Vamos conversar?Você tinha planos, sonhos, expectativas, desejos por realizar. Tudo corria aparentemente bem até que de repente algo dá errado: um imprevisto, um esquecimento, uma má notícia, uma reviravolta de qualquer tipo... enfim, você toma uma verdadeira rasteira da vida!Todos nós já vivemos algo assim em determinado momento das nossas histórias, não é mesmo?É com os tropeços que aprendemos a levantar. É com as quedas que adquirimos experiência. É com as lições da vida, muitas vezes duras de digerir, que passamos a prestar mais atenção no nosso caminho, a entender qual deve ser o andar e como devemos recuperar o equilíbrio.Mas, é evidente que cada um de nós lida de uma maneira diferente frente a esses desafios de adaptação. Percebemos que existem pessoas que, quando tomam uma rasteira, ficam lá, verdadeiramente estateladas no chão, em choque, não conseguem reagir. Às vezes demoram muito tempo para conseguir esboçar qualquer reação. Por anos eu tenho sido a garota finge, e olha, eu sou excelente em fingir. Estou andando tanto em um mundo de fantasia que é até mesmo comum escutar de mim frases como, oi, eu sou a Ana, porque afinal, é tão mais simples a vida de um personagem.Por tempos eu venho fingindo que eu estou bem, que não há nada de errado, até que a vida veio tentar me obrigar a parar com isso, e me deu uma rasteira.Não é a primeira, mas essa foi tão forte que eu simplesmente perdi o chão, o meu controle, ainda que inúmeras vezes fajuto e repleto de organização, a vida veio e deu um chute no meu traseiro e eu pirei.Atrás de tantas e tantas verdades absolutas e maturidade fajuta que venho me escondendo sabe que existe alguém que não tem nenhuma ideia de como conseguir resolver tudo? Alguém tão enterrada em suas próprias necessidades egoístas que o seu próprio viver não tem significado e nem mesmo significância, uma garota que está sozinha, mesmo na multidão, ela continua sozinha, porque todas as vezes que alguém se aproxima ela finge, mas é tão falso que ela mesma acredita.E continua, pois é preciso nunca deixar que notem suas rachaduras, ela foi ensinada a vencer, ela foi moldada a não cair,mas ela está estilhaçada, gritando por socorro há tanto e tanto tempo! O seu primeiro sinal, a entrega total ao trabalho, nada lhe dá mais prazer do que o trabalho, e no mundo da fantasia, as que escreve e as que vive nos olhos dos outros, nada dá mais prazer. No mundo inventado, a dor não faz tão mal, nada na fantasia a pode ferir.Ela precisa tanto daquilo, é no que realmente consegue ser bem sucedida, ou sentir-se bem sucedida, o trabalho evita que comprometa sua própria existência, esse trabalho é aquilo que não a permite desistir, é o que a cada dia lhe salva mais um dia de vida.Mas a menina está se perdendo, depois da má, da maldita e malvada noticia, nem mesmo o trabalho lhe faz companhia, ela agoniza e pede ajuda, mas por conta de sua necessidade de ter forças no trabalho perdeu amigos, por culpa de sempre posar de senhora da razão, dona da verdade, manter seu ar professoral, ela se encontra sozinha.Todos a abandonaram, porque ela os abandonou primeiro.ela enviou um único ponto para todos aqueles que importavam a ela, mas não teve retorno, de nenhum.Ela não tem casa, foi negada pela família. Apenas uma única pessoa resta, mas pouco vai durar, e logo realmente sozinha no físico essa garota vai estar.Ela fez isso. Ela é a culpada. Irônico que estando sozinha o cano do revólver de segurança seja tão tentador.Tudo isso porque ela apenas queria alguém com quem conversar, mas não vai dar, todos estão ocupado demais para quererem essa vida salvar. Talvez realmente seja uma arma de segurança e o mundo precisa estar seguro dela.

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Obrigada querida amiga @blackthorrn que foi imprescindível para que eu fizesse essa confissão.