17: Pôsteres, Conchas e Polaroids
- Me dê pelo menos um motivo pra eu não chutar seu saco aqui e agora.
Paulo deu um salto assim que ouviu as palavras, quase derrubando a caixa de leite que tinha acabado de capturar de dentro da geladeira, seus olhos arregalados caindo até mim.
- Que susto, cacete! - reclamou, empurrando a porta do eletrodoméstico.
- Um motivo, Paulo. - repeti, cruzando os braços em frente ao corpo.
- O seu amor por mim? - Fez o teste, cinismo banhando as sílabas.
Dei um passo na sua direção e ele recuou, erguendo a mão livre em frente ao corpo como um escudo.
- Tô brincando, maninha! Calma! - pediu, dando risada. - É que não deu pra resistir. Foi uma oportunidade muito única encontrar tu e o ruivinho dormindo juntos quando eu abri a porta pra conferir se não tinham morrido dentro do quarto.
- Não estávamos dormindo juntos! - Ultraje enfeitou meu tom.
O canto dos seus lábios se curvou em um sorriso, pouco antes de dar as costas para mim.
- Tecnicamente, estavam, sim. Aliás, quando vai me pagar?
Ele caminhou até a pia e fisgou um copo no escorredor, abrindo a caixa de leite para deixar que o líquido branco se derramasse no recipiente.
Não acreditei no que tinha acabado de insinuar. Era uma coisa completamente descabida!
Certo?
- Não tô apaixonada, seu idiota. - afirmei, com toda a convicção que podia existir dentro de mim. - Tá usando erva, por acaso?
- Carmelita, tu nunca passou tanto tempo com um cara sem mandar o infeliz ir pastar. E nunca ficou tão radiante na presença de um, como fica com o Jader. - As palavras não carregaram qualquer vislumbre de brincadeira, sendo interrompidas assim que levou a borda de vidro aos lábios e entornou todo o leite do copo. - Fala sério, tá óbvio que ele mexe contigo, sua retardada.
O negacionismo pulsou, quente, nas minhas veias.
- Não mexe, não. Ele fala mais do que um papagaio de pirata, tem uma risada esquisita e é... bizarro demais!
- Por favor, é isso que você tem pra apontar? - Ergueu uma sobrancelha cética na minha direção. - Carmelita, para de colocar defeitos que não existem nas pessoas. Escroto seria um cara que, sei lá, trocasse a própria mãe por uma banana ou fosse desrespeitoso contigo.
Bufei. E, decidida a não permanecer naquela conversa estúpida, girei nos calcanhares e fui na direção do quarto para fisgar minha farda e uma toalha.
- Olha, Paulo, eu só não mandei o Jader ir pastar até agora porque ainda preciso da ajuda dele, mas te garanto que a gente não tem quase nada a ver. Não faz sentido gostar dele desse jeito. - Minha fala foi resoluta, aumentando o tom assim que adentrei no cômodo.
As palavras deixaram um gosto amargo na minha língua, alertando-me de que eu tinha falado mais mentiras do que verdades.
- A vida não faz sentido, Carmelita. A gente tem mais chance de morrer do que de continuar vivendo, e ainda assim, eu tô aqui conversando com você agora. Se isso não faz sentido, imagina o resto! - exclamou, e, pela proximidade da sua voz, senti que tinha vindo atrás de mim. - Mas as coisas acontecem. E elas só acontecem, sua bocó. Independente da gente querer ou não.
Assim que capturei a camiseta dois números além do que o que eu deveria usar, com a logo do colégio bordada no lado que tecnicamente abarcava meu coração, fisguei a toalha no suporte perto da porta, evitando mirar as orbes faiscantes de Paulo no processo.
Nossa agitação fez o Bolota dar um sobressalto na gaiola.
- Será que a gente pode parar de falar desse assunto? - indaguei, arqueando as sobrancelhas na sua direção. - Tá assustando meu coelho.
Paulo cruzou os braços, deixando a lateral do corpo pender na esquadria da porta enquanto me fitava com o brilho do desafio.
- Quantas sílabas tem a palavra apaixonada?
Bufando pela sua teimosia dos infernos, virei-me e terminei de pegar as roupas que usaria, tentando ferrenhamente ignorar a sua presença, até passar por ele e me pôr a ir na direção do banheiro.
- Maninha, espera. - Sua entonação foi baixa, um tanto suplicante, o que me fez interromper a caminhada.
- O quê? - quis saber, mirando as íris escuras.
Ele levou uma mão aos cachos de concha do cabelo, desviando o olhar para algum ponto atrás de mim.
- Eu montei o presente. - murmurou, um tanto incerto. - Queria... saber de alguém se não tá muito tosco.
Paulo parecia verdadeiramente embaraçado, o que era tão estranho para os seus padrões que me deixava com vontade de rir.
- Eu deveria mandar era você ir pastar agora.
- Ah, por favor. É rápido.
Suspirei, totalmente-por-cento ciente de que era incapaz de negar um pedido tão simples àquele par de olhos brilhantes de gato vadio que só o meu caçula possuía.
- Certo, Paulo.
Um vislumbre de sorriso perpassou por seus lábios e, em seguida, entrou no próprio quarto para buscar o que quer que fosse.
Questionei-me quem seria a amiga misteriosa de Paulo, a quem iria destinar o tal presente. Eu raramente o via conversando com alguém do sexo feminino além da mamãe desde quando éramos pequenos, o que tornava tudo ainda mais enigmático para mim.
Será que eu a conhecia?
Provavelmente, não. No meu meio de garotas conhecidas, não havia nenhuma que se encaixasse na descrição parcial que me dera outro dia, sobre gosto por cigarros, tatuagens e carros.
O interior do cômodo me recebeu com uma lufada do fresco ar matinal em redemoinhos de vento que sacudiam a cortina da janela, ao lado da parede repleta de pôsteres meio amassados de bandas de rock clássico e atual do meu irmão. Sua escrivaninha estava abarrotada de papéis, lápis e, até mesmo, resquícios de linha de costura próximos ao seu pote de vidro cheio até a borda de conchas coloridas que vivia capturando sempre que ia à praia.
Havia vários post-its pendurados na parede sobre o tampo, com dezenas de coisas escritas, desde o horário das suas aulas até o lembrete de molhar o miúdo cacto que ocupava lugar no beiral da sua janela, por sempre ter sido péssimo em se recordar das coisas.
O que tinha elaborado era nem um pouco tosco, na verdade. Paulo se utilizou de uma criatividade sensível que eu raramente o via libertar para construir coisas simples, porém visivelmente significativas, que eu não fazia ideia do que simbolizavam, mas a pessoa que receberia provavelmente ia fazê-lo.
Encantei-me particularmente por um colar trançado, com um amontoado de linhas pretas que envolviam uma chave com entalhes peculiares no ponto de encontro central dos fios.
- Você que fez? - indaguei, enquanto observava o objeto reluzir sob os raios cor de óleo do sol que incendiava o quarto, preenchendo-o de um morno filtro oliva que me fazia sentir dentro de uma foto polaroid clássica.
- É. Eu... vi um vídeo na Internet e meio que aprendi a fazer. - admitiu, esfregando a nuca. - Tô quase desistindo de dar essa merda, porque, sei lá... É bizarro.
Baixei o colar e estacionei a sua frente, depositando-o por entre seus dedos e atraindo o mar castanho das suas íris na direção das minhas.
- Não é bizarro porcaria nenhuma. Você vai entregar essa merda nem que seja a última coisa que faça, tá me ouvindo?
Seus olhos se arregalaram ligeiramente, antes de assentir, soprando um riso.
- Certo, maninha. Obrigado. Agora, vai tomar banho, que tá saindo fumaça verde de tu.
Bati no seu antebraço com as costas da mão, rindo, e voltei com os preparatórios para mais um dia.
Antes de sair para pegar sua carona matinal, Paulo se virou para mim, observando-me terminar de calçar meus tênis com alguma coisa indistinguível nadando nas suas orbes.
- Não precisa me esperar depois das aulas. Eu... meio que não vou vim pra casa.
- Certo. Posso saber onde pretende ir?
- Vou só almoçar na casa dos gêmeos, maninha. Não vou pra esquina me prostituir, nem vender drogas, juro. - explicou, erguendo os braços em inocência assim que percebeu meu olhar estreito de desconfiança na sua direção.
Deixei um suspiro aliviado escapar, e, enquanto o assistia bater a porta atrás de si, lembrei que tinha algumas fotos recentes na câmera para revelar, e pensei que poderia fazer isso logo que saísse do colégio.
Assim que adentrei no seu corredor principal, minutos depois, ajustando o zíper da calça que na minha pressa tinha esquecido de fechar por completo, ouvi o eco de passos ao meu lado. Virei a cabeça, sentindo alguns fios do rabo de cavalo roçarem meu ombro, e deparei-me com uma Cris falando no celular.
Ela tagarelou por alguns instantes, os dentes mordiscando as unhas da mão livre e os cachos volumosos quase lhe cobrindo toda a lateral do rosto.
- Certo, certo, entendi. - Foi a última coisa que disse, antes de escorregar o aparelho da orelha e pincelar o dedo na tela para encerrar a ligação.
- Tá tudo bem? - questionei, inclinando o corpo para que uma garota passasse por mim.
Ainda não tínhamos conversado direito desde o sábado, então, eu não sabia ao certo se ela estava tranquila sobre que eu fiz ou ainda tinha dezenas de minhocas na cabeça.
Ela virou para me encarar e seus lábios se curvaram em um sorriso radiante, que diziam que talvez fosse a primeira opção.
- Eu tô ótima, mas você tá com uma cara horrível. Não dormiu direto?
As lembranças da noite anterior, em meio a jogos e conversas com Jader, trouxe um fervilhar ao meu estômago que, se não tivesse cortado a raiz dos pensamentos, com certeza se apossaria das minhas bochechas da forma mais ridícula possível.
- Não muito. Eu tinha umas coisas pra fazer. - respondi, sacudindo os ombros com dificuldade graças ao peso da mochila nas minhas costas, que me fazia parecer uma espécie de tartaruga que anda sobre duas pernas.
Tinha tanta coisa lá dentro que, às vezes, eu tinha medo de limpar seus compartimentos e cair em algum tipo de universo paralelo, onde talvez tivessem tartarugas que imitam seres humanos.
- Há quantas noites tu não dorme direito? - indagou. - Porque, tipo, não é querendo ofender, mas tá muito feio mesmo.
Na verdade, raras eram as noites que eu conseguia dormir ininterruptamente, sem ser perturbada por alguma espiral de pensamentos que a minha tradicional insônia desencadeava. Mas eu não via a necessidade de ficar comentando aos quatro ventos que minha cabeça esquisita não me deixava dormir.
- Algumas. Mas tá tudo bem.
E, como em todas as outras vezes, Cris se convenceu com as minhas palavras.
Ela nunca foi muito observadora, na verdade, o que tornava nossa convivência muito mais fácil, já que não precisava ficar dando justificativas quando estava mal humorada, triste ou chateada com o que quer que fosse.
- Quer que eu passe uma maquiagem em você, pra esconder um pouco dessas olheiras? - minha amiga perguntou.
- Tá tudo bem, Cris.
Ela torceu os lábios em uma careta que, pelo tanto que a conhecia, sabia que estava querendo dizer que achava um absurdo em proporções estratosféricas eu não me importar em esconder qualquer imperfeição que podia ter na minha pele.
Caminhamos mais um pouco até chegar ao pátio e, de súbito, senti um pequeno ardor característico na lateral da bochecha que me fez desviar o olhar para o lado, em um gesto automático.
Minhas íris caíram na órbita das de Jader, encostado no corrimão do lance de escadas com as mãos enfiadas casualmente nos bolsos da calça jeans, enquanto Antônio e mais dois garotos faziam barulho ao seu redor, entre risadas estrondosas e palavras ao vento.
Seu castanho despejou constelações inteiras feitas de luzes infindáveis no ar, que flutuaram até mim e giraram ao redor do meu corpo, fervilhando em um caleidoscópio explosivo de átomos reluzentes até se infiltrarem na minha pele e dissolverem suas estrelas na minha corrente sanguínea, que me fizeram brilhar por inteiro, como se eu fosse toda céu, toda galáxia, toda universo.
A forma como me observava fez-me sentir como a única garota que passava por aquele pátio, embora fosse apenas uma entre as várias que caminhavam ao redor, com diversos tons de pele, cabelos, alturas e jeitos bonitos.
Por que só olhava para mim?
Levei os dedos até as alças da mochila, pressionando o tecido, e cortei o contato visual. De forma quase involuntária, forcei minhas pernas a irem mais rápido rumo à minha sala, e Cris reclamou por meio segundo antes de me acompanhar.
- Vai pra casa agora? - a voz atrás de mim, embora suave feito algodão, quase me fez saltar de susto e derrubar o caderno que enfiava na mochila.
Olhei para trás, mirando o dourado solene dos fios que escorriam em um corte channel até pouco acima dos ombros de Mari e, depois, seu olhar castanho que brilhava na minha direção.
Abri um pequeno sorriso.
- Não. Eu vou revelar algumas fotos naquele velho que a gente ia de vez em quando.
Um vislumbre do que pareceu ser decepção enfeitou suas feições, mas, no instante seguinte, voltaram a irradiar expectativa.
- Ah, é que eu ia te oferecer uma carona, mas como você não vai agora, eu posso te acompanhar até lá. Quer dizer, se quiser, é claro...
Por alguns segundos, fiquei estática, sem saber ao certo o que responder diante da proposta inesperada.
Durante todos os meses que se seguiram após o que aconteceu entre nós, Mari não tinha tentado qualquer tipo de reaproximação comigo, um fato que me fez questionar se havia acontecido alguma coisa que desencadeou seu interesse repentino sobre mim naquele momento.
- Tudo bem.
Caminhamos juntas até a entrada do colégio e, depois de Mari conversar com seu motorista, nos colocamos a caminhar pela calçada lado a lado, eu com os polegares mergulhados nos bolsos da calça e ela com a sua elegância típica, andando como se as ruas fossem passarelas de cinema de uma forma quase hipnótica.
- Eu conversei com o Jader. - Suas palavras ecoaram, baixas, fazendo-me fitá-la.
- E aí?
Sacudiu os ombros, um pequeno sorriso se repuxando nos seus lábios.
- Tinha razão. Ele é legal, eu que fiquei fazendo meus pré-julgamentos sem sentido e nunca nem pensei em dar uma chance de conhecê-lo. - Seu tom foi casual, mas, ainda assim, conseguiu fisgar de um jeito esquisito o órgão que se alojava em meu peito.
- Então, vai mesmo sair com ele?
- Claro que sim! Acho que vai ser uma experiência bem diferente. - Singela empolgação banhou as sílabas, o que me fez sentir ainda mais esquisita por dentro. - Mas... você não me parece bem. Tem alguma coisa te incomodando.
Não foi uma pergunta, porque, ao contrário de Cris, Mari costumava ser atenta a pequenos sinais. Então, tinha certeza, apesar de observar as fachadas coloridas dos estabelecimentos comerciais que corriam ao nosso lado ao invés do seu rosto, que ela deveria estar varrendo meu semblante de forma nada discreta.
- Tô legal, por que acha isso?
Um pequeno riso lhe escapou.
- Carmelita, você tá apertando tanto as alças dessa mochila que eu não ficaria surpresa se elas se partissem do nada.
Senti meu rosto arder de forma brutal, assim que tomei consciência do gesto involuntário. Em seguida, deixei as mãos penderem ao lado do corpo, mirando sua sobrancelha erguida na minha direção e todo o ar de quem não vai desistir até me convencer a falar.
- Não ando dormindo muito bem à noite. - elucidei, à contragosto.
- Aconteceu alguma coisa, ou são só... pensamentos aleatórios, tipo como você fica às vezes, daquele jeito pensativa demais?
- Não aconteceu nada, é só o meu estado normal dos últimos tempos. Quer dizer, ontem eu não dormi direito porque foi uma noite meio... maluca, mas nas outras, foi só isso.
- Maluca? Tipo como?
- Tipo... com um garoto nela. Mas não do jeito que você tá pensando, sua pervertida! - ressaltei, antes que o seu tradicional sorriso malicioso transparecesse.
- Eu não pensei nada. - Ergueu as mãos, falseando inocência. - Só achei diferente Carmelita Silveira passando a noite com um cara.
- Não teve nada demais. Ele é só um amigo do Paulo. - falei, deixando que a frase ficasse tatuada no centro do meu cérebro.
- Sei... - O ceticismo transpareceu na sua entoação.
Bufei, sem esconder minha impaciência.
Por que diabos pareciam querer insinuar tanta coisa sobre o meu coração desde as seis da manhã?
Depois de virar uma esquina, entramos no estabelecimento pequeno, cujo ar parecia se tornar mil vezes mais abafado em meio ao balcão imenso com o senhor de bigode em forma de vassoura atrás dele.
Ele possuía o notório hábito de fitar o mundo com ar de fascínio e sempre estar com alguma camisa de botões arregaçada até os cotovelos, que deixava evidente as tatuagens nos antebraços da época em que foi um homem do mar, como costumava dizer.
Assim que me viu, um sorriso se esticou por trás da cortina de fios com tons de preto e branco acima dos seus lábios.
- Carmelita! - Seu notável sotaque italiano transpareceu na exclamação. - Já faz um tempo desde a última vez...
- Andei meio ocupada. - justifiquei, sorrindo também, conforme deixava a mochila escorregar até tomá-la em mãos.
Depois de entregar a câmera e mostrar as fotos a serem reveladas, voltei a conversar com Mari sobre algum assunto qualquer do mundo, como sempre fazíamos quando estávamos juntas.
Despejamos alguns risos ao vento, até que senti o celular vibrar incessantemente no bolso de trás da calça, alertando uma ligação. Só faltava uma ou duas fotos ficarem prontas, então, pedi à Mari que pegasse tudo antes de me afastar um pouco para atender dona Gertrudes.
Assim que expliquei que eu estava bem, que tinha tomado café, ido pra escola e todas as coisas normais do dia a dia, encerrei a chamada de uma mãe preocupada e fui até a loira capturar as fotos.
O olhar que me lançou foi diferente, carregando um quê de dúvida que me fez ficar confusa, o que só piorou quando sua boca se curvou em um sorriso sugestivo.
Nada naquela cena fez sentido, até que me entregou o amontoado de retângulos carimbados com as cenas mais significativas que eu tinha visto nos últimos dias.
E, no meio das fotos de plantas, lugares, móveis rústicos e animais, havia o retrato que eu tirara de Jader na noite anterior, enquanto seu cabelo coloria meu tapete de laranja e tinha sua tradicional expressão viajante mirando um ponto indistinguível.
Porcaria.
Algo no castanho de Mari pedia uma explicação que eu não estava nem um pouco a fim de dar, mas precisava. Se pensasse que eu gostava de Jader de alguma forma mais profunda, tudo iria por água à baixo.
- Foi ele que pediu, sabe, que eu tirasse a foto. - afirmei, assentindo com a cabeça enquanto tentava ao máximo disfarçar os nós internos que se puseram a preencher meu sistema. - Vou até procurar ele mais tarde, pra entregar...
- Ah, tá tudo bem, relaxa. - Seu timbre soou tranquilo, como sempre era. - Só achei diferente. É que você não tirava fotos de pessoas, até onde eu me lembro.
- Pois é! Algumas coisas mudam com o tempo...
E, conforme cortávamos o meio-fio com nossos passos sincronizados, eu não sabia até que ponto tinha acreditado em mim, mas torcia que fosse o suficiente para não botar as coisas a perder.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro