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Capítulo 9


A porta aberta do escritório autoriza Imaculada a entrar, Cecília mandou ela procurar Agatha, mas, por algum motivo além de seu entendimento, a menina não tem certeza de que é isso o que quer fazer.

"— O que aconteceu depois? — perguntou a colega de sala no intervalo entre as aulas.

— Como assim? — A pergunta confundiu Imaculada.

— Depois que te encontraram na porta do lar. O que aconteceu?"

Cecília foi quem a encontrou. Em sua mente a educadora apenas limpou o bebê, deu leite e o pôs para dormir e, se o resto da história fosse bonito, alguém já teria contado para ela.

"— Você não sabe nada sobre os seus pais? — a colega insistiu. O olhar curioso acompanhou o negar de cabeça da outra. — Não tem curiosidade? — Ela estranhou a ausência de palavras. — Eu iria querer saber o que aconteceu."

Imaculada jamais teve pai. Ou mãe.

Ela não entende que sentimento é esse que faz as crianças sofrerem com a ausência dos adultos. Mãe e pai, são apenas nomes. Ela desconhece o que de incrível existe no beijo, no abraço, no afago. Imaculada não tem a vaga lembrança de um rosto ou uma boa referência... Quase todos os pais que conhece, não foram bons para os seus filhos, criada no lar, a primeira lição aprendida foi não se apegar.

Cecília não gosta que ela demonstre afeto.

"— Talvez estejam mortos.

— O quê? — Imaculada tentou acompanhar o raciocínio da colega.

— Talvez eles tenham morrido em um terrível acidente, por isso não contaram nada pra você, pra não te assustar."

Imaculada jamais teve mãe. Ou pai. Mas, de alguma forma, ela sente que eles estão vivos.

Perdidos para sempre. E vivos.

Os pés se movem lentos em direção a porta.

Quer dizer, não faz diferença se eles vivem, e Imaculada nem ficaria triste com a morte dos dois. Ela não ama os pais, não pode dizer se ama alguém, mas alguma coisa dentro de si diz que eles estão vivos.

Bem e vivos.

Bem, vivos e perdidos para sempre.

— Quer alguma coisa, Bubu? — Sentada diante de sua mesa, debruçada sobre uma folha de papel com uma caneca em mãos, Agatha estuda a menina parada à porta.

— Quem são os meus pais? — A pergunta foge desesperada como um animal em cativeiro. Imaculada não queria libertar ela, foram os lábios descuidados que falharam em sua missão.

— Eu sabia que uma dia isso ia acontecer. — A boca da mulher forma um bico longo quando sopra o ar. — Talvez você já tenha idade suficiente pra entender. Entre, feche a porta e sente-se.

A assistente social arruma a mesa enquanto a menina está de costas, Imaculada ouve o barulho da gaveta. A mulher acompanha os passos da menina, pensa em se levantar e ajudar quando a outra tem dificuldade em puxar a cadeira, o medo a atrapalha, Agatha pôde notar. Ela finge não se incomodar com o rangido das pernas de madeira arrastadas contra o chão.

— Você foi encontrada na porta do lar. Era noite quando te deixaram lá e você não chorou.

— Essa parte eu sei.

— Não havia um documento ou sinal de quem poderia ser os seus pais, e nós tivemos que chamar a polícia.

Imaculada pensa em se levantar e sair da sala. A menina estuda as mãos e já não quer mais continuar a conversa.

Rejeitados não gostam da polícia.

— Você não deixou o lar, porque, nesse caso, é pra onde enviam a criança e, como sabe, essa é a única casa de acolhimento da região. A polícia começou a busca pelo hospital municipal, mas era improvável que você tivesse nascido ali, as notícias correm rápido em cidades pequenas, e logo saberíamos se uma mulher tivesse dado a luz. Eles procuraram nos hospitais da capital, e isso foi como procurar uma agulha no palheiro, havia acontecido muitos partos, mas não existia registro de caso de desaparecimento seja de bebê ou mulher, não teve fuga de alguma mãe da maternidade, ninguém deu por falta de um bebê, nada fora do comum. Além disso, você tinha dias de vida, talvez mais de mês, o que ampliou e dificultou a busca.

— Eles não encontraram. — A menina sussurra.

— Eu pessoalmente procurei pela cidade notícia de alguma mulher ou adolescente, que tivesse dado a luz em casa, mas, também não tive sorte.

A menina torna a erguer a cabeça e, decidida a ir até o fim, volta a questionar Agatha.

— A polícia desistiu da busca?

— Não, de certa forma, eles procuram os seus pais até hoje, e é por essa razão que eu não consigo uma pensão pra você: a pensão por morte só é concedida com a confirmação do óbito dos pais, e a pensão alimentícia é paga pela família, não pelo governo. A busca continuará por tempo indeterminado, ainda que... — A mulher inspira alto. — As chances de encontrar os pais sejam mínimas... Sinto muito por isso.

— Então eu fui criada aqui.

— Nós tentamos transferir você para algum lar adequado para bebês, mas, a capital recusou abrigo por se tratar de crime de abandono de incapaz. Eles alegaram que, por você ter sido deixada aqui, os seus pais podem ter qualquer tipo de ligação com a cidade.

— Eles têm razão?

— Eu duvido muito. Qualquer um pode encontrar o nosso endereço na internet, até onde se sabe, os seus pais podem ter viajado por horas ou dias até chegar aqui.

— Eles queriam mesmo se livrar de mim.

— Conhece as histórias do lar, quem pode dizer por quais dificuldades o seus pais passavam.

— É... mais eles não voltaram.

Incapaz de responder a menina, Agatha apenas demonstra pesar.

— Como você se tornou a minha responsável legal?

A boca da mulher forma um novo bico e sopra o ar.

— Seu caso foi levado ao juizado da infância e juventude. Não havia como prever quando os seus pais seriam encontrados, e você precisava ser registrada pra ter atendimento médico, iniciar a educação e coisas assim. O juiz me nomeou a sua responsável legal, já que, como assistente social, minha função é ajudar as crianças desamparadas.

Anos vivendo no lar, e todas as crianças que um dia viu partir, foram levadas por suas famílias ou, no mínimo, tinham um endereço para onde ir. O cérebro infantil, que ainda aprende a trabalhar, liga as coisas, e a compreensão tardia faz o peito da menina se apertar: pela primeira vez na vida Imaculada se sente completamente só.

— O que vai acontecer se meus pais não forem encontrados? — Ela externa a angústia que, de tão nova, a menina nem sabe que sente.

— Não pense nisso. — Agatha se inclina sobre a mesa e aperta a mão da outra. — Nós estamos aqui pra cuidar de você.

A assistente social sorria, Imaculada acreditou nela, e Maria queria voltar ao passado para pode chamar a si mesma de idiota. Ela vai chutar você, sua imbecil! — A garota gritaria. — Você entendeu tudo errado. Presta atenção, a Agatha só te acolheu porque o juiz obrigou!

Iludida. Maria se pergunta quantas vezes mais vai usar essa palavra. Iludida, é o resumo da vida de Imaculada.

— Me ajude a fazer uma lista com os móveis que precisam de reforma. — A diretora anda pela sala com uma prancheta em mãos. — Vou tentar fazer com que o empresário reforme todos para nós.

— Comece pela mesa de jantar, os encaixes das cadeiras estão se soltando, e não conseguimos arrumar a maioria deles. — Cecília acompanha os passos da mulher alta, tão alta quanto os bonecos gigantes que Maria viu ilustrado no livro escolar, Olinda, o texto fala sobre a cultura da cidade. O quadril largo acompanha o tronco grande e, mentalmente, a garota agradece pela mulher ser ausente: ela assusta adultos, quem dirá crianças.

— Limpe a cristaleira. — A diretora ordena. — Guarde o jogo de jantar em um lugar seguro.

— Eles reformam bancos? — Cecília pergunta. — As telas estão todas rasgadas.

— Se não reformarem, vou fazer com que doem o dinheiro. Estes bancos estão lamentáveis. — A mulher estuda o móvel com desgosto. — E quanto ao dinheiro que sumiu? A Agatha ainda não tomou uma atitude?

— Ela está investigando. — Os olhos de Cecília se esgueiram até a garota calada. — Logo encontra o responsável.

Maria enfrenta a desconfiança da educadora como um cão raivoso que não aceita afronta. A postura rígida, a ausência de movimento, desafia Cecília a acusar ela do crime.

— Eu não entendo porque vocês duas querem agir dessa forma. Eu reuniria as crianças e...

— Desculpe, — a educadora interrompe a outra — mas aqui não é o melhor lugar pra falar disso.

As costas largas giram sobre o quadril, a diretora nota a presença de Maria.

— Tem razão. — A mulher volta andar pela sala. — Como está a mesa da Agatha?

— Tão fosca que não dá nem gosto de limpar.

— Ainda bem que não é você quem faz isso. — A diretora para diante do aparador, um dos raros móveis que pouco sofreu com o passar dos anos, ele não fará parte da lista de reforma. — Por que essa galinha horrorosa continua aqui? — Ela aponta para o enfeite de porcelana que, em outro tempo, foi apreciado. — Tem algum valor financeiro?

— Não muito, eu acho.

— Se livre dela. Coloque em uma caixa esse tipo de coisa sem utilidade, eu vou ver se consigo algum dinheiro com eles. Isso só serve pra juntar pó.

Maria espia o altar: coberta de teias de aranha, olhos desbotados, a santa é a próxima a ser expulsa do lar. Ela tem certeza disso.

— Tem algo mais precisando de reforma na sala? — A diretora corre a mão pela esquadria de uma das janelas.

— Não que eu me lembre. — Cecília estuda o cômodo e não nota o movimento calculado da garota.

— Essas janelas precisam de verniz. — De costas para o altar vazio, a diretora cruza os braços, insatisfeita.

— Onde vai com essa santa, Bubu?

Pega no ato, Maria não tem como negar que a escultura negligenciada está escondida atrás de seu corpo. De postura ereta e queixo erguido, ela enfrenta Cecília pela segunda vez no dia.

— Não podem vender ela.

— A santa não será vendida.

— Mas a diretora acaba de dar uma ordem.

— De recolher os objetos inúteis, não a santa. — A mulher se explica e a face de Maria não se abala, não demonstra reação.

Não há quem reze para a santa.

Diante dela o toco de vela já não pode ser acesso.

— Você não ensinou nada sobre religião para essa menina, Cecília? — A diretora estuda a outra.

— Eu ensinei coisas suficientes pra ela.

— Cecília, Cecília. — A cabeça da mulher se move em negação. — Às vezes... você é complicada.

A prancheta fica sobre um dos bancos antigos. A mulher alta, tão alta quanto os bonecos gigantes de Olinda, se aproxima de Maria, sua face é calma, tolerante, e faria Imaculada correr em direção a senzala.

— Não se tira o altar de uma santa, é desrespeitoso. — A diretora para em frente a garota. — Eu diria que é até pecado.

— A santa não vai deixar o lar?

— Não.

— Mas ela está coberta de pó.

— Um deslize. Isso não diminui a importância dela.

— Que importância? A santa foi abandonada.

— A santa foi doada junto da casa, não abandonada.

— Então eu fui doada pelos meus pais.

O riso da diretora debocha da acolhida.

— Não se doa pessoas, Bubu. É contra a lei.

Julie disse para Maria que a única pessoa com quem se pode contar, é com nós mesmos.

Ela não acreditou na amiga.

A garota ameaçou Julie.

— Mas não é contra a lei doar essa droga de gesso. — Maria mostra a santa presa entre os seus dedos. — Ela não vai morrer de fome e frio como eu vou. Por que protegem isso e não a mim?

— Minha querida, você não vai morrer, mas eu não vou discutir isso. Se comparar a uma santa é completamente sem cabimento.

— Eu também sou Maria Imaculada.

— Uma menina rebelde com nome de santa. — A mulher ri. — Agora devolva a escultura.

Maria quer devolver a escultura no alto da cabeça do boneco gigante, quer acertar o gesso endurecido na lateral direita mais ao fundo do crânio enorme, ela deseja ver a mulher deitar ao chão como uma árvore que acaba de ser derrubada por um lenhador sem coração. É Cecília quem a impede, friamente, a mulher espera o mínimo deslize para acionar a polícia. A educadora suspeita de Maria, ela já não é de menor e não quer perder os poucos dias que restam de abrigo.

Alguns poucos dias e a santa não ajudou. Se tivesse deixado Julie quebrar você, — Maria pensa — não teria que engolir essa injustiça.

Rendida, ela estica punho e faz o que a mulher pede.

— Eu entendo, os acolhidos vivem sob constante pressão. — A diretora segue em direção ao altar. — Você é uma boa menina, só precisa de uma chance.

— Uma chance que ninguém dá... — A outra resmunga para si.

— Você já fez a lição de casa, Bubu? — Cecília adverte. — Não tem prova essa semana?

Muda, ela segue em direção ao quarto. Quarto no andar de cima, bom e arejado, ao menos isso ela conquistou. Antes de sair da sala, a garota estuda a santa em seu altar, o lar que jamais irá perder. Se temos alguma ligação, me ajude. Me mostre uma saída. — Ela reforça o pedido. Dá um último aviso. Um alerta.

Maria Imaculada tem alguns dias.

Ela ficará de olho na santa.

As Marias abandonadas: uma é de gesso, a outra de carne, aquela que morre é que tem menos valor.

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