Capítulo três - Não acredito que ele gosta de alguém.

❨.🍥.❩

"Ele sempre disse que só iria gostar da gente, o que está acontecendo?"

Sicheng foi dormir, na verdade tentar, já que não conseguia esquecer a marca que viu no pescoço do filho. Ele não fez um alarde como queria, iria assustar seu menininho e não queria brigar com ele de cabeça quente e ainda sem Kun ao seu lado.

Dong Sicheng nunca brigava com Chenle sem o seu marido por perto.

Não soube se realmente conseguiu dormir, mas quando o dia amanheceu ele levantou e foi tomar café, Chenle veio todo manhoso pro seu lado o abraçando e lhe desejando um bom dia.

━ Não vai me dar bom dia, Papai Winwin? - O adolescente perguntou confuso. Sicheng sempre lhe dava bom dia e o abraçava.

━ Bom dia, filho. - O mais velho murmurou e foi sentar a mesa.

Chenle encarou seu pai Kun como se perguntasse o que estava acontecendo e o mais velho deu de ombros sentando a mesa perto do marido. O adolescente resmungou e sentou para tomar seu café, enquanto isso Sicheng tentava olhar para o pescoço do filho sem ser pego. O mais novo não estava entendendo nada, após o café foi lavar a louça e ficou encarregado de limpar toda a cozinha, Qian Kun achando estranho a maneira em que o marido estava agindo, o seguiu até o quarto.

━ Winnie, o que você tem? - Kun perguntou encostado na porta enquanto via o marido arrumando sua pasta. ━ Você não trabalha hoje.

━ Mas eu preciso colocar a minha mente em ordem antes que eu pire. ― Sicheng disse e o moreno se aproximou do marido. ― Você viu o pescoço do Lele?.

━ Não, por quê?

━ Ontem a noite quando ele chegou eu vi uma marquinha vermelha no pescoço dele.

━ E?

━ Marquinha, vermelha, pescoço. - Dong disse pausadamente e Qian fez uma careta até entender.

━ E-ele com toda a certeza foi mordido por um bichinho. - Kun riu nervoso. ━ Um bichinho, Sicheng.

━ Ou foi aquele garoto.

━ Que garoto? Eu não lembro de garoto nenhum. - Kun murmurou. ━ O que vimos ontem foi uma ilusão de ótica, vimos uma coisa que não estava acontecendo e fim.

━ Pai! - Chenle gritou da cozinha.

━ Ilusão de ótica o caralho, o que eu vi ontem foi um chupão no pescoço do Chenle. - Sicheng suspirou. ━ E eu não estou preparado para ter a certeza.

━ Eu disse que foi um bichinho, ou ele caiu.

━ Querido, só se ele caiu na boca de alguém.

━ Pai. - Chenle entrou no quarto e encarou os pais. ━ O que aconteceu?

━ Nada. - Kun se aproximou do filho que recuou. ━ Por que você está se afastando?.

━ Porque o senhor tá me assustando. - O adolescente disse confuso. ━ Eu só vim perguntar onde o senhor colocou aquele negócio que limpa a pia.

━ Tá na área de serviço. - Kun respondeu e Chenle saiu correndo para fora do quarto. ━ Eu não vi nada no pescoço dele, meu amor.

━ Maquiagem, Kun!. - bufou. ━ Eu não sou cego ou e não tô vendo coisas.

━ Foi coisa do momento, como eu disse, deve ter sido um bichinho. - Kun se aproximou do marido e o abraçou. ━ Esquece isso, nosso menino é um bebê.

[...]

━ Você fala como se fosse fácil. - Zhong Chenle resmungou olhando para o corredor com medo dos seus pais aparecerem.

━ E não é? - Jisung perguntou na chamada. Havia ligado para o namorado depois ter tido uma ideia para adiantar logo sua apresentação aos pais de Zhong. ━ Você nunca me levou na sua casa, estamos de férias e você pode muito bem falar que eu sou um amigo, seus pais vão se acostumar com isso e quando falarmos que estamos namorando as coisas vão ser até melhores.

━ Eu duvido muito. - Chenle suspirou voltando para a cozinha e terminando de arrumar as louças no armário. ━ Do jeito que eles são é bem capaz de ficarem sentidos comigo porque eu não apresentei o meu amigo antes.

━ Qual o seu medo, Lele?.

━ Meu medo é que eles fiquem tristes comigo, eu não sei. - disse ajeitando o celular no ombro enquanto arrumava as coisas que faltavam. ━ Eu te disse que os dois são muito amorosos e o fato de demonstrar que eu não sou mais um bebê os assusta, eu sei que eles se negam a acreditar que eu estou crescendo, se eu aparecer dizendo que tô namorando é capaz do meu pai Kun ter um infarto e o Winwin chorar até desidratar.

━ Duvido.

━ Eu vou jogar verde hoje. - Chenle disse. ━ Vamos sair e eu vou falar que quero trazer um amigo para almoçar com a gente, se eles ficarem de boa com isso, você vem.

━ Ok. - murmurou. ━ Te ligo a noite?

━ Sim.

━ Te amo.

━ Também te amo. - Chenle disse e Jisung riu antes de desligar.

━ Quem você ama? - O adolescente quase se jogou no chão quando viu o pai na porta da cozinha.

━ Amo o senhor. - o mais novo começou a rir. ━ Eu estava olhando umas fotos no celular e vi uma nossa e pensei, o meu pai me ama, e eu amo ele também.

Sicheng encarou o filho e se aproximou tocando no queixo dele o fazendo levantar a cabeça, Chenle ficou confuso por um instante até se dar conta do que seu pai estava fazendo e o porquê.

━ Ontem a noite quando chegou eu tive a leve impressão de ter visto seu pescoço meio vermelhinho. - Sicheng disse se afastando do filho. ― Mas acho que vi coisas.

━ Foi pai, olha. - Chenle apontou para o pescoço. ━ Tá limpinho.

━ Seu pai perguntou onde você quer almoçar.

━ Eu não sei, acho melhor vocês escolherem. - sorriu. ━ Ah... Pai?

━ Sim. - Sicheng disse antes de sair da cozinha.

━ Eu tenho um amigo, eu já falei dele mas vocês ainda não conhecem, é o Jisung, lembra? - O mais novo perguntou e o pai assentiu, lembrava desse nome. ━ Então... Eu queria apresentar vocês pra ele, sabe, porque eu sempre apresentei meus amigos e tudo mais.

━ Tá filho. - Sicheng sorriu ainda prestes a sair da cozinha. ━ Ele estava com você ontem?

━ Sim, eu conheço ele faz um ano já.

━ E só pensou em nos apresentar agora? - O mais velho perguntou sentindo aquela pontada de desespero ao lembrar da noite passada e do menino que abraçava o seu filho.

━ É porque só lembrei agora. - riu. ━ Tudo bem ele jantar aqui amanhã?

━ Claro, vou falar com o seu pai. - Dong falou. ― Chenle.

━ Senhor. - olhou para o pai.

━ Esse menino tem o cabelo preto com mechas loiras?.

━ Sim. - sorriu. ━ Ele estava ontem comigo e o grupo.

━ Ah. - deu meia volta e se aproximou de novo do filho. ━ E ele é um amigo bom?

━ Sim, ele é. - O filho sorriu um pouco bobo sem prestar atenção na maneira avaliativa que seu pai o observava. ━ Ele é bem legal, Pai. Ele me faz rir e sabe contar umas piadas meio idiotas, ele é bem carinhoso também e muitas vezes na escola ele pagou o meu lanche ou dividiu o dele comigo. Tem vezes quando tá frio ele me empresta o casaco ou carrega minha bolsa quando tem treino de basquete e ele vê que eu tô muito cansado.

Sicheng sentiu o ar do seu peito começar a sumir, se apoiou na bancada tentando não deixar o filho perceber - ele realmente não perceberia já que estava praticamente lembrando de Jisung.

━ Q-que bom amigo, filho. - Sicheng sorriu trêmulo. ━ Você gosta mesmo dele.

━ Sim, gosto muito. - As bochechas do adolescente ficaram vermelhinhas e foi o estopim para Sicheng que bagunçou os cabelos do filho e quase saiu correndo para o quarto onde seu marido estava.

Confuso, Chenle apenas deu de ombros e voltou a arrumar as coisas agradecendo aos deuses ou alguma coisa pelo seu Pai não ter percebido o chupão e também pela base que RenJun indicou ser boa o bastante. Ele bem que poderia culpar Park Jisung pelo chupão, mas ele que pediu dizendo que não ficaria a marca mesmo que o Park dissesse que ficaria.

Pelo menos seu pai não viu nada.

[...]

━ Kun! - Sicheng entrou no quarto assustando o moreno. ━ Querido me ajude antes que eu tenha um AVC.

━ O que houve? - Kun perguntou preocupado chegando perto do marido. ━ Aconteceu alguma coisa com o Chenle?. Ele se cortou arrumando a louça?

━ Ele gosta de alguém, Kunnie!.

━ Como assim ele gosta de alguém? - Qian perguntou confuso.

━ Ele quer nos apresentar um amigo dele, e esse amigo é aquele que não deve ser mencionado que aconteceu ontem na nossa ilusão de ótica. - Sicheng disse e mais velho engoliu seco se sentando na cama e não demorando a ter a companhia do marido. ━ Ele começou a falar muitas coisas Kun, coisas que eu dizia quando comecei a gostar de você depois do nosso ódio mortal na faculdade, coisas que eu falava apenas para o Kris e ele ria da minha cara me chamando de panaca porque eu achava fofo você ter uma bolsa cheia de chaveiros de ursinhos e ainda ter dado nomes a eles.

━ Saudades. - Kun suspirou nostálgico. ━ O que exatamente ele falou?.

━ Que o garoto é legal, que carrega a bolsa dele quando ele tá cansado, que empresta o casaco...

━ Mas espera, eu também falava essas coisas do Luhan, e o Luhan era apenas meu amigo.

━ Como assim? - perguntou confuso, lá no fundinho mesmo depois de anos ainda sentia ciúmes de Luhan, graças a Deus o mesmo morava na coreia com a mulher e suas duas filhas.

━ O Luhan sempre me ajudou no fim das aulas de dança, ele sempre pegava água pra mim ou carregava minhas coisas quando eu estava cansado demais. - Kun riu. ━ Coisa de amigo, Winnie.

━ Ele disse que ele gosta muito do garoto. - Sicheng o olhou feio.

━ Eles são amigos, querido. É importante gostar dos amigos.

━ Tem certeza?

━ Absoluta. - sorriu. ━ O nosso menino tem um bom amigo, apenas amigo, pelo amor de Deus que ele seja apenas um amigo.

━ Amigo, amiguinho, coleguinha de sala né? - Sicheng riu meio que em desespero e Kun o seguiu até ouvir a seguinte frase vindo do corredor.

━ Amor, você pode vir jantar aqui amanhã?

Sicheng fechou os olhos e se jogou na cama sentindo a vontade de chorar tomar contar.... e Kun?. Ah, Kun apenas colocou a mão no peito e repetiu como um mantra;

━ Amigos são carinhosos, amigos se chamam de amor, amigos, amigos se gostam... Amigos.