34. PASSADO OU PRESENTE?
Passado ou presente ? Qualquer ser humano um dia já se viu nessa encruzilhada , onde não sabe a que se prender, pois ambas as escolhas interferem no futuro , para Olívia seu passado é Juan Hernandez , um homem tranquilo, pacato, trabalhador, encantador e seu primeiro amor, seu único amor, um homem que lhe apresentou um mundo distinto , a fez sonhar com um futuro , um futuro que creia poder realizar , mas seu presente não era Juan, seu presente era outro homem , era Lionel Olmo, seu marido, um homem que desejava, um homem insano , sórdido, trabalhador , surpreendente e que a confundia, definitivamente a confundia .
Aquela encruzilhada definitivamente não era onde Castan queria estar, não era uma posição que gostaria de assumir, tão pouco ter que escolher, mas sabia que uma escolha era indispensável , se encontrava completamente confusa, pois sabia que seu lugar era ao lado de Lionel , todavia queria estar com Juan, mesmo seu interior afirmando que era errado, mas para seu coração parecia tão certo estar com aquele homem que era o grande amor de sua vida.
Juan ou Lionel ? Obrigação ou Paixão ? Certo ou Errado? Desejo ou Amor? Passado ou Presente? Essas eram as indagações na cabeça de Olívia, indagações que infelizmente não tinham respostas, a única vontade era de sumir até que as coisas se resolvessem, até que Juan fosse embora ou Lionel a deixasse partir, contudo não tinha certeza desses desejos, pois não queria perder Juan novamente, tão pouco queria que Lionel a deixasse partir .
—Chegamos senhora – anunciou uma voz masculina a roubando de toda aquela confusão.
—O que? – indagou confusa , demonstrando sua distração
—Chegamos senhora Olmo – repetiu educadamente o motorista de meia idade, que segurava a porta ao lado dela gentilmente
Somente naquele instante Olívia se deu conta do que o homem estava falando, rapidamente fitou aquele trajeto de pedra que levava até a porta de sua residência, mal havia se dado conta da passagem do tempo, desde que houvera deixado Juan e sua vida mudado .
—Obrigado – murmurou constrangida por sua distração, descendo do automóvel.
Quase que sem pensar com a cabeça confusa, sem ser capaz de deter um único pensamento em sua mente , ela abriu a porta que encontrava—se destrancada , logo adentrando a residência , que já possuía um aroma conhecido para sua memoria olfativa .
—Senhora – saudou Olga, saindo da cozinha, enquanto secava suas mãos em um pano branco .
—Como está o Lionel ? – indagou rapidamente ,pulando as saudações cordiais.
Afinal estava ali por ele, para saber o estado dele, isso a obrigou afastar suas confusões , dando prioridade a seu marido, Lionel , ao menos aquela preocupação consumia suas duvidas, mesmo não as sanando.
—Descansando – revelou Olga em um tom firme – Parece que ele abusou, permanecendo no Sol mais do que deveria , não almoçou e esqueceu de tomar o medicamento – revelou, algo que Olívia já sabia, pois seu marido era teimoso demais para seguir regras , principalmente regras simples – Ai a pressão dele caiu e está com um pouco de febre – revelou os reais sintomas de Lionel .
Olívia apenas proferiu um longo suspiro de desgosto, afinal havia pedido para que ele se cuidasse, mas parecia que nem um pedido simples Lionel era capaz de acatar .
—Vou vê—lo – anunciou se dirigindo as escadas.
—Se precisar de qualquer coisa só avisar – anunciou Olga, retornando a seus afazeres domésticos .
Um pouco irritada com Lionel , por sua indisciplina, subiu as escadas, Juan até havia sumido de sua mente, rapidamente seus dedos alcançaram a maçaneta fria da porta a abrindo, seus olhos logo alcançaram a figura de Lionel repousando sobre o leito arrumado, parecia estar dormindo, pois o silencio era sonoro, um silencio que a fez pisar cuidadosamente sobre o piso de madeira .
Lentamente caminhou até o pequeno sofá, pousando sua bolsa, onde também estavam as vestimentas de Lionel , voltando logo sua atenção para seu marido, que repousava com as mãos pousadas sobre seu abdômen ,que trajava a mesma camiseta manga longa com a qual havia saído naquela manhã, apenas coberto o restante de seu corpo com o edredom , ele encontrava—se com os olhos cerrados, mas uma expressão serena .
Aquela paz, aquela vulnerabilidade, aquela face serena, consumiam com qualquer irritação, afinal como seria capaz de brigar com um homem que sentia ganas de cuidar .
Caminhando em passos suaves, logo alcançou o leito que ocupava grande parte do quarto, delicadamente, em um espaço vazio ao lado de seu marido, sentou—se, com os olhos fixos na face dele.
Cautelosamente levou a palma de sua mão até a testa dele, constatando que realmente estava febril , algo que deixava sua temperatura bem mais alta que o normal .
—Oi—murmurou roucamente uma voz masculina
Aquela saudação fez com que os olhos de Olívia logo alcançassem aquelas íris verdes, que a fitavam sem estarem totalmente a mostra, pois as pálpebras de Lionel ainda estavam semi cerradas .
—Oi—sussurrou , afastando sua mão da face daquele homem – Como se sente?—indagou preocupada
—Bem – murmurou, tragando dificultosamente a saliva
—Por que não se cuidou? – indagou , desgostosa
—Não vamos discutir isso – suplicou, levando sua mão direita até a dela e a agarrando – Já estou melhor , foi apenas um mal estar – garantiu, levando aquela pequena mão até seus lábios .
—Você está com febre—advertiu , sentindo suas defesas se esvaírem assim que aqueles lábios pousaram sobre sua pele.
—Logo passa – garantiu tranquilamente – Já tomei o remédio – afirmou
Os olhos de Olívia caminharam até sua mão, que ainda estava sendo agarrada pela de Lionel , como aquele homem a desarmava e perturbava seu interior , a ponto de esvair com sua irritação e aumentar sua preocupação.
—Lionel – repreendeu a falta de preocupação de seu marido , voltando juntamente sua atenção para aqueles olhos de íris verdes.
—Deita aqui comigo – pediu suavemente , fitando com um olhar de suplica os olhos castanhos de sua esposa .
—Melhor não – afirmou Olívia, desvencilhando sua mão da dele e se pondo em pé , como se estivesse fugindo
—Por favor – insistiu com o mesmo olhar de suplica .
—Lionel – pestanejou, buscando evitar realizar aquele pedido
Mas como resposta recebeu um olhar de suplica mais acentuado que o anterior, como aquele homem sabia ser persuasivo quando queria, era incrível como que com uma mirada era capaz de convence—la.
—Está bem—se rendeu , caminhando em direção ao lado vazio da cama
Lionel apenas sorriu, enquanto observou Olívia se desfazer de seus sapatos e levantar o edredom que envolvia o corpo dele, logo adentrando e deslizando seu corpo até o de seu marido, que já a esperava com o braço esticado .
—Satisfeito? – indagou pousando sua cabeça entre o braço e peito dele.
—Muito – murmurou com um meio sorriso nos lábios , arrastando a pequena mão de sua esposa até seu tórax .
Olívia inspirou profundamente o ar, abaixando seu olhar , como aquela situação trazia sua maldita confusão novamente, pois era demasiadamente aconchegante aqueles braços, carinho , atenção e aqueles olhos , sua realidade, seu presente possuía olhos que a encantavam e confundiam .
Sentia ganas de confessar a Lionel aquele retorno de Juan , mas sabia que seria perigosamente insano faze—lo , afinal seu marido era um homem tranquilo naquele momento, mas quando ameaçavam sua segurança, paz e tranquilidade , principalmente geravam uma chance dele perde—la, tinha plena consciência que ele não seria aquele homem racional com quem estava vivendo aqueles dias de tranquilidade , afinal quando ele descobriu a existência de Juan havia ameaçado mata—lo, coisa que ela temia que ele realizasse, afinal Lionel não era um homem previsível, tão pouco tranquilo, infelizmente teria que cuidar sozinha daquela situação perturbadoramente confusa, pois cabia somente a ela, afinal dependia dela escolher por um e dar adeus a outro.
—O que te aflige? – indagou serenamente Lionel
Aquela indagação, a fez despertar se dando conta que mesmo fitando aqueles olhos perturbadores, havia estado distante em um lugar distinto em que seu corpo se encontrava, algo que foi prontamente percebido por seu marido.
—Preocupada com você – mentiu , esboçando um sorriso forçado .
Lionel nada respondeu, apenas levou sua mão direita até as madeixas de sua esposa, as acariciando ternamente , enquanto sentia seus olhos novamente pesarem .
—Descansa – sugeriu , percebendo que seu marido estava lutando para manter—se acordado.
Olívia apenas observou Lionel cerrar suas pálpebras, enquanto o fitava distraidamente se pôs a indagar novamente o que deveria fazer, qual atitude deveria tomar , quem deveria escolher, pois sabia que aquela calmaria não duraria por muito tempo, tão pouco seria capaz de ocultar por muito tempo a verdade , pois pouca liberdade possuía para alimentar aquela situação, que Lionel certamente descobria e Juan não teria paciência de alimenta—la .
Perdida naquela confusão , aconchegou sua cabeça naquele peitoral quente, indicando que a febre ainda imperava no corpo de Lionel , cerrou suas pálpebras, sentindo um cansaço tomar seu corpo , enquanto buscava sanar sua confusão, perdeu a consciência , se entregando aos braços de Morfeu, deus do sono.
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