4 semanas depois
19 de Julho

Minhas dores estavam cada vez pior, mas essa semana se superou. Era pior ainda quando sentia dor e faltar de ar, os dois juntos era quase eu vendo a morte.

Eu já tinha entrado no meu nono mês de gravidez, estava tão ansiosa pra ver o rostinho do Kauê.

Já era quatro da tarde, e o dia foi só de contrações, nem pro colégio eu tinha ido.

Fui no banheiro fazer xixi, quando estava abaixando a calcinha senti um líquido escorrer pelo minha perna.

Não, não, não.

Merda, a bolsa estourou.

Fui correndo ligar pro Tiago mas estava dando caixa postal. Tentei ligar pra Bianca e no terceiro toque ela atendeu.

Aline - Alô? Bianca?

Bianca - Oi gostosa, aconteceu algo? Tu quase nunca me liga.

Aline - promete que não vai surtar?

Bianca - sim, pode falar

Aline - Minha bolsa estourou. Acho que o Kauê vai nascer.

Quando eu falei isso só pude escutar os gritos da Bianca. Isso porque ela prometeu não surtar.

Aline - Bianca me esculta, eu preciso ir pro hospital. Eu não posso ficar em casa e eu não estou conseguindo ligar pro Tiago.

Bianca - Tudo bem, espera.

Ela desligou e eu aproveitei pra tomar um banho e vestir um vestidinho soltinho. Coloquei as bolsas maternidade todas em cima da cama pra facilitar.

Não demorou muito e a porta foi aberta pela minha mãe, em seguida meu pai, o Tiago, Alex, Bianca, Carlos e até a Alnice. Eles vinheram até mim as pressas me fazendo sorrir.

-Você tá bem? Tá sentido algo? - Tiago perguntou preocupado

Sorrir ao ver a preocupação de todos ali, parecia que o mundo ia acabar.

-Eu tô bem, gente. Só foi a bolsa que estourou. - falei pra tentar acalmar eles mas minha dor tinha aumentado muito.

-Vamos pro hospital logo - Tiago tentou me pegar no colo mas recusei e fui andando de vagar mesmo

Cheguei no hospital no finazinho da tarde. Fui pra consulta com meu obstetra e lá ele fez o exame de toque e disse que eu estava com 5 cm de dilatação. Tive que tirar toda minha roupa e ficar com roupa hospitalar.

Fui pra uma salinha e lá me colocaram soro na minha veia acompanhada apenas pelo Tiago, porque era o pai e uma infermeira. Ela pediu para que eu fizesse bastante força para que a dilatação aumentasse e assim fiz. Era uma dor orrivel, como tudo dentro de mim tivesse sendo rasgado.

O Tiago segurada minha mão com o semblante preocupado.

E eu pensando que as dores não podiam piorar. Quanto mais força eu fazia mais dor eu sentia e eu estava deitada.

[...]

-Tá doendo muito - falei com as lágrimas descendo pelo meu rosto

-Calma tá, agora vai ser rápido - Tiago me deu um beijo na testa e fazia carinho nos meus cabelos

Eu já tinha feito o enxame de toque e no exato momento eu estava indo em direção a sala de cirurgia.

O obstetra me fez várias perguntas e eu respondia sem nem ter escutado.

Toda a equipe médica estava ali e a todo momento pediam para que eu fizesse muito força, e assim fazia, mesmo sem ter muita força no corpo.

Todo meu corpo já tinha se esgotado mesmo com as lágrimas, as dores e os formigamentos pelo meu corpo eu continuava ali pelo meu filho.

Na minha cabeça tudo se passava em câmera lenta, os médicos falando, meus gritos que ecoavam pela sala, o Tiago sussurrando que eu conseguia, tudo!

Depois de tanta dor eu senti um alívio e um grito fino ecoar pelo sala. Era meu filho que tinha nascido, meu filho. Não pude conter as lágrimas quando o médico trouxe aquele bebê que chorava muito e tinha seu corpo todo sujo de sangue. Olhei pro Tiago e o mesmo já estava se acabando em lágrimas. Nesse momento eu pude saber o que todas as mães sentiam, era uma coisa totalmente enexplicavel. Em algum momento eu tinha achado que meu bebê tinha acabado com minha vida, mas ele era apenas um começo de tudo, já não me via sem meu pequeno bebê, sem a pessoa que conseguiu bater o recorde da pessoa mais amada em poucos segundos. Nesse exato momento eu me sentia a mulher mais realizada em toda a vida. Nunca despreze nada que você nunca conheceu, pos ele pode mudar sua vida pra melhor sem ao menos você esperar.

19 de Julho as 10:58 PM