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20: De Pequenino é Que se Torce o Pepino

Não deveria ser tão fácil ter filhos. E quando digo "ter", me refiro ao processo de gerar essas criaturas fantásticas, que carinhosamente chamamos de crianças até certa idade.

Deveria, realmente, ser mais complicado no processo básico da coisa. Só o negócio do cara lá dentro não deveria bastar. Primeiro, ele teria que ejacular umas dez vezes, para só a partir daí ter a chance de sair um esperma sortudo. Depois, a mulher deveria plantar uns cinco pés de bananeira para o parasita em questão chegar perto do útero, e só nesse caso ter alguma chance de engravidar.

Uma coisa é certa: Não deveria ser um dom oferecido tão arbitrariamente para qualquer ser humano, especialmente aos Oliveira, do 401, que se empolgaram tanto com a ideia de uma prole que resolveram montar um time de vôlei, composto por cinco pirralhos e mais um bebê à caminho.

Eu sei, estou pensando besteira. Mas é o que acontece quando se tem quatro das cinco mencionadas crianças berrando no seu ouvido há duas horas, desde quando a mãe e o pai te chamaram para tomar conta delas devido ao atraso da babá e, em seguida, abandonaram você naquele purgatório com um pontinho de vidro recheado de algumas notas para emergências.

Era pouco mais de uma da tarde quando o casal bateu na minha porta, alegando um compromisso urgente de última hora que não poderia ser adiado.

Como a babá não poderia chegar tão cedo, a responsabilidade pelas crianças caiu em cima de mim, do jeito que acontecia de vez em quando. E, embora minha cabeça não parasse de orbitar em torno de uma centena de pensamentos frenéticos sobre o que tinha acontecido no dia anterior, forcei-me a manter o foco.

A sensação sufocante que preenchia meu peito não tinha diminuído nem um pouco durante todas aquelas horas, porque alguma coisa impedia que esse maldito sentimento minasse.

Talvez, por saber que eu tinha contado uma mentira.

No fundo, sentia vontade de saber mais sobre os livros velhos que Jader abrigava nas prateleiras do seu quarto, ouvir mais alguns dos seus vinis empoeirados, perguntar sobre seu dote artístico que transparecia no número de pincéis dentro daquele copo de plástico no quarto e, até mesmo, ouvir mais algumas das suas teorias viajantes sobre o mundo.

O pior é que eu não fazia ideia de como externalizar isso, muito menos se seria uma boa ideia fazê-lo. Era uma situação tão esquisita quanto inédita.

– Eu quero o guarda-chuvinha de chocolate, tia! – Aninha esperneou, pela milésima vez em um período de cinco minutos, fazendo evaporar a minha linha de devaneios.

Esfreguei as bochechas, puxando o ar com força para meus pulmões.

– A gente não tem dele aqui, meu amor. Mas eu prometo que da próxima vez, trago um montão pra você.

Ela cruzou os braços e começou a bater os pés com força no chão, muito perto da minha perna.

Será que eu seria presa se chutasse aquela criança?

Provavelmente, não, já que minha certidão marcaria dezessete por mais alguns vários meses. Entretanto, uma dose de sensatez que me acometia de vez em quando, acompanhada à consciência do dinheiro que ganharia, forçavam-me a manter a paciência e não arremessar nenhuma criança pela janela

Mesmo que isso significasse meter a mão numa poça de vômito no tapete, existindo apenas uma fina camada de papel higiênico separando minha pele daquele amontoado radioativo, como estava acontecendo naquele momento.

Aparentemente, a barriga do Mauro não tinha se dado muito bem com almoço.

Depois de limpar o chão, jogar tudo no lixo e voltar para a sala, percebi uma coisa estranha; tudo estava mais calmo. As crianças tinham se amontoado no sofá para assistir desenho na televisão, com as pernas cruzadas e as bochechas infladas como quem prende o riso.

Então, contei, e confirmei que só quatro estavam lá. Faltava o Pedro.

Como se lesse meus pensamentos, um grito rasgou o ar. Saltei de susto e, no instante seguinte, uma criatura com metade da minha altura passou correndo por mim, berrando, enquanto empunhava um pano de prato ardendo em chamas numa mão e, na outra, a caixa de fósforos que auxiliou aquele desastre, com uma enxurrada de palitos se derramando no chão a cada salto que ele dava.

Disparei atrás do garoto à beira de um colapso nervoso e, como se um sinal fosse dado, as outras crianças, exceto a mais velha, pularam do sofá e começaram a correr como doidas.

Alcancei Pedro, fisguei o pano e, no meu estado de desespero, simplesmente arremessei a peça flamejante pela janela do oitavo andar e rezei para que ninguém estivesse passando por baixo, enquanto o menino só sabia gargalhar de um jeito alucinado.

Felizmente, não tinha se queimado.

Com um suspiro, agachei-me até o meu rosto alcançar a altura do de Pedro e despejei um pequeno sermão em linguagem simples para uma criança de sete anos entender que não se pode incendiar panos de pratos, nem outras pessoas, nem a si mesmo, por mais que, com as palavras dele, fosse “muito maneiro tocar fogo na porra toda”.

— E também, sem palavrões, mocinho. — adverti, forçando-me a abrir um sorriso simpático. — Sua mãe vive falando com você sobre isso, Pedro. É feio.

— Mas ela disse que o papai era um safado da porra um dia desses. — estreitou os olhos, como quem busca compreender a lógica de alguém lhe recriminar por algo que a própria pessoa fazia.

Reprimi uma risada.

— A mamãe deve ter ficado muito estressada, aí deixou escapar. Mas não pode, certo? Você pode dizer que é errado à ela quando ouvir ela xingando. — sugeri.

Ele abriu um sorriso grande, revelando uma janelinha vazia na fileira dos dentes de cima, e um calor confortável subiu ao meu peito, incitando-me a sorrir também.

— Tá bom, tia! — exclamou e, meio segundo depois, já tinha voltado a correr.

Fui atrás do irmão que tinha sujado o tapete com vômito e tomei sua mão na minha, para levá-lo para trocar de camisa, já que a que usava havia sido seriamente comprometida. Prometi dividir meu saco de balas com os pequenos e, em troca, consegui reuni-los no sofá para assistir desenho novamente.

— Você tá no comando, Maria. Tenta não deixar eles se matarem por uns dois minutos, eu já volto. — disse à irmã mais velha de onze anos, que se encolhia contra o estofado, erguendo o Tablet imenso perto do rosto como se quisesse se tornar invisível atrás dele.

Ela deixou que o objeto pendesse no colo e levantou uma sobrancelha na minha direção, erguendo o queixo num movimento petulante.

— Quem tem que cuidar deles é você. — Seu tom transbordou acidez, enquanto levantava o retângulo eletrônico novamente em direção à face e voltava o foco para ele.

Meu sangue ardeu e a língua pinicou com a vontade quase insuportável de dar-lhe uma resposta elaborada, mas, depois de contar até dez e massagear minha têmpora latejante com a mão livre, só consegui dizer:

— Dois minutos, Mari.

Pude ouvir o seu resmungo de insatisfação.

Então, guiei Mauro até o quarto e capturei uma camisa nova para o garoto. Depois de enfiar sua cabeça no buraco da gola com o máximo de delicadeza que consegui reunir, bagunçando as mechas cor de chocolate no processo, ele me encarou com os olhos recheados da inocência dos cinco anos e sussurrou:

— Desculpa, tia Carmem. Eu não queria sujar o tapete bonito da mamãe.

Vermelho lhe subiu às bochechas depois de entoar as palavras e ele abaixou o olhar por um momento, em culpa.

— Ei, tá tudo bem, foi só um desastre. — assegurei, amaciando o tom o máximo que pude. — Eu também sou bem desastrada, sabia? Esse tipo de coisa vive acontecendo comigo...

— Mesmo? — questionou, um brilho refugiando-se nas íris assim que as direcionou a mim.

— É, sim.

Ele sorriu.

— Quando eu crescer, você pode ser minha namorada?

Quase engasguei com a saliva diante da ideia absurda.

— Acho melhor você encontrar uma garota da sua idade quando crescer, Mauro.

Ele estreitou as sobrancelhas em uma expressão tristonha, mas, antes que pudesse falar qualquer coisa, ouvi o consecutivo tilintar estridente da campainha.

Deslizei para a sala e, após abrir a porta, não pude deixar de arregalar os olhos com a visão que tive logo que mirei a garota atrás dela, porque o reconhecimento me atingiu de imediato diante do estilo característico que a embebia por completo, desde as roupas despojadas à maquiagem escura que lhe acariciava os contornos do rosto, em forma de um lápis de olho negro e um batom cor de vinho.

— Eu conheço você. — ela afirmou, as orbes se estreitando na minha direção. — Ah! É a garota que estava com os idiotas na piscina, no sábado passado. — Seu tom foi descontraído, enquanto comprimia o corpo entre mim e a soleira da porta para passar. — Meu nome é Clarice, mas acho que você já deve saber.

— Carmelita. — me apresentei. — Mas... Cadê a Val?

Valdirene, a suposta babá que viria, era uma senhora de meia idade que cuidava das crianças há meses.

— Ah, dona Cândida não te disse que ela se mudou? — questionou, enquanto colocava a mochila que tinha nas costas ao lado do sofá. — Parece que foi pra Salvador ficar com a mãe.

Assenti, vendo as crianças dispararem na sua direção e agarrarem as pernas cobertas pela calça folgada da garota, com sorrisos imensos.

— Tia! — os quatro que estavam na sala exclamaram, alegres.

— Oi, meu amores!

— Há quanto tempo você tá trabalhando aqui? — questionei, vendo-me incrédula com a afeição que as crianças pareciam ter por ela.

— Ah, é o meu quarto dia. — Deu de ombros, acariciando os fios marrons de Ana.

— Entendi. Boa sorte. — Lancei-lhe um sorriso. — A propósito, eu já vou indo.

As palavras fizeram seu olhar cair no meu rosto de forma imediata.

— Espera, aí.

Em seguida, caminhou até mim, fisgou um papel amassado do bolso e o estendeu na minha direção.

— Esqueci de te dar no sábado. — Riu. — Liga pra mim, a gente marca alguma coisa.

Dei risada, cativada pela criatividade.

— Sempre guarda papéis com seu número no bolso?

— Às vezes. Tenho mais três aqui. — respondeu, com ar divertido. — Nunca se sabe quando vai brotar alguém incrível para conhecer nesse mundo, e nem sempre eu vou tá com caneta na mão.

Um sorriso se desenhou em meus lábios.

— Gostei da lógica. — Fui sincera, enquanto mergulhava a pequena folha no bolso. — Mas como que você sabe que são... pessoas incríveis?

— Justamente por isso que dou os números, garota. — A explicação carregou um vislumbre de obviedade. — Se a gente não der uma chance, nunca vai saber.

Suas palavras trouxeram um redemoinho à minha cabeça, assim que o impacto das sílabas reverberou pelas minhas células e trouxeram à tona, pela milésima vez naquele dia, pensamentos sobre um emaranhado de cachos ruivos e olhos que pareciam balas de caramelo.

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