Capítulo 4
https://youtu.be/450p7goxZqg
6 anos depois...
O tempo não para e a vida continua, e é preciso correr para não ficar para trás. Às vezes a atitude mais ousada que podemos ter é apenas não desistir. (autor desconhecido) .
Depois de tanto tempo tentando tomar coragem e encarar a vida como te fato ela está sendo agora,percebo que me vivi no modo automático e a única coisa que me fazia me manter de pé era a minha pequena Clara.Sempre tive certeza que estava no modo automático,na verdade eu só não queria afirmar isso,porque me mantive em algumas partes do tempo no passado,nas lembranças.
Depois da Nicole reclamar algumas vezes de cansaço e dores,resolvemos ir ao médico.Mas o choque foi tão grande que eu ainda procuro entender como tudo começou,mas não tinha como saber,foi tudo muito rápido.Uma semana após o diagnóstico,isso alguns meses depois do aniversário da Clara;exames mostraram que ela tinha o câncer mestastático de mama.Soubemos que o diagnóstico era tardio.
Desde o primeiro diagnóstico,o câncer se espalhou para a pélvis,fígado e quadril.Fazia ultrassonografia mais nada adiantava,já estava muito avançado.
O câncer era no estágio 4,os estágios do câncer são usados por médicos para descrever o tamanho do tumor e o quanto ele já se espalhou pelo corpo.Quando foi diagnosticada soube que a expectativa de vida seria de 2 a 3 anos.Sabiamos que os remédios poderiam parar de funcionar a qualquer momento.E foi o que aconteceu a 3 anos atrás.
Quando recebemos essa notícia foi como se nada fizesse mais sentido,meu mundo abriu um buraco tão grande que achei que eu seria engolido a qualquer momento sem chances de me salvar.Foi um dos piores dias das nossas vidas.Choramos tanto,colocamos todos os nossos sentimentos em lágrimas.
Passamos o dia fora e a Clara ficou com os avós,apoiei a Nicole em qualquer decisão sua,a amei como se fosse a última vez.Nos dias que se seguiram ela iniciou os tratamentos,começou com os rémedios,mas ao longo dos meses ela ficava mais abatida,mais cansada,perdia aos poucos o cabelo,tinha olheiras,todos nossos familiares tentaram anima-la e aos poucos ela foi voltando ao que era,não totalmente,mas se esforçava.
Procuramos pelo assunto na internet,conhecemos outras pessoas com o mesmo câncer,conversavamos,tiravamos dúvidas,tudo que era possível fazer nós fizemos.Sai do trabalho para poder dar apoio a minha esposa,Clara via nos olhos da mãe o quanto estava triste e mesmo sem entender o porque ela fazia de tudo para ver um sorriso no rosto da Nick,eu era muito agradecido pela minha filha ser esse anjinho que faz nossos dias serem melhores.
Fomos em uma ONG e lá a Nicole passava boa parte do tempo,ajudando as pessoas com a mesma doença ou parecida e colhendo informações.Começamos a viver tranquilamente,comprei uma casa no campo e vendi a nossa na cidade,o ar mais puro iria ajuda-la a ter forças a cada dia.Ela tinha um jardim que sempre cuidava assim ocupando uma parte do seu dia quando não estava na ONG ou em outros lugares,nunca deixavamos que o dia ficasse no tédio,sempre faziamos algo em casa ou fora.
As quimios eram um pouco difícil,pois deixava-a abatida apesar do meu esforço para fazê-la sorrir nesses dias,as vezes eu observava que ela chorava baixinho,mas sempre passava depois das seções.Algumas cirurgias também foram feitas e acontecia alguns porcentos de melhoras,mas não o total.
Até aquele dia...
O dia em que ela estava sentindo umas dores de cabeça,chorava muito,gritava para que eu a ajudasse,deixei Clara com D.Fátima e segui para o hospital.Ela estava muito fraca,os batimentos cardíacos começaram a diminuir,entrei em desespero,gritando,chorando,chamando por ela,os médicos quase me aplicaram um tranquilizante,eu estava muito nervoso.
Depois de uma parada cardíaca,eles conseguiram estabelecer ela.Deitada em uma cama,toda entubada com fios e mais fios,o som do bip insuportável nos meus ouvidos preenchendo aquele quarto branco me fez pensar em Deus,em porque tudo aquilo com ela,uma pessoa maravilhosa,que não fazia mau a ninguém,uma mãe amorosa,uma esposa dedicada,mas não havia resposta para qualquer pergunta que eu fosse perguntar.
Passo a mão no seu rosto frio e demonstrando estar mais envelhecida,choro pressentindo o que irá ser daqui para frente.Ligo para a mãe dela e peço para trazer a Clara.
Poucos minutos depois,elas chegam,assim que vê a mãe cai no choro,abraço minha filha chorando junto,minha sogra acaricia a mão da filha e conversa baixinho.Depois que nos controlamos,ficamos perto da sua cama,tento explicar a Clara que a sua mãe está doente e que precisamos dar apoio a ela,mesmo pequena ela entendi o básico do que digo.
Algumas horas depois,as pálpebras da Nicole se meche,chego perto dela em questões de segundos,a Clara está comigo e minha sogra acaba de entrar no quarto com um café em mãos.
-Preciso que vocês me prometam que irão ser felizes,preciso saber que deixarei vocês bem,por favor me prometam. - Ela fala um pouco fraca,com certeza sentindo dor pelo esforço.
-Minha filha,descanse. - Sua mãe tenta fazer ela parar.
-Mãe,eu queria que meu pai também estivesse aqui,mais quero que todos continuem suas vidas,sejam felizes e aproveitem cada minuto e segundo que vocês tem. - Fala pausadamente,minha garganta dá um no tão grande que me apoio na cama sentindo a minha respiração falhar por alguns segundos.
-Mamãe,fique bem,quelo voxê feniz,vou fica feniz se voxê também fica em quaquer lugar. - Sorrimos com as palavras da Clara,mesmo sem ter noção do que se passa acalma um pouco nossos corações.
-Minha princesa,eu te amo muito,quero que você e seu pai cuidem um do outro.Amarei vocês eternamente. - Acaricia o rosto da nossa filha,lágrimas caem dos seus olhos,minha visão está embaçada.
-Amor,você e a Clara...são as melhores coisas que aconteceram na minha vida,devo muito a você e te...amarei até o fim dos meus dias. - Solto as palavras entre soluços.
-Minha linda,dá um beijinho na mamãe,vamos sair um pouco. - Minha sogra fala e ajudo a Clara a abraçar a mãe com cuidado.A mãe dela também se despede como se já soubesse de tudo.
Depois que elas saem fico cara a cara com a mulher da minha vida.Olho seu rosto,gravando cada detalhe dele,mesmo parecendo desgastado e cansado por causa de toda essa merda de doença.
-Eu te amo tanto! - Choro descontroladamente . - Por fa...vor,por favor,não nos deixe. - Imploro segurando seu rosto perto do meu,beijando seus lábios frios.
-Eu também te amo - Ofega. -Amarei para sempre,todos os dias. - Me beija fraco,encosto minha testa na dela chorando.
-Prometo sempre pensar em você,prometo manter meu amor por você guardado para sempre em meu coração. - Olho dentro dos seus olhos para que ela veja toda a sinceridade nas minhas palavras.
-Você é a melhor pessoas que eu pude ter o prazer de conhecer,espero que seja muito feliz e não se feche para o mundo,pense sempre que tem um pedaço de mim com você,a nossa Clara. - Concordo e fico ali com ela até fechar seus olhos para descansar.
Quando sai para procurar a Clara e tomar um café,me arrependi amargamente,foi questão de minutos,não tinha chegado nem na lanchonete do hospital,vi uma correria de médicos e fui atrás já sentindo meu coração apertado querendo sair da boca.
Quando cheguei na porta do quarto,lá estava ela.
Serena..mas sem vida.Os médicos tentaram reanima-la,mas já era tarde.Ela já tinha ido descansar de vez.
Me joguei no chão daquele corredor e a ultima coisa que me lembro foi do grito estridente e sofrido que eu dei.
Joanna de Ângelis
Mulher!No toque das mãos,Nos exames convencionais ou digitais,Fazendo a prevenção...Sempre há solução!
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O que falar?Estou com a garganta travada ainda...não sei como consegui fazer esse capítulo e ainda por cima ouvindo músicas que me deixaram emocionada.
"Em minhas andanças, um câncer de mama em mim se alojou.
Nas minhas mudanças, a prevenção minha vida salvou..."
Priscilla Rodighiero
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