12. O PERDEDOR
Um enorme desespero invadiu o interior de Lionel , acompanhado de uma gigantesca impotência, jamais houvera sentido tamanha incapacidade, como se nada estivesse ao seu alcance ou em suas mãos , apenas aquela frágil mulher, que suas mãos seguravam de maneira desesperada, ansiando por vê—la bem a todo custo .
—Olívia—chamou novamente, por fim podendo ouvir sua voz , enquanto sua mão batia levemente no rosto da mulher esparramada sobre o carpe de madeira que revestia o quarto.
Em um movimento impetuoso Lionel correu até o banheiro, pegando de maneira desesperada, sem empregar muita atenção a suas ações , agarrou um pedaço de algodão, o molhando no sais de aroma mais forte que encontrou .
Velozmente, voltou até o quarto, caindo de joelhos ao lado de sua esposa, cuidadosamente levou sua mão direita embaixo da cabeça dela , apoiando no meio inclinou levemente o crânio de sua esposa, levando com a mão esquerda o pedaço de algodão a poucos milímetros de distancia das narinas de Olívia.
—Humm—murmurou Olívia, formando uma careta em sua face , enquanto voltava a se mexer .
Lentamente Lionel observou ela abrir suas pálpebras, mas quase as deixando semi cerradas, como se a claridade a incomodasse ou outra coisa que ele não se fazia capaz de identificar .
—O que aconteceu?—indagou meio confusa, com uma voz entre cortada, fitando ao seu redor na tentativa de identificar onde estava .
—Você desmaiou – afirmou Lionel em um tom suave e extremamente cuidadoso – Vou te colocar na cama – anunciou, habilmente passando seus braços sobre os joelhos e o tronco de Olívia, que rapidamente agarrou seu pescoço, aquele toque incendiou o interior de Lionel , o sangue por suas veias se puseram a queimar.
Cuidadosamente Lionel pousou o corpo de sua frágil esposa sobre o leito, a deitando , agarrando o travesseiro ao lado e colando em cima de outra, para que melhor ela se recostasse e ficasse com o tronco levantado.
—Seria bom ir a um médico Olívia – sugeriu em um tom sereno, com a expressão de preocupação estampada em seu rosto .
—Não—murmurou ela, com as palavras quase que um sopro, levando sua mão até a testa – É apenas um mal estar passageiro – aclarou, sentindo recuperar seus sentidos.
—Eu insisto – afirmou, proferindo as palavras serenamente, mas em um tom autoritário .
—Lionel – proferiu recuperando suas energias – É apenas stress somado com o fato que não comi nada o dia todo – afirmou em um tom sério, como se ansiasse para que aquele homem deixasse de insistir .
—Olívia...—tentou pestanejar, sendo interrompido
—Por favor – murmurou em um tom de suplica , levando seus olhos até os olhos verdes de seu marido – É essas malditas discussões nossas que me fazem mal – afirmou em um tom firme – Por isso se quer me ver bem , me deixe sozinha—pediu , com uma expressão de desgosto, pois não possuía todas suas faculdades para iniciar uma nova discussão.
Aquele pedido foi como uma facada para Lionel , havia atingido seu miocárdio em cheio, sabia que era responsável por tamanho desprezo e mal estar, todavia naquele instante a única coisa que ansiava era cuidar de sua esposa, uma mulher que havia se feito a mais frágil de todas perante aos seus olhos, uma fragilidade que ele ansiava por suprir .
—Está bem – murmurou em um tom desanimado – Pedirei que a Olga lhe traga um lanche – anunciou, um tanto quanto contrariado.
Lançando mais uma vez o olhar sobre sua esposa, fitando uma mulher frágil e pela primeira vez solitária, uma solidão que o fazia sentir vontade de sanar, se pôs a caminhar lentamente para fora daquele cômodo, lentamente cerrou a porta , mas sem soltar a maçaneta que seus dedos envolviam , sua vontade era invadir aquele cômodo e fazer aquela mulher entender que iria cuidar dela, até certificasse que ela estava bem e aquele mal estar houvera sido isso, um simples mal estar , todavia não queria correr o risco dela passar mal por culpa de alguma discussão, afinal quando estava ao seu lado seus sentimentos eram levados ao extremo, um extremo que se fazia difícil de controlar ou impossível de achar um meio termo entre tantos extremos .
Meio a contra gosto desvencilhou seus dedos que envolviam a fria maçaneta, se pondo a caminhar lentamente por aquele corredor, descendo as escadas se dirigindo até a cozinha, encontrou Olga , voltada para frente do balcão, cantarolando algo que ele não foi capaz de identificar, enfeitando um bolo, que parecia ser de chocolate, ao menos era a impressão que dava ser por fora .
—Olga—proferiu, roubando a atenção da governanta.
—Jovem Lionel – saudou com um enorme sorriso nos lábios – O que houve? – indagou observando a expressão de desanimo de Olmo .
—A Olívia desmaiou – anunciou, em um tom de preocupação com desanimo – Gostaria que você levasse algo para ela comer – anunciou , dando a ordem em um tom suave .
—Como ela está? – indagou prontamente, preocupada
—Já está melhor ,segundo ela é apenas stress com o fato de não haver comido nada hoje – repetiu a alegação que havia ouvido de sua esposa.
—Realmente ela tem comido pouco – afirmou Olga, com uma expressão de preocupação – Não é da minha conta – reafirmou, tentando ser cautelosa—Mas ela parece realmente estressada e triste – confirmou as palavras que Olívia já havia dito.
—Eu sei—garantiu Lionel – Qualquer coisa estarei no escritório – afirmou
—Vou levar algo para ela comer – garantiu a governanta, pondo fim a aquele assunto .
—Obrigado—murmurou Lionel , dando as costas a governanta e caminhando lentamente até seu escritório .
Apenas encostou a porta de correr, inspirando profundamente o ar, caminhou até sua cadeira, tombando seu corpo, fitando algo em sua mesa, melhor seus olhos estavam voltados para sua mesa, mas nada viam naquele móvel , seus pensamentos estavam na mulher que ocupava o andar de cima, uma mulher que o confundia de uma forma aterrorizante , jamais havia sentido se tão vulnerável , como se seu auto controle escapasse entre seus dedos e o fizesse cometer sandices, que apenas se tornavam mais insanas conforme sabia que aquela mulher não o amava, o fato dela não compartilhar aquele sentimento que o fazia perder o controle, para qualquer um poderia parecer algo imaturo, todavia aquilo o deixava desesperado, a ponto de sentir ganas de implorar pelo amor daquela mulher , todavia dava graças de seu ego não permitir tamanha sandice .
No final do dia, sentado sozinho naquela sala; recostando seu corpo no encosto da cadeira, levando seu dedo indicador até embaixo de seu queixo e ainda fitando o nada, sentia—se um perdedor, um perdedor que tinha dinheiro, sucesso e a mulher de seus sonhos, mas que no fundo sentia—se vazio, fracassado e fraco , como se todas aquelas conquistas não tivessem algum valor .
Perdido no tempo em que permaneceu fitando o nada, apenas tomando consciência do tão tarde que era quando alguém bateu na porta, o tirando de seus profundos pensamentos e tristeza.
—Lionel – proferiu uma voz feminina o chamado
Rapidamente ele levou seu olhar até a porta, encontrando Olga, já devidamente trajada para ir embora, com o mesmo sorriso reconfortante em seus lábios.
—A Olívia comeu tudo que levei – afirmou, buscando tranquilizar Lionel – Ela está se sentimento bem melhor – garantiu com um sorriso nos lábios.
—Obrigado Olga—agradeceu, buscando retribuir aquele sorriso, mas sem êxito
—Já estou indo – anunciou—Boa noite – saudou, dando um passo para trás
—Boa noite Olga—saudou, vendo a porta se fechar e ficando sozinho novamente.
Lentamente Lionel levou suas mãos até o firme braço da cadeira, impulsionando seu corpo a se pôr em pé, caminhando lentamente até o pequeno bar que havia escondido ao lado da enorme estante de livros , agarrou uma grande garrafa de uísque ,desrosqueando a pequena tampa de metal e despejando o conteúdo em um copo vazio, sem voltar a tampar a garrafa, agarrou o copo transparente com seus dedos o levando até seus lábios, engolindo o liquido lentamente, pois não era habituado a bebidas tão alcoólicas , o liquido descia dificultosamente por sua garganta, ao tempo que aquecia seu corpo , afastando o copo de seus lábios , o pousou novamente sobre o móvel de madeira .
Em um movimento impetuoso caminhou para fora daquele cômodo, subindo em completo silencio as escadas , como a proximidade, a busca por aquela mulher fez seu miocárdio bater descompassadamente , era uma tortura para seu interior ter a única mulher que havia desejado, que lhe excitava, amava, o desafiava, o enlouquecia e encantava tão próxima, mas ao mesmo tempo tão distante, tão inalcançável , sentia—se fracassado, um completo fracassado que não era capaz de ter a única mulher que queria .
Olívia poderia pensar o que fosse dele, mas se fazia uma tortura tê—la sobre o mesmo teto e ao mesmo tempo não tê—la , era um suplicio ter seu sonho de consumo obrigada, jamais de forma espontânea , jamais com um beijo, abraço ou palavra espontânea e sincera, a ele também matava aqueles insultos e brigas , mas se fazia impossível vê—la e não recordar de todas as mentiras, mas principalmente recordar que ela amava a outro, era isso que feria seu ego e alma, pois se apenas fosse o simples fato dela haver se casado com ele por dinheiro seria mais fácil de perdoar, não feriria tanto seu ego em sabe que seu coração era livre e disposto a ama—lo .
Lentamente, com o ouvido atento ao que se passava no interior daquele cômodo, levou sua mão até a maçaneta, a girando suavemente assim que constatou a inexistência de barulho, adentrando em passos lentos e suaves, fitou a cama, não encontrando sua esposa, levou seu olhar até a porta do banheiro a encontrando fechada, caminhando a passos largos, pode ouvir o barulho da agua cair sobre o piso de lajota que revestia o interior do box.
Sem fazer qualquer barulho, girou a maçaneta, encontrando o lugar tomado pela fumaça que a agua quente produzia, a ponto de embaçar os vidro do box e espelho, mas pouca importância deu, adentrando o lugar e se pondo a fitar a silhueta da mulher que ocupava o interior daquele pequeno espaço.
Seus olhos observavam a bela silhueta de uma mulher, uma mulher que exalava feminilidade, possuía curvas perfeitas, um corpo desejável, tão desejável, que instintivamente obrigou Lionel agarrar a ponta de seu suéter, ameaçando levanta—lo, como se sua luxúria o ordenasse para compartilhar aquele pequeno espaço com aquela mulher, uma mulher que seu corpo ansiava por sentir novamente, por sentir seu cheiro, gosto, doçura, aroma, calor e toda mais possível em um ato de satisfação.
Contudo sua razão ordenava que não realizasse tamanha sandice, uma sandice que poderia custar caro, que poderia ferir mais seu ego, caso fosse rejeitado, por uma mulher que havia deixado claro que ele a fazia mal, temia faze—la mal novamente .
Era uma completa confusão, que se formava no interior de Lionel , enquanto seus olhos consumiam a silhueta daquela mulher e se punham a imaginar como séria vê—la sem que aqueles vidros estivessem embaçados, vê—la em sua completa nudez .
Porém cabia a Lionel , decidir ouvir sua razão ou seu desejo irracional, um passo para ter aquela mulher ou se afastar, uma decisão que estava sendo difícil de tomar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro