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j o g o

"Não me olhe assim, fica inevitável não se apaixonar."

— João Paulo Ferreira

***

Acredito que você ainda se lembra que o time de basquete da nossa escola era muito respeitado na cidade. E eu tinha uma teoria a respeito do time. "Todos que entravam para jogar se tornava automaticamente um babaca sem cérebro.

Confesso que não queria você se tornasse esse tipo de pessoa. Meu Bruno, não se tornaria esse tipo de pessoa.

Justo no seu primeiro dia de aula teria um jogo de abertura durante a noite para campeonato da liga esportiva da escola e no dia seguinte teriam o tão esperado teste.

No meio das aulas, anunciaram, nos altos falantes, que a lista de inscrição estava nos corredores, só esperando jovens sonhadores como você. E bem, você rapidamente escreveu seu nome e, consequentemente, durante o recreio você já estava cheio de amigos e atraindo olhares de diversas meninas.

E pela primeira vez eu vi um lado ruim seu.

Você era extremamente convencido.

Seu jeito ao falar com aquelas garotas na mesa e seu jeito de falar com os caras do time de basquete que sentavam na sua frente denunciavam o que em breve você ia se tornar.

- É, você tinha razão. Ele é um metido. - disse Melissa enquanto roubava uma batata frita do meu prato.

- Eu te disse, nunca erro.

Ainda não tenho certeza dessa minha frase que eu disse para Melissa nesse dia, "Eu nunca erro" era uma completa farsa. Eu errei tantas vezes antes e depois de você que perdi a conta.

Acho que sempre menti para Melissa, assim como ela mentiu pra mim naquela noite que você sabe bem qual é.

Bom, a noite teria o jogo e você iria e mesmo eu nunca gostando de basquete eu também iria juntamente com Melissa.

Eu acho que durante aquele tempo ela já era caidinha por você, já que a mesma também odeia basquete, mas topou me acompanhar.

Então chegando à noite eu já comecei a me arrumar, ou tentei.

Tudo que eu vestia parecia feio no meu corpo e quando não ficava feio, a blusa estava suja. Minhas mãos suaram frias durante todo o momento.

Eu me sentia bobo por ficar nervoso só pelo fato de você está lá. É como se eu estivesse indo para um encontro, sendo que nem marcamos nada, era apenas uma hipótese de podermos conversar hoje e só de pensar nisso meu estômago embrulhava.

Acho que eu já pressentia que algo iria acontecer.

Depois de retirar mais uma blusa e vestir a que estava em cima da cama eu subitamente olhei para a janela, sem intenção de te procurar ou de espionar o que estava fazendo. Na verdade eu nem esperava que você estivesse lá, porém, você estava lá.

Me olhando.

E eu sustentei seu olhar sem desviar um milímetro sequer.

Você estava me olhando.

Olhando para mim.

E eu ainda não acredito que isso foi real.

Aquilo me pegou com tanta surpresa que simplesmente não tive coragem de sair dali e te deixar só.

Você vestia uma blusa cinza e uma calça jeans escura e seus olhos estavam brilhando como duas safiras recém polidas e hoje sei o que você estava fazendo naquele momento.

Bruno, você estava me invadindo, mergulhando em tudo que havia dentro de mim e bagunçando ainda mais meu caos. E eu tinha o poder de acabar com aquilo, mas não quis.

Pude perceber, por uma fração de segundos, um leve sorriso surgir no canto da sua boca e permanecer ali enquanto você caminhava até a porta e saia do quarto.

E com aquele sorriso todo meu mundo capotou e voltou ao lugar repetidas vezes. Eu senti algo dentro do meu peito explodido e me transbordado e me afundando em alegria, eu queria extravasar tudo isso.

Eu juro que naquele instante eu não parava te pensar em uma coisa.

"Você me viu sem camisa."

Parece bobo, eu sei. Mas isso que irei te contar agora você não sabia sobre mim. Eu estava com anorexia e pesava apenas 53 quilos e cada dia ia diminuindo.

Eu era somente pele cobrindo ossos.

Desde então, ninguém me viu sem camisa, deixei de ir pra clubes e deixei de banhar nos vestiários da escola, nem mesmo meus pais me viam sem camisa, mas provavelmente você me viu e eu não sei explicar o que aquilo teve em mim.

Fiquei com vergonha no início, depois medo e no fim eu estava totalmente arrasado. Pensando até mesmo de desistir de ir ao jogo. Mas quando eu ouvi Melissa buzinando na porta da minha casa, e lembrei do seu olhar eu decidi ir para esse maldito jogo.

Sabe, eu sinceramente queria ter algumas respostas de você, saber o que acharia de tudo isso e ver seu ponto de vista. Mas fazer o que? Isso é o que chamamos de vida, apenas me acostumei com a falta de respostas.

Acho que eu já devo ter te dito que não faço o tipo de pessoa social, por isso naquele jogo eu havia levado um livro para eu ler enquanto aqueles loucos corriam atrás de uma bola e a plateia ia à loucura com cada ponto marcado.

Quando eu e Melissa chegamos você já estava lá, sentado na primeira arquibancada meio sozinho, mas já haviam garotas do seu lado e eu logo me senti constrangindo com aquela cena, me sentindo a pessoa mais idiota do mundo.

Por isso puxei Melissa para a última arquibancada da quadra segurando meu livro com a outra mão. E o jogo deu início.

Lembro-me que a barulheira era enorme e era quase impossível entender o que estava nas paginas, mas consegui pelo menos ler duas linhas antes de ser interrompido.

À luz que iluminava minha página havia desaparecido e eu jurava que era algum dos babacas que implicavam comigo, por isso quando ergui a cabeça estava fervendo de raiva.

Mas era você.

E à luz do porte ficou atras da sua nuca criando uma áurea ao seu redor me fazendo arrepiar em todos os lugares. Quando encontrei seu olhos você sorriu abertamente mostrando os dentes e pela primeira vez eu senti um sorriso escapar dos meus lábios sem que eu pudesse evitar. Meu coração parecia suspirar ao te ver.

- Oi vizinho.

Essas palavras saindo de sua boca era tão lindas que se tornariam minhas palavras favoritas.

Eu não respondi de imediato, pois não acreditava naquilo, eu podia jurar que você estava falando com Melissa, mas quando a mesma me cutucou eu sabia que era comigo.

- Ah o-oi. - eu disse nervoso. - Eu tava distraído com seu olh-livro.

Sim, eu me tornava um pateta quando você falava com comigo. Mas isso melhorou com o passar dos tempos, entretanto, naquele momento eu era a personificação da timidez.

Você pôs as mãos no bolso da sua calça de uma maneira casualmente linda, fazendo com que algo dentro de mim se movesse involuntariamente. Por um minuto achei que você era o tímido nessa história toda.

- Posso me sentar aqui com vocês? Lá de baixo é horrível pra ver.

Você era um grande mentiroso Bruno Martins.

Sabe o que descobri depois vários testes de arquibancadas que fiz anos depois?

Bem, eu descobri que lá embaixo era um dos melhores lugares.

Por isso te pergunto Bruno.

Por que você foi até onde a gente?

- Claro que sim. - respondeu Melissa se afastando para o lado e você se sentou no meio de nos dois. - Veio sozinho?

- Meio que sim. - você sorriu novamente. - Me mudei faz uns três dias, conheço quase ninguém na verdade.

- Ah então deixa eu me apresentar. Me chamo Melissa.

Ela lhe estendeu a mão sem parar de sorrir e você apertou firmemente dando balançadas para cima e para baixo.

- Sou Bruno.

Depois vocês dois se viraram para mim e me encararam.

Eu fiquei sem entender por um momento o que vocês queriam de mim, mas no fim notei que eu tinha que me apresentar.

- Sou Henrique, mas pode me chamar de Henry, todos me chamam assim.

- Okay Henrique. - você apertou minha mão.

E "boom" sua pele tocou a minha e foi quente na mesma intensidade que foi rápido.

Sim eu fiquei sem entender o que acabara de acontecer, mas continuei fingindo que tudo estava normal e ignorando o fato que você havia tocado minha mão e que algo no meu calção havia subido e que minha cabeça havia explodido.

Eu sei agora que foi por mera educação, mas você não pode diminuir os sentimentos de um jovem bobo apaixonado.

Depois das nossas apresentações vocês continuaram a assistir o jogo enquanto eu continuei lendo sem conseguir ler afinal. Seu joelho esquerdo vez ou outra tocava o meu e me faziam perder a concentração.

Eu ouvi gritos e soube que o time da nossa escola tinha feito um ponto e virou o placar, todos estavam pulando menos eu e você, Bruno.

Seus olhos estavam voltados para as páginas abertas do meu livro e você parecia curioso.

- Que livro é esse? Parece meio familiar, como se fosse do...

- Meu pai. - digo

- Você pegou um livro do seu pai?

- N-Não - por algum motivo sorri e gaguejei ao mesmo tempo. - Ele escreveu.

- Uau, que irado. Deve ser muita massa ter um pai escritor, são sempre tão...

- Inteligentes?

- Isso. Muito inteligentes. Com aquele ar filosófico.

Eu até abri a boca para continuarmos a conversa sobre meu pai, mas o nosso time fez outro ponto e você se levantou e gritou junto com os demais enquanto eu te encarava berrar eufórico e o seu cabelo voar delicadamente para a esquerda por causa do vento.

Que bela cena.

Quando você se sentou novamente, você olhou para mim com aqueles olhos enormes, parecia que estava fascinado por alguma coisa ou alguém.

Depois de alguns minutos o celular da Melissa tocou.

- Pois tá mãe, tudo bem. - ela desligou e se voltou para a gente. - Henry eu vou ter que ir agora, você quer uma carona? Minha mãe vai precisar do carro pra sair com as amigas, acredita?

- Isso é a cara da sua mãe Melissa. - sorrimos juntos, menos Bruno que parecia concentrado no jogo. - Relaxa eu vou ficar até o final e vou a pé.

- Pode ser perigoso, não quero meu baby correndo perigo. - ela adorava fazer voz aguda para parecer fofa.

- Não... - tentei falar mais fui interrompido por você.

- Não tem com o que se preocupar, eu vou de pé com ele. - Você pôs a mão esquerda na minha bochecha e a apertou como se eu fosse uma criança, enquanto sorria para Melissa. - Eu cuido do seu baby.

Sinceramente eu não sei de onde você tirou tamanha intimidade para fazer tal coisa, nós tínhamos acabado de nos conhecer e você tocou meu rosto e fazia brincadeiras como se fossemos velhos conhecidos.

Eu devia ter me incomodado, mas eu apenas me assustei com seu toque repentino e acho que você percebeu isso. Logo em seguida tirou as mãos da minha bochecha e continuou sorrindo para ela.

- Tudo bem. Sei que ele tá em ótimas mãos. - ela disse e eu podia jurar que pela tonalidade que ela fazia, parecia que falava no duplo sentido.

Melissa se levantou e te abraçou de forma demorada, depois foi até mim e fez o mesmo.

- Sortudo. - sussurrou ela no meu ouvido.

Sim eu era sortudo e azarado ao mesmo tempo.

Eu inevitavelmente sorri com aquele comentário. E quando ela saiu você se afastou um pouco, ocupando o lugar dela e continuamos ali até tudo acabar e nos dois iniciarmos nosso trajeto a pé.

Meu plano de falar com você - que não era exatamente um plano - havia dado certo.

Mas agora do que iríamos falar no caminho?

Eu pensei em diversos assuntos durante todo o restante do jogo, mas achava que todos eles podiam te entediar.

Então raciocinei.

Você se enturmava rápido, certo?

Com certeza arrumaria algum assunto para conversarmos durante o caminho, então eu só deveria esperar. E foi isso que eu fiz durante boa parte do trajeto e para minha surpresa.

Você não falou absolutamente NADA.

Eu fiquei me perguntando o que havia acontecido com você.

Porque estava tão travado?

Nós andávamos lado a lado, você com as mãos no bolso e eu com o livro enfiado na cara. E permanecemos em um silêncio constrangedor.

Até que ao virarmos a esquina da escola e você me fez uma pergunta.

Se lembra?

Bom, deixa eu refrescar sua memória.

Você me perguntou que...

- ...Que tipo de livro seu pai escreve?

Eu desviei os olhos da página e agradeci a Deus por finalmente você ter falado alguma coisa.

- Ainda tô tentando decifrar, ele me disse que era pra eu descobrir. Mas parece romance, só que algumas partes tem suspense. Então tá complicado - sorri sem olhar para seus olhos.

Escutei seu sorriso e eu fiquei contente por alguma razão.

- Entããão... qual a sinopse do livro afinal?

- A-Assim, a história é basicamente... Um garoto que vai pra uma  faculdade - dei início a uma série de balançar de mãos enquanto te explicava, isso é uma mania que tenho até hoje. Não conseguia ficar parado. - Começa a gostar de uma garota altamente perturbada que parece gostar dele também, só que... Ele tá tentando decifrar ela primeiro antes de ir se declarar pra ela.

- Ele não devia fazer isso.

Eu me lembro de ter feito uma careta confusa para você e como resposta você sorriu.

- Quem não devia fazer o que?

- O protagonista... - você me respondeu enquanto olhava a calçada. - Não devia tentar decifrar a garota, vai acabar estragando tudo.

Sabe Bruno, você devia ter seguido seu próprio conselho e eu também.

- Certo. - eu respondi sem entender de fato aonde você quis chegar, mas parecia a coisa certa a se dizer naquela hora.

Depois disso, ficamos em silêncio por alguns segundos até que você o rompeu. Você primeiro fez um biquinho engraçado enquanto chutava um pedrinha da calçada, ainda hoje sorrio daquela sua carinha

- Parece interessante.

- Se você achou interessante eu te contando, você devia ler. Isso aqui tá incrível, eu não digo isso porque foi meu pai quem escreveu. É que...

- Relaxa. Eu acredito em você.

E bem ali eu parei de falar e de respirar e subitamente você também parou de caminhar. Estávamos na frente da sua casa já.

- Quando terminar de ler pode me emprestar?

- Claro. - falei apressado e você sorriu.

- Até amanhã, nos vemos no almoço.

Você deu batidinhas no meu ombro esquerdo e rapidamente se mandou.

E ali eu percebi uma coisa.

Você conseguia fazer tudo parecer tão casual Bruno, tudo parecia tão simples e natural, que me deixava com um pouquinho de inveja.

Na minha cabeça se eu fizesse isso com algum garoto, as pessoas achariam que eu estava dando em cima delas, que eu as desejava, mas com você não.

Não parecia que você tinha segundas intenções, era só... Você.

Depois que você entrou em casa eu corri para a minha e entrei em meu quarto e li aquele livro o mais rápido possível, pois amanhã já iria ter um motivo para conversar novamente com você.

E na madrugada resolvi escrever um poema no qual você nunca leria. Mas estaria ali guardado para mim, lembrando-me do primeiro dia que conversamos.

Eu não devia pedir desculpas por ser tão tolo, mas eu peço.

Sinto muito por me iludir em relação a você.

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