Capítulo 9 - Bicho-papão
Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher.
Lá em casa, mãe e pai não se metem em briga de irmãos;
Irmão tem dessas coisas: empurrar, beliscar, morder.
A graça é que é coisa de momento, tudo vira risada depois.
Ela é a mais nova, mimada e dona encrenca.
Não dividia as coisas por nada e a mãe passava a mão na cabeça.
- Menina, deixa que ela é pequena.
- Pode até ser pequena, mas não é boba não. Sabe muito bem o que faz!
Eu dizia.
Certo dia, depois de uma confusão horrível, depois de tapas e xingamentos a mãe prometeu que Deus iria castigar.
Cresci com esse negócio na cabeça, que Deus não tá, o diabo é que tá.
Dormir de mal com o irmão atraia coisa ruim e eu nem ligava, fingia que era mentira.
Depois da briga, fui batendo os pés para meu quarto. A gente dormia junto, mas esse dia eu queria dormir sozinha.
Apaguei as luzes e fiquei resmungando baixinho o quanto ela era nojenta até que ouvi passos no quarto.
Passos pesados e arrastados.
Que frio na espinha!
Cadê a coragem de gritar?!
Falei baixinho:
- Carol, é você?
Os passos pararam.
Agora um pouco mais alto:
- Carol é você?!
Os passos pararam ao lado da cama, já estava imaginando o que iria ver quando tirasse o lençol que cobria minha cabeça. Aquela sensação que tava perto...
Ai eu gritei:
- CAROL É VOCÊ????
Carol chegou como uma louca abrindo a porta e atrás dela minha mãe desesperada por causa do grito.
- O QUE FOI GAROTA?
Ela ainda estava brava
Fui lá e dei um abraço nela, que eu tava arrependida da briga que era pra ela ir dormir comigo.
Na cabeça, só tinha: Obrigada meu Deus, que eu não tranquei com chave!
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