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34: A Culpa em Cérebros-de-ervilha

- Eu só... queria pedir desculpas mais uma vez, pela forma como eu agi ontem.

Girei nos calcanhares, empunhando a xícara de café fumegante que colocara há pouco, e mirei meu irmão parado na soleira da porta. O mar castanho ao redor das pupilas me fitava com uma intensidade crepitante, em meio ao receio notável que nadava no seu olhar.

- Claro que eu te desculpo. - assegurei. - Você é o meu irmão.

- Ainda está chateada comigo, não é? - As palavras soaram quebradiças.

Suspirei, deixando os ombros penderem para baixo.

- Não estou, só que isso não significa que vou esquecer, Paulo. Não é a primeira vez que acontece, mas eu espero que seja a última.

Suas mãos viajaram até a nuca, esfregando a região.

- Tudo bem.

Uma nuvem de silêncio pairou entre nós, em que ambos sabíamos que havia mais a ser dito, porém o receio de entoar qualquer coisa reverberava em uma frequência maior.

- Eu vi o colar do Donato. E... vi a forma como olhou para ele ontem. - Quebrei a quietude, incerta. - Só quero que saiba que eu... nunca te julgaria. Sabe disso.

Seu olhar caiu para o chão.

- O problema não é você. - afirmou, baixo. - É só que... não quero falar sobre isso. Não ainda. Muita coisa aconteceu nos últimos dias, e eu... tô uma bagunça. Preciso entender tudo.

- Tudo bem. - garanti, deixando que meus lábios se repuxassem em um sorriso compreensivo.

Paulo repetiu o ato, mantendo as íris fixas nas minhas por alguns segundos. Talvez, naquela fração de tempo, tenha enxergado em minhas orbes o quanto eu me preocupava com ele, possivelmente mais do que comigo mesma, porque a próxima coisa que entoou, foi:

- Amo você, maninha.

Seu timbre carregou segurança acerca do que falara, fazendo-me sorrir novamente.

- Também amo você. Nunca duvide disso. - As sílabas foram firmes. - Agora, vai trocar de roupa, se não quiser se atrasar.

Ele soprou um riso.

- Tô indo.

Lancei-lhe um último olhar, antes de me pôr a percorrer o caminho rumo ao banheiro. Escovei os dentes, saindo do cômodo em seguida.

- Se cuida! - Minha voz subiu uma oitava.

Pude ouvir o murmúrio de confirmação de Paulo, pouco antes de fisgar a minha mochila e me infiltrar no corredor após fechar a porta do apartamento atrás de mim.

Minha cabeça vagava em torno do meu irmão enquanto descia as escadas à caminho do térreo, sob a preocupação que se infiltrara na minha corrente sem permissão.

Logo que saí do prédio, avistei um emaranhado bem conhecido de cachos laranja dentro do Uno, a cabeça pressionada contra o banco do motorista balançando levemente no ritmo da música que ecoava do rádio, na tradicional altura digna de se ouvir em um raio hiperbólico de dois quilômetros.

Adentrei no veículo, bati a porta e levei os dedos ao aparelho de som, reduzindo drasticamente o volume. Os olhos claros recaíram sobre mim no instante seguinte, estreitando-se em singela confusão.

- Sabia que poluição sonora é um crime ambiental? - Ergui a sobrancelha, contendo o ímpeto de rir.

- Mas era o álbum do Tim Maia! Não tem nada de poluição ambiental nas músicas fodas dele. É MPB das melhores. - Tentou se defender, com uma falsa indignação.

Deixei uma risada breve escapar.

- Jader, não são nem sete da manhã. Se não quiser ser enxotado daqui pelo porteiro nos próximos dias, é melhor deixar o som mais baixo. - sugeri, notas de diversão ondulando as sílabas.

Ele torceu o nariz em uma careta, apertando os cílios em uma fingida expressão pensativa.

- É. Considerando o custo benefício, acho que posso fazer isso. - Suas últimas palavras se sobressaíram ao ruído do motor logo que girou a chave na ignição. - Aliás, o seu Ademir é bem legal. Fiquei conversando um tempo com ele. - completou, referindo-se ao porteiro de mais de sessenta anos do prédio.

- Como conseguiu? - Surpresa recheou a pergunta. - Seu Ademir só sabe falar das doenças que coleciona. Acho que dava pra fazer uma lista de A à Z, e eu nem sei se tem doença com Z, mas devem ter descoberto alguma naquele velho

A risada de Jader preencheu o ar entre nós.

- Mas você sabia que ele já foi atingido por um raio duas vezes? - inquiriu, em uma seriedade tão falsa que só consegui dar risada. - A propósito, ele não me expulsaria daqui por causa do som, até porque é quase surdo dos ouvidos por causa de uma infecção que teve aos vinte e dois anos...

Meu riso aumentou.

- Meu Deus, quão desocupado você estava a ponto de ouvir as histórias do seu Ademir?

Um sorriso sutil se desenhou no seu rosto.

- Tava esperando você e fiquei inquieto, cactozinho. - respondeu, com simplicidade. - Gosto de conversar com gente velha, também. Eles têm umas histórias muito questionáveis às vezes, tipo muito mesmo, e o pior é que eu entro nessas viagens. Acho que é por isso que também gostam de conversar comigo.

- Tenho certeza que é. - Ri por baixo da respiração. - Ainda bem que você não ficou do lado de fora do carro, esperando pra abrir a porta pra mim.

- Eu pensei por um segundo em fazer isso, mas tive certeza que você falaria que tem mãos e que uma das funções delas é justamente abrir portas.

- Que absurdo! - Brincadeira enfeitou minhas palavras, atestando o quanto sua fala não conduzia com a realidade.

Eu não conseguiria ser rude àquele ponto com Jader, principalmente depois de admitir que sentia coisas por ele, por mais piegas que achasse abrirem portas de qualquer veículo que fosse para mim e mais uma coletânea de coisas das que se encontram em qualquer filme de comédia romântica de qualidade duvidosa.

O ruivo gargalhou, encostando a lateral do rosto no estofado, os olhos de caramelo fixos nos meus com uma faísca notável.

- Você tá... bem bonita.

Meu peito se agitou diante do elogio repentino.

- Obrigada, mas tenho certeza que ninguém fica bonita com uniforme escolar, Jader. - Fisguei o tecido branco sobre a minha barriga.

- Sei lá, você fica, e isso é bem bizarro. Porque tipo, eu acordei muito cedo, a tempo de ver o sol nascer, e achei que isso seria a coisa mais bonita que eu veria hoje, mas agora, vendo você, ele não parece tanta coisa.

Sua fala, carregada de uma simplicidade espontânea tão típica, trouxe um calor confortável ao meu peito, que se enveredou por entre as batidas descompassadas do meu coração e espalhou o ímpeto incontrolável de me inclinar até ele.

Apoiando a mão na borda do assento, impulsionei o corpo na sua direção e selei nossos lábios, sorvendo a textura macia da sua boca com gosto de sol, frescor de hortelã e vislumbres de café na ponta da língua.

Depois, encaixei-me novamente no banco, despejando uma risada baixa quando seus olhos se abriram e uma pequena careta frustrada se desenhou por entre as feições do rosto.

- Você tá com gosto de café. - comentei, escorregando a língua pela minha própria boca, caçando os resquícios da dele.

- Eu escovei os dentes antes de sair de casa, juro. - garantiu. - Só que fiquei com vontade de tomar mais café depois, aí ficou por cima. Quer dizer, a expressão tiver por cima é meio sugestiva, mas acho que você entendeu o que eu quis dizer.

- Na verdade, agora que você falou da sugestão, eu imaginei um grão de café por cima de um tubo de pasta de dente, tipo, os dois transando. - Levantei as mãos, gesticulando o ato da forma mais tosca que consegui formular.

- Daí, o tubo goza a pasta. - completou, os olhos reluzindo em empolgação.

- Exatamente. - A confirmação escorreu em meio a um riso. - Agora, dá partida nessa joça logo, que o motor já deve estar fritando.

- Ah! Eu esqueci. - murmurou, levando a palma ao volante e flexionando a perna para ajeitar o pé no acelerador.

Perdida nos meus próprios devaneios, sequer me dei conta quando o veículo parou no estacionamento do colégio minutos depois, voltando ao mundo apenas com o susto do baque da porta de Jader.

- Você tá bem? - quis saber, assim que saí do carro e repeti o seu ato, o eco da batida reverberando nos meus tímpanos.

Enfiei a alça da mochila em um único ombro debaixo do seu olhar fixo em mim, enquanto ele girava o veículo e estacionava na minha frente, os dedos envolvendo as alças azuis da própria mochila que abraçavam o tecido branco da camiseta, a qual, fazendo par com a calça jeans desbotada, davam um tom monocromático extremamente deslocado à Jader.

A única coisa que denunciava sua compulsão por cores eram os tênis de diferentes tons que estava usando, sobre um par de meias estampadas que não faziam qualquer sentido, assim como o próprio ruivo.

- Eu tô pensando. - Comprimi os lábios, na incerteza se deveria falar mais ou deixar apenas essa frase dançando no ar.

- Em? - Suavidade se enredou no seu tom, a cabeça pendendo ligeiramente para o lado.

Deixei o ar escapar dos pulmões.

- Eu tô preocupada com o Paulo. Descobri que tem... coisas sobre ele que não anda me contando, e eu sei que não posso esperar que ele fale tudo sobre a própria vida para mim, mas é... estranho perceber que você está à parte de coisas sérias sobre alguém que você ama.

- Se ainda não conversou com você, ele pode não estar à vontade com a ideia de falar sobre isso agora. - Lançou a sugestão, solene. - Acho que ele só precisa de um tempo. Se for alguma coisa bem importante, vai falar uma hora ou outra, porque meio que não tem como fugir pra sempre.

Assenti, absorvendo suas palavras e a veracidade delas.

- Obrigada. - Abri um sorriso sutil que se replicou no seu rosto. - Eu só... fiquei pensando sobre o quanto andei desligada dele, ao ponto de sequer perceber que estava passando por qualquer coisa.

- Às vezes acontece, cactozinho. Mas... pense que, se tivesse o confrontado antes sobre essas questões, ele também não teria falado nada. - assegurou, com uma leveza morna.

Conhecendo meu irmão, poderia aferir, com certeza, que Jader tinha razão. Mas, ainda assim, o fato de ter andado tão imersa no meu próprio mundo, a ponto de não ter reparado na desordem que acometia o dele, fazia-me sentir ligeiramente culpada.

- Obrigada, de novo. - agradeci, sem conter um curvar de lábios.

Suas orbes derramaram faíscas nos meus poros pelos instantes seguintes, em que permaneceu em silêncio como se estivesse imerso em algum tipo de transe.

- Ah, eu... de nada. - se manifestou, por fim, abrindo um sorriso ligeiramente encabulado.

Começamos a caminhar lado a lado, até o pequeno amontoado de carros e motos do estacionamento darem lugar a um fluxo conhecido de adolescentes com hormônios fervilhantes que se espalhavam pela entrada do colégio, alguns sentados nos bancos de madeira dispostos pelo pátio, outros imersos em conversas paralelas e alguns poucos pendurados com seus respectivos pares nas pilastras em frente ao portão principal.

O mindinho de Jader fisgou o meu, envolvendo-o em um abraço que dissolveu faíscas na minha pele enquanto andávamos. Desviei o foco para seu rosto, percebendo que já me observava, com notas de dúvida pairando em seu castanho, como se estivesse analisando se o ato no meio de tantas pessoas que conviviam conosco diariamente me incomodou.

- Só não me beija, nem começa com muita melação em público, tudo bem?

Ele balançou a cabeça, assentindo, com um sorriso mínimo.

- Tudo bem.

A primeira coisa que percebi, logo que adentramos no corredor principal, foi que talvez boa parte dos alunos não esperava me ver na companhia de outro cara que não fosse o meu irmão, muito menos se a pessoa em questão fosse Jader Bittencourt, porque podia sentir pares de olhos queimando sobre nós, vindos de toda parte.

- Tem alguma coisa na minha cara? - Cerrei as sobrancelhas na sua direção, genuinamente confusa sobre o motivo dos olhares impressionados.

- Beleza. - Sua resposta cínica reverberou.

Rolei os olhos, resistindo ao impulso de rir.

- Tô falando sério, cacete. Tão olhando pra gente por quê? Somos só mais dois idiotas perambulando pelo corredor. Tem outros três casais bem ali. - Apontei.

- Porque a gente é a gente, Carmelita. - Deu risada.

Apertei os cílios, diante da sua explicação que parecia tão certa.

- Faz sentido.

Assim que Jader adentrou no Terceiro B, segui caminho até a minha própria sala, da mesma série, porém em outro bloco. Sequer dei dez passos antes de reparar na presença de outra pessoa ao meu lado, acompanhando-me.

O reconhecimento me atingiu assim que vislumbrei aquele amontoado de fios dourados característico, beijando os ombros da garota cujo tênis repleto de brilho escorregava perto do meu.

- Oi! - Mari falou, com uma empolgação palpável.

Lancei-lhe um sorriso involuntário.

- Oi.

- Eu... fico feliz por você e pelo Jader. De verdade.

- Obrigada. - entoei. - Mas... como você soube que eu gostava dele, antes de hoje? Quer dizer, ele me falou algo sobre isso...

A loira deu de ombros, os lábios se curvando no tipo de sorriso que se abre quando sabemos de algo oculto.

- Estava escrito na sua cara, no momento em que olhou para a foto dele naquele dia que fomos revelar as suas fotografias. Então, foi só ir juntando uns pontinhos aqui e ali... - elucidou, com normalidade.

- Sou tão fácil de se ler, assim? - brinquei, arrancando-lhe uma risada breve.

- Às vezes. - Descontração recheou seu tom.

Ri, mirando suas íris sob a calmaria típica que a presença da garota disparava no meu sistema. Ela me fitou de volta, parecendo receosa de falar algo em meio ao seu comprimir os lábios.

- Eu só conversei com ele porque... queria ter um motivo para falar com você, de um jeito que não achasse estranho, tipo, eu chegar do nada puxando um papo. - confessou, baixando o olhar por um segundo, antes de voltar a escorregá-lo até o meu. - O que eu quero dizer é que... sinto falta da minha amiga. Falta de você.

Um vislumbre de surpresa se infiltrou sob a minha pele, acompanhado da percepção pungente de que eu sentia o mesmo que ela desde que os nossos caminhos haviam se separado, por causa da minha velha tendência a abaixar a cabeça para as ordens de Cris, que, analisando-as durante os segundos infinitos sob o olhar atento de Mari, comecei a ter noção do quanto muitas não faziam sentido.

Quer dizer, uma amizade não deveria querer te forçar a fazer algo que te deixa desconfortável por tal coisa não ser parte da sua essência, tampouco fazer jogos psicológicos para sempre te afastar de qualquer outra possível amizade que surja no caminho.

Era algo que teimava em se infiltrar na minha cabeça há dias, mas estava evitando a todo custo, por medo da conclusão simples e óbvia que tiraria caso resolvesse mergulhar nessa linha de pensamentos: Cris não era mais a minha amiga. Eu apenas achava confortável acreditar que sim, por um medo de confrontá-la que me levou a um comodismo autodestrutivo.

O que Paulo havia dito, sobre sentir vergonha de mim, também era uma verdade que me recusei a ver. Era evidente que Cris não dava mais importância à nossa amizade, depois de ter encontrado um novo grupo de amigos mais incrível do que eu, ao seu ver.

Talvez, no fundo, nunca tenha me considerado uma amiga pelos motivos certos. Possivelmente, fui algum tipo de prêmio de consolação para ela, até que encontrasse pessoas que considerava serem mais interessantes.

O pensamento me fez trincar os dentes, indignada por ter aceitado passar tanto tempo nessa situação e mais ainda por ter cedido às suas vontades acerca de coisas tão importantes para mim, como a amizade que construíra com Mari.

- Você está bem? - Pareceu genuinamente preocupada. - Ah, meu Deus! Eu falei alguma coisa errada? Te assustei? - Arregalou os olhos. - Sabia que não era para ter dito isso, mas essa ervilha que eu chamo de cérebro parece que não raciocina direito...

Seu desespero me fez soprar um riso.

- Mari, está tudo bem. Você não falou nada demais. Eu só... estava pensando em outras coisas. Mas quero que saiba que... também sinto sua falta. Me desculpe por ter te afastado. Eu fui uma idiota.

Diminuímos os passos quando notamos que a minha sala estava próxima, como se ambas estivéssemos querendo adiar o corte da conversa.

- Ficou no passado. - Lançou-me mais um dos seus sorrisos. - O que acha de ir na minha casa hoje? A gente pode assistir algum filme, ou... fazer colagens!

Sua empolgação me fez soprar um riso.

- Acho uma ideia mais do que interessante.

Sua risada ondulou o ar.

- Aí, lembra daquele toque de mão que a gente inventou quando nos conhecemos? - questionou como quem conta um segredo, estendendo a palma na minha direção.

Eu ri, pensando no quão tosco aquilo tinha sido. Na época, tínhamos quinze anos e queríamos algo único para simbolizar nossa recente união. Então, inventamos um toque cheio de giros, entrelaçar e entortar de dedos, de um jeito que mais parecia que estávamos tendo algum tipo de pane no sistema nervoso. Mas acabou pegando.

Tive dúvida se ia conseguir lembrar, mas, quando tomei sua mão na minha, confirmei que ainda o fazia com um furor enérgico.

Nosso riso se mesclou após o cumprimento, com o sentido que sempre costumou ter.

Saudações, terráqueos!

Capítulo de ontem saindo hoje, porque acabei ficando bem ocupado ontem - e fascinado - com um porquinho-da-Índia que ganhei e não deu para fazer uma última revisão nele, hahaha. O bichinho é meu novo mini-terráqueo em muito tempo. Qualquer dia, faço uma ilustração dele e posto aqui pra ces verem <3

E aí, o que acharam da reconciliação de Carmelita e Mari?

E da Carmelita e do Jader nesse capítulo?

E do Paulo?

Espero que tenham gostado! Beijos de nuvem pra vcs <3

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