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Capítulo 7


O ar deixa o pulmão de Imaculada e infla a bexiga laranja. Bexigas simples, coloridas e que estouram em nossa cara. O cheiro de látex impregna na pele, e Maria já não tem força para lutar contra a borracha.

— Nunca tivemos festa de aniversário — Julie alinha as formas de brigadeiro sobre a mesa.

— O pai da Fabiana foi quem comprou tudo, nós emprestamos a sala. — Agatha alinha o painel de princesa na parede, nele a Cinderela ergue o vestido e mostra o pé descalço, o sorriso na face é de quem se orgulha de enfrentar as dificuldades com coragem.

Uma escolha errada feita por um pai iludido que não conhece a filha que tem.

Fabiana, não tem nada de Cinderela.

— Por que fazer a festa aqui? — Adriano pendura as bexigas cheias. — A Fabiana nem gosta da gente.

— Não quero ouvir sobre essa briga boba de vocês. — A assistente chama a atenção do garoto. — A Fabiana é apenas calada.

Não, não é.

Meses após chegar ao lar, não há acolhido que não tenha provado do desprezo da menina.

— Cecília foi quem preparou os doces. — Julian alinha as formas de beijinho.

— Compre o leite condensado, que eu faço os seus também.

A bexiga laranja escapa da boca; os presentes sobre o aparador não são do pai da Fabiana, Imaculada pode ver: o papel do embrulho é ainda mais simples que às bexigas, ele não foi comprado, é cortesia da loja.

Ela gosta dos papéis.

Imaculada jamais ganhou um presente.

— Quando Fabiana entrar com o pai, a gente canta parabéns. — Agatha revela o plano.

— Parabéns pelo quê? — Julie debocha. — Por ter sido abandonada?

— Fabiana não foi abandonada, o pai dela está passando por uma fase ruim.

— Em quem está interessada, Agatha? — A menina abocanha um brigadeiro. — Na filha ou no pai?

— Julie, o que está insinuando é grave — a mulher repreende. — Não repita.

— Então é na Fabiana, já que você pode pegar o pai.

O tapa de Agatha cola o painel na parede e atraí a atenção para ela.

— Está me acusando falsamente, Julie. Eu posso processar você por calúnia e difamação.

— E vai pedir o que em troca? Minha cama no andar de cima?

A porta da sala é aberta e a imagem sacra saúda a aniversariante. No fundo de sua mente, Imaculada escuta a santa orar pela criança raivosa: Pobre menina que não merece tanto sofrimento — ela reza. — Perdoe aqueles que não deram a festa que você sonha, uma com os amigos que você escolheu e sua comida preferida. Um dia Deus te dará a festa que merece.

Imaculada se sentiria feliz com àquela festa.

Ela ficaria feliz com um abraço.

— Parabéns pra você... — Cecília puxa a cantoria e Fabiana odeia os balões, o bolo caseiro coberto de glacê colorido com corante cancerígeno, os docinhos tortos e de tamanho irregular, a audácia do pai em preparar uma festa surpresa. — ... Muitas felicidades. Muitos anos de vida.

Fabiana encara a forma de brigadeiro vazia, que Julie não tirou da mesa.

— Parabéns, filha. — O homem envolve o corpo magro, branco e inerte. — Gostou da festa?

— Por que fez isso?

— Pra animar você um pouco. Eu sei que o ano não está sendo fácil, mas logo tudo se resolve.

— Isso não melhora nada.

— Você pode aproveitar pra se aproximar dos colegas de lar. Tudo vai melhorar se tiver um amigo aqui.

— Pai, o senhor não conhece eles.

— Filha, o que importa é a companhia.

Fabiana dá as costas para os colegas de acolhimento.

— Quer que eu ande na companhia de pervertidos sexuais, filhos de presidiários, miseráveis, crianças que nem sabem quem é o pai?

— Não quer dizer que são más.

— Eu não quero ser um deles.

— Você não é um deles, eu não vou te abandonar.

— Acha que o senhor é o primeiro pai a dizer isso?

— O... quê? — Confuso, o homem busca resposta com a assistente social. — Do que minha filha falando?

— Eles também ouviram promessas, pai. Todos eles! — A face clara se contorce, a dor que acompanham as lágrimas consome sua beleza. — E maioria só vai deixar esse maldito lar quando o governo negar acolhimento.

— Filha, eu vou tirar você daqui assim que possível!

— Então não dê festa e não me peça pra me aproximar dessas pessoas. Me tire daqui! É tudo o que quero. Eu quero esquecer desse pesadelo!

O pés de Fabiana acertam o chão com dureza.

— Filha, não fica assim. — O homem a persegue. — Eu já estou resolvendo isso, no máximo em um mês você volta pra casa.

Eles entram no quarto e, quando a porta se fecha, os acolhidos querem pedir que continuem a brigar na sala. Todos querem descobrir o motivo que levou o homem a perder a guarda da filha. A garota se recusa a falar sobre.

— Muito bem. — Agatha se coloca em evidência. — Que tipo de coisa andaram dizendo pra Fabiana?

A verdade — Imaculada responderia. — Pais mentem — ela diria para Agatha.

Fabiana não voltou para a sala, não comeu o bolo ou apagou a vela. Os embrulhos barato eram roupas. Roupas que não foram compartilhadas. Roupas que Maria não viu a menina usar.

— Não deveríamos estar na rua a essa hora da noite. — José se arrasta atrás do grupo.

— O que irão fazer? — Adriano pergunta ao colega. — Trancar a gente na senzala por algumas horas?

— Isso não é justo, a Bubu nunca fica de castigo. — Julie ri.

— O que vamos fazer? — Julian acompanha os passos de Maria.

A garota se lembra, ela não aprendeu a cantar parabéns por conta do próprio aniversário e, quando as professoras da creche cantaram para ela, Imaculada ficou sem reação. Uma escultura não sacra de olhos assustados.

Maria não sabia que a música também servia para ela.

— Hoje é meu aniversário — ela conta para os outros.

— Ou o dia que colocaram em seu registro. — Julie desdenha. — Quem é que sabe o dia em que você nasceu?

— É a data que tenho.

— Tanto faz, você não tem grana pra comemorar.

As casas passam ao lado. Sonolentos, os moradores não notam os adolescentes na rua: arruaceiros — eles diriam. — Chamem a polícia.

Talvez eles devessem chamar.

— Que se dane. — A lata de refrigerante rola até o meio da rua com o chute de Julian. — Andar pela cidade é melhor que ficar preso na droga do lar.

Os primeiros comércios tomam o lugar das moradias, e a face de Maria está gravada em pelo menos uma câmera de segurança.

Não que isso importe.

— Onde tem bolo? — ela pergunta para os colegas.

— Tem uma padaria perto daqui — Adriano conta. — Minha mãe me levou para comer bolo lá, antes dela morrer.

— O bolo era bom?

— O melhor que eu já comi.

Os comércios daquela rua se encontram fechados, e Adriano aponta para a vitrine iluminada: o bolo solitário repousa sobre o suporte, não como quem foi esquecido, a sobra, e sim como o privilegiado, o rei dos bolos. Quadrado, ele é maior que uma fatia, e menor que os tradicionais; revestido por uma cobertura branca, — buttercream, Maria espera que seja, ela ouviu dizer que é mais gostoso que o glacê — o bolo tem chocolate líquido espalhado sobre a superfície, descendo pelas laterais, e formando um lago doce ao seu redor. A garota gostaria de apanhar os pequenos pedaços de paçoca sujos de chocolate, e os comer de um em um. Degustar, como dizem nos programas de televisão.

Só se degusta comida boa.

— Está indo longe demais, Bubu.

— Estou olhando uma vitrine, José.

— Eu sei o que quer fazer.

A contra gosto, ela encara o outro.

— Sabe também o que eu tenho a perder?

— Oficialmente, você já não é de menor.

— Será que eles vão me dar um pedaço de bolo na cadeia?

Chocolate sem cobertura. Pão de ló. Fubá. Qualquer que seja o sabor, Maria quer se sentir gente. De carne e osso.

Maria não quer ganhar festa de um pai. Ou de uma mãe.

Ela quer se sentir amada.

O barulho de vidro ecoa na rua adormecida. Um pedido de socorro. A falta de conhecimento, de medo ou de dinheiro, fez o dono da loja usar vidro comum; os pedaços caem em uma chuva perigosa; os últimos gritos são dados enquanto eles se espalham pelo chão; entre as lascas translúcida se destacam as tingidas de vermelho, e não é o sangue da vitrine que as colore.

— Corre! — Julian grita longe dali.

Adriano se aproxima do rei dos bolos; as gotas de chocolate escorridas pelas laterais, são tão grossas quanto as escorrem do seu punho ferido.

— Toma, Bubu. — O garoto pega o suporte. — Seu bolo de aniversário.

Maria puxa o colega e o faz se sentar na guia com ela. A face dos dois está gravada em pelo menos uma câmera de segurança.

Não que isso importe.

Rasgado com os dedos, não é assim que se degusta um bolo, Maria aprendeu no programa de televisão que tem o talher certo, um garfo com dentes mais curto e largo que os outros. A garota o usaria para degustar o doce.

O bolo tem gosto de sangue.

O soco do garoto, um grito desespero.

Rasgado com os dedos, Adriano chora ao sentir o gosto do bolo que Maria deposita em sua boca; os ombros tremem e o garoto não tem força para mastigar; o doce se acumula sobre os lábios, as gotas grossas despencam sobre a sua calça, e nem toda vontade detém o descontrole que domina ele.

O bolo não é para Maria.

Ela foi mais uma vez posta de lado.

O bolo é para um menino que sente saudade da falecida mãe.

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