para isso. Olhou aquele que poderia acabar com todas as suas ambições e disse:

– Você não vai virar poeira. Pelo menos não dessa vez.

E se foi.

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N O T A S

1493 palavras

¹ Esclerótica: parte branca do olho.

² Sêmis: de origem latina, é uma variação do termo "metade". [Dicio.com]

³ Região de Lácio: território onde ocorreu o início da formação de Roma, em 1000 a.C. [Bernoulli]


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