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CAPÍTULO 1


O suor escorria pelas têmporas de Michelangelo. Era a quinta vez naquele dia que recebia uma solicitação de entrevista com um jornal. O silêncio do empresário fazia a mídia enlouquecer e os comentários negativos explodirem em todas as plataformas possíveis.

No entanto, o que Michelangelo poderia dizer diante da grande catástrofe que ocorrera a sua empresa? Depois que uma de suas barragens de rejeitos cedeu à pressão da lama e devastou Brumadinho, todos os olhos do país se voltaram para ele.  A enxurrada marron vinha destruindo lagos, rios, matas e casas. Foi um grande acidente, ao que parecia para ele, já que não foi de propósito. Mas as pessoas pessoas não viam dessa maneira e um processo judicial seria a gota d'água.

Michelangelo deslizou o dedo pela tela do celular caro enquanto acompanhava na tevê imagens aéreas de Brumadinho. Encheu os olhos de lágrimas ao ver um gatinho indefeso coberto de lama abandonado sobre uma laje e rapidamente imaginou Slinky, seu pug preto, naquela situação. O mais cômico era ter um dedo apontado para sua cara que o chamava de "homem mal". Se bem conhecessem o seu coração... O empresário suspirou e coçou a barba inexistente num hábito. Bagunçou os cabelos e pediu um café a sua secretária. O "espetáculo" estava montado, logo no ínicio do ano algo terrível acometeu o povo mineiro e o centro disso tudo era ele mesmo. Droga! Praguejou baixinho afrochando a gravata. 

Michelangelo Berson nunca achou que levaria seu nome para a lama. Literalmente.

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Corra. Fuja. Deixe tudo para trás. Esqueça sua casa. Não hesite, jamais.

No ponto de vista de Cora, tais instruções pareciam mais aquelas dadas quando estoura um apocalipse no mundo. Na verdade, ela bem queria matar zumbis, como na sua série favorita. Entretanto, não era nada disso. Tratava-se de uma ordem de evacuação.

Tamanhas cinco e meia da manhã a comunidade Córrego do Feijão foi acordada com uma sirene impertinente. Ninguém sabia o que era exatamente, mas todos já imaginavam. Cora Maldonado convenceu-se de que provavelmente seria levada pela lama assim como outras pessoas já haviam sido. Os jornais noticiavam o tempo todo o que ocorrera em boa parte de Brumadinho, como tudo que existia foi tragado pelos rejeitos da mineração. A ganância custou vidas e agora queria tirar a de Cora também.

Um homem no alto falante gritava nas ruas para que todos saíssem de suas casas e procurassem os lugares mais altos da cidade. A barragem próxima a comunidade também estava com risco de explosão. Tinha tudo para ser um domingo de descanso após uma semana de trabalho árduo. Mas a família Maldonado fazia as malas com desespero. Cora arrumou suas poucas roupas numa mochila velha enquanto observava o marido revirar os esconderijos de suas bebidas.

– Não temos tempo para isso! – Advertiu Cora desesperadamente – Arrume suas roupas.

– Eu não sairei dessa casa sem minhas garrafas! – Sibilou ele.

Cora bufou e correu para o quarto do filho que chorava sobre a cama.

– Filho, não chore. Tudo ficará bem!

Mas o menino não acreditava nas palavras da mãe. Pensar na destruição que estava por vir e no abandono de sua casa fazia-o estremecer de medo. Mesmo em seus catorze anos, ele sabia que tudo aquilo só estava acontecendo pela negligência dos "grandes". Não pode deixar de sentir uma pontada de ódio. Cora também não.

Pelo menos eles estavam tendo a oportunidade de fugir, e quanto aos que foram pegos de surpresa? Ela sabia que isso tão logo chegaria e quando chegasse, muitos morreriam. Maldito Michelangelo Berson!

– Posso levar meus quadrinhos? – Perguntou o garoto levantando os olhos chorosos.

– Claro!

Cora afagou os cabelos do menino e logo deixou o quarto. Não era hora para lamentações, pois o tempo era tão apertado quanto o buraco de uma agulha. Os Maldonados eram pobres e não tinham um carro para fugir, a solução seria ir a pé.

– Para onde vamos? – Quis saber o adolescente espinhento.

– Não sei. – Sua mãe respondeu – Para onde vamos?

Perguntou ao marido que lhe jogou um resmungo entediado. Se dependessem desse homem para sobreviver, estariam todos mortos. Ela agarrou a alça da bolsa do filho e saiu de casa o mais rápido que pôde. Eles, e um bichano, adentraram na negritude da madrugada muito movimentada. Olhando para trás, Cora sentiu um aperto no peito por deixar tudo o que ela demorou tanto para conquistar. Um dia ela tomara as rédias para construir tudo isso, e agora precisava tomar as rédeas para abandonar.

Carros passavam por eles. Seus vizinhos desesperados reviravam a casa. Algumas garagens estavam vazias. Alguns comércios, fechados. A sirene tinha parado de tocar não muito tempo. Mas o medo ainda era grande. Para onde ir? Será que sobreviveriam a isso?

Cora Maldonado nunca achou que sua família correria perigo por causa dela.

✦ ✦ ✦

Não muito longe dali, no interior de Minas, mais especificamente, no interior da Terra, um ser desconhecido, fora do normal, tentava sair.

As camadas mais profundas foram reviradas e penetradas por ela. Desde o núcleo superquente e líquido, até a crosta irregular e habitável. Depois de três anos terrestres ela voltava para onde tinha pousado pela primeira vez, o lugar que ela parou depois de cruzar o céu gélido da noite terrena. 

Já não sentia mais frio, não tinha dúvidas de quem era. Sabia de coisas que não lembrava onde tinha aprendido. Tinha um sentimento de posse, de pertencimento. O que era aquilo? De onde vinha?

Na vastidão do campo, rodeada por bois, longe de olhares humanos, o maior acontecimento do mundo surgia. Nem a NASA saberia explicar. Nem ela mesma teria essa capacidade.

Ela nunca achou que seu desenvolvimento mataria outras vidas. 

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Nota: 981 palavras

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