Está Tudo Bem | Capítulo Quarenta e Oito
Lena já estava com um copo na mão quando Elisa adentrou o bar improvisado, a ruiva sorriu quando a viu na mesa, sozinha e pensativa.
— Aqui é o clubinho dos rejeitados? — perguntou num tom zombeteiro para disfarçar a preocupação. Lena riu baixo.
Elisa não tinha poderes suficientes para se defender, também era muito arriscado para Lena e Kenan estarem no meio da batalha, já que era preciso os poderes deles para controlar completamente Clarissa. Torná-la um robô. Mesmo que ela estivesse com o pingente, era arriscado demais.
Sentou-se com Lena e tentou pensar em qualquer coisa que não fosse a batalha acontecendo. Qualquer coisa que não fosse a preocupação com Sara e as crianças, com Rafael, Clarissa e os outros. Lena lhe esticou um copo, Elisa nem hesitou em beber.
Por um lado, era um alívio saber que aquilo estava prestes a acabar, que poderia ter Clarissa de volta, então tudo ficaria bem. Estava tentando distrair os pensamentos, observando Lena tirar cartas de tarô, quando sentiu o arrepio.
Era o mesmo arrepio que sentia quando Mamon e Asmodeus estavam por perto.
Virou-se para as portas duplas e lá estava ele, com seus olhos reptilianos e a pele azulada, não precisou pensar muito para reconhecer Leviatã. Se levantou no mesmo momento, puxando uma adaga que havia guardado no uniforme militar que resolvera usar.
Lena também se levantara, ela tinha uma espada. Supostamente, não lutariam, mas isso não queria dizer que não estavam preparadas.
Leviatã riu quando atravessou o salão, praticamente deslizando pelo piso de mármore preto.
— O que você quer? — foi Lena quem perguntou primeiro, Elisa apertava a mão em volta do cabo da adaga, se questionando se devia jogar aquilo fora. Não gostava de usar lâminas perto de Lena.
— Clarissa — Leviatã respondeu com a suavidade de quem pede uma bebida. Elisa trocou olhares com Lena por um momento, sem saber o que responder.
Depois de um momento, resolveu falar.
— Ela não está aqui — disse calmamente, e num momento Leviatã estava do outro lado do salão, no outro, ele estava em sua frente, com os braços ao seu redor e muito próximo. Elisa sentiu uma lâmina encostada em seu peito, machucando a pele. Era uma lâmina cheia de poder, poder que conseguiria lhe machucar.
— Então você serve — sussurrou ele. Lena começou a se aproximar rapidamente, mas um movimento de mão de Leviatã jogou-a para trás com força, batendo contra a parede. Lena não caiu, ficou presa por fios escuros e esfumaçados que surgiram de repente.
Ela se remexeu, tentou sair dali, Elisa viu a pele dela brilhar em dourado quando tentou se desvencilhar das cordas. Parecia uma fada presa numa teia de cipós, o poder dela não foi suficiente.
Elisa sentiu a adaga adentrando mais e mais, mas não conseguia se mover. Alguma coisa, uma camada fria de poder que se infiltrara dentro de si, lhe deixava imobilizada. Tentou recuar, mas os tentáculos sombrios lhe puxavam e prendiam, não chegava nem perto de ter o poder necessário para se libertar.
Ele manipulava a lâmina lentamente, era quase como se estivesse esperando por algo. Elisa quis gritar, mas não tinha controle algum do próprio corpo, aquilo era agonizante.
— Pare! — interrompeu uma voz furiosa, e Leviatã afrouxou o aperto ao seu redor, Elisa sentiu o corpo falsear quando recobrou o controle de súbito. — Não a machuque. — Elisa sentiu o mundo parar. Clarissa estava atravessando o salão a passos largos, os olhos arroxeados focados nos seus. Viu a ponta de um arco preso por uma fivela nas costas dela, junto com a alça dourada de uma aljava.
Elisa queria abraçá-la, mas não pôde fazer isso porque ainda estava parcialmente presa por Leviatã.
— Eu quero o colar — ordenou ele, quando Clarissa chegou perto o bastante. A loira olhou para Elisa, que negou lentamente com a cabeça. Elisa sentiu a adaga adentrar um pouquinho mais, não conseguiu conter uma exclamação de dor por causa dos poderes dele, isso foi suficiente para que Clarissa tirasse o colar do pescoço e entregasse para Leviatã. Ele pegou o colar e apertou entre os dedos, então sorriu quando se voltou para Clarissa. — Você acha que sou estúpido? — Ele jogou o colar no chão com violência, Elisa se debateu entre os tentáculos de sombra e os braços dele. Clarissa estremeceu, subitamente pálida, e pegou um colar idêntico ao que havia entregado do bolso da calça. — Boa garota. — Leviatã pegou o colar, Clarissa trincou os dentes e deixou que a face fosse escondida por uma cortina de cachinhos loiros. Leviatã lhe encarou com aquelas pupilas repartidas de cobra, Elisa odiava aqueles olhos. Ele segurou o colar entre os dedos quando voltou a falar. — Você vai pegar esta adaga e tirar todo o poder dela, então vai dá-lo para mim — disse ao apontar para Lena, que parou de se debater quando ouviu a ordem. Elisa achou que fosse desabar. A visão, os cuidados que havia tomado...
Havia sido inútil.
— Não — sussurrou Clarissa, os olhos cheios de pânico. Os tentáculos e os braços dele lhe soltaram subitamente, Elisa quase caiu porque o corpo inteiro estava trêmulo, em choque.
— Você vem comigo — ordenou Leviatã, e a loira não pôde resistir a ordem, porque ele estava com o colar. Com um último olhar aflito de Clarissa, os dois se afastaram e atravessaram o lugar, passando por baixo do globo de luz e das luzes cintilantes.
Elisa tremia, tentou controlar os impulsos, ficar parada, mas suas pernas lhe levavam na direção de Lena, ainda presa numa parede de cristal bruto. Ela se debateu, mas seus braços e pernas eram segurados pelas correntes escuras e demoníacas de Leviatã.
Elisa tentou soltar a adaga, mas os dedos não obedeceram e, quando se aproximou de Lena, começou a levantar a adaga.
Lena tinha olhos flamejantes e levemente desesperados, então ela suavizou a expressão quando viu o pânico na face de Elisa. A ruiva tremia muito, mas a adaga continuava firme na mão. Conseguia desacelerar o movimento, mas não parar.
— Está tudo bem — sussurrou Lena, dando um sorrisinho triste que era capaz de estilhaçar seu peito em mil pedaços. Elisa negou desesperadamente, os olhos foram para a própria mão, que se movimentava sem seu consentimento.
— Não, não está — praticamente gritou, a voz soou aguda porque agora a adaga estava na altura do peito dela, pronta para adentrá-lo.
— Liz, está tudo bem — garantiu Lena, e então fechou os olhos quando a adaga deslizou no ar, a segundos de atingi-la.
Elisa não soube como encontrou forças, como conseguiu recuperar o controle do próprio corpo, mas fez com que a mão girasse numa curva e levasse a adaga para dentro num movimento rápido, desviando de Lena no último segundo — e acertando o próprio peito.
Tudo falhou por um momento, as pernas cederam e Elisa desabou contra o piso escuro. Ouviu Lena gritar antes de tudo se apagar.
« ♡ »
— Para aonde estamos indo? — questionou Clarissa, percebendo que Leviatã lhe guiava por um caminho desconhecido. Havia cantos de Onyx que ainda não havia explorado, se é que aquela dimensão tinha um final. Ninguém sabia dizer ao certo se havia algum ponto em que tudo acabava.
— Procurar o coração deste lugar, destruir tudo de dentro para fora — disse ele, muito focado em ir em frente. Clarissa queria parar, controlar os pés e dar meia volta, mas não conseguia, não enquanto ele segurasse o colar.
Precisava dar um jeito de pegá-lo, mas Leviatã o enrolara no pulso e entre os dedos, jamais conseguiria pegá-lo rápido o bastante, tirá-lo de lá antes que ele desse uma ordem. Sua esperança era que os querubins percebessem algo errado, que Kenan e Lucas aparecessem e acabassem com aquilo.
Leviatã estava apressado e concentrado, ele sabia que não tinha muito tempo antes de ser descoberto.
Clarissa ficou calada e se concentrou, imaginando o que podia fazer. Ele lhe dera ordens para não alertar ninguém, mas talvez Lena tivesse escapado, talvez ela já tivesse alertado... Tentou controlar o aperto no peito, a respiração artificial que se acelerou de repente. Pensar na possibilidade de que ela não conseguira escapar paralisava tudo dentro de si, ocupava toda sua mente com pavor. Não tinha tempo para isso.
Chegaram num grande salão, Leviatã parou para pensar por um momento — e foi naquela pausa de Lucas apareceu, atacando-o com uma espada. Leviatã foi rápido para desviar e corresponder o golpe, Clarissa piscou algumas vezes, incrédula.
Viu a oportunidade para pegar o arco que carregava nas costas e puxar uma flecha. Leviatã e Lucas lutavam com muita rapidez, mudando de lugar o tempo inteiro e fazendo com que as lâminas estalassem, zunindo com o impacto.
Armou o arco, mas não conseguiu atirar por medo de acertar Lucas — então foi aí que aconteceu: A dor intensa no peito, a dor que lhe fez cair contra a parede e largar a arma. Clarissa tremeu e por um segundo achou que fosse desmaiar.
Havia mais pessoas na sala agora, sua visão ficou borrada e demorou um pouco para reconhecer. Três silhuetas, uma era de Lena. Lena. Então ela estava bem.
Não conseguiu pensar direito por causa da dor, mas procurou por Elisa e não a encontrou. Clarissa armou o arco, mesmo sentada no chão, e esperou por uma oportunidade.
Lena o atacava furiosamente, nunca esteve tão irada — ela flamejava em movimentos bruscos, descontando todo seu ódio em Leviatã. Ele sabia lutar muito bem, porque lutava com três querubins ao mesmo tempo, numa dança de luzes, sombras e lâminas. Os cabelos de Lena voavam, os olhos de Leviatã estavam sérios. Ela pulava e desviava dos tentáculos de sombras, se aproveitando do pouco tamanho e tornando cada vez mais difícil para que Leviatã a golpeasse.
Clarissa disparou o arco quando viu uma brecha, uma linha reta que conseguiria aproveitar, e a flecha voou no ar, brilhando e deixando um rastro de luz dourada. Acertou o braço de Leviatã, a flecha cravou-se na pele pouco abaixo do ombro — o surpreendeu o suficiente para que ele desviasse a cabeça, dando tempo para que Lena enfiasse a espada nele.
A espada estava cheia de chama dourada e celestial, adentrou o peito dele sem encontrar resistência, como se fosse um palito perfurando papel. Clarissa afundou contra a parede, aliviada. Fechou os olhos porque não queria vê-lo sumir, queria fingir que aquilo fora um pesadelo horrível, que tudo estava normal.
O peito doía. Doía com se metal quente estivesse sendo pressionado contra sua pele. Ouviu o barulho da flecha e da espada caindo no chão, soube que Leviatã se fora.
— Cass — chamou uma voz meio desesperada, e Clarissa abriu os olhos a tempo de ver Lena correndo e se ajoelhando em sua frente. Viu o olhar angustiado dela, só então parou para pensar no machucado no próprio peito e o que aquilo significava.
Arregalou os olhos.
— O que houve? Cadê a Liz? — Lena lhe abraçou e começou a chorar.
« ♡ »
Bethany deixou que Amara lhe levasse para o próprio carro, estava exausta e não tinha certeza de que conseguiria dirigir sem desmaiar no caminho. As coisas estavam borradas e giravam lentamente no trajeto até o carro dela, finalmente pôde se ajeitar no banco e fechar os olhos por alguns segundos, descansando.
Quando Amara deu partida no carro, Bethany se voltou para ela.
— Você percebeu — comentou Amara, antes que a menina pudesse falar qualquer coisa. Bethany deu de ombros.
— Você é tipo um livro de gramática ambulante, não erraria a vírgula nem com uma arma apontada pra sua cabeça — disse, ironicamente sentindo a própria cabeça latejar. Amara acelerava para um lugar menos arborizado, adentrando a rodovia com pressa. Segundo ela, um foco de poder tão grande era chamativo, precisavam sair dali antes que o lugar ficasse movimentado. — O que aconteceu entre você e Mamon? — indagou finalmente, afundando no banco e aliviada por estar supostamente segura. Ainda não confiava totalmente em Amara, olhava-a atentamente em busca de qualquer sinal de mentira.
— Ele estava interessado nos meus poderes, eu vi uma oportunidade — Amara respondeu lentamente, focada na estrada e deixando que os vácuos fossem preenchidos pelo ronco baixinho do motor. — Fingi trabalhar com ele porque assim podia me infiltrar e controlar a situação. — Bethany não conseguia tirar da mente a cena dos dois se beijando na varanda, observando as chamas que consumiam a floresta.
— Foi você quem colocou a espada lá? — Estava com medo de ouvir a resposta. Amara assentiu de uma maneira desconfortável, arrependida, mas isso não aliviou a decepção que Bethany sentiu.
— Foi o preço que paguei para que ele confiasse em mim — explicou Amara, apertando as mãos no volante e acelerando mais ainda. A rodovia estava vazia e ensolarada, um cenário muito animador depois de toda a cena tensa que acabara de acontecer. — Dei a ideia do eclipse, então sugeri que ele desse um jeito de colocar símbolos que bloqueassem os poderes na igreja, assim você estaria vulnerável, seria fácil lidar. — A menina sentiu o estômago revirar, queria pedir para que ela parasse o carro e correr para longe. Era a Amara que conhecia, mas ao mesmo tempo não era. Esse lado era novidade. — A real intenção era que Mamon bloqueasse os próprios poderes, assim eu poderia tirá-los dele no auge do eclipse, que me deu poder suficiente para que eu pudesse fazer aquilo. Fiz tudo o que pude para que ele confiasse em mim, para que ele me ouvisse e me deixasse chegar perto o suficiente. — Bethany estava pasma. Ela pensara em cada detalhe, o conduzira para o próprio fim numa dança macabra da qual Mamon nem se dera conta.
Fizeram boa parte do trajeto em silêncio, finalmente adentrando a cidade. Inclinou-se para a janela quando passaram na frente do hospital, espantada ao reconhecer um dos carros estacionados. Era um carro que conhecia bem demais.
— É o carro do meu pai — concluiu com um tom ansioso. Não fazia sentido que estivesse ali, porque ele não estava trabalhando aquele dia. A menos... A menos que algo tivesse dado terrivelmente errado, a menos que alguém houvesse se machucado. — Você pode parar? — Nem precisava pedir, porque Amara já estava virando o carro numa vaga livre na frente do hospital. Ela parou e destrancou as portas.
— Posso ir junto, se quiser — ofereceu quando Bethany abriu a porta, e a garota negou com a cabeça, trincando os dentes quando saiu do carro.
— Não quero falar com você agora. — Ainda se sentia traída e decepcionada com tudo aquilo, não era tão fácil encarar Amara. Estava quase correndo para o hospital, mas lembrou-se de algo e se virou para ela mais uma vez. — O que você é? — Amara sorriu levemente e jogou os dreads para trás.
— Assim como seu pai é a Morte, eu sou a Guerra. — Bethany não teve tempo de pensar muito sobre aquilo, se virou e correu para o hospital.
« ♡ »
Depois de sair daquele bosque, Sara sabia que não conseguiria voltar para o lugar com tanta facilidade. Queria procurar Bethany com Liam, porque Rafael sentira os poderes dela na igreja, então tinham algum indício de seu paradeiro. Segundo Azazel, Bethany destruíra os demônios, não apenas os expulsara.
Isso mudava completamente a dinâmica por ali. O ritual fora mais potente do que esperava, encerrando a batalha antes que pudesse ir longe demais.
Antes que conseguisse pensar em ir para a igreja abandonada, recebeu uma ligação urgente de Aislinn e rumou para o hospital com Liam. Arthur ficou para verificar a área e orientar os querubins do exército — aparentemente, Bethany e Noah havia acabado com tudo, e os querubins desertores desapareceram quando viram que estavam em minoria.
Liam lhe deixou no apartamento porque Sara estava sem o próprio carro, depois foi para casa trocar as roupas rasgadas e ensanguentadas. Sara fez o mesmo, apesar de não estar ensanguentada como ele — não queriam causar espanto quando entrassem no hospital daquela maneira.
Finalmente Liam voltou para lhe buscar, quinze minutos depois encontraram Aislinn na sala de espera vazia do hospital. Ela estava andando de um lado para o outro, Nicholas estava sentado numa das poltronas espalhadas pelo lugar.
Liam não esperou e nem perguntou nada, passou direto por Aislinn e já estava pegando a credencial de médico, desaparecendo no corredor de quartos de emergência.
Sara o observou com o estômago embrulhado. Ainda estava exausta depois da batalha, apesar de Azazel ter curado os cortes. Precisava recuperar as energias, mas não podia fazer isso com Noah no hospital.
— O que aconteceu? — perguntou sem conseguir controlar o desespero, Aislinn parou e inspirou fundo, inquieta. Ela lhe falou sobre a lanchonete e o rubi.
— Acho que os poderes foram demais para ele, toda a energia demoníaca... Noah não é como Beth, não consegue manipular tanta energia de uma vez — explicou, e Sara trincou os dentes com preocupação, imaginando se poderia seguir Liam pelo corredor. As portas tinham uma placa enorme de APENAS FUNCIONÁRIOS. — Sinto muito, eu deveria ter impedido, deveria...
— Aislinn, ele não é uma criança, não foi sua culpa — interrompeu antes que ela se sentisse mais culpada.
Havia uma parte de si que queria gritar com ela, ficar furiosa porque ela deveria estar cuidando de Noah, mas sabia que os filhos não eram mais crianças, não podia ficar controlando cada decisão deles. No fim, não conseguia ficar brava com Aislinn, porque isso significaria que teria de ficar brava consigo mesma por causa de Bethany.
Sara desabou numa das poltronas, sem saber o que fazer. Não queria sair dali, estava exausta e preocupada com Noah, mas queria ir procurar por Bethany. Rafael disse que iria até a igreja e daria notícias assim que soubesse de alguma coisa, mas estava aflita demais para esperar que alguém desse notícias.
Não demorou muito tempo até que Liam voltou, tão exausto quanto ela mesma se sentia. Os braços estavam cheios de curativos que a camiseta cinza mal escondia.
— Ele está em supervisão, teve uma convulsão e está com muita febre, estão tentando estabilizá-lo — explicou ele, passando a mão pelas mechas claras. Sara sentiu-se zonza, olhando para as portas do corredor hospitalar e querendo correr até lá para encontrar Noah. Liam deve ter visto o desespero em seu olhar, porque lhe tranquilizou logo depois. — Ele vai ficar bem, só precisa se recuperar — disse Liam, e Sara confiava naquelas palavras, mas continuava desconcertada.
— Talvez eu possa ajudar, eu... — murmurou, balançando a cabeça e sentindo que desabaria a qualquer momento.
— Ele vai ficar bem, eu prometo. — Liam colocou a mão em seu braço, isso foi o suficiente para lhe acalmar um pouco, silenciar os pensamentos que estavam gritando na mente.
Fechou os olhos por alguns segundos, inspirou fundo para conseguir acalmar o próprio ritmo.
— Mãe? Pai? O que aconteceu? — Quando reconheceu a voz de Bethany, quase desabou de alívio. Abriu os olhos e viu a menina correndo em sua direção, preocupada.
— Onde você estava? Te procuramos a noite inteira... — Sara balançou a cabeça quando a abraçou forte, percebendo que ela parecia bem. Não estava machucada e nem nada assim. Mal podia acreditar no que via, depois de uma noite inteira aterrorizada com todas as hipóteses.
Prolongou o abraço, Bethany suspirou.
— Desculpa, eu estava com Amara, ela tinha um plano e pediu para eu ir sozinha. Encontrei-a na igreja, ela acabou com Mamon e fiz o ritual de banimento — explicou enquanto ainda estavam abraçadas, Sara se afastou para olhá-la de uma maneira incrédula.
— Você deveria ter avisado, nós teríamos...
— Vocês teriam ido junto e estragado o plano de Amara — complementou a menina, levantando uma sobrancelha. Sara queria negar, mas sabia que era a verdade. Se ela tivesse dito algo, nunca a deixaria ir sozinha.
— Nunca mais faça isso — Liam sussurrou quando a abraçou, então a atualizaram sobre o que havia acontecido com Noah. Nicholas preferiu ficar na poltrona roendo uma unha nervosamente, os outros se juntaram numa rodinha.
— Vocês provavelmente fizeram o ritual no mesmo momento, as energias se conectaram automaticamente — concluiu Aislinn, depois que trocaram todas as informações e juntaram os fatos. Bethany assentiu de maneira aflita, olhando ao redor. Sara percebeu que ela também estava desconfortável com todo o branco e cheiro de hospital.
— Eu senti a energia dele com a minha. — A menina balançou a cabeça, descontente. — Foi por isso. Ele não estava esperando tanta energia, não tinha como saber — continuou. Sara passou o braço ao redor dela para consolá-la.
Se Noah não estava esperanto tanto, é claro que não conseguira controlar.
Liam lhes observou com preocupação, daquela maneira atenciosa que Sara achava ser um olhar exclusivo de médicos.
— Vocês deveriam ir para casa e descansar um pouco, ligo assim que tiver qualquer notícia — sugeriu, e tanto Sara quanto Bethany começaram a protestar no mesmo momento. — Vocês não poderão fazer nada agora, assim que puderem vê-lo, eu aviso. Precisam descansar, Noah ficará seguro — prometeu, e as duas trocaram olhares por um momento. Por fim, Sara cedeu e concordou, Bethany mal conseguia ficar com os olhos abertos de tão cansada e não protestou muito.
Aislinn lhes ofereceu carona, já que Bethany não havia trazido o carro da igreja. Acabou aceitando, mas Nicholas insistiu em ficar, então acabou voltando para casa apenas com Bethany.
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