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Os olhos dele....

22 de Maio de 2018

Sete horas da manhã, de um dia insuportavelmente limpo e bonito.
Fernando parou a carro no estacionamento do hospital, respirou fundo, pegou a maleta o notebook e o celular.
Entraria pelos fundos, gostava de observar o ambiente antes de se apresentar. Falta só mais essa unidade da vasta cadeia de hospitais particulares que herdou junto do irmão, Félix.
Rodeou o hospital e entrou, não houve muitos olhares como ele esperava, afinal entrara usando um jaleco simples.
O elevador estava cheio, era dia de entrevista.
— Décimo andar, por favor.
A segurança, responsável pelo uso do elevador lhe lançou um olhar significante e acionou.
Pouco tempo depois estava no corredor da diretoria.
— Bom dia. – Encostou no balcão.
A balconista lhe lançou o mesmo olhar da segurança, um sorriso largo estampou-lhe no rosto afinado.
— Bom dia, senhor. Deseja falar com quem?
— Doutor José Carlos, por favor.
Ela pegou o telefone o olhando, e discou. Pouco tempo depois ouviu-se a voz do amigo.
— Doutor, o senhor....
— Fernando Olivar Smith. –  a respondeu.
— O senhor.... Doutor – Ela ponderou, afinal ele levava consigo o nome do hospital.
— Diga ao Júnior que estou entrando.
Passou pela loira e entrou na sala do amigo.
— Nando! – Júnior se levantou da poltrona. — Seja bem-vindo.
Os amigos se abraçaram calorosamente.
— Vem de vez?
Fernando se sentou no sofá de couro, cruzou as pernas e sorriu.
— Vim de vez. Deixei São Paulo nas mãos do meu irmão.
— Lamento pela briga desnecessária do Felix.
— Não se lamente, ele estava certo, depois de tudo o que aconteceu, eu não poderia trabalhar no mesmo lugar que ele.
— Nando...
Fernando tirou da pasta um envelope, que entregou para o amigo. Foi feito em outra clínica, o que levantou suspeitas em José.
— Estou morrendo júnior.
— Como assim... Seu transplante foi um sucesso. Você estava a mais de dez anos livre..
— Descobrimos um cisto de tamanho considerável na coluna, e metástase no intestino.
José Carlos sentou-se cego, as mãos trêmulas enquanto retirava o laudo do envelope.
— Sarcoma de Ewing. – Nando falou, calmo. — Está crescendo lentamente.
— Mas você procurou tratamento. Quimioterapia..
— É isso que vim fazer aqui. – Ele encarou o amigo.
— Se tratar? Nando eu posso conseguir os melhores médicos para você. Sabe disso, pode se hospedar na minha casa na Argentina. Ou com a minha mãe em Orlando..
— Júnior, eu passei a vida lutando, sofrendo, temendo morrer. Acabou. Não quero mais sofrer. Vim para receber tratamento porque sei que você está cuidando desse hospital como cuida da sua família. Eu vou pagar meu tratamento como um paciente.
José Carlos sentiu o gosto das lágrimas no fundo da garganta. Chegou a cobrir o rosto com as mãos. Não podia acreditar que o melhor amigo estava desistindo de viver. Logo ele que apreciava a vida, cuidava dos pacientes como alguém da família. Adorava esportes, aventuras..
— Já pensei em tudo. Meus pais se foram, só tenho Félix, e sei que ele pode não dar continuidade a família. E não quero deixar tudo para os meus tios. Quero deixar um herdeiro aqui.
— Vai congelar seu sêmen, é isso?
— Não Júnior. Vou escolher a mãe do meu filho. Oferecer-lhe todo o suporte depois da minha partida. Eu... Eu quero estar presente na gestação.
Junior saboreou o gosto de algumas lágrimas. Chegou até mesmo a pegar o telefone para cancelar toda a agenda dos próximos dias.
— Decidi vindo para cá, que quero ter a sensação de receber a notícia que vou ser pai, e depois de tudo, acompanhar a mãe do meu filho no parto. – Nando mexia nervosamente na maleta. — Eu sempre tive tudo o que queria Júnior, roupas, brinquedos, viagens, mulheres. Mas ignorei a beleza da vida, o nascer. Eu... Quero deixar esse mundo sabendo que deixei alguém aqui. Já conversei com amigos que tem uma clínica de fertilização.
Quanto a isso não houve objeções, Júnior sabia que o amigo era teimoso a ponto de discutir até o fim, e sair ganhando.
— E então... Trouxe meus exames e documentos. Me encaminha daqui, ou eu preciso ir á algum lugar primeiro?

*****

— E então doutor? O que eu tenho?
Luiza remexia a chave do carro velho, impaciente. Aguardava o Doutor Alexandre responder a pergunta, e acabar ou aumentar a angústia dela.
— Você tem ceratocone. Já ouviu falar?
— É câncer, Doutor? – Ela disse, se desesperando.
— Não. – Ele riu com o nariz. — É uma deformidade nas córneas. Você vai notar que gradativamente perderá a visão.
— Mas isso tem cura?
— Intervenção cirúrgica, ou lentes rígidas. – Ele analisou a tela do computador. — No seu caso, as lentes ainda podem ajudar. Posso passar um óculos até que elas fiquem prontas.
— Por favor. – Luiza deu um sorriso amarelo.
— Vou te encaminhar para a Contatóloga.
Depois de pegar a receita para um óculos que sabia ser o único recurso a usar, Luiza esperou uma eternidade até ser chamada. Foi submetida a um monte de exames e testes até que a Doutora dada por vencida lhe passou o valor.
— Com a gente fica em Três Mil e Quinhentos reais.
— Oi? – O susto foi tamanho que Luiza virou o ouvido na direção da Doutora.
— Essas são lentes rígidas, o material é um pouquinho mais caro.
Falou, falou e falou, enquanto Luiza só queria sair dali.
— Anota para mim, por favor. Preciso conversar com a dona do cartão de créditos.
Depois que saiu da clínica não houve tempo de passar em casa. Rumou para o novo emprego, que acabara de conquistar a uma semana.
Vestiu o uniforme, calçou as botas e prendeu o cabelo cacheado.
No crachá a foto e o nome, Luiza Mendes, e o cargo, Auxiliar de Limpeza.
Respirou fundo, queria ter tempo de estudar e quem sabe se formar em enfermagem.
Engoliu o choro, afinal a família dependia dela. A mãe, senhora Marli já era aposentada, mas mal dava para sustentar a mãe idosa diagnosticada com Alzheimer, e o filho, irmão de Luiza.
Walter, estava internado, lutando contra os vícios. E isso consumia o dinheiro das mulheres da casa.
Com o carrinho cheio de produto começou a limpeza da tarde. Passaria nos quartos, recolhendo lixo, lavando banheiro, trocando roupa de cama e escutando reclamação até a hora de voltar para casa, moída.
Quando saiu do elevador de serviço viu o Diretor do hospital ali, levando consigo um homem.
Se achava o diretor bonito, com os seus quase dois metros de um corpo bronzeado e gominhos que ele mal conseguia esconder na camisa, quase não conseguiu arrastar o carrinho ao ver o mais novo paciente.
Era alto como o Doutor José Carlos, mas tinha os cabelos negros em cachos grandes, os olhos mesmo dali e quase cega, via-se que eram da cor de mel líquido. Ele tinha lábios vermelhos e quando sorriu amigável para a enfermeira, mostrou-se duas covinhas.
— Luiza!
— Sim senhora.
— O quarto vinte e cinco está vago.
— Entendi.
Ela sabia que Margareth estava se exibindo, não pelo paciente. O Diretor estava ali, e era nele que as interesseiras focavam todo o pagamento em perfumes.
Margareth não era diferente, sendo a enfermeira chefe daquele setor mantinha todas sob seus pés grandes de pato.
Se achava a loira mais bonita do hospital, até mesmo parecida com Marília Mendonça, mesmo que só na sua mente e seu espelho distorcido.
Luiza passou pelos homens com a cabeça baixa, rumou para o quarto e lá teve de aguentar toda a ladainha de Amargareth sobre a limpeza precária feita ali.
— Eu sei. – Luiza concordava. — Me desculpa.
Enquanto corria para limpar o banheiro viu passar por elas o tal paciente.
A troca de olhares foi instantânea, ele chegou a parar, mas Luiza se atrapalhou com os produtos, e quando voltou a olhar para a porta, ele não estava mais.
— Me entendeu, Luiza?
— Claro. – Que não. — O quarto do lado já foi higienizado?
— Sim! Eu mesma o ajeitei.
Luiza trabalhou o resto do dia e início de noite, quando podia sempre dava uma olhada para a última porta do corredor. Sempre fechada, mesmo que houvesse a presença de algum profissional ali.
Bateu o cartão com os olhos do outro na mente e voltou para casa. O carro velho por pouco não ligou.

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