C A P Í T U L O 2
ANTES DA DESTRUIÇÃO
A aula de literatura certamente era a mais esperada durante toda a semana por mim, o senhor Turner havia passado a leitura de um clássico Romeu e Julieta de William Shakespeare, e debateríamos na aula de agora.
Estava sentada na primeira fileira, escutando dizer sobre o ano em que a obra foi escrita entre 1591 a 1596, um dos primeiros livros do autor, o que na minha opinião deixava tudo mais atraente. Um romance revolucionário, onde um jovem casal preferiria morrer do que viver sem o amor um do outro.
Cada trecho que lia do livro me perdia nas palavras e principalmente viajava para as cartas de amor escritos por meus avós, ela havia me entregue quando tinha oito anos, e logo em seguida depois de dois anos, faleceu, meu avô morreu antes, de infarto fulminante, um ano antes dela partir.
O professor foi interrompido por um aluno, quando olhei para vê-lo, um choque instantâneo passou por todo meu corpo, os seus olhos azuis vibrantes pousados sobre mim, me observando por completo. Senti minhas bochechas queimarem pela vergonha, e a tensão aumentou. Ele estava de volta a Detroit, durante todos esses anos jamais fui capaz de esquecer do meu amigo que veio do Canadá, as expressões de seu rosto estavam mais maduras e atraentes conforme a sua idade, mas quase não havia mudado, os cabelos castanhos em um corte militar, mas com pequenos cachos ainda a mostra, o corpo agora era levemente definido, a pele branca exatamente como me lembrava.
Ele se sentou, e então o senhor Turner deu início ao debate.
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A raiva estava me fazendo querer berrar, porém me segurei até o último segundo quando tocou o sinal de término da aula, corri desesperada para o banheiro. Nunca havia sentido tanta ira durante toda a minha vida, ele não era assim, pelo menos não quando éramos crianças, sempre dizia repetidas vezes que amava a sua família e especialmente no momento em que se despediu de mim para voltar ao Canadá, ele disse que me amava e que sempre seria a melhor amiga dele, guardei aquelas palavras, nunca houve outro melhor amigo para mim, sempre foi ele, mesmo estando a quilômetros de distância e sem contato algum. Mas vê-lo daquela forma dizendo que o amor era apenas uma ilusão, era devastador.
Encarei meu rosto vermelho no espelho, abri a torneira e joguei repetidas vezes água na face.
— Sofi? — Gabbie indagou surpresa.
Virei encarando minha amiga.
— Oi, Gabbie. — respondi controlando minha voz para não soar grossa.
— Aconteceu alguma? — aproximou-se de mim.
— Ele está de volta, e tão mudado. — segurei o choro.
— Quem?
— Noah Carter. — respondi sentindo um frio na barriga.
— Pensei que ainda estava no Canadá, você não fala sobre ele a meses. — me abraçou de lado. — Ele fez alguma coisa? Não se lembra de você?
— Não sei se lembra de mim, mas ele não é mais o mesmo. O garoto dócil e tão simpático agora se transformou em um adolescente que acha que o amor é uma mentira. — senti um amargo na minha boca.
— Não fique assim! As pessoas mudam de pensamento o tempo todo, talvez ele precise apenas de alguém que o faça conhecer o amor. — aconselhou e apertou ainda mais o abraço.
Aquelas palavras não foram convincentes, e toda a fúria anterior voltou com uma força maior, senti meu sangue borbulhar.
— Não quero ter mais contato com ele, não somos mais crianças, não precisamos ser mais amigos.
Estava decidido, ele não faria mais parte da minha, porque Noah Carter não era mais o garoto que um dia foi meu melhor amigo.
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