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Memórias

- O que houve, Louis? - Zayn me perguntou.

Engoli em seco, não acreditando que ia fazer aquilo, embora minha consciência junto ao meu coração afirmavam ser o certo.

- Pode me ajudar a ir na biblioteca às escondidas com você? - Sussurrei para não estragar o momento em que todos assistiam filme.

- Está metido em algum problema?

- Eu só ando querendo fazer umas pesquisas, sem que ninguém veja. - Expliquei, balançando a cabeça - Não é nada de mistério. Só quero entender um pouco mais desse mundo dos vampiros.

Zayn ficou me observando com aqueles olhos negros penetrantes e vejo um sorrisinho sair dos seus lábios, eu sabia que ele havia lido a minha mente, encolhi meus ombros agradecendo pelas luzes estarem pagadas.

"Para de ler a minha mente"

"Não consigo", Zayn morde os lábios, passando o polegar nos meus, "Você me tenta a ler seus pensamentos"

"Isso se chama evasão", rebati empurrando-o de ombro, "Mas ainda não respondeu minha pergunta".

"E o que eu vou ganhar com isso?", Ele me provoca.

Olhei em seus olhos afim de desafiá-lo.

"Minha companhia na festa do Liam!"

"Somente isso?"

"É somente, Malik, agora pode me responder?"

Zayn solta uma risadinha, passando os dedos nos meus ombros.

"Tudo bem, algum dia específico?"

"Amanhã, quando todos forem dormir."

"Certo, então eu pego você no seu quarto."

Arregalo os olhos tentando decifrar o que ele acabou de dizer com aquilo. Tenho um jeito estranho de trazer o duplo sentindo nas palavras que as pessoas usam para mim. Ainda mais o Zayn que só falar, usou seu tom malicioso na minha mente.

"Pra irmos à biblioteca, mas se quiser podemos fazer outra coisa também ", ele concluí seu comentário.

"Sem chance!"

"Podemos retomar aonde paramos no jardim, o que acha?"

Zayn me pegou de surpresa com aquelas palavras e com o modo em que se abaixava para ficar com o rosto colado ao meu. Em uma fração de segundos, meu coração acelerou e tudo pareceu perder o foco. Zayn escorregou sua mão até as minhas costas e manteve seu olhar de encontro ao meu. Perdendo o equilíbrio, seguro em seus braços e engulo em seco por saber o que ele queria. Fico preso em minhas palavras e sem saber como dizer a ele que não poderia tornar o nosso beijo real. Odeio, de certa forma, quebrar um coração ou magoar alguém incrível como ele.

Aperto seu ombro ao sentir seus lábios gélidos no meu pescoço e suspiro, sendo falho na resistência de seus toques. Ele era bom no que fazia e por mais que não houvesse sentimentos maiores entre nós dois, não teria como negá-lo daquela forma. Uma parte audaciosa da minha consciência manipulou meus atos, convencendo a mim mesmo de que poderia tentar algo novo e me surpreender. Volto a encará-lo e me surpreendo ao ver Harry em minha frente, com os lábios úmidos e audaciosos. Meu coração se alegrou com a sua presença e pisquei duas vezes não acreditando no que via.

Será que eu estava em algum tipo de ilusão?

Com calma, ergo meu corpo tocando em seu rosto e sinto os formigamentos por todo o meu ser. Fecho os olhos pronto para receber seu beijo e se eu estivesse em algum tipo de sonho acordado, saberia que ao acordar não iria me ferir por causa de um sentimento novo que criei por um vampiro. Bem, ao menos era isso que a minha mente me convencia.

"Se afaste dele, Louis!", sua voz rouca e coberta por ímpeto invade a minha mente.

Abro os meus olhos vendo Zayn acariciando o meu rosto e atraído pela voz que quebrou o meu encanto, observo Harry sentado no outro lado da sala, apertando seu pulso com uma fúria carregada em seu olhar. Minhas bochechas esquentam por eu lembrar que alucinei ao colocá-lo no lugar de Zayn em instantes atrás. Não acredito que estava evoluindo a esse ponto. Me questiono na mesma hora se era Harry naquele mesmo lugar ou se era mais uma ilusão.

"É você mesmo?"

"Sou eu. É claro que sou eu! Não me torture com essa cena angustiante de te ver nos braços de Zayn"

Deixo meus lábios entreabertos para Harry, pensando que fim teria sido ele e Selena próximos da piscina. De repente, sinto uma quentura e um tremor nos meus braços. E se ela o beijou? E se eles realmente têm um envolvimento? Então, eu estava sendo usado como um amante para as insatisfações de Harry? Se passava tanta coisa na minha mente que poderia ser real ao certo.

"Por que se importa com isso? Digo, você estava com a Selena não estava?" o questiono embriagado na minha rispidez.

- Por que eu estaria com a Selena? - Zayn sussurra perto do meu ouvido.

- O quê? - Indago, sentindo minhas bochechas coradas.

- Você me questionou sobre estar com a Selena. Por quê?

Meu Deus, eu sou uma anta!

- Ah, céus, eu estava falando com a minha mente e sou um grande tagarela desde que me entendo por gente. Desculpe.

- Certeza?

- Absoluta.

- Tudo bem. Desculpe invadir sua mente tagarela.

- Não é tanta surpresa saber disso.

Não me contive, ao soltar uma risada nervoso. Em seguida, massageio seus ombros para amenizar a tensão que acabou criando entre nós dois. Zayn desliza sua mão para o meu queixo e é quando me lembro do pedido de Harry.

- Ei, eu...

- Calem a porra da boca! Não estão vendo que a garota entrou na cabana? - Liam olha para trás sem paciência.

- Se querem se pegar, vão para o corredor. - Niall olha com malícia para mim, tudo que faço é mostrar meu dedo do meio para ele.

"Não seria uma má ideia, posso terminar o que estávamos prestes a fazer?"

Zayn me prende em seus braços e quando tento o impedir de prosseguir com o próximo passo, sinto seus lábios pressionarem os meus com destreza. Não foi como um lapso de felicidade e uma forte comoção de borboletas no estômago, apesar dos seus lábios serem macios e convidativos, não me levaram para fora da minha realidade. Eu estava em choque e fechei meus olhos tentando sair daquela situação, mas não foi preciso pensar por muito tempo, pois, sinto o vazio me suprimir em seguida e tudo parecer fora de conexão.

Abri os meus olhos, me deparando com Harry socando o rosto do Zayn, assim como Zayn o revidava. Uma aglomeração de alunos fica envolta dos dois incentivando a briga. Em menos de um segundo, metade dos móveis teriam sido quebrados com a força que ambos usavam naquela luta corporal. Harry jogava Zayn contra a estante e ela se despedaçou com a pancada, e sob ira, meu amigo usava a força dos seus braços para bater o rosto de Harry contra o chão.

Seus olhos vermelhos estavam dilatados e as veias desenhavam de modo macabro a lateral dos seus rostos. Era um verdadeiro filme de terror e eles iriam acabar se matando com aquela briga sem estribeiras. E pelo visto, ninguém parecia querer parar o que estava acontecendo. Precisei sair do meu choque e andar em passos largos até a pequena multidão.

- Vocês têm que fazê-los pararem! - Disse quando me aproximei dos mesmos.

- Pra quê? - Liam perguntou usando o tom de divertimento.

Rolei os olhos bufando de raiva por todos estarem agindo como idiotas e eu, o único sensato naquela situação.

Passei entre a plateia eufórica com a briga entre os dois e empurrei a maioria não me importando com a feição enfurecida transparecida em seus rostos. Não demora muito até que eu consiga alcançar o outro lado, observando Harry levantando do chão e Zayn rosnando do outro lado pronto para fazer mais um ataque.

- NÃO ENCOSTE NELE NOVAMENTE! - Harry vociferou cuspindo sangue em um canto da sala.

Zayn jogou a cabeça para trás rindo do que escutou. Me senti curioso para saber o que sairia da sua boca a seguir:

- Por que? Louis não é comprometido, ele está livre para fazer o que bem entender.

- Você sabe muito bem os motivos. Não aja como um sonso, seu desgraçado! Sei muito bem quais sãos as suas intenções e eu não vão deixar que vá tão longe dessa vez.

- Louis está diferente agora e eu não seria capaz de machuca-lo, ao contrário do que você fez!

- Vai se foder!

Uma chama explodiu através do olhar de Harry que eu já teria visto em outra situação. Seus pés avançavam rapidamente na direção de Zayn e meu desespero fez com que eu agisse com sensatez.

- PAREM! - Entrei no meio dos dois, erguendo minha mão para cada lado. Eles não se movem e vaias surgem por causa da minha atitude prudente. - Parem de agir como animais enfurecidos, pelo amor de Deus, parem com essa coisa estúpida que iniciaram!

- Harry era quem deveria se meter no canto dele. Nos beijamos e ele não consegue engolir a verdade.

Ignorando suas feições pavorosas, aspirei todo o ar que pude e digeri o que Zayn acabou de dizer.

- Eu quero que saiba, Zayn Malik, que seu beijo não foi um ato concedido por mim. Então, pare de agir como se eu fosse um troféu que ganhou da noite pro dia. Eu sou... eu era seu amigo e esse sempre foi o meu foco.

- E é por isso que deve vir comigo. - Harry afirmou.

- Não, ele não vai com você!

Pelo visto, aquela situação não teria um ponto final e eu estava exposto demais ao ridículo que me senti com vergonha dos aprendizes estarem assistindo algo que nem deveria ser um ponto de atenção. Ouvia alguns pensamentos zombando da cena assim como do meu nome.

- Não, eu vou pro meu quarto.

- Eu te levo. - Ambos disseram em uníssono.

- Eu vou sozinho para meu quarto porque vocês dois acabaram de estragar a minha noite! Harry, a um mês atrás você foi um idiota comigo e de repente, se tornou valente como se isso fosse ajudar em alguma coisa. Se queria terminar nossa conversa, poderia ter sido menos misterioso do que foi antes, não acha? Você me confunde e isso está me enlouquecendo! - O encaro com raiva e depois ao Zayn. - Achava que fosse meu amigo, mas agiu como um idiota! Vocês dois agiram assim. Mas se querem se matar com essa briga absurda não irei mais interferir.

Me afastei batendo os pés, vendo os alunos soltando risadas e fazendo piadas sobre mim e a situação. Tudo o que eu não queria era chamar atenção, mas ser invisível como sempre fui por toda a vida. Comecei a caminhar pelo corredor, já não ouvia mais nada atrás de mim como instantes atrás, eu queria paz e só teria comigo mesmo no meu dormitório.

...

Havia um breu que me fez confundir com uma neblina, eu não imaginava que a minha volta para o dormitório seria tão sombria.

Abraço o meu corpo com o cantar da coruja em uma galha fina e caminho lentamente pelo corredor. As luzes falhavam conforme o vento soprava meus cabelos para trás, as paredes pareciam estar sendo engolidas pelas sombras da escuridão e tornava aquele canto da morada extenso e infinito. Aumentei meus passos, tendo a sensação que não conseguiria sair do lugar pelo simples fato das minhas pernas ficarem mais pesadas. O meu medo era alimentado pelas paranoias que a escuridão sussurrava ser real.
Passo na frente da enfermaria da morada e sou preenchido pelo frio na minha espinha dorsal que me fez parar e encarar o outro lado. O pior ato teria sido ceder a minha curiosidade. A dez palmos de passos de mim, avistei uma garota sentada na maca e sussurrando palavras que desconhecia. Seus cabelos lisos deslizavam até suas costas e escondiam seu rosto. A ponta dos seus dedos estavam machados pelo sangue e no suporte de metal havia uma bolsa enchendo pelo líquido vermelho. Estranhamente, eu não conseguia sentir qualquer essência do O+ da jovem. Não era minha intenção ficar parado ali, mas eu simplesmente travei naquele corredor escuro.

- Quem é você? - pergunto incerto.
Nenhuma resposta veio da sua parte, apenas ruídos estranhos.

Minha cabeça latejou constantemente e apertei meus passos após ficar alguns segundos parado sem sua comunicação. Ignoro a quão assustadora ela parecia, pois, sua palidez e cortes perto do olho revelava uma criatura bizarra. Olhar pra ela, trazia uma sensação angustiante de não ter o controle de mim mesmo, como se ela fosse a representação da ansiedade. Decido que me afastar, evitaria problemas com aquela garota e ao dar as costas, noto o tremor na minha espinha dorsal. Por cima do ombro tento enxergar o que poderia ser e tento convencer a mim mesmo que não passava de um medo incomum da escuridão que me apavorava. E eu gostaria de estar certo, mas arregalo os olhos ao ver tal garota parada no corredor atrás de mim.

O tubo não estava em seus braços, mas eles sangravam por terem sido arrancados. Sua fisionomia continuava bizarra e ao vê-la transparecer os dentes quebrados, corro de uma forma que nunca imaginei que faria. Eu não sabia qual era a sua intenção e tinha medo ao pensar. Meus passos eram cobertos por ímpeto e pavor. Volto a encarar por cima do meu ombro e não a vejo em lugar algum.

Será que eu estava com tanto medo que imaginei algo que não existe?

Meus ombros subiam e desciam conforme eu respirava ofegante, mordo os lábios encarando o meu caminho à frente e sinto uma pressão em meus braços me jogando para trás quando a mesma garota surgiu no meu campo de visão. Seus movimentos eram rápidos e tudo o que consegui fazer foi erguer meus braços para a impedir de prosseguir. E de nada adiantou, gritei a partir do momento que ela me perfurou com a agulha, tentei me mover, mas o efeito do meu medo prendia-me no chão e eu tive a sensação que morreria sem nenhuma tentativa de sobrevivência.

...

Acordei com o coração saindo pela boca e o corpo suado. Eu tremia em excesso olhando para os lados vendo que as luzes estavam apagadas e eu estava na minha cama. Odeio ter pesadelos, eram como estar em um filme de terror, por serem tão reais. Procurei pelo abajur, acendendo a luz e lembrando que vim para o quarto com raiva até adormecer embriagado nos meus pensamentos. Passei a mão nos meus cabelos úmidos e respirei calmamente, para ter a certeza de que ela estava regular. Rangi meus dentes um no outro devido à chuva que caía do outro lado, olhei para o relógio e eram três da tarde. Ontem dormi as quatro e meia da manhã e estranhamente estava sem sono, sob efeito do pesadelo terrível.

Levanto da cama tentando esquecer da confusão na frente de todos. Foi uma vergonha descabida, mas que em meio ao furor, eu teria escutado coisas que alimentaram a minha curiosidade para entender os motivos daqueles dois saberem mais sobre mim do que eu mesmo sei. Esse pensamento me fez ter uma leviana ideia e miraculosa. Pego a toalha, corro para tomar um banho e ir à biblioteca sozinho atrás de respostas.

...

Todos deviam estar no seu mais profundo sono quando sai do dormitório. Seria o momento perfeito para fugir e não ser descoberto, embora a minha ideia tenha sido audaciosa, eu sabia dos riscos de ser pego com a "boca na botija". E quando consigo me enfurnar na biblioteca, me camuflo entre as estantes enormes e seleciono alguns documentos que seria importante para as minhas respostas. Recruto como aliado o laptop disponível para os aprendizes, pois, poderia ser util.

- Vamos começar! - falei baixinho, me escondendo entre as pilhas de livros.

A página de pesquisa estava aberta, digitei algo sobre "Vampiros e suas conexões", descendo a tela vendo muitos assuntos, mas nenhum se referia ao que vemos na morada. Respiro fundo deixando a internet de lado e puxo o livro que era composto pelo título Almas e Descendências. Abro no índice, deixo meu dedo parar até a palavra Almas Interligadas e abro a página 44.

Almas interligadas, geralmente surgem entre um casal, família, ligados a uma vida passada e quando se reencarnam tendo a conexão entre um olhar com o outro, até mesmo o toque, isso pode se repetir entre outras reencarnações, dependendo da história passada que essa pessoa vive. É possível que essa conexão se torne maior na imortalidade, um vampiro pode criar seu laço eterno ao concluir o ato final com o parceiro ômega. A perda desse amor improvável pode acarretar em uma reencarnação diversa, mas devido a esse laço criado no passado, o EVEDA os faz retornar um ao outro, seja com a troca de um olhar distante, em uma sensação de irritabilidade com o próximo e o surgimento das tatuagens pelo corpo até que ambos fiquem juntos novamente.


Termino de ler um trecho de um enorme texto. Faço a pausa na minha leitura após digerir a verdade do meu novo caminho e que aqueles com quem conversei estavam certos sobre o EVEDA.

Mas, me juntar ao Harry?

Eu não tinha a certeza de estar preparado para aquele novo passo. Não posso negar que ele mexeu comigo e com meus sentimentos na piscina, mas eu tinha medo de me entregar e imaginar que nosso futuro poderia ser uma farsa. Há um mês atrás a minha vida estava refletida somente em como tudo era estranho e em como eu me sentia um monstro, jamais poderia imaginar que após isso eu descobriria que minha vida passada já teria sido escrita para o meu presente. E que no meio da bagunça que eu sou, iria descobrir que tive uma história com um vampiro, cujo me odiou ardentemente no primeiro dia que cheguei na Morada da Noite.

Balancei os ombros tentando não encarar meus fatos e continuei minhas pesquisas nos livros. Li um pouco mais sobre os encarnados e sobre o EVEDA. Me perdi nas informações ocultadas por Selena e descobri que um vampiro que não termina seu ato final com o vampiro escolhido é consumido pelas Almas de Fogo. Elas eram chamadas assim pelo simples fato de queimarem o vampiro por dentro e o levar ao vazio, Almas de Fogo não era física ou tinha alguma forma, era como uma névoa esvoaçando pelo ar e estava à espera da oportunidade de possuir aquele que estivesse em seu caminho.

Passo para outras páginas e encerro a leitura quando me dou por vencido sobre as ligações dos imortais e suas bizarrices. Pego O LIVRO DOS ETERNOS, lidando com as imagens dos vampiros mais antigos da morada e entre eles estava Selena, mas em sua descrição não dizia que ela era de fato uma vampira e sim, uma bruxa que praticava magia negra. Curioso por descobrir aquele segredo da suprema e tentar entender os motivos da sua mentira:

Selena Gomez, bruxa feiticeira de vários séculos e sem muitos parentescos na terra. Nomeada após anos, a coordenadora suprema da Morada da Noite e auxiliada pelos vampiros mais influentes da história da imortalidade.

E como o próprio texto dizia, não havia muita informação sobre Selena. Suas fotos tiradas eram quase que apagadas e seu nome como coordenadora suprema era o maior assunto da sua biografia. Após encarar a sua imagem por muito tempo, sobe um gosto amargo na garganta e uma estranheza me consome a ponto do meu Eu não confiar na sua bondade. Passo mais duas páginas, encarando as fotografias da morada há muitos anos atrás e o quão era conservada, diferente da visão macabra que temos dela do lado de fora. Leio alguns parágrafos referente ao ano em que teria sido construída a morada e me surpreendo ao ler que os primeiros descentes foram um casal da nobreza, assassinados cruelmente por humanos e que seus dois filhos ficaram sob a herança no ano de 1047.

Abaixo, a pintura de dois jovens robustos com roupas despojadas. O mais velho se chamava Justin Bieber e seu irmão mais novo Elliot Bieber. Arregalo meus olhos ao notar a semelhança com Elliot e em como uma sensação de estranheza dominou a minha pele. Pequenos dejavus me levam para o dia que eu estaria com as mesmas vestes da pintura e olhando para meu irmão de cabelos claros, pele lisa e coberta pela barba rala, seus olhos castanhos teriam herdado de nossa mãe e sua altura de nosso pai. Ofegante, retorno ao presente boquiaberto por essa realidade inesperada.

Encaro a pintura coberto por uma ânsia que vinha do meu estômago.

A próxima página me leva até a foto séria de Harry Styles, legitimo companheiro de Elliot Bieber. Sua cabeleira estava caída em seus ombros e seus olhos vermelhos foram detalhados durante a pintura. Do outro lado, Zayn Malik, amigo de Elliot teria sido desenhado com o semblante sério. E olhando com cautela para cada uma delas, sou coberto pela lembrança do mesmo dia em que teria sido feita e em como eu, Elliot... estava perdidamente apaixonado e trocando olhares com Harry.

Confuso e cansado por ser atirado em lembranças que eu não sabia que fazia parte da minha vida, fecho o livro e balanço a cabeça atordoado com a descoberta. Se aquela teria sido a minha primeira vida, então, de fato tenho uma história com todos que vivem nesse lugar e ela parecia nos levar a um ciclo vicioso de encontros das minhas encarnações.

Agora, por que eu estava morrendo todas às vezes?

Tentei pesquisar sobre o destino de Elliot, mas não havia nenhum indicio que me levava as verdadeiras respostas. E novamente me vejo sem saída ao lembrar que Harry ou até mesmo Zayn saberiam me explicar.

- Está melhor? - Camila me perguntou.

- Digerindo todas essas merdas. Desculpa a boca suja! - Jogo o copo de sangue no lixo.

- Sem problemas, pode xingar à vontade. - Camila arruma a alça da sua blusa. - Quer saber o que aconteceu depois que você saiu? - ela perguntou apreensiva.

Encaro a minha amiga sentada na minha cama e coço a nuca sendo cutucado pela ponta da necessidade de informações dos outros, já que a minha parecia inerente ao momento. E por mais que eu estivesse bufando de raiva para aqueles dois vampiros, gostaria de informações esclarecidas após o meu sermão no meio de todos.

Suspiro caminhando para me sentar ao seu lado.

- Pode dizer.

- Quando você saiu, Zayn e Harry se encararam enfurecidos, mas pareciam refletir no que disse. Zayn foi o primeiro a sair com o rabo entre as pernas e Harry, em seguida, quebrando o que teria sobrado de inteiro na sala. Niall disse que viria atrás de você, mas eu disse que era melhor o deixar refletir sozinho. - Camila termina e aperta seu elástico preto no pulso.

- Obrigado por fazer isso, acho que eu ia acabar descontando minha raiva em vocês se tivessem vindo.

- Imaginei que sim.

Fizemos um pouco de silêncio, olhando para o teto do meu quarto como se ele fosse alguma obra prima de museu. Embora fosse só branco.

- Podemos fazer o que quiser nesses dormitórios, não é? - Pergunto.

- Sim, eles sempre reformam quando os alunos novos "descobrem seu caminho".

- Sério que usou essas últimas palavras? - a encaro dando uma risada.

- Sei que é idiota, mas sei lá, parece que todos tendem de fazer isso. Mas sabe, Louis, eu tenho sensações ruins todas as noites, como se alguma coisa maligna nos rondasse. - Camila comenta com a voz trêmula - Tenho medo de dormir sozinha porque venho tendo visões futuras, aonde uma borboleta branca é absorvida pela escuridão. Tem muita neblina e medo. Como se um anjo estivesse se tornando um demônio.

- V-Você tem visões futuras?

Camila assentiu.

- Tive muitas visões. Elas aconteciam todas às vezes que estava dormindo e em uma dessas, descobri que viria parar em uma morada macabra. Eu achava que essas coisas só aconteciam comigo por eu estar ficando louca ou algo do tipo, jamais admirei como um dom divino.

- Te entendo, eu leio mentes e vejo auras. - Tombo a minha cabeça no travesseiro, pensando sobre essa visão de Camila e o fato dela também sentir algo ruim nessa morada.

- E você pode ver a minha?

- Sim.

- Qual é a cor?

Fitei Camila naquele momento, vendo que ela estava com uma camada quente e fria ao seu redor

- Nesse momento, ela está violeta. E significa sobre seus poderes mediúnicos, capaz de transformar o sofrimento em algo positivo. Mente equilibrada e inspiração criativa.

- Uau, deve ser um pouco assustado ver tudo isso, não é? - Camila deita a cabeça no meu ombro, enquanto afago os seus cabelos.

- No começo foi, ainda mais por não ter ninguém, além da minha avó, para compartilhar sobre isso. As vozes são a pior parte porque elas atormentam minha cabeça quando estou perto das pessoas, mas nessa escola, as coisas são diferentes, pois, não as ouço, acho que é o único lado bom de se estar aqui.

- Entendo.

Abaixo meu olhar para o seu elástico preto e sorrio ao lembrar que o mesmo estava nos braços da Lauren Jauregui na noite passada.

- E você ganhou essa pulseira da Lauren? - Toco na mesma, era comum, mas bonita.

Camila rir nervosa e toca no seu pulso.

- Ah você sabe, nós lésbicas temos alguns segredos e eles estão carregados pelo elástico preto em nossos pulsos. - Ela balança seu braço no ar. - Lauren tem um jeito interessante de amarrar o cabelo quando estamos sozinhas, se é que me entende!

Soltei uma risada entendendo seu comentário.

- Então, vocês já avançaram as coisas?

- O quê? Não.

- Logo isso vai acontecer. Dá pra ver a paixão em seu olhar.

- Seria interessante isso acontecer, mas confesso que ainda não fomos adiante pelo meu receio. Meus pais são severos em relação com quem eu vou me relacionar e acho que não está nos seus planos uma filha lésbica. Sem contar que as tatuagens não apareceram em nós duas, o destino de fato não estar favorecendo em alguns pontos. - Camila se mostrou pensativa. - Odeio o quão longe isso me leva. Eu só queria viver sem medo do futuro ou do que vão falar sobre meu relacionamento.

Apoio a minha mão junto com o meu antebraço na cama, para olhar bem para ela. Infelizmente, eu entendia como era lidar com a homofobia e o quanto ter medo de amar é lancinante quando não temos apoio de quem amamos.

- As pessoas são boas quando levantam o dedo para julgar o que somos ou quem amamos, mas de verdade, elas só estão amargas consigo mesmas a ponto de ferir o outro. Se incomodam tanto com o que fazemos e não veem que em si mesmas o problema que são. Homossexualidade sempre vai ser um perigo enorme para aqueles que vivem na terra, então, todo o preconceito se encaixa em um buraco no chão e suga quem passa. Seus pais não vão aceitar na primeira vez que contar a eles a verdade, mas por serem seus pais, logo irão ceder. Mesmo que isso demore anos, o amor deve tomar as rédeas da surpresa. Não deixe de amar a Lauren por causa do quão errado isso vai soar na boca do preconceituoso e não deixe que tatuagens fúteis te impeçam de viver o agora ao seu lado. Apenas deixe a água correr e a pedra mais forte que não for levada por ela, dirá a você qual é seu verdadeiro destino. Promete pra mim que vai pensar nisso?

- Prometo. - Ela sorri, tombando a cabeça para o lado de um jeito fofo - Sente falta do seu namorado?

E com a sua pergunta, não teria sido Shawn a vir a minha cabeça e sim, Harry. Depois da minha pesquisa na biblioteca, fui dominado por uma saudade jamais vivida ao seu lado. Não sei se me sinto culpado por ter esquecido um pouco de Shawn ou se deixo a minha água rolar com esse assunto.

- Sinto falta de não estar nesse lugar. - Sorrio fraco.

- Eu também, queria poder sair daqui uma vez.

- Quem sabe um dia eu a leve na casa da minha avó, ela é uma mulher maravilhosa.

- Você já saiu? - Camila se senta na cama olhando com os olhos arregalados para mim.

- Promete guardar segredo?

- Sim. - Ela beija os indicadores.

- Uma vez, eu fugi porque eu não queria ficar aqui, então eu pulei o muro pela manhã, fiquei na casa da minha avó, acredite, ninguém notou a minha fuga. Voltei apenas porque a vovó insistiu e afirmou ser o certo a se fazer.

- Que bom que voltou, eu sentiria falta do meu melhor amigo se não voltasse, mas não conta pro Niall porque é capaz dele surtar de ciúmes.

Rimos.

- Louis, está com ciúmes? - Niall abre a porta, nos dando um leve susto.

- Niall, não sabe bater na porta?

- Desculpa, a minha educação ficou no meu quarto no momento, depois eu a pego de volta. E você tem que trancar essa porta, querido. - Ele aponta para a mesma, pulando na minha cama.

Rolei os olhos, balançando a cabeça.

- Achava que você estava resolvendo as coisas sobre a festa que o Liam vai dar. - Camila arruma os cabelos amassados, devido ao fato dela ter se deitado.

Vimos Niall jogar as pernas sobre a nossa, como se estivesse se acomodando.

- Aquele idiota está fazendo isso com Luke. Ele não quer minha ajuda porque eu dei a ideia de colocar uns toques mais halloween na festa. Mas ele achou antiquado. Como se essa morada já não fosse.

Camila e eu não deixamos de rir do tom dramático que Niall usou em cada palavra.

- E você, Louis, acabou o ataque?

- Não tive ataque nenhum, ao contrário daqueles dois, só fiquei com raiva por eles estragarem a minha noite. Que já não é muito boa, desde que vim para essa morada. - Resmunguei, arrumando a franja que caiu no meu rosto.

- Nossa, obrigado pela consideração, seu ingrato! - Niall me olha incrédulo.

- Sabe do que ele precisa, Niall?

Meus amigos se entre olham com malicia. Aquilo era bem suspeito.

- O quê? Vocês nem pensem, eu jogo cada um por essa janela aqui.

Porém, foi tarde demais quando eles pegaram os travesseiros e acertam em mim diversas vezes. Foi divertido e quando percebi, estávamos em uma guerra divertida que me fez esquecer um tanto dos grandes problemas e dos rostos que iria encarar daqui a pouco.

Rindo, caímos na cama, olhando para o teto que eu realmente estava o odiando.

- Vou pintar essa droga, não aguento mais olhar para ele! - Apontei para toda a extensão do teto.

- Hum, talvez um verde cairia bem.

- Ou um azul. - Camila completa Niall.

- Ainda tenho que ver isso, mas vocês vão me ajudar.

- Ao menos um que dá valor nos meus trabalhos. - Niall comenta.

A hora que eu não queria que chegasse, infelizmente, chegou. No corredor da morada, noto que alguns aprendizes me encaravam e depois soltavam risadas, mas procurei não fazer o mesmo, lembrando do que a minha avó havia me dito sobre lidar com esse tipo de situação. Virei o corredor, apertando meu casaco no modelo de time de basquete, de cor preto e mangas brancas, por debaixo uma blusa cinza. Observo minha calça jeans clara e meu all star surrado, perguntando a mim mesmo se havia escolhido a roupa exata para aquela noite.

De longe, avisto a turma e o professor Connor rindo com alguns aprendizes enquanto a aula não começava. Ignoro alguns olhares lançados e sou absorvido por outros penetrantes na minha carne, ergo a cabeça me deparando com Harry e Zayn em seus distintos lugares, com a atenção voltada para mim. Engulo em seco, apertando a barra da minha blusa ao trazer a briga de ontem a mente. Não sei explicar se estava revoltado ou irritado com aqueles dois. No momento a sensação mais plausível era de que não desejava suas companhias. Mudo a rota dos meus passos ao notar que caminhava até eles e me enfio entre os aprendizes falantes da classe.


E ao notar minha ação, ambos decidem vir até mim e isso faz com que eu fique apreensivo.

- O treino de hoje, vai ser algo bem interessante, então, todos vão ter que participar. - Connor me encara e eu reviro os olhos. - Autorizado pelo professor de caça de vocês, eu terei a liberdade de monitorar e responsabilizar pela prática de sobrevivência de cada um.

Me levando para frente, Connor impede da aproximação de Harry e Zayn, naquele momento agradeci pelo seu ato. Acabo por ficar na primeira fila, tendo a visão ampla da vossa senhoria soberana e permaneço atento ao que viria a seguir:

- Serão formadas duplas para que possam despistar o inimigo, afinal, vocês serão isca na nossa brincadeira de pique com o lobisomem. Então, fiquem atentos e espertos, pois, o último que sobreviver irá ganhar alguns pontos comigo.

- Então, você deseja nos matar? - Indago, com os olhos arregalados e todos me encaram em soslaio.

- Vampiros não morrem fácil, Louis, acredite. - Ele zomba, me fazendo ter um embrulho no estômago. - Você só precisa manter escondido pra não morrer. É como uma brincadeira, nessa vida a qual faz parte, irá enfrentar situações em que o inimigo poderá atacá-lo, para poder pegá-lo de surpresa, você precisa estar bem camuflado.

Fiquei quieto porque sabia que se abrisse mais uma vez a minha boca, provavelmente iria receber uma resposta idiota dele.

Connor começou a falar alguns nomes e selecionar as duplas. E agradeço porque eu saí com uma garota chamada Mandy, uma loira com um olhar sobressalto e postura esguia. Seus olhos eram verdes e suas roupas justas em seu corpo definiram suas curvas, assim que ela vem para o meu lado. Assisto Harry se juntar a um garoto negro de olhos claros e carranca no rosto, enquanto Zayn se junta a uma garota de cabelos cacheados e pele bronzeada, do outro lado.

- Contém até dez, a partir daí, quando estiverem totalmente dentro da mata, será somente sorte que vai os favorecer. - Connor deus seus últimos avisos. - Lembre-se que estão saindo em dupla, mas não significa precisavam trabalhar em parceria, sobrevive aquele que ficar por último com o lobo. Agora vão!

Corremos após a sua fala e a velocidade propagada em nossas pernas, me surpreendia. Ao entrar na floresta coberta pela neblina e escuridão, escutamos de longe um uivo distante do Lobisomem. Meu desespero domina meu coração e olho ao meu redor à procura de um refúgio, as árvores ocas da floresta negra, me atraíram a atenção ao notar a abertura no meio de cada uma delas, corro, afim de esconder e ao dar meu primeiro passo, sou empurrado contra o chão.

- É melhor que você seja o primeiro a ser pego. - Mandy sorri quando se escondeu no meu ponto de esconderijo.

- Somos uma dupla, o que está fazendo? - A questiono incrédulo.

- Não, você é a sua dupla. Agora saia de perto de mim.

Ela some do meu campo de visão ao ir para o fundo da árvore. O uivar do lobisomem me alerta sobre a falta de tempo que eu tinha, ouvindo seus passos na terra seca, corro o mais rápido que posso em direção a um milharal. Olho por cima do ombro para ter a certeza que não estava sendo observado e respiro fundo me metendo no meio daquela plantação bisonha. Em menos de um segundo, sou preenchido pelo arrepio em meu corpo ao ouvir o grito feminino na floresta, deduzi pela proximidade que teria sido Mandy.

- Espera que eu seja o primeiro a ser pego, não é? - falei sozinho e rolei os olhos.

Continuei meu trajeto caminhando para não atrair o lobisomem com meus passos. Engoli em seco, por estar tudo escuro e eu, sozinho naquela merda de milharal. Não muito longe de mim, escuto os passos das suas patas batendo contra o solo úmido, pelo meu susto, tropeço no próprio pé caindo na lama e me sujando.


Pela pressão da minha pancada, começo a delirar em meu canto e pensando no meu possível fim.

Fechei meus olhos e senti uma lembrança surgir em meio aos meus devaneios. Eu estava fugindo de alguma pessoa ruim, mas eu não era eu, e sim um garoto com vestes medievais, quase idêntico com o da pintura que vi na biblioteca. E por mais que se tratasse de uma mesma época, o meu reflexo era diferente do que se referia ao Elliot. Com cabelos encaracolados e pele bronzeada, eu era uma nova versão do mundo contemporâneo. E por estar em desespero, penso que a última saída seria uma camuflagem mais arriscada, aos poucos me cubro com a lama e me afundo nela para não ser visto pelo meu inimigo.


Abri meus olhos, ouvindo os barulhos de patas e de parte do milharal sendo esmagado.

Será que aquilo ia funcionar?

Bem, não custa tentar, se não funcionasse eu ia ser pego de qualquer forma. Então, fiz o mesmo que a cena da minha cabeça, deitando e prendendo o ar. Tudo o que eu via, era o céu acima de mim, juro que me senti em outro tempo nessa mesma situação. Foi quando meu corpo gelou, ao sentir o cheiro de sangue e de pelo animal sendo soprado pelo vento, dentes rangidos e respiração saindo pelo nariz, fechei os olhos e apenas deixei sua presença se fazer presente para mim.

Aquele lobisomem estava do outro lado do milharal, esperando um vacilo da minha parte para me achar e me atacar, então, eu não respirei mais.

O tempo que se tornava longo, me agoniava, deixando tudo mais medonho. Ouvia suas patas batendo na terra molhada, as unhas das traseiras fincando o solo da terra lentamente. Senti que ele tinha me achado e o quão idiota foi achar que a lama não entregaria meu cheiro. Começo a imaginar como seria lidar com as suas mordidas e me surpreendo com o seu uivo alto, seguido da sua corrida para dentro da floresta novamente.

Abro os olhos surpreso porque a ideia teria dado mesmo certo.

Arrastei meu corpo, para não ser ouvido meus passos, e foi medonho fazer isso, entretanto era melhor do que correr e chamar atenção. Eu não sei, como eu estou sabendo essas coisas, eu apenas sentia uma conexão no meu peito que me guiava em alguma direção. Quando alcanço o outro lado, levanto devagar e passo a mão no meu corpo, me esquecendo da lama que me cobria.

Um rio que eu desconhecia fazer parte da morada, estava submerso ao brilho da lua cheia, refletida na linha do horizonte e seus pequenos feixes. Era uma paisagem obscura, mas chamava a atenção pela sua beleza eminente e natural. Olhar para ela me trazia a lembrança de que já estive naquele lugar muito antes e corria bastante nessas redondezas absorto em felicidade, com poucas vestes no corpo eu estava seguro do meu caminho e da minha vida. A sensação de liberdade preenchia os meus pulmões e o ar árido, era atraente para um mergulho noturno.

Parei de frente para ele quando a lembrança se desfaz. Sem ondas quebrantes e sujo pela lama, me vejo retirando os sapatos dos pés e os amarrando na minha cintura para não os perder. Afinal, seria apenas por alguns instantes que eu ficaria ali. Entrei naquela água fria e usei as minhas mãos em formato de concha para lavar o meu rosto. Enquanto o resto da lama no meu corpo, se dissipava nas águas.

"Meu corpo atinge o limite do fundo do mar, eu parecia muito feliz com aquilo, eu amava a água e sentia que ela também me amava, erámos uma dupla imbatível. Tínhamos uma conexão que jamais saberia explicar. Fiquei um tempo sentando, apreciando os peixes que brilhara fundo, passando diante meus olhos. Sorri, subindo para a superfície e o ar refrescar meu rosto fora dela quando o aspiro. Abrindo meus olhos me deparo com Harry e seus longos cachos, sentado em uma rocha mediana. Nesse momento, meu coração dispara apenas pela ideia de saber que pertencemos um ao outro."

Depois de ficar nadando no fundo daquele rio, faço o mesmo que o meu outro eu da lembrança, sentindo o vento beijar meu rosto quando alcanço a superfície. Abro os meus olhos e olho para a mesma rocha, vendo Harry ali, sentado, me encarando da mesma forma que fazia na lembrança.

- Louis! - Ouço a voz do Shawn atrás de mim.

Viro me, encarando-o e me assusto com o sorriso diabólico em seus lábios, Shawn estava sem os olhos e bem próximo de mim. Me afundo um pouco engolindo uma quantidade água e sinto suas mãos apertarem o meu pescoço retirando o meu fôlego e começo a me debater na tentativa de fugir dos seus ataques.

- Por favor, me solte! - Jogo minha cabeça para trás e com a voz falha.

- Eu vou matá-lo! - Ele gargalhou.

Fechei os meus olhos chorando quando senti outras mãos abraçando a minha cintura. Aquele não poderia ser o Harry, ele estava diferente e me assustava. Eu estava em choque, com o terror da cena de instantes atrás.

- O que aconteceu? - Harry estava me puxando para cima e me prendendo em seus braços, teria sido ele a desfazer toda a tormenta que vivenciei.

Meu corpo todo tremia quando havia aberto os meus olhos e encontrado os seus. Ele estava com os cabelos pingando, suas mãos afagavam minhas costas por debaixo d'água fria.

- Eu vi... - Balancei a cabeça.

- Viu quem? - Harry me encara confuso.

A confusão no olhar dele, me fez perceber que eu era o único a ter visto Shawn. Não sei se ainda possuo algum tipo de trauma ou se a culpa pela sua morte estava me fazendo ver coisas, mas me pergunto por que exatamente agora? E por que ali?

- Nada. - Respondi friamente e me afasto dele na mesma hora. - Por que está me seguindo? E quanto ao meu pedido de ficar sozinho?

- Eu não viria, mas acabei deparando no modo como entrava no rio, igualmente a sua versão passada. É como se tudo estivesse voltando ao normal.

- O que quer dizer com isso?

- Na sua versão um pouco mais antiga, você era um grande nadador e competia gradualmente em Beaumont. Seu nome era Louis Clarke e posso dizer que era uma das pessoas mais doces que conheci daquela época.

Engoli em seco, sem saber o que dizer.

- Um dia antes de você competir, veio tomar um banho para espairecer. Pois, nós tínhamos nos desentendidos e lembro que no meio da briga você disse que gostaria de sair para respirar. Então, mergulhou no rio, e eu vim para me retratar e o esperei na rocha. Depois que emergiu na superfície, veio até mim e nos declaramos um para o outro. As escondidas, prometemos viver nosso romance depois do campeonato e fugiríamos para atrás das colinas, aonde o preconceito não os impediria de viver do nosso amor. Foi uma noite importante!


Quanto mais ele falava, mais as imagens vinham na minha cabeça, Harry envolvendo minha cintura, nossos olhares brilhando como a noite e o meu coração acreditando no quão apaixonado eu estava pelo soldado de Beaumont. Por muito esforço com a lembrança, senti-me ofegante e abaixei a cabeça.

- Você está lembrando, não está? - Ele pergunta.

- Estou. - O encaro novamente - Por que a Selena tentou beijá-lo?

Harry torce o nariz e seu semblante fica sério após a minha pergunta.

- Porque Selena é provocadora e acha que por ter todo poder, pode ter a mim em suas mãos. - Ele se explicou e continuou: - Mas você saiu antes de me ver o que realmente aconteceu aquela noite, nós não estávamos juntos, eu saí segundos após você e isso a irritou em um alto nível, entretanto, eu entendi que a sua aparição teria sido essencial para provocá-lo e pelo visto deu certo.

- E vocês já se relacionaram antes?

- Não.

Aquilo parecia tão errado.

- Então, por que sinto que de alguma vocês são ligados um ao outro? - minhas bochechas ficam coradas após deixar meu tom enciumado soar pertinente.

- Eu tenho muito a dizer sobre isso e também sinto que sabe sobre o que falo. Louis, quero que esteja certo que fui um bastardo com você e que a pior coisa que poderia ter feito é tentar mantê-lo longe de mim quando o quero por perto. Na verdade, esse é o mais perto que consegui chegar de você sem ter medo de machucá-lo.

Ele está perto de mim novamente, mas eu não consigo me afastar, parece que meu "Eu" do passado não me deixa fazer isso.

- É tudo tão confuso...

- Eu sei, queria que não fosse. Toda vez que eu te vejo depois de séculos sinto como se apenas durasse alguns instantes até não te ter mais comigo. Nesse século, tentei ser um idiota para o deixar viver mais e amá-lo mesmo que fosse de longe, obviamente eu não consegui, pois cá estou eu novamente.

Meu peito apertou em comoção.

Deixo meus dedos tocarem na cicatriz no seu pescoço, eu sabia como ela tinha aparecido em uma briga, aonde Harry quando humano foi atingido por uma faca. Deslizo o meu dedo para o outro lado aonde deveria ter sua artéria e lembro que eu o mordi ali, transformando Harry em um vampiro como eu, porque decidimos que queríamos amar por toda a vida, mesmo que fosse errado dois homens serem um, em uma carne imortal.

- Eu te transformei? Quer dizer o Elliot? - pergunto assustado.

- Sim e foi a melhor coisa que me aconteceu. Garanto a você!

- Mas eu tirei a sua vida.

- Você me deu uma melhor ao seu lado. - Harry segura na minha mão.

Um uivo perto de nós, faz com que virássemos para a floresta.

- Vem, temos que sair daqui. - Harry envolve sua mão na minha cintura e eu automaticamente abraço sua nuca, sentindo uma brisa quando ele pula o mais alto para o outro lado da floresta.

Em seguida ele corre comigo para distante do lobisomem que acabará de fazer outra vítima. Harry me desce e me abraça perto da árvore aonde minhas costas estavam impressas.

- Podemos conversar? - Ele pergunta.

- Agora? Mas temos aulas e que acabar com esse "treino".

- No meu quarto, depois que estivermos com tempo livre, o que acha?

Mordi os lábios, eu não conseguia mais negar a um pedido seu e isso era esquisito.

- Tudo bem.

Harry sorri e beija minha testa.

- Se esconda naquele topo, foram pegos doze alunos, faltam seis, com você. Fique lá e contando, até que ouça cinco gritos, incluindo o meu.

- Vai se entregar? - Seguro no seu braço.


Algo dentro de mim não queria que ele fizesse isso.

- Sou vampiro, logo vou me curar. - Harry sela os seus lábios na minha palma.

Eu assenti incerto daquilo, o vendo se afastar em uma rapidez incomum, me deixando com o coração acelerado naquele canto escuro.


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