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Eu Preciso Ir | Quarenta E Nove

Bethany dormiu o resto da tarde, mas Sara estava inquieta demais para conseguir descansar. Ficava olhando para o celular o tempo inteiro, esperando a tela se acender com qualquer notícia — pelo menos tinha o conforto de saber que Bethany estava segura, dormindo no próprio quarto.

Rafael se ofereceu para ir buscar o carro, Sara aceitou no mesmo momento. Naomi havia voltado para a cidade, agora que estava seguro, e poderia levá-lo até a igreja.

Quando Bethany acordou, já com o céu escuro e a noite caindo, foram para o hospital, mesmo que Liam não tivesse ligado. Ficaram por meia hora lá, mas não puderam ver Noah. Quando Liam garantiu que passaria a noite inteira ali, que Noah estava estável e bem, voltaram para casa. Só então Sara conseguiu dormir.

« ♡ »

Ficou aliviada quando Liam ligou na manhã seguinte, dizendo que Noah havia acordado e que estava bem. Sabia que Noah seria transferido para outro quarto durante a noite e que poderia visitá-lo pela manhã, então se arrumou e foi para o hospital; deixou Bethany dormir, Naomi ficou para cuidar dela.

Foi fácil encontrar o quarto, apesar dos corredores brancos cheios de portas iguais. Estava reparando nos números das placas fixadas nas portas quando encontrou o quarto que a recepcionista indicara, mas não teve tempo de entrar, porque Liam estava saindo.

Ele se afastou para o corredor e baixou a prancheta que estava segurando, deixando o caminho livre para Sara.

Ficou surpresa ao encontrar Noah dormindo com Nicholas, os dois entrelaçados na cama de forma desajeitada, abraçados um ao outro e tentando se encaixar naquele pequeno espaço.

Era um vendaval dos cabelos escuros de Nicholas com os fios loiros de Noah, que usava uma cânula de respiração. Apesar de tudo, pareciam muito confortáveis.

— Tentei convencê-lo a ir para casa, mas ele insistiu em passar a noite aqui — comentou Liam, rindo levemente. Sara os observou com um sorriso, depois deixou um suspiro profundo escapar.

Eles eram tão ligados um com o outro, percebia a cumplicidade nos olhares que trocavam. O modo como Nicholas olhava para Noah lhe lembrava o modo como Liam costumava lhe olhar.

— Quando isso aconteceu? Até quatro anos atrás, ele se interessava por dinossauros e sopa de letrinhas. — Liam riu, Sara achou melhor deixar os dois dormirem e acompanhou o loiro para fora do quarto. — O que acha de Nicholas? — perguntou enquanto fechava a porta com cuidado, tentando não acordar os meninos. Queria deixá-los descansar depois de um dia tão movimentado. Agora que vira que Noah estava bem, sentia o peito mais leve.

— O que você acha? — retrucou Liam, levantando uma sobrancelha quando seguiram pelo corredor. Aquele lugar lhe deixava nauseada, já passara muito tempo em hospitais para desejar nunca mais voltar para um.

— Eles estão levando o namoro muito a sério, gosto dele — admitiu com um dar de ombros, mas sentia que estava num terreno desconhecido. Talvez tivesse demorado demais para perceber que Noah havia crescido.

Liam balançou a cabeça com uma risada.

— Você perdeu quando Nicholas apareceu na frente de casa, de madrugada, e ficou tocando violão até Noah falar com ele.

— Adolescentes — Sara não conseguiu conter uma gargalhada. Só então percebeu o que estavam fazendo. Agindo como um casal como se ainda fossem um, ignorando as discussões anteriores e voltando ao normal. Tanta coisa havia acontecido desde então que Sara achava que aquilo nem importava mais.

— Me desculpe — disse Liam, e o tom sério lhe trouxe de volta a realidade. As discussões, os gritos trocados, o fato de que seu tempo ali estava acabando, escorrendo como uma ampulheta. — Não concordo com sua decisão, mas devia estar ao seu lado, te apoiar. Sei que não é fácil, nem sua culpa — continuou num tom suave que fez tudo dentro de si apertar. Queria abraçá-lo, mas ao mesmo tempo gritar com ele. Precisara tanto dele nestas últimas semanas, mas não pudera contar com sua ajuda. — Pelo menos, não é fácil te perder. — Sara não soube o que dizer. Todas as suas preocupações estavam direcionadas para Bethany e Noah, não havia pensado em como isso estava sendo para Liam. Não muito fácil, sabia disso.

— Liam... — Olhou para baixo, buscando palavras, tentando se encontrar naquela bagunça de sentimentos. Havia parado de doer há alguns dias, agora só se sentia entorpecida e vazia. — É um pouco tarde para isso, não acha? — Ele não tentou argumentar.

Passaram algum tempo na cafeteria, esperando Noah acordar. Bethany chegou perto da hora do almoço; Noah ficaria mais um dia em observação antes de receber alta, então passaram o dia no hospital, fazendo companhia para ele, já que Liam estava ocupado.

Era fim da tarde, estava saindo do carro depois de buscar roupas e o videogame portátil de Noah, quando sentiu o colar pulsar como um leve batimento cardíaco, duas pequenas ondas de calor vibrante. Soube que o tempo estava acabando, então entrou no hospital para encarar tudo o que estava evitando até o momento.

Bethany e Noah estavam distraídos; Bethany afundada na poltrona e assistindo a alguma coisa no celular, Noah concentrado em algum jogo no notebook. Bateu levemente na porta para chamar a atenção dos dois, deixou a bolsa de lado quando entrou.

— Preciso falar com vocês. — Arrependeu-se de ter usado um tom tão sério, porque eles se preocuparam no mesmo momento. Bethany ajeitou-se na poltrona, Noah fechou o notebook.

Sara atravessou o quarto e se sentou no sofá, assim conseguia ficar no meio dos dois, próxima o suficiente de ambos. Queria sumir dali quando viu os olhares cheios de expectativa de Noah e Bethany.

— Eu... — pausou por um momento e levou a mão até o colar no peito, o colar que lhe conectava com Eric. Quem sabe assim conseguiria encontrar alguma força. — Eu não acordei, não posso acordar. — O silêncio que se seguiu depois foi a pior coisa do mundo. Sara controlou as lágrimas, queria ser firme, continuar bem, pelo menos na frente deles.

— O quê? — Bethany gaguejou, a voz baixa e rouca flutuando no silêncio. Sara inspirou fundo e colocou a mão sobre o joelho dela, um gesto que esperava ser de consolo.

— Meus poderes são demais para um corpo humano, Beth — disse suavemente, mas Bethany se levantou num movimento brusco, desviando de seu toque, os olhos se arregalando de uma forma horrorizada.

— O que você está dizendo? Como... — ela balançava a cabeça com incredulidade. Sara inspirou fundo mais uma vez, tocando o pingente em busca de força.

— Eu estive aqui para ajudar, mas não posso ficar. — Teve de pausar porque perdeu a voz quando viu a expressão de Bethany, uma mistura de horror e decepção. — Eu tentei, tentei muito achar formas de continuar aqui, continuar com vocês, mas não posso. Eu preciso ir — concluiu num fôlego só, um pouco aliviada porque a parte mais difícil já havia passado.

Quando Bethany foi em direção à porta, Sara se levantou e tentou alcançá-la, mas a menina puxou o braço com violência quando tentou tocá-la e a porta bateu com muita força quando ela saiu.

Sara ficou olhando para a porta fechada, atônita, sem saber o que fazer. Deveria estar preparada para essa reação, para consolá-la, mas não estava.

— Ela vai precisar de algum tempo — disse Noah, e Sara se virou para ele. Estava tão pálido quanto Bethany, mas Sara não conseguia ler nenhuma emoção naquela expressão obscurecida, nos olhos brilhantes e rosto enrijecido. Nada, exceto mágoa. — Por que você faria isso? Por que demorou tanto tempo para contar? — A voz dele soou tão rouca e trêmula quanto a de Bethany. Sara atravessou o quarto para se sentar ao lado dele na cama, desta vez encarando-o nos olhos e querendo passar alguma tranquilidade e confiança, mesmo que essas fossem as últimas coisas que sentia dentro de si.

— Porque eu não queria transformar isso numa contagem regressiva, não queria que vocês ficassem preocupados e nem estragar nosso tempo juntos. Não foi fácil para mim, eu não precisava tornar difícil para vocês também — justificou com calma, e não sabia se o que via na expressão dele era raiva, decepção, ou pura mágoa, talvez uma mistura de tudo. Aquilo lhe deixava partida por dentro. — Sinto muito, Noah, muito mesmo. Eu faria tudo para ficar aqui, você sabe disso. — Aproximou-se para abraçá-lo, a expressão de Noah se suavizou um pouco quando ele retribuiu o abraço, afastando a cânula de respiração que envolvia seu rosto. Lágrimas molharam as bochechas dele.

— Eu sei — admitiu Noah, e então ficou jundo dele, acalmando-o, prometendo que ficaria tudo bem. Fez com que Noah pegasse o notebook para pesquisar pontos turísticos que poderia visitar com Nicholas em Nova York, querendo que ele pensasse em qualquer outra coisa que o animasse.

Quase uma hora se passou quando finalmente foi procurar Bethany. Ela não estava na cafeteria, então continuou andando até que a encontrou num dos bancos do playground ao ar livre, nos fundos do hospital. Ela estava encolhida contra a parede, observando o lugar vazio e os brinquedos de plástico colorido.

Sara caminhou lentamente até lá, Bethany lhe viu e depois virou o rosto.

— Não quero falar com você — disse, e Sara se sentou ao lado dela no banco, rindo baixinho.

— Então vou ficar sentada aqui em total silêncio, prometo — respondeu, deixando algum espaço vazio entre as duas. Ficaram um tempo em silêncio, Sara a observou, morrendo de vontade de abraçá-la, achando cada segundo doloroso, porque significava um segundo a menos com ela.

Finalmente, Bethany se aproximou um pouco e logo estavam abraçadas, Sara a envolvendo contra si e a consolando. Bethany soluçou baixinho, demorou um pouco para que parasse de chorar e se acalmasse, Sara a abraçou e sussurrou tudo de mais reconfortante que conseguiu pensar.

— Não quero que você vá — disse ela, entre os soluços e lágrimas. Sara acariciou os cabelos dela, o olhar perdido na lua que iluminava o playground. O local estava estranhamente fantasmagórico na luminosidade opaca da noite.

— Eu não quero ir, princesa, mas não é minha escolha — respondeu calmamente, enrolando uma mecha do cabelo dela no dedo, depois soltando para limpar as lágrimas no rosto da menina. — Eu vou ficar bem, prometo. Quero que você vá para Manchester e seja muito, muito feliz — disse, olhando-a nos olhos para que ela soubesse que estava sendo sincera. Não conseguiria viver com qualquer outra alternativa que não fosse os dois seguindo em frente, felizes com as próprias vidas. — Quero que me prometa que vai visitar todos os pontos turísticos de lá, tirar muitas fotos e fazer tudo isso — pediu com um sorriso, se contentando com a ideia, sentindo certo alívio ao pensar nisso. Podia imaginar Bethany pegando um trem para os mais variados lugares, conhecendo todos os pontos turísticos mais importantes, andando por Londres e tirando mil fotos. — Por mim, porque quero que você seja feliz. Acha que pode fazer isso? Me promete? — Bethany limpou as próprias lágrimas e forçou um sorriso fraco, a raiva havia sumido de sua expressão.

— Prometo — disse ela.

Depois de mais algum tempo ali, voltaram para o quarto. Sara passou o resto da noite com eles, tranquilizando-os, fazendo com que focassem no futuro — em Manchester, Nova York, o início da faculdade e final do ensino médio. Queria que eles se concentrassem nisso, prometeu que ficaria muito feliz se eles estivessem felizes também, porque era essa a verdade.

Só se permitiu desabar quando os dois adormeceram. Era perto da meia-noite, sentia-se exausta como nunca havia se sentido antes, observou os dois dormindo uma última vez e finalmente se levantou da poltrona. Tirou a própria jaqueta jeans e foi até Bethany, que estava encolhida no sofá e adormecida há algum tempo. Com cuidado, cobriu-a com a jaqueta.

Parou um pouco para olhá-los naquela posição tranquila, sem as lágrimas e a mágoa no rosto. Finalmente o silêncio lhe reconfortava, afastava um pouco do enjoo que sentia.

Depois de um longo momento, se virou e saiu do quarto. Avançou um pouco pelo corredor, sabendo o que deveria fazer, conhecendo o caminho, mas desabou num dos bancos de espera, colocando o rosto entre as mãos e tentando controlar a respiração, controlar as lágrimas que insistiam em desabar.

Queria voltar correndo para aquele quarto, encontrar alguma resposta, se agarrar a eles como se isso pudesse mudar o que estava para acontecer.

No meio daquele caos de pensamentos e emoções misturadas, daquele pulsar insuportável, ouviu os passos. Por um momento, esperou por Arthur, mas quem viu foi Liam, com os cabelos loiros bagunçados e os olhos cheios de preocupação.

Não se importou com a face cheia de lágrimas. Liam lhe deixara ter algum tempo sozinha com as crianças, mas provavelmente não havia saído do hospital, julgando pelas roupas amassadas.

— O que você está fazendo aqui? — Ele não respondeu, apenas sentou-se ao seu lado e Sara cedeu em seus braços sem mais perguntas. Ficaram em silêncio, ela encolhida contra o peito dele, ele lhe reconfortando com sua presença. Era bom ter Liam ao seu lado, ele era a força que precisava para acabar com aquele dia interminável.

— Eles vão ficar bem, vou dar tudo de mim, prometo — falou ele, e Sara o abraçou mais forte, reconfortada com aquilo, aliviada ao ouvir a seriedade na voz de Liam.

— Sei que vai, você sempre deu tudo de si — sorriu para o loiro com toda a sinceridade do mundo. Mais algum tempo de silêncio, mais algum tempo com ele lhe consolando. Sara finalmente se afastou. — Preciso ir — disse por fim, e ele assentiu. Os dois se levantaram, Liam apertou sua mão e foram juntos pelo corredor, ainda de mãos dadas.

Seu próprio quarto ficava em outra ala hospitalar, ficou grata por ter Liam ao lado, por ele estar lhe levando, porque não conseguiria ir sozinha.

Durante todo o caminho, estava agoniada querendo contar para Liam sobre Eric, mas sabia que não podia. Queria contar sobre Eric, sobre como ele era, dizer que ele estava bem e cuidando de Bethany e Noah. Queria lhe dizer exatamente o que ele lhe dissera quando lhe chamara pela última vez no santuário.

Sabe por que estou aqui, não sabe?

Você não pode voltar, não totalmente. Posso achar uma brecha, mas por pouco tempo, depois você precisa se despedir definitivamente.

Sara pensou em todas as vezes em que desafiara a morte, brincara entre a linha tênue das dimensões, sempre se esforçando para se manter viva. As palavras de Eric doeram em sua mente.

Você lutou tanto até agora... talvez seja hora de finalmente ceder.

Era o que estava fazendo agora. Cedendo. Cedendo porque não tinha uma escolha.

Olhou para Liam e desejou mais ardentemente falar sobre Eric, apertou os lábios quando chegaram num corredor frio e vazio. Soltaram as mãos e Sara deixou que Liam fosse na frente. Quando ele abriu a porta, não quis olhar para dentro porque sabia o que encontraria.

Não queria olhar para aquela versão de si mesma, pálida e deteriorada, esquelética.

Virou-se de costas para a porta e ficou de frente para Liam, que lhe encarou com profundidade. Ele envolveu as mãos nas suas e olhou para dentro do quarto.

— Está pronta? — perguntou o loiro, e Sara sorriu com o pouco de força que lhe restava.

— Que nem a morte nos separe, lembra? — brincou, e Liam sorriu também, lhe puxando para mais perto. Ele colocou as mãos em sua cintura, Sara cedeu contra o corpo dele.

Estamos casados agora?

Que nem a morte nos separe.

Liam lhe abraçou forte, muito forte. Sara ficou inebriada com o cheiro do perfume dele, se agarrando na única coisa familiar que tinha por perto. Liam, o perfume, o abraço que já conhecia. Afundou nos braços fortes dele, torceu para que Liam pudesse lhe fazer ficar.

Ele não pôde.

Quando um apito agudo e contínuo soou, uma equipe médica surgiu do corredor, mas não lhe viram ali. Sara olhou para Liam e viu o mundo desmanchar ao redor dele. Até que ele sumiu também.

« ♡ »

Não soube quanto tempo demorou para acordar. Poderia ter sido uma eternidade, ou dois segundos. Não tinha como medir, mas a mente estava menos caótica quando Sara abriu os olhos. Estava no próprio quarto, no próprio quarto em Onyx.

Reconheceu ao cabeceira de madeira preta e maciça da cama, a luminosidade excessiva que nunca cessava e ninguém sabia de onde vinha. Revirou-se lentamente e afundou na cama.

Não se sentou, nem fez nada, fechou os olhos novamente, apertando uma almofada contra o peito. Então era assim que acabava. Era assim que se despedia de Bethany e Noah, de Liam... Era assim que todos os caminhos se encontravam.

Se passou pouco tempo antes que alguém batesse na porta, Sara não ficou surpresa. Hesitou por um momento, então fez com ela se abrisse sozinha. É claro que era Arthur.

— Quer companhia? — perguntou ele, e Sara percebeu que Arthur carregava uma garrafa com um líquido azulado e cintilante, além de duas taças na outra mão.

Assentiu sorrindo, então se sentou na cama.

Arthur colocou a garrafa e as taças na mesinha ao lado da cama, então lhe abraçou forte. Os dois caíram nas almofadas, Sara afundou o rosto no pescoço dele, desta vez sem sentir que tudo pesava dentro do peito.

Havia acabado. A parte mais difícil havia passado, agora precisava encontrar uma maneira de seguir em frente.

Arthur lhe deu um beijo rápido e se afastou um pouco, os dois se sentaram novamente contra as almofadas, ele apontou para a garrafa.

— Achei que fosse querer isso — disse, e Sara riu.

— Com certeza. — Ele encheu as duas taças, então brindaram a sua honrada e épica morte, porque só se morria uma vez.

« ♡ »

Elisa parecia apenas adormecida, mas talvez isso fosse efeito do dossel. Os cabelos ruivos se espalhavam como fogo, Lena estava agoniada enquanto a observava.

Já fazia tanto tempo... Mais tempo do que quando ela perdera as asas. Lena se perguntava se isso era normal. Se ela acordaria alguma hora, ou os esforços estavam sendo inúteis.

Clarissa ainda não havia desfeito o elo com ela porque tinha medo de que fosse a única coisa a mantendo ali, Lena tentava algo novo todos os dias, qualquer coisa que a ajudasse a se recuperar. Com a antiga espada de Lúcifer destruída, Clarissa procurava outras formas de quebrar o medalhão, mas Lena sabia que ela não se importava tanto assim com o elo, desde que o colar estivesse seguro — e estava. Clarissa o deixava guardado com as armas mais raras e perigosas do acervo dos querubins, numa rede de proteção máxima.

Lena queria que Elisa acordasse, queria que ela acordasse e percebesse o quanto as coisas com Clarissa estavam boas, queria poder dizer que estava tudo bem e então poderiam aproveitar juntas, as três. Sem Elisa, parecia que faltava uma peça fundamental.

Olhou para Elisa, então olhou para Clarissa, que estava encolhida no sofá com um livro na mão. Ela sempre passava algum tempo ali para garantir que Elisa estivesse bem, também caso ela acordasse, o que parecia distante.

Se aconchegou no sofá ao lado da loira, ela começou a recitar as poesias em voz alta. Clarissa sempre sabia a entonação certa, recitando tudo tão profundamente que soava como se fosse uma viajante do tempo de séculos atrás.

Ficou distraída com as palavras e com os cachinhos fazendo cócegas em suas bochechas, porque estava com a cabeça deitada no ombro dela.

Clarissa estava tão imersa na poesia que não viu quando Elisa mexeu a mão levemente, mas Lena se levantou no mesmo momento. Clarissa largou o livro quando viu Lena se ajoelhando ao lado da cama.

— Liz? — Apertou com força a mão de Elisa, esperou que ela correspondesse o aperto. — Liz, fala comigo — implorou, e sentia que poderia explodir de animação quando ela apertou sua mão. Lena inclinou-se em expectativa, Elisa piscou de uma maneira confusa, olhando e volta e recobrando a consciência muito lentamente.

Ela apertou mais uma vez a mão de Lena e riu.

— Ei, por que todo o desespero? — Lena queria abraçá-la, beijá-la, mas a voz de Clarissa cortou sua felicidade.

— Seus olhos... — murmurou a loira, preocupada com alguma coisa. Lena finalmente percebeu o que Clarissa queria dizer.

Lena ajudou Elisa a se sentar, Clarissa procurava um espelho. Elisa mal havia se sentado quando Clarissa apareceu com um espelho pequeno de mão, o suficiente para que a ruiva conseguisse se ver.

Ela olhou para os próprios olhos, olhos castanhos e brilhantes, mas nem de longe tão brilhantes quanto o dourado dos querubins. Eram só castanhos e normais, sem nada muito chamativo.

Elisa soltou o espelho e afundou nas almofadas.

— Eu, oficialmente, não sou mais uma querubim.

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