O desespero de Olívia foi súbito, jamais havia sentido tamanho desespero, mas seus olhos não se faziam capazes de parar de fitar aquela face cheia de ódio , com os olhos negros e bufando feito um animal, que era a figura de seu marido em um choque mais completo que os deles.
—Sua desgraçada – gritou Lionel a agarrando pelo braço, próximo ao cotovelo com força e a puxando para longe daquele homem.
Aquele puxão fez com que os pés de Olívia se emaranhassem e desequilibrassem, fazendo com que seu corpo rapidamente fosse jogado sobre o gramado.
—Olívia – gritou Juan, buscando ir ao socorro da amada
—Perto dela você não chega – gritou furiosamente Lionel , levando seu punho cerrado de encontro com a face de seu rival .
O corpo de Juan cambaleou para trás, logo indo parar no chão, Lionel sem hesitar pulou sobre o rival, lhe proferindo inúmeros socos em uma velocidade que parecia impossível para qualquer ser humano, até a pouco tempo enfermo.
—Lionel —gritou desesperada, buscando detê—lo, enquanto tentava se por em pé – Lionel – gritou novamente apenas acompanhando com os olhos aquela insana agressão .
—Olívia – gritou uma voz masculina que parecia paralela a toda aquela realidade , mas uma voz conhecida.
Em prantos com lágrimas escorrendo por sua face, com os músculos frágeis, como se não fosse capaz de se pôr em pé, como se alguma punição do universo apenas a obrigasse assistir o resultado de suas mentiras .
Subitamente cerrou suas pálpebras, em um movimento ligeiro, contudo assim que voltou a abrir seus olhos encontrou uma claridade insuportável , logo fitando Lionel parado ao seu lado, com uma expressão de preocupação bem acentuada.
—Lionel – suspirou sentando—se, fitando o ambiente ao seu redor
Aliviada constatou que estava em seu quarto , que estava sobre sua cama, que aquela maldita realidade havia sido falsa, que aquela mensagem nunca havia chegado e felizmente não havia chegado o momento de enfrentamento de Lionel e Juan .
Pode sentir sua face úmida e um soluçar escapar de seus lábios, indicando que os efeitos daquele sonho haviam sido reais , incredulamente abaixou seu olhar, fitando a camisa xadrez que Lionel já trazia em seu corpo, confusa subiu seu olhar encontrando aqueles olhos tomados por uma preocupação que quase chegava a um pânico.
—Está bem? –indagou em um suspiro de preocupação .
Olívia apenas sentiu suas forças desabarem, juntamente com inúmeras lágrimas que escorriam copiosamente de suas glândulas lacrimais, molhando sua face ; em um movimento suave com a cabeça a balançou negativamente , abriu seus braços e envolveu com força o pescoço de Lionel .
Em um movimento temerário e incompreensivo, pois não compreendia o que se passava, Lionel envolveu a cintura de sua esposa em seus braços, levando sua mão direta até as madeixas dela, buscando consola—la e que aquele choro isentasse cessasse .
Perdida naqueles braços aconchegantes , que naquele momento se assemelharam a um porto seguro, um lugar sem tormentas, onde os males permaneciam distantes , Olívia chorou, chorou tudo que não havia chorado desde a confusão que se fez sua vida, chorou lágrimas que pareciam sair de seu peito, pois quanto mais escorriam por sua face, mais sentia—se aliviada.
Chorava por Juan, por tudo que aconteceu com ele, pelas desgraças que haviam acometido sua vida, pela impossibilidade de estar com ele, mas chorava também por Lionel , seu adorável marido que mesmo sendo cruel estava ali por ela, estava ali para ela , porque a amava, do jeito insano dele a amava .
Quando sentiu que seus olhos ardiam, que apenas soluços escapavam por seus lábios , chegou a constatação que não seria capaz de derramar mais uma lágrima se quer, lágrimas que derramou por longos minutos, minutos que não deu importância por perde em seu dia, lagrimas que escaparam devido a segurança que aqueles braços começavam a representar.
—Mais calma ? – indagou Lionel , abaixando um de seus braços e dando espaço para seus olhos fitarem aquela cabeça que já encontrava—se apoiada em seu peito .
Olívia buscou proferir algo, mais seus lábios apenas foram capazes de proferir um murmúrio incompreensível até para seus próprios ouvidos, necessitando gesticular positivamente com a cabeça.
—Por que está chorando? – indagou preocupado, pousando as costas de sua mão delicadamente sobre a face dela – O que te aflige ? – indagou em um tom sincero, como a última esperança de trazer aquela paz.
—Nada—sussurrou roucamente , com o olhar baixo .
Aquela resposta fez com que Lionel proferisse um longo suspiro, pois estava cansado daquela mudança de sua esposa, mudanças súbitas que começavam confundi—lo , que tornava incompreensiva aquela realidade .
Lentamente , um pouco frustrado com aquela resposta, Olmo recolheu seus braços, se pondo em pé, enquanto seus braços deslizavam por aquele pequeno corpo , o pequeno corpo de sua esposa.
Aquele súbito desvencilhamento causou um desespero em Olívia, pois necessitava de Lionel , daquele homem sã, tranquilo, atencioso e não o insano de seu sonhos, não suportaria se Lionel a fitasse com aquele olhar negro de repulsa, não suportaria, mas necessitava ter a prova, necessitava que seus lábios comparassem aquelas sensações, mesmo uma sendo falsa, mas uma falsa que teve um linha muito tênue com a realidade e os efeitos em seu corpo eram prova disso.
—Não –pestanejou em um murmúrio agarrando a mão dele e o puxando, fazendo sentar novamente – Por favor Lionel – murmurou deslizando suas mãos pelos bíceps dele até o tronco – Imploro , fica – pediu , sentindo a respiração quente daquele homem bater em sua face devido a proximidade.
Seus olhos prontamente alcançarem aqueles lábios vermelhos, lábios que eram seu objetivo de desejo naquela manhã, necessitava saber o que sentiria ao selar aqueles lábios, necessitava compreender se algo havia mudado com o retorno de Juan, se também sentiria a mesma culpa que sentiu naquele sonho, apenas necessitava daqueles lábios.
Lentamente seus olhos alcançaram aquelas íris verdes, que a fitavam com uma enorme confusão, mas com o corpo estático, era visível a incompreensão de Lionel com a súbita atitude dela .
—Por favor – suplicou em um sussurro, a poucos centímetros de seu objetivo, que eram os lábios de seu marido .
Os olhos de Lionel se fixaram naqueles perfeitos olhos castanhos, que o fitavam ternamente, com suplica e necessidade o confundindo por completo, não compreendia mais aquela mulher .
—Você está me confundido – confessou em um sussurro – Como pode mudar tão rápido de ideia , de atitude – sussurrou confuso .
—Porque você faz isso comigo – confessou , levando sua mão direta até a face de Lionel e a deslizando por sua áspera face, até a região atrás de sua orelha próximo a nuca .
Os olhos sedentos de Lionel fitaram aqueles lábios pálidos, mas perfeitos, maravilhosos, sua tentação , seu vicio, pois somente havia conhecido desejo naqueles lábios, um incontrolável desejo que somente aquela mulher despertava.
Cautelosamente, em um movimento impetuoso de sua cabeça, selou rapidamente aqueles lábios, obrigando suas pálpebras se cerrarem, somente voltando a abri—las quando terminou aquele breve, mas significativo ato que foi correspondido.
Olívia abriu seus olhos assim que sentiu aqueles doces e quentes lábios se afastarem dos seus, incrivelmente não havia sentido culpa, ao contrario, havia sentindo algo bom, reconfortante , algo que apenas aumentou sua necessidade.
Impetuosamente deslizou sua mão até a nuca dele, a pousando entre uma parte com pele e cabelo, empurrou a cabeça de Lionel , prontamente selando aqueles lábios que tanto necessitava, logo dando abertura para que aquela língua invadisse sua boca e aquele hálito de menta fosse compartilhado .
As mãos de Lionel delicadamente caminharam pela cintura de sua esposa, pressionando seus dedos com força contra aquela pele, evidenciando a necessidade e desejo que sentia por aquela representante do sexo oposto.
Suas línguas encontravam—se emaranhadas, em um beijo sem muito movimentar de cabeça, mas algo perfeito, uma sincronia ideal, onde culpa alguma surgiu do interior de Olívia, não sentia culpa ao selar os lábios de seu marido, aquilo era assustadoramente reconfortante .
Sem muita vontade, os lábios de ambos se desvencilharam, mas suas testas permaneceram coladas, lentamente ambos abriram suas pálpebras, possibilitando encontrar aqueles olhos castanhos e Olívias os olhos verdes de seu marido .
—Lionel eu ....—murmurou deslizando sua mão sobre a face dele e acariciando com seu polegar a áspera face de seu marido.
Malditamente sua frase não pode ser completada, pois o sonoro som do telefone tocando reverberou pelo quarto, algo que prontamente gerou uma expressão de desgosto na face de ambos que se fitaram e proferiram um longo suspiro, praticamente juntos.
—Necessito atender – murmuro Lionel , se desvencilhando dos braços de sua esposa.
Rapidamente ele alcançou o aparelho sobre a base no lado oposto da cama, assim que envolveu o aparelho entre seus dedos o atendeu .
—Alô – proferiu firmemente
Olívia apenas o fitou, pouco deu ouvidos a aquela conversação de negócios, lentamente levantou—se, calçando seus chinelos de pano, caminhou até o pequeno sofá, logo agarrando seu robe , o trajando habilmente , pode ouvir Lionel se despedir da pessoa com quem falava em um tom muito formal.
—Era da construtora – informou em um suspiro –Necessito ir – anunciou observando sua esposa voltar—se de frente a ele .
—Hoje você tem médico – recordou, gesticulando com a mão, se dando conta pela primeira vez naquela manhã que seu marido não trazia a tipoia que tanto o incomodava.
—Eu sei – afirmou – Assim que sair da construtora irei ao hospital para tirar os pontos – confirmou o que deveria fazer no fim daquele dia .
As palavras se esvaíram naquele momento, Lionel apenas proferiu um longo suspiro, enquanto Olívia o fitou ternamente e com certa culpa por engana—lo daquela forma, mas sabia que aquele não era o melhor momento para contar a verdade a Lionel , muito menos enquanto seus sonhos ainda a atormentavam .
Soltando tranquilamente o ar, os lábios de Lionel esboçaram um suave sorriso , como um singelo ato de despedida, enquanto seus pés lentamente se movimentaram sobre o revestimento de madeira do piso .
—Lionel – o deteve, fazendo voltar a fita—la
—Sim – respondeu prontamente
—Ontem – murmurou , se preparando para iniciar sua mentira – Minha tia falou que a Lúcia , governanta do meu pai – completou buscando seu persuasiva e verdadeira – Está perdida com alguns assuntos sobre a casa que somente meu pai poderia resolver – revelou meio encabulada , pois estava se tornando impossível dissimular perante aquele homem – Sendo assim ela pediu para mim ir até lá resolver – completou em um pedido, sem ser explicito .
—Você quer ir lá? –indagou buscando compreender aquela história
—Sim – respondeu prontamente, ansiosa por uma permissão.
—Tudo bem – murmuro – O motorista estará a sua disposição a hora que necessite – afirmou em um tom suave – Algo mais ? – indagou
—Não – respondeu, com um meio sorriso de agradecimento – Obrigado—completou o que seus lábios buscavam demonstrar.
—De nada – respondeu educadamente
Tranquilamente Lionel esboçou um forçado sorriso, inspirando profundamente o ar, apenas lançou um meio sorriso a Olívia, logo lhe dando as costas e passando pela porta, sem proferir uma palavra a mais.
Rapidamente Olívia caminhou até o pequeno criado mudo ao lado da cama, agarrando seu aparelho telefônico entre seus dedos, mandando uma mensagem breve sobre o local onde seria o encontro dela com Juan.
Sentia—se mal por mentir a Lionel , mas sabia que o curto tempo entre a descoberta sobre Juan e o momento dela contar a verdade estavam se tornando mais próximos, uma verdade que ela sabia que necessitaria contar muito em breve ao seu marido a menos que tivesse a sorte de que o destino se encarregasse e desse uma resolução para aquele maldito impasse.
O encontro seria no meio da tarde, ela tinha a esperança de por fim sair daquela maldita encruzilhada que a vida havia lhe posto, um destino com dois caminhos, dois caminhos distintos um caminho que representava os sagrados laços matrimoniais e outro que representava o verdadeiro amor, se fazia tão difícil eleger um, pois malditamente, pensava como uma egoísta que necessitava dos dois homens em sua vida, ambos se completavam em seu interior, ambos supriam suas necessidades, mas sabia que seria insano alimentar e se quer cogitar aquela possibilidade.
Rapidamente correu ao banheiro , se presenteando com uma longa ducha, sua cabeça estava confusa, sentia—se mal por sentir certo contentamento com o fato de encontrar Juan, todavia algo raro passava em seu interior, mesmo sentindo—se como uma adolescente, sentia a estranha sensação que um encanto havia se quebrado, o encanto do amor verdadeiro, aqueles sonhos de menina haviam se quebrado em seu interior , um sensação que a fez recordar da noite em que Lionel a acusara de fugir .
Fechando seus olhos , sentindo a agua quente escorrer por seu corpo voltou a recordar daquela noite, dos seus sentimentos de sua semelhante confusão, infelizmente sua conclusão havia sido a mesma, seus pensamentos malditamente eram os mesmo daquela noite, pensamentos que a faziam se punir por querer encontrar Juan, pelo simples fato que não era mais dele.
Não havia cambiado de decisão tão rapidamente, apenas havia esquecido aquela lembrança, apenas havia deixado escapar entre seus dedos aquela certeza, uma certeza que o beijo de Lionel reconfirmara , era a Lionel a quem ela pertencia, somente a ele e ninguém mais, malditamente , desgraciadamente não era mais Juan o dono de seu corpo , era Lionel , seu marido, um homem que havia tornado mulher, lhe apresentado prazeres e mudado sua vida de uma maneira radical .
Era perturbadoramente incrível como uma lembrança poderia mudar tudo, exatamente como aquela recordação estava fazendo, esvaindo com qualquer sentimento de alegria para com Juan, o tornando em uma completa e absoluta culpa .
Com lágrimas escorrendo por sua face, algo que pouco sentiu, afinal as gotas quentes que caiam sobre seu corpo se misturavam a agua natural de seus olhos, abriu suas pálpebras, lentamente abaixando sua cabeça, enquanto se pôs a levantar sua mão esquerda, obrigando seus olhos a fitarem aquelas duas alianças, uma com um belo diamante e outra mais singela, apenas um circulo de ouro .
—Por que? – indagou roucamente a si mesma
Não sabia a que se referia a aquele ''por que ?'', se ao seu casamento, que por fim estava notando com clareza a importância que havia em seu interior ou por que a vida era demasiadamente injusta a ponto de faze—la escolher, uma escolha que já estava certa , uma escolha que ela própria já havia feito a meses atrás, ou seja sua escolha já havia sido Lionel , independentemente do que ainda sentisse por Juan, Lionel era a única escolha, era ele quem havia salvado sua família , ajudado seu pai, cuidado dela, apresentado um mundo diferente e era seu marido .
Era Lionel o homem com quem deveria seguir, mesmo buscando negar era ele, claramente, jamais conseguiria se entregar a Juan novamente, aquele beijo havia deixado claro, ela jamais conseguiria ser de Juan, mesmo se aquelas alianças não estivessem em seu dedo, mas o simples fato de Lionel ter entrado em sua vida, já a impediria de ser de qualquer outro homem até o único homem que creia amar, jamais conseguiria se entregar novamente, sem comparar as caricias, toque e beijos ou ser capaz de abrir seus olhos e de certa maneira esperar que fosse Lionel .
Aquela não era uma decisão, tão pouco sua escolha, mas era seu destino, era Lionel seu destino e tinha que aceitar isso, mesmo buscando se enganar, inventando remotas possibilidade de fugas infantis ou soluções inexistentes, infelizmente sabia que tinha que deixar Juan em seu passado .
Sem animo algum Olívia terminou seu banho, longo indo trajar um vestido florido de fundo rosa , com um sapato cor de berinjela , tão logo se vestiu se maquiou distraidamente, pois seu coração doía, sentia raiva de si, dor, magoa da vida, do destino, por lhe obrigar a tomar aquela decisão, a decisão mais racional que já havia tomado em toda sua vida , mas que doía mortalmente um órgão que era incapaz de sentir dor sem levar a óbito, seu coração .
Tão logo se arrumou, seguiu sua rotina sem muita vontade, pois aquela decisão não saia de sua mente, martelava, onde parte lhe afirmava que era o correto, mas outra parte lhe alertava que era insano e incorreto , mas naquele momento a questão não era o correto ou incorreto, mas sim uma coisa que todo ser um humano um dia tem que aprender, o simples gesto do desapego.
Um desapego que Olívia estranhava por sofrer tanto em realizar, uma vez que não teve problema algum para se entregar a outro homem quando foi necessário , algo que naquele momento parecia racionalmente ilógico.
Tão logo chegou a hora combinada, ela saiu, um pouco desanimada, adentrando o carro que seria guiado por seu adorável motorista, que se fazia mais adorável por aquele silencio que ele buscava preservar.
O caminho se fez longo e demasiadamente silencioso, mas dentro da cabeça de Olívia tal silencio não era compartilhado, apenas ecoando inúmeros pensamentos que se confundiam em um emaranhado de indecisões, culpa e arrependimentos.
Tão logo chegou a aquela residência que a meses não frequentava, afinal desde seu casamento nenhuma vez havia visitado seu pai, sendo prisioneira de seu marido , coisa que agora não reclamava.
Seus olhos, assim que desceram do automóvel, alcançaram aquela enorme construção , onde havia passado os vinte e um anos de sua vida, saindo apenas para se tornar mulher de apenas um homem .
Cautelosamente, com recordações percorrendo sua mente, caminhou em direção a porta, logo tocando a campanha, afinal era somente mais uma visita naquele lugar, logo ouvindo alguém abrindo a porta.
—Olívia !—exclamou surpresa a velha senhora, Lucia, quem trabalhava para seu pai desde que se entendia por gente, ou até onde suas lembranças de infância alcançavam – Que surpresa – afirmou com um largo sorriso nos lábios.
—Lucia – proferiu um com largo sorriso nos lábios , logo envolvendo aquela velha senhora em seus braços.
Assim que se afastaram, em passos lentos Castan adentrou aquela casa que lhe parecia tão estranha, mesmo com o pouco tempo distante, não a sentia mais seu lar .
—O que a traz aqui Olívia? – indagou prontamente Lucia
—Vim pegar umas coisas que esqueci em meu quarto – mentiu rapidamente, afinal estava ali para encontrar Juan –E resolver alguns assuntos de meu pai – completou, buscando mais veracidade em sua mentira .
—Então fique a vontade senhora – afirmou com um sorriso nos lábios – Retornarei aos meus afazeres, o que necessitar é só chamar—se propôs gentilmente .
—Obrigado Lucia – agradeceu, afastando a alça da bolsa de seu ombro e vendo a velha mulher sumir por uma passagem.
Rapidamente, de maneira sorrateira, sabendo que somente havia Lucia de empregado naquele dia, pousou sua bolsa sobre o sofá, rapidamente seguindo o caminho até seu antigo esconderijo de amor.
A casa de seu pai era grande e ampla, coisa que sabia, afinal quando criança era o lugar mais vantajoso para brincar de esconde – esconde, pelas absurdas possibilidades de esconderijos.
Sorrateiramente caminhou até o jardim , logo alcançando a área de lazer que possuía o canto daquele terreno, onde possuía uma pequena casa da piscina, que antigamente era utilizada pelos amigos mais ilustres de seu pai e também seu esconderijo para encontrar—se com Juan.
Sua mão rapidamente alcançou a porta de vidro, que estava apenas encostada, logo a deslizando e adentrando aquele lugar que possuía apenas dois cômodos, o principal com uma cama e cozinha e o banheiro que era separado por uma porta .
—Juan – chamou em um tom baixo
Seus olhos logo alcançaram a figura de Juan saindo do pequeno banheiro onde se mantinha escondido, caminhando em sua direção com um largo sorriso nos lábios.
—Meu amor – murmurou, caminhando com os braços abertos em direção a ela.
Juan foi pronto para selar aqueles lábios, pois assim que agarrou os bíceps de Olívia, inclinou sua cabeça para frente com os olhos fixos naqueles lábios, mas em um movimento impetuoso e ligeiro ela voltou sua cabeça para o lado, se desvencilhando daquelas mãos.
—Necessitamos conversar—afirmou caminhando o mais distante que o pequeno lugar lhe possibilitava.
—Sou todo ouvidos – suspirou desgostoso por aquela fuga
—Juan – murmurou com um enorme pesar – Não poderemos nos encontrar novamente – afirmou, sentindo uma dor em cada palavra que seus lábios proferiam.
—Como? – indagou incrédulo e revoltado – O que você disse Olívia? – indagou nervoso – Por que? – indagou confuso
—Porque é errado, porque não podemos seguir nos encontrando – afirmou um pouco nervosa – Juan – suspirou se acalmando – Eu fiquei feliz em saber que estava vivo – afirmou caminhando lentamente em direção a ele e pousando sua mão sobre a face lisa daquele homem , enquanto seu polegar fazia uma leve caricia – Muito feliz – reforçou com um meio sorriso nos lábios e um olhar terno – Mas eu sou casada agora e meu lugar é ao lado do meu marido – completou com um enorme pesar em seu tom .
—Não – murmuro Juan balançando negativamente a cabeça, com seus olhos vermelhos – Seu lugar é comigo – afirmou em um tom alto
—Por favor Juan – suplicou, sentindo seus olhos ficarem vermelhos, compartilhando aquela maldita dor
—Eu não aceito – garantiu com uma lágrima escorrendo por sua face—Vamos fugir , vamos ficar juntos – suplicou desesperadamente
—Eu sou do Lionel agora – afirmou, buscando faze—lo compreender
—Você é minha – murmurou , buscando ser persuasivo
—Eu fui sua – completou , buscando convence—lo – Agora sou de outro – completou
—Não admito – afirmou, inspirando profundamente o ar – Não vou ficar sem você – garantiu – Eu te amo – completou
—Eu também te amo – respondeu sinceramente – Mas jamais poderei ser sua novamente , já fui do Lionel e sei que seu ego jamais suportaria isso, saber que fui de outro homem – completou, conhecendo aquele homem com quem um dia esperava passar a vida
—Eu aceito – afirmou, com suas lágrimas cessando – Apenas quero ter você – garantiu levando sua mão até a face da mulher a sua frente .
—Não aceita—completou—Sei que depois isso vai doer – constatou suavemente –E o Lionel jamais nos permitiria viver em paz – afirmou, abaixando sua cabeça—Não quero viver fugindo – confessou .
—Não me deixa – suplicou, sabendo que seria impossível convence—la
—Desculpa—murmurou com lágrimas escorrendo por seu rosto, se afastando dele, com passos para trás.
—Olívia—chamou tentando detê—la, apenas conseguindo cair de joelhos e agarrar suas pernas .
—Por favor Juan – suplicou com lágrimas molhando sua face
—Não —pestanejou em prantos
—Adeus – proferiu roucamente, agarrando as mãos dele e as soltando de suas pernas , saindo apressadamente pela porta.
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