Verdades
Então, voltei ♥✝
Espero que não se assustem ♥♥
Boa Leitura Eternals ✝
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Harry ainda estava estático, enquanto eu permanecia ofegante, não somente por ter o beijado, mas porque descobri parte do meu passado. Eu fui um vampiro composto por desejo no passado e com pensamentos diferentes do que eu sou agora. Fiz coisas e sofri segundos antes de deitar no beijo da morte. Minha mente naufragava nas memórias do meu passado constantemente.
Está tudo martelando na minha cabeça, não acredito que a Selena foi a culpada da minha infelicidade com o Harry, e de certa forma, acabou com a vida do meu irmão. Meus vários Eu's, estavam agitados dentro de mim. As paredes levantadas entre eu e eles teriam sido derrubadas após essa revelação. Me encolhi, porque apesar dessa frustração que sinto, não sou capaz de ser malvado com algum dia fui. O mais assustador de tudo, é saber que sou dono da Morada da Noite. E que com a mesma intensidade que me senti conectado com ela no passado, teria sido quebrada após a posse de Selena. A verdade é que tudo isso foi motivado por uma bruxa, cujo a magia negra corre em seu sangue. Essa magia que está dentro de si, tirou sua alma do corpo e a consome, tornando-a mais forte a cada dia que Selena se alimentar por raiva, inveja e o desejo continuo de me ver morto.
A ansiedade dominava a minha alma e deixava-me zonzo por pensar demais. Uma dor forte de cabeça envolvida por enjoo me derruba em seguida, assustando-me por ser tão sólida.
Tento não trazer as lembranças à tona, mas é quase impossível por se tratar de mim. Fecho os olhos tentando focar no presente quando sou absorvido pela imagem de Harry em seus vestes de plebeu e em como o transformei em vampiro. E pela sua mísera vida, vingamos acabando com todos os Johnson e em como ele sofreu no último instante por ser aquele que carregaria o beijo da morte por séculos.
Abracei meu corpo, encarando Harry, sem saber como continuar o que teria iniciado. Estava em transe, tentado fazer entrar tudo na minha cabeça com facilidade. Porém, cada vez que tento, mais fica confuso e dolorido.
“Você caíra dez vezes, na vigésima vez você ganhará a força e na trigésima acabará com todo o mal.”
O que aquela frase significa? Como assim, acabar com a mal?
Eu nem tinha “poderes” para isso. E se aquela frase que ouvi quando minha alma era resgatada do inferno, referia ao mal sendo Selena e o fato de eu estar reencarnando seja as vinte vezes que eu cairia, então estava tudo perdido. Custou para mim bloquear meus pensamentos, imagina, tentar descobrir como vou acabar com o “mal”.
Daria tudo, para voltar a ter uma vida menos complicada como essa, se bem que nunca tive, já que estou sob efeito de uma maldição. Tinha tanta coisa para descobrir, tantos mistérios que ainda tenho que desvendar, não sabia por onde meter os pés e não queima-los na larva que me cerca.
— Louis, como assim, você lembrou do passado? — Harry recapitula a pergunta, segurando na minha mão preocupado.
Estava evitando o encarar, pois, sempre me vinha seu olhar desolado quando me beijou pela primeira vez e acabou me matando com isso.
Seus diamantes me fitavam preocupados, com medo e quanto mais eu o encarava, mais eu também tinha medo porque eu sei qual é nosso destino, quem ficara com a dor que não pode ser preenchida com simples atos de compaixão. O ciclo nunca mudava e por tanto tempo ele carregou esse fardo consigo.
— O que você viu? — Harry insistiu.
Engoli em seco, tenho que abrir a boca, não posso ficar travado, afinal, ele poderia me ajudar com aquela confusão.
— Eu vi você, depois que matei o Diógenes e te transformei, vi a família dele morta e como isso aconteceu. Lembro de voltarmos para Beaumont. E esse lugar ser meu lar, Justin e Zayn, nós... — Parei um pouco, lembrando que fizemos amor no meu quarto e se as memórias não fosse tão frescas, diria que seria apenas coisa da minha cabeça ter sentindo tudo o que Elliot sentiu naquele tempo.
— Nós? — Harry faz com que eu saia dos mais impuros pensamentos.
— Nós — Repito. — Fazendo amor pela primeira vez, a magia negra sob a Selena, lembrei que você está preparado e que eu estava planejando muitas coisas para nós. De Selena transformando o Justin em lobisomem, que estamos condenados a sofrer porque ela é uma bruxa amarga com a própria vida.
Engoli em seco.
— Lembro de morrer e dizer que o amava. A dor que eu sentir, tanto em ir para o inferno como de te deixar aqui na terra. — Senti as lágrimas subirem — E como eu não quero que isso aconteça agora, porque eu te amo e não quero morrer para te ver sofrer.
Harry me coloca no seu colo, abraçando meu corpo, enquanto descarrego uma jarra de emoções depois dessas revelações. Eu acabo molhando seus ombros, a medida que ele massageava minhas costas tentando me passar calma. Mas não tem como ficar calmo quando o mundo está caindo inteiro em cima de você.
— Harry, eu não quero perder você. — O encarei — Eu não quero perder você. Mas eu sinto a morte batendo na minha porta. E ainda tem esse símbolo que não se curou de mim — Ergo meu braço, vendo o triângulo que aquela entidade teria feito em mim — Ouvi dizer que eu estava fodido. Por que eu sinto que vai acontecer alguma coisa de ruim comigo?
— Shh, não vou deixar que nada aconteça com você. Não vou cometer os mesmos erros que fazia no passado. — Harry segurou meu rosto, beijando meus ombros. — Eu amo você e não vou perdê-lo novamente.
Assenti, colando nossas testas uma na outra. Olhei para o meu colar que balançava para frente e para trás.
— Harry!
— O que houve?
Meus batimentos cardíacos começam a acelerar.
— Esse colar, eu lembro de falar para você que é a única chave para abrir o meu quarto porque não poderia confiar nos vampiros do castelo. — Seguro a adaga pequena na minha mão, sem tirá-la do meu pescoço.
— Lembro desse dia, foi quando você afirmou que tudo era nosso. Você me ensinou tanto Louis, sou esse vampiro porque você me treinou muito bem para ser quem sou.
A ideia de que metade das coisas que Harry sabe, teria aprendido comigo, me deixava... Lisonjeado e assustado, ao pensar que nesse momento não sei de nada. Ainda encarando o meu colar, penso sobre algo: O castelo foi construído novamente para dar lugar a “morada” e teve modificações feitas pela Selena. Será que depois de tudo o que ela desfez sobrou alguma coisa?
Liberei esses últimos pensamentos para o Harry, que arqueou a sobrancelha e franziu o cenho.
— Pode ser que sim. — Ele fala — Mas para isso, teríamos que explorar esse lugar, até achar seu quarto verdadeiro.
Mordi os lábios pensado.
— E se a Selena se apossou dele? Mudando a chave para a dela ou se ela o esconde em uma parede falsa? — Suponho. — A magia negra é capaz de tudo.
— Ela é. — Harry rosnou.
Só poderíamos saber sobre a verdade quando fossemos para a biblioteca nos encontrar com Zayn.
— Quantas horas? — Pergunto.
Harry olha para o relógio em seu pulso e diz:
— Quase sete da manhã.
Sorri porque o sol estava ficando mais forte. Parte da morada está no mais sono profundo.
— Eu vou no banheiro... — Parei por um medo, lembrando do meu medo de estar sozinho e sinto um calafrio na minha espinha dorsal. — Rápido, eu vou rápido.
Levantei, quase tropeçando no meu próprio pé. Empurrei a porta, a fechando atrás de mim. Encarei a minha imagem refletida, eu estava um caco, meus olhos tem profundas olheiras de dias mal dormidos. Tem sido assim, desde que vim para cá, minha vida se tornou um holocausto. Eu estava sendo perseguido pelo mal, mas não sabia como fugir dele.
Sabe quando você está em cacos? E você quer desistir por que não aguenta mais?
Estou querendo fazer isso. Mas sei que não devo.
No passado, quando eu tinha problemas e estava com o Shawn, eu costumava me isolar, ele não gostava disso e automaticamente me tratava com frieza todas as vezes que eu tinha surto. Só que ele não entendia porque isso acontecia comigo, eu queria ficar sozinho para pensar, para não ter que ser rude com ele, pois, não era sua culpa o fato de eu estar vivendo esse conflito interno.
Mas assim como eu mantinha a distância, dias depois eu ia me explicar e me abrir com ele sobre o que estava acontecendo de modo que fosse mais compreensivo para ele. Shawn era frio no final de tudo, dizia que “tudo bem” e usava o tom seco para cima de mim, mal ele sabia o quão esse ato me machucava. Eu não queria ser assim, ninguém quer ter problemas, muito menos surtar quando você menos espera.
Achava que era um monstro por mudar quase todas as vezes com ele e não o culpo por agir como tal, mesmo quando tentava conversar com ele sobre isso, decidi que era melhor não ir mais a fundo pelo modo como Shawn não demonstrava sentir importância pelas minhas lamentações. Meu coração se tornou um pouco frio sobre me abrir verdadeiramente com alguém e se nem mesmo meu namorado não conseguia me entender, quem mais poderia?
Apesar dessas feridas existirem em mim, eu o amei como ímpeto. Abafando toda a sua injuria quando se tratava dos meus lamentos.
Antes eu costumava julgar o amor como algo peculiar porque no tempo que ele te faz amar, enxergar as coisas de um modo lindo e encantador, no mesmo ele pode estar pisando em você e te perfurando, te machucando e acabando com todo o encantamento. Eu acredito que quando você ama, você tem que confiar na pessoa com quem você se relaciona, você tem que tentar de tudo para manter aquela pessoa na sua vida, se ver que tem algo errado na relação. Aonde os dois sentem, conversem sobre o que está se passando para, em seguida, chegarem a uma solução juntos. Eu não sei muito sobre conselhos amorosos. Estou vendo as coisas de outro modo e agindo diferente, mas é um diferente bom.
Eu já tive medo do amor como tenho do escuro, achava que ele poderia ser algo bonito e um completo desastre no ato final. E entendo que o amor não é somente viver com base no que só te completa, você tem que sentir de corpo e alma, não deixar de ser sincero e acima de tudo, ser quem você quiser ser, ao lado daquele que você ama.
Posso afirmar que estou aprendendo tudo sobre o amor com o Harry, porque ele me entende e sei que com ele, caso um dia eu venha ter a minha crise como a que tive com Shawn, irá me segurar se eu pensar em cair. É isso é que eu chamo de relacionamento a dois, compreensão, afeto, sermos um só e mesmo sendo um casal, compartilhar sentimento, sentir coisas e nos surpreendendo com elas. Contudo a vários tipos de concepções sobre esse sentimento carnal. A única certeza que temos do amor é que: vamos amar intensamente como também vamos nos quebrar na mesma intensidade quando o laço não permanecer firme.
A vida é complicada, a única certeza que temos dela é que teremos um fim.
Suspirei, pois, costumo pensar muito, dialogar comigo mesmo como se estivesse fazendo isso com um melhor amigo. Eu até gosto, no fim, acabo um pouco mais tranquilo. Lavei meu rosto, saindo do banheiro e encontrando o Harry com um caderno em mãos, ele parecia estar desenhando, pois o movimento que fazia com elas mostrava o óbvio.
— O que está desenhando ai!? — me sento próximo dele.
Olhando para a folha e em seguida para Harry.
— Uma coisa que relaciona ao nosso passado. — Ele fala, fazendo os traços rapidamente.
Fiquei quieto na minha, observando tudo, embora a velocidade que Harry usava com o lápis acabava por me deixar tonto. Em menos de um minuto ele termina e me ergue o papel.
Uma montanha estreita ficava no fundo, o borrão que ele fez com o lápis preto parecia fumaça ou uma neblina entre elas. As copas das árvores eram muitos a frente, as folhagens caiam; assim estava no desenho; haviam um labirinto, um jardim cujo as flores foram pintadas de preto, parecia um lugar que pertencia a alguém.
Encarei bem o desenho, mas não consegui lembrar de nada do passado.
— Aonde fica esse lugar? — segurei o desenho.
Harry se mexeu ao meu lado, em seguida me encarou.
— Um jardim gigante, da morada. Antes de ser destruído pelo fogo, era secreto e somente seu. Disse-me que seus pais teriam construído para os seus primogênitos.
Cada vez que falava sobre o meu passado, mais dele gostaria de descobrir sobre e quem sabe poder senti-lo.
— Acha que estaríamos juntos, se eu não tivesse morrido naquela época? — Deixo o papel no criado mudo, olhando para o meu namorado.
Harry sorriu pegando na minha mão. Olhei para o seu anel, lembrando porque eu o presenteei para que ficasse seguro do sol. Estranho pensar isso quando você é humano e perdeu muita coisa da sua vida de um modo nada literal.
— Tenho certeza, você era bem possessivo em relação a mim. — ele rir — Matou umas dez pessoas que se aproximaram com segundas intenções comigo. — Arregalei os olhos, me imaginando matando pessoas e a tentativa foi falha, obviamente — Além de ser assim, você me ensinou a amar de verdade, ter me tirado daquela casa, foi a melhor coisa que fez. E mesmo respirando eu sentia que não tinha vida, quando me transformou, morrer me deu a sensação de estar mais vivo do que nunca.
Mordi os lábios, pensando em algo bobo e não deixando de partilhar com ele.
— E agora, como você se sente comigo?
Harry franziu o cenho quando sorri sem muito ânimo para ele. Vi de seus lábios soar resmungos e provavelmente Harry estaria procurando as palavras para me responder.
— Agora, eu sinto a mesma coisa, mas em uma proporção diferente, é assim quando todas vezes reencarna. Amor, eu amo você e suas personalidades, tudo que compõe um novo Louis, não importa quantas vezes você volte a vida, o amor sempre é maior, ele não acaba. Ele é verdadeiro demais para ter um fim por meras bobagens. Não tem essa de sentir mais do que as outras vezes, sempre é o mesmo sentimento, a única diferença é que ele fica mais forte cada vez que aparece na minha vida.
Sorri, olhando bem para aqueles olhos verdes e pressionei meus lábios no seu. Harry me segurou, colocando-me no seu colo como da outra vez, enquanto as ondas de calor e frio na barriga percorriam meu corpo, abracei sua nuca e ele fazia o mesmo com a minha cintura, tirando-me o pouco do ar que eu tinha. O beijo foi acelerando até que meu corpo é debruçado na cama, sinto o dele sobre mim. Deslizei minha mão pelo seu peitoral e subi para o seu rosto, a deixando ali.
Harry roçou nossas pernas, enquanto eu tentava me aninhar, ele distribuiu os beijos pelo meu pescoço e subiu para os meus lábios, eu respirei ofegante, após fazer um cafuné na sua nuca, encarando seu rosto tão perto do meu.
Tive de sorri para não mostrar como estava envergonhado por ele me encarar por tanto tempo assim.
— Sabe de uma coisa? — Indaguei, passando meu polegar nos seus lábios e depositei outro beijo ali — Eu amo você, essa é única certeza que tenho da minha vida. É a única coisa que posso afirmar sem dúvidas.
Harry sorri.
— Essa é a nossa certeza. — Ele beija a ponta do meu nariz.
Me mexi embaixo dele, arrumando minhas pernas quando seu corpo estava sobre o meu.
— Promete pra mim que independente do que acontecer, vai continuar lutando por nós, mesmo que paremos na metade. Se algo de ruim acontecer comigo, você não vai deixar que o mal vença. — enrolei meus dedos nos cachos que se formavam no seu cabelo.
— Se acontecer algo de ruim. O que espero que não aconteça! — Harry segura meu rosto — Eu vou até o inferno para ter um jeito de parar com esse ciclo vicioso de morte. Não irei descansar até encontrar uma solução, em nome do nosso amor, eu vou lutar por você.
— Eu te amo!
— Eu amo você, Louis!
Voltamos a nos beijar. Era estranho sentir que aquilo parecia uma despedida. Não gosto de pensar nisso e não quero. Ainda tem muita coisa para acontecer antes do fim, estamos no meio e tudo pode mudar até lá.
...
Dando 7:30 da manhã, mandei uma mensagem para Zayn, dizendo que estava a caminho da biblioteca junto com o Harry. Não foi difícil chegar lá afinal, quando você tem um namorado vampiro e era completamente cauteloso em seus movimentos com um humano em seu colo.
De frente para a porta de madeira que cheirava a lustra móveis; entramos em silêncio, Harry entrelaçou nossos dedos quando a porta atrás de si foi trancada. Engoli em seco, olhando para as enormes prateleiras e o andar que levava a mais com muitos livros. Logo à frente, vimos Harry, sentado na poltrona a nossa espera. Ele estava sério, com algumas pilhas de livros na mesa ao lado.
Nos aproximamos e vejo ele virar um pouco a cabeça, sorrindo para mim.
— Demorou, doce, achei que não viria. — Ele se levanta, vindo me abraçar.
Harry soltou a minha mão, para me deixar retribuir, mas não saiu do meu lado. Fechei os olhos, aspirando o perfume de Harry e recebo um beijo na bochecha dele. Logo me lembro do passado e da sua revelação espontânea de me amar.
— Tudo bem? — pergunta, eu assenti — E como se sente?
— Tenso. — Olhei para o Harry que assentiu com a cabeça — Tenho que te contar uma coisa antes de começarmos a falar as verdades que me foram escondidas.
...
Fomos para um lugar mais “seguro” para não sermos pegos em flagrante. A dispensa da biblioteca tinha um porta que levava ao porão da morada — essa porta que não vi quando vim para cá, sozinho aquela vez —, tivemos que levar lanternas pois o lugar era bastante escuro e tinha cheiro de poeira. Isso me fez espirrar muitas vezes quando paramos, Zayn acendeu o facho de luz nas lamparinas, o porão estava envolvido por armários, caixas e móveis velhos, explicando o acúmulo de poeiras e teias de aranha do local.
Me sentei em uma das caixas quando os dois ficaram próximos de mim, enrolei meus dedos na barra da minha blusa e comecei a explicar sobre a experiência real que me ligou a lembrança de outro tempo e disse em detalhes todas as coisas que foram confirmadas por ambos. Zayn esfregou o rosto e Harry mordeu os lábios a medida que eu me aproximava do fim do meu relato.
Terminei a minha fala, questionando sobre as minhas dúvidas e mostrando em meu tom que precisava de respostas com urgência. Harry e Zayn, do contrário que imaginei, se encararam com apreensão e seguindo um complô de mensagens não ditas em palavras ou pensamentos.
Ofegante em meu próprio mundo, moído por tanto ter falado, os encaro.
— Então, não vão me dizer o que se passa? — indago — Falem alguma coisa, por que é pra isso que viemos aqui, não é?
Eles voltaram a se encarar, quando Harry abre a boca:
— Você se lembra com facilidade o dia que o transformei?
Senti o peso na minha cabeça, estava a ponto de cair e bater com ela no chão. Mas permaneci ereto.
— Não, mas sei que foi você por causa da lembrança. — engoli em seco.
— Se quiser posso te explicar como aconteceu. Tenho os detalhes gravados na minha mente.
Vi Harry se levantando do seu lugar, após a provocação de Zayn. Como se já não bastasse a minha falta de paciência para a briga cansativa que insistiam em ter.
— Está tudo bem. — Olhei para Zayn, que apenas riu. — Agora vamos encerrar essa parte do assunto e falar de algo mais sério, por favor? — Me vi em uma situação embaraçosa, estava literalmente tremendo — Como por exemplo, explicar sobre a minha vida.
Isso, mudar o foco da conversa ia ajudar. Respira Louis, respira.
— Não tem muito o que explicar da sua vida, já que a parte principal dela você acabou lembrando. — Zayn esquivou o corpo para frente — Só nos é estranho, que suas memórias estejam voltando assim, como se você estivesse se recuperando de um acidente que lhe fez perder a memória. Louis, isso não aconteceu em nenhuma de suas reencarnações antes.
“Sei disso, por isso quero entender”
— Pode ser que essa reencarnação, venha ser a última, a definitiva. — Constata Harry no seu lugar, eu e Zayn o encaramos — E se a maldição da Selena, venha ter um limite? Sabemos aqui, que Louis não é transformado, ainda tem que acontecer o processo e pra isso, ele tem que descobrir a que grupo ele pertence. E se esse for o momento final?
Ficamos os três pensativos, até o momento que Harry volta a me encarar.
— Lou, você disse que no fim, quando sua alma estava no inferno, sendo atormentada pelas almas condenadas que lá habitam, viu uma luz e lhe trouxe a paz. Ouviu uma voz dizer: “Você caíra dez vezes, na vigésima vez você ganhará a força e na trigésima acabará com todo o mal”. O que me faz pensar bastante sobre ter escolhido pelos céus para acabar com essa maldição, você tem um poder mas precisa saber qual, que talvez, seja maior que as trevas da Selena.
O que Harry disse tinha sentido, mas também me assustava, a ideia de uma possível luta contra uma bruxa que usa magia negra me deixava com medo de errar. São muitas responsabilidades em cima de mim e me deixavam apreensivo demais. Eu nem sei o que fazer. Que dirá, lutar contra a Selena. Parecia loucura demais.
— Está dizendo que o Louis, é quem vai acabar com isso tudo? — Zayn indagou, achando aquilo bem perigoso.
— Somente pelo que ele conta no fim, quando ele foi morto pelas trevas, já é algo suspeito em relação ao nosso futuro. — Harry responde ríspido.
Vi que se deixasse esses dois conversando, eles provavelmente iam brigar como das outras vezes, por isso me intrometi com uma pergunta.
— Quantas vezes reencarnei? — olho para os dois, atraindo seus olhares para mim.
— Essa é a décima. — responderam.
— Okay... — Procurei não entra em pânico com aquilo, respirei fundo e tentei pensar sobre outras coisas — Vamos supor, que talvez essas vinte vezes que eu venha ganhar forças, seja o fato de sem explicação alguma, eu me curar sendo que não sou vampiro, ver auras, lendo pensamentos, sendo capaz de pular em uma altura inumana e a volta das minhas lembranças, não sendo necessariamente vinte vezes, que isso tudo venha acontecer, quando “eu souber quem sou.” — fiz aspas com os dedos — quando adquirir toda força, encontrar a forma de acabar com a maldição, eu vá lutar com a Selena.
Silêncio.
Droga, até mesmo eu pensando, agindo com sensatez, fico com medo só da ideia de ter que fazer isso. Talvez o medo, venha ser o meu maior inimigo no momento. Talvez, eu tenha que saber enfrentá-lo para enfrentar o verdadeiro inimigo.
Cada vez que surgem as verdades, tudo fica tenso para mim.
— Você tem razão. — Harry concordou — Tudo está acontecendo muito rápido. E se soubéssemos o que a Selena falou quando nos jogou essas maldição, se existisse alguém que pudesse traduzir, seria bom.
Ergui a cabeça, encarando as teias de aranha quando uma pessoa vem na minha cabeça.
— A vovó Constance. — os encarei — A minha vó não mexe com magia negra, não é uma bruxa. Mas ela trabalha com essas coisas espirituais, assim como ela conheceu muitas pessoas que mexiam com essas coisas de vodu. Sabe, não é magia, mas é parecido. — falei sorrindo — Não tenho dúvidas, de que minha avó saiba sobre algo relacionado a bruxaria.
Falar da vovó Constance, só me fez sentir falta dela.
— No caso, só saberemos indo vê-la. — Zayn comenta.
— Como assim nós? — Harry o encara.
Rolei os olhos.
— Talvez tenhamos mesmo que ir, não posso conversar com ela na morada, pois vocês sabem que aqui as paredes tem ouvidos, ainda mais quando eu estou por perto.
Eles concordaram.
— Nesse caso, temos que sair pela manhã, falar com a sua avó, sem que nos percebam. Um tem que ficar, para distrair os vigilantes da Selena e da morada. — Harry falou já encarando os dois.
— Por que você tem que ir? E não pode ficar? — Zayn resmunga — Nós sabemos que ela sente mais falta de você do que de mim.
— Cala essa boca! — Harry foi para cima de Zayn.
Daí me, a paciência que me esgota rapidamente com esses dois. Sai do meu lugar, indo na minha velocidade para impedir que eles brigassem.
— EI! Chega disso. — os afastei — Droga, vocês só sabem brigar, não podem dar uma trégua? — encarei a eles com raiva, em seguida suspirei — Harry está certo, um tem que ficar para tentar evitar que a Selena desconfie de algo. — vejo o sorrisinho sair dos lábios dele — Por isso, eu escolho para ir comigo, a Camila.— Falei por fim.
— O quê? — Harry mostrou-se surpreso.
— Louis, é perigoso demais vocês saírem assim. — Zayn veio atrás de mim junto com Harry quando voltei a me sentar na caixa.
— É, mas eu já fugi uma vez sozinho. Assim como, não vou escolher um dos dois para virem comigo quando agem como dois idiotas. Vão ter que aceitar a verdade, vocês vão ficar e eu vou sair com a Camila. Assunto encerrado, doces. — pisquei para eles.
Não me arrependo de fazer isso, quero que eles aprendem que as atitudes deles tem consequências e espero que um dia isso pare e eles, o façam recobrar os juízos.
— Tudo bem, se assim você quer.... — resmungou Zayn — Só tem que tomar cuidado, se a Selena descobrir sobre a sua avó, ela estará em perigo.
Assenti, seria o mais cauteloso possível, quero preservar minha avó dessas coisas, me odiaria perdê-la ou que algo de ruim lhe acontecesse, eu a amo muito.
— Será minha última visita particular a ela. — afirmei.
Decidimos que depois dessa conversa, iria dar a minha escapada, para isso, mandei uma mensagem para a Camila me encontrar no meu dormitório, espero que ela tenha recebido. As coisas teriam de ser resolvidas, preciso abrir algumas portas de emergência antes de algo pior venha acontecer.
— Então... — encarei os dois — Vão me explicar porque se odeiam com unhas e dentes? Estou mesmo curioso para saber o motivo.
Percebo que não se encaram. Contudo, continuei ali no meu lugar, aguardando pacientemente pela resposta.
— Eu nunca fui com a cara do Harry, assim como ele não foi com a minha no começo quando o trouxe para a sua casa. E tudo piorou quando você partiu. Em uma das duas encarnações, Selena o beijou e eu o vi, acusando com veemência até que decidi me juntar a você em uma dessas situações, Harry de certo não gostou e a partir daí, declaramos guerra um ao outro.
— Mas eu estava sob efeito da magia, o Louis era encarnado e ela estava tentando me afastar dele. — Harry cortou Zayn, explicando sua parte. — E não se esqueça que você pediu para Selena, enfeitiçar o Lou, para que ele se apaixonasse por você e que ajudou ela com as suas tramoias. Porque ama o Louis e sabe que ele me ama, a ponto de não retribuí-lo.
— Porque comigo ele seria mais feliz. — Zayn rebate.
— Você jamais fará isso. — Harry fica próximo de Zayn.
— Eu não tenho medo de você!
— VAMOS PARAR com essa palhaçada! — novamente me vi, entrando no meio daqueles dois — Embora eu esteja chocado com a variedade de informação, sei que isso ficou no passado, com meu outro eu, ambos erraram no passado. Agiram, como nós humanos agimos, ninguém pode ser perfeito. Vocês deveriam esquecer isso, porque de certa forma, levando para hipocrisia e ironia, fiz o mesmo. — senti mesmo que estava prestes a descarregar um monte de coisas em cima daqueles dois — Porque eu poderia com apenas essas duas informações, subir para o meu quarto, não olhar na cara dos dois, por me usarem na outra vida, esperar para que a morte venha me pegar, voltando ao nosso ciclo maravilhoso, de vivo e morto que nunca acaba. — Continuei a encarar os dois — Eu já deixei claro que amo vocês dois, de modo diferentes, queiram isso ou não. Caso contrário não tenham se acostumado com as minhas escolhas, se afastem de mim porque essa palhaçada continuar, vou eu mesmo pedir para a Selena me matar. Eu estou cansado e vocês brigando, não me ajudam. Eu preciso que ao menos se aturem, é da minha vida que estamos falando, do agora, não dá porra de um passado.
Me afasto deles ofegante, com o coração acelerado demais, geralmente ficava assim quando estava nervoso, até mesmo tremia e tentava respirar normalmente, na maioria das vezes falhando.
E tudo que disse, era verdade, estava cansado desse dois brigando, me machuca demais o que eles fazem porque eu os amo, não gosto de ver as duas pessoas que amo, se odiando por causa de uma droga de um passado. Sim, tanto o Harry quanto Zayn, erraram por me amarem e verem que um e outro estavam me fazendo mal. Mas tudo tem um limite, eu fiz o meu limite, já não é a primeira que eles fazem isso, realmente não me interessa o que aconteceu no passado. Minha vida já não está muito boa, não precioso que piore mais.
Andei para longe, deles, indo até uma das caixas. Quando a madeira que estava em baixo de mim, se partiu e eu cai em um buraco, ouvi Zayn e Harry, gritando o meu nome, mas continuei caindo naquela imensa escuridão, até meu corpo bater contra o chão cheio de areia.
Como estava acostumado a me ferrar levando uma queda, não me surpreendi com aquela, minhas costas estavam doloridas devido a pancada, embora eu tenha caído de frente. Ainda bem que foi em areia, não no solo firme. Gemi de dor, fechando os olhos para deixar ela passar por um momento.
Estava um breu e logo, tratei de tatear o chão. Lembro que na queda, uma lanterna veio comigo e passei a mão pela areia, até sentir algo gélido e reto, puxei e girei a lente, acendendo-a. O local estava puro carvão, tossi devido ao cheiro forte que estava lá em baixo. Muitas madeira, móveis queimados com aparência de que foram queimados a muitos anos.
— Louis? — Ouvi a voz do Harry.
Balancei a lanterna para ele me ver.
— Ali está ele! — Zayn falava.
Apoiei as minhas mãos no chão, levantando devagar para não correr o risco de cair por fraqueza. Senti outras duas mãos me ajudando a fazer isso, em seguida.
— Você está bem.? — Harry perguntou.
Bati a palma no meu corpo, para tirar a areia e verificar se estava tudo bem. E pelo que vi, estava normal, acho que meu corpo está se acostumando com as milhares quedas que eu levo.
— Estou. — respondi.
Virei para iluminar mais aquele cômodo escondido e destruído. Podia se ouvir ruídos de ratos por ali, o que não era de se estranhar, havia muitas aranhas espalhadas também. Aquele lugar era muito familiar, eu já tinha o visto antes.
Oh merda!
É claro que eu o vi, sou um tapado!
Aquele lugar era os restos de um cômodo da morada, da mansão que pertenceu a mim e fora incendiada. Não me recordo muito qual cômodo da casa era, mas fez parte do meu antigo lar.
— São os escombros da Morada da Noite. — comentei, andando mais a frente.
— Então foi aqui, que a Selena subterrou o que restou da sua mansão. — Zayn ligou a sua lanterna, juntamente com Harry.
Horripilante, é olhar esse lugar, somente com lanternas iluminado e tendo como som de fundo ruídos de ratos. Tudo que víamos estava queimado, nada para apontar e dizer o que realmente fez parte de um castelo. Eu queria que esse fosse meu quarto, aquele que tive, para mim ter se aprofundar e procurar por mais respostas.
Mas acho que estava para um corredor que um dia veio a existir.
Andei para mais distante dos dois que estavam fazendo suas diligências em outros escombros, indo até o lado mais escuro, aonde me chamava atenção. Respirando fundo, tentei pensar em algo que não me causasse medo, embora o que eu sinta é aonde estou.
Engoli em seco, sentindo a minha boca ficar seca quando vejo uma caixa que tapava algo. Saia um barulho dentro dela, quanto mais me aproximava continuava a aumentar. Por mais que pareça algo ruim, que eu não deva mexer, senti que talvez o ruim, fosse me ajudar com uma dúvida que estava tendo daquele lugar.
Fui me aproximando lentamente da tampa, olhei para trás, Harry e Zayn, ainda estavam averiguando outras coisas, voltei para a caixa, os barulhos não paravam e eram assustadores, pareciam de algum bicho mastigando alguma coisa mucosa, mole e rasgava sem piedade.
Toquei na ponta da tampa, contei até três baixinho, logo abri, já me preparando para o que fosse sair dela, mas não havia nada. Estava vazia e tremendo, fui direcionando a luz da lanterna para dentro da caixa, sei que deveria dar meia volta, mas algo dentro de mim não quis fazer isso.
Estava suando frio e mirei nela.
— Merda! — Xinguei indo para trás.
Os ratos estavam comendo um corpo de um coelho morto, o animal estava aberto e os ratos estavam saboreando a pobre criatura. Coloquei a mão na boca horrorizado e dei passos para trás. Acabando por colidir com outrem. Gritei já com o susto que levei.
— Calma, calma. Sou eu, Zayn! — Ele me segura, enquanto respiro ofegante. — O que aconteceu?
— Aquela caixa! — Apontei para a mesma.
Zayn se afasta de mim, mirando na mesma, parecia confuso e em sua coragem colocou a mão dentro da mesma.
— Não tem nada. — Falou.
— Tinha sim, eu vi. — me aproximei sem entender o que o Zayn estava falando.
Olhei na caixa estava vazia, não tinha nada. Os ratos e o coelho não estava ali, pisquei várias vezes não acreditando, eu poderia estar ficando louco. Mas era melhor que eu nem insistisse no assunto. Apenas fiquei encarando pasmo dentro da caixa vazia.
— O que aconteceu? — Harry se juntou a nós.
— Miles, viu algo na caixa. Mas quando cheguei não tinha nada.
Senti a presença do Harry, ao meu lado esquerdo. Foi quando ele tocou no meu rosto, após encarar a caixa.
— O que você viu?
— Ratos comendo um coelho aberto. — respondi — Talvez fosse só ilusão minha, afinal ficar no escuro vem me assustando. Não foi nada demais.
Olhei para caixa e vi que tinha algo atrás dela.
— Harry ilumine aqui! — apontei.
Em seguida deixei a minha no chão e tirei a caixa do caminho. Não era pesada, fora que Harry facilitou quando a pegou com uma mão. Agradeci a ele, voltando a me concentrar na porta que Harry iluminava. Me agachei no chão, vendo que a tranca dela tinha um formato de uma adaga na fechadura.
Meu quarto!
Olhei para o meu colar e vi que era o mesmo tamanho. A porta estava subterrada e não tinha como abri-la. Suspiro frustrado, achava mesmo que poderia entrar e conseguir achar alguma coisa. Mas, nada.
Bati com a palma na porta, e encostei a testa sobre ela. Tentar achar algo no meu quarto, seria uma forma de me ajudar a entender um pouco mais sobre a Selena, sobre mim...
— Será que se eu tentar destrancar a porta, acontece alguma coisa? — olhei para Zayn e Harry, cujo estavam atrás de mim.
— Você pode tentar, mas acho que não vá acontecer muita coisa. — Zayn me responde.
— Ele está certo. Tenha cuidado para não quebrar o colar.
Assenti, pois sabia os motivos da possibilidade de aqueles dois, vindo como alfas loucos para me foderem. Isso já não ia ser legal, pois eles faltam se matar apenas dialogando, imagina lutando para me satisfazer sexualmente.
Balancei a cabeça, para aqueles pensamentos irem embora.
Segurei o meu colar, o colocando na tranca, sem tirá-lo do pescoço. Girei para a esquerda, como lembrei de fazer na lembrança. Após tal ato, sinto meu corpo ser rasgado e sugado para dentro do cômodo, novamente cai de frente, dessa vez no chão coberto por cinzas e sangue.
Olhei para cima, estava tudo escuro, ouvia a voz de Harry e Zayn me chamando, um pouco mais acima da minha cabeça. Eles batiam na porta com os punhos e a chutando para quebrar.
Levantei cambaleando e fui até a porta, segurei na maçaneta de ferro, mas estava emperrada, segurei meu colar e tentei destrancar, mas nada.
Merda...
— HARRY! ZAYN! — Bati na porta, eu podia vê-los mas acredito que eles não podiam. — Socorro! — minha voz saiu falha.
Magia negra....
O meu corte começou a arder, aquela droga não se curou e estava me agoniando no braço. Vi que não ia sair dali, porque estava preso por determinado tempo. Encostei as minhas costas na porta, aquele lugar estava escuro demais, medonho, eu podia ouvir ruídos mais altos e baixos. Mantive a minha respiração regular, para poder-me andar e procurar algo que iluminasse aqui.
Dei alguns passo a frente, mantendo minha cabeça para girar 180 graus, para que eu não fosse surpreendido por alguma entidade ou seja lá o que fosse. Estava com medo e minha alma tremeu, a medida que tocava em uma mobília queimada e velha, a procura de algo que pudesse se acender e acabar com aquela agonia que me culminava.
Tropecei em algumas coisas, o chão estava escorregadio e o ar estava abafado.
Toquei em outro lugar, sentindo algo gélido, parecia obter vidro, algo transparente que brilhava. Tinha um suporte para segurar, e uma espécie de cabo que girava, não conseguia identificar.
Peguei o objeto, girando o cabo com força, aonde ele iluminou o quarto, era uma lanterna, mas antiga, você tinha que rodar o cabo que ficava ao lado dela para iluminar, mas isso dura apenas em segundos. Meu avô tinha um desses e usava quando ia procurar algo na fazenda.
É uma boa forma de me ajudar a iluminar o quarto mas um péssimo momento para ser usado.
O quarto, estava destruído como eu imaginava estar, tudo em carvão puro. O mais estranho era porque estava o quarto banhado de sangue fresco, era isso que estava me fazendo escorregar e que provavelmente cai em cima.
O facho de luz diminuiu, me deixando no breu, girei novamente o cabo e girei a lanterna pelo quarto. Encontrando uma lamparina sobre uma cômoda destroçada, olhei para os lados, não tinha como eu fazer fogo...
Tinha na verdade.
Tateei meu bolso, pegando o isqueiro que guardei, era do Zayn e ele disse que caso a lanterna ficasse fraca iluminássemos o porão para sair de lá. Procuro por alguns pedaços pequeno de carvão. Achei alguns pedaços, a luz da lanterna fora ficando cada vez mais fraca, abri a tampa da lamparina e joguei o carvão, em seguida, rasguei parte da minha blusa por de baixo do moletom, o feixe de luz foi deixando de iluminar o quarto.
Comecei a tremer, tentando acender a droga do isqueiro, mas minha mãos estavam molhadas me impedindo de fazer isso. Estava tudo escuro, eu estava apenas vendo faíscas na droga do isqueiro. Atrás de mim ficava a porta do closet que estava aberta e coberta pela escuridão, a minha direita o banheiro (o resto que sobrou dele). Precisava mesmo de luz, porque o meu pavor só aumentava.
Na minha luta de iluminar o local, vislumbrei pelo canto dos olhos, que, vindo das profundezas do closet, algo se aproximava.
Entrei em desespero, porque ouvia um assobio, o vento, o lugar, passou a ventilar, quando isso aconteceu.
— Vamos, por favor! — Sequei a minha mão na parte seca da calça.
A aflição, por fim tornou-se lancinante agora que me dei conta, lançando os olhos para o interior do closet, a presença de uma entidade, pelo quarto, naquele canto caído sobre o chão e pendurados, quedavam-se horríveis esqueletos, apodrecidos nas umidades gélidas daquelas sombras malditas.
Voltei a me concentrar no isqueiro, mesmo que estivesse com o corpo tremendo.
“Tem pouco tempo”
Senti um sopro na nuca, girei meu corpo mas não tinha ninguém, esse ato fez o isqueiro cair no chão.
— Não!
Me agachei com as mãos trêmulas e o peguei limpado o sangue. Tentei acender novamente, estava implorando para dar certo. Um contínuo farfalhar, pouco a pouco, ganhava intensidade. Atentos, os ouvidos esforçaram-se em identificá-lo. Não se cuidava em passos. Mas parecia algo que se arrastava, sutilmente sobre o chão, trazendo consigo pedaços de jornal que arranhava as tábuas do soalho. Temeroso, me encostei na parede. O barulho crescia em minha direção. O que quer que fosse, vinha do closet gigantesco, justamente onde, agoniado e encolhido junto à parede, eu esperava. No breu, pouca coisa se via. Os olhos me doíam de secura. Gelados de medo, entretanto, recusava-me a piscar. O que se vinha por lá a arrastava-se em breve revelar-se-ia no quarto. Tremendo de expectativa, aguardei.
Meu ar prendeu nos pulmões. O isqueiro estava falhando por ter molhado, no princípio não entendi bem o que era, a entidade. Naquele negrume, os olhos não me ajudavam. Engoli em seco. Finalmente, consigo acender o fogo no pedaço da minha roupa, coloquei dentro da lamparina junto com o carvão. Segurei o mantive nas minhas mãos, senti que a entidade estava na minha frente agora, por um momento, mantive a cabeça baixa.
Reuni um resto de coragem que me dominou, com as mãos trêmulas, ergui a lamparina. Logo, fiquei horrorizado de pavor. O tremido facho luminoso revelou que, saiu do closet, a garota, vestida de branco, caminhava sobre o teto, de ponta-cabeça, com os longos cabelos negros a arrastaram no chão. Enlouquecido de medo, disparei até a porta aonde Harry chutava e Zayn berrava alguma coisa.
Eles ainda não me viam.
Em ultimo gesto de desespero, segurei a maçaneta, tentando girar, mas a porta, entretanto, por mais que contra ela eu batesse a lateral do meu corpo, recusava-se a abrir, como se estivesse mesmo soldada.
— MERDA, SOCORROOOO! — Deixei as lágrimas caírem.
Virei, iluminando atrás de mim, firmando a visão, cai fulminando pelo mais abissal horror. Ao firmar a luz da lamparina, observei a figura grotesca vindo na minha direção, de ponta-cabeça, com ela estava com o vestido branco antiquado, desses que se usavam nos anos quarenta ou cinquenta, coberto de sangue, a figura, foi mudando de forma, parecendo uma menina de dez ou quinze anos, ela chorava, enquanto caminhava pelo teto.
Tudo no quarto começou a tremer, por um momento de descuido, não percebo que meu pé estava próximo da escrivaninha queimada, ela acaba caindo em cima dele, devido ao tremor, gritei de dor, meus pés estavam presos e doloridos. Tentei puxar mas ela era muito grande.
— Eu não posso morre aqui! — Chorei, olhando para a morta que vinha até mim.
Respirei fundo, comecei a chutar a escrivaninha com o pé livre, como ela estava velha, começou a se desfazer. A garota, estava no chão, arrastando o seu corpo para perto de mim. Dessa vez mais rápida, comecei a destroçar aquela droga da escrivaninha.
— Vai, por favor!
Dou mais um chute e consigo puxar o meu pé ferido, no momento em que aquela garota, veio para cima, me arrastei pelo chão sem olhar para atrás, contudo, sabia que estava sendo seguido.
De repente começou a chover sangue, a lamparina estava com a tampa, não ficarei no escuro. Por cima do olho, não encontro a garota, ela simplesmente havia sumido. Meu pior erro, foi olhar pra frente, lá estava o seu horripilante, com uma imensidão negra aonde deveria estar seus olhos nas órbitas, o rosto em carne viva, eu sentia o bafo azedo que inalava ferro, sangue.
Gritei e chutei seu rosto, ignorando a dor.
Levantei e me apoiei na parede, mancando até a porta. Eu sei que é ela, quem está brincando comigo, porque sou um fantoche desde que ela jogou a maldição sobre mim e Harry. Em algum lugar, Selena se divertia com o meu desespero.
Corri para o banheiro, não tinha nada é ninguém ali, até então, abri as gavetas a procura de algo, mas nada, me revi na mesma cena de antes, não tinha escapatória. O jeito era enfrentar.
Sai do banheiro, enfrentando aquela chuva de sangue no quarto, a garota, se arrastou até mim e pulou no meu rosto, cai com ela tentando dilacerar a minha pele. Fechei meus olhos, segurando-a, para que ela não a arrancasse.
Estava com raiva, sentindo e ouvindo a Selena rindo de mim, dizendo seu adeus, eu podia ouvir os gritos do Harry.
“Eu o amo”
A promessa de voltar e concertar tudo isso.
O inferno, eu já fui nele, depois fui resgatado. Porque alguém, do mundo dos céus fez isso, agora estou aqui, prestes a morrer. Não sou mais quem ela pensa que sou. Através da revolta, meu corpo foi consumido pela mais forte escuridão, meus olhos estavam virando das órbitas, senti o fogo do inferno me queimando por dentro e tudo que fazia parte do meu ser era raiva.
Abri os olhos, eles estavam queimando, eram como fogo puro.
— Vadia! — segurei a garota pelo pescoço e bati sua cabeça na parede.
Levantei com elas ainda sobre minhas mãos, ela gritava de modo macabro, tentando arrancar meu pescoço.
Ergui a lamparina que estava no chão, tinha um espelho na minha frente, lentamente a coloquei ao lado do meu rosto, vendo meu reflexo: olhos pretos, um sorriso diabólico saia dos meus lábios. Consumido por um desejo enorme de sugar a alma e matar aquela filha da puta!
— Olá, Louis! — Sorriu, meu demônio.
Voltei para a garota que não parava de gritar, deixei a lamparina no chão, apertei seu pescoço com toda a força, batendo ainda mais seu rosto na parede.
— Você vai voltar pra casa, desgraçada! — Rir alto.
A joguei no chão, ficando por cima do seu corpo, olhei para as minhas unhas sujas com sangue e afiadas. Voltando a segurar seu pescoço, olhei para as órbitas negras, meu demônio identificou quem estava por trás deles, quem controlava aquela garota. O rosto estava espantado, não acreditava no que via.
Sorrimos para quem estava por trás deles.
— Olá Selena, estou louco nos conhecermos de forma que não haja como covarde. Mas — Finco as unhas no peito da entidade da garota — Enquanto usa a porra da sua magia negra nos seus fantoches, tenho o prazer de fazer isso com eles. Ah — Olho bem para as órbitas negras — Vai se foder, filha da puta!
Finquei as unhas afiadas dentro da garota, abrindo sua barriga no meio em seguida a rasguei, o cheiro forte de magia negra evaporou no ar e as tripas caíram, junto a chuva de sangue. Arremessei os restos da garota na parede. Meu demônio, olhou para o lado, ainda sorrindo, andou até a cama e se abaixou para pegar algo embaixo dela, puxou uma mochila intacta, nela podia sentir o peso, havia alguns diários dentro que me pertenciam.
Não sei como sabia, apenas a peguei e coloquei nas costas. A chuva acabou e cheio de magia foi sumindo no ar. Fraquejando minhas pernas caíram, toda aquela escuridão saiu de mim, eu não estava queimando mais, meus olhos voltaram ao normal, minha alma estava aqui, agitada. Eu estava fraco, olho para cima, Harry acaba de quebrar a porta e entrou no quarto.
— Vem, vamos sair daqui! — Ele me pega no colo. Pulando para fora daquele lugar, aonde presenciei uma cena de terror.
De volta ao buraco, em que cai , primeiro, vejo Zayn me encarando horrorizado.
— Que porra aconteceu ali embaixo? — ele se aproximou.
— Magia negra! — falei.
— Vamos embora. — senti o vento batendo contra meu rosto, Harry estava me levando de volta para o quarto.
...
Estava sentado na tampa do vaso, com as roupas limpas, encarando meu pé já curado da pancada. Minha respiração estava agitada, lembro que me transformei em um demônio e como isso foi possível?
A sensação foi horrível.
Não ter sentimentos, queimar e sentir sua alma desprender do corpo, indo para o inferno de verdade parecia um caos. Tudo que me rodeava era maldade e eu gostava dela. Tudo bem, meu demônio me salvou, mas senti que ele queria me matar, queria se apossar de mim de verdade. Sua intenção era ter o controle porém não pode, pois eu ainda estava presente ali. Não quero pensar sobre o ocorrido, tenho que ver a minha avó, ela sente as coisas de longe, literalmente ela olha para o fundo da sua alma e sabe o que está se passando. Não quero que ela veja, sinta, o que eu senti.
Levantei, arrumando a minha franja. Logo tudo ia chegar ao fim, vamos dar um jeito nisso. Arrumei minha jaqueta jeans, desviei o meu olhar do espelho, abrindo a porta e vendo Harry, Zayn e Camila, parados no meu quarto. A minha amiga estava meia sonolenta, e era de se entender já que deveria estar dormindo, do contrário do seu físico seus olhos brilhavam quando eu lhe disse que íamos fugir um pouco da morada.
Antes dela aparecer, expliquei o que aconteceu no meu antigo quarto para Harry e Zayn, sobre o fato dele ter pegado uma mochila com diários e que estava feliz por vê-los depois do que aconteceu.
— Tudo pronto? — Olho para Camila.
— Sim. Juro que estou ansiosa para conhecer a dona Constance. — Ela sorri docemente.
— Você vai adorá-la.
Vi Harry e Zayn se entre olhando, em seguida Zayn fala:
— Conversamos e achamos melhor que Harry vai com você, eu vou ficar aqui, dá um jeito em certas bagunças e ficar de olho em uma certa pessoa. Para a sua segurança Louis e da Camila.
Franzi o cenho, mostrando minha surpresa.
— Agiram pacificamente? Sem brigas? — Eles concordaram.
Fiquei em choque mas gostei de ouvir aquilo, não sei quanto tempo vai durar a trégua, então, gostaria muito de aproveitar enquanto ela existia.
— Okay, temos que ir, antes que a morada acorde. — Me aproximei de Zayn, dando um abraço forte e depositei um beijo na sua bochecha. — Obrigado!
— Pelo quê? — Ele sorri.
— Por tudo, por existir e por estar me ajudando. Eu te amo muito. — Voltei a abraça-lo.
— Eu também amo você. — Ele coloca o papel com as palavras que a Selena usou na maldição no bolso detrás da minha calça.
Nos afastamos, senti as mãos de Harry entrelaçando nas minhas, Camila se juntou a nós dois em seguida. Agora, sinto que as coisas iam começar a mudar radicalmente, aqueles que fazem parte da minha vida, correm perigo e eu tenho que dá um jeito nessa bagunça que está se alastrando e destruindo cada vez mais.
Será que eu consigo?
Notas Finais
Ahhhh, olhas as bombas caindo 🌝
Muita informação né?
Espero que fiquem atentos a cada capítulo, pois coisas vão acontecer e vocês teriam que juntar as peças ✝
Quero agradecer aos favoritos e os comentários ♥♥
Gente, como eu tenho muita história, tive que fazer um cronograma, então, Eternal Trail, será postada toda segunda-feira ✝
A medida que minhas outras histórias, chegarem ao fim, vou mudando esse cronograma, vocês serão avisados, não se preocupem ♥
O que acharam do capítulo? Esse Louis, bem no fim?
Não percam os detalhes...
Se você chegou aqui, deixe seu "Uma nova visão"
Quem pegou, pegou, quem não pegou, não pega mais kkkkk ♥🌝
Amo vocês
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